Naquela noite sem lua, quando o vento trazia o cheiro de cana queimada e os suor dos que labutavam sob o sol inclemente, senh Mariana do Sacramento, cometeu o pecado que selaria seu destino, e o de três homens que jamais deveriam ter cruzado o umbral de seu quarto, mas que entraram ali movidos por uma paixão tão proibida quanto a própria liberdade que lhes fora roubada.
E se essa história te prender o coração, já deixa teu like e se inscreve para não perder o próximo capítulo, porque o que vais ouvir agora é a verdade que os livros de história jamais ousaram contar. Era o ano de 1842, nas terras do Vale do Paraíba, onde a fazenda Santa Eulália se erguia majestosa entre os morros cobertos de cafezais, que Mariana, filha do temido coronel Augusto do Sacramento, completava seus 20 anos de idade com a pele alva como a cal das paredes da casa grande e os olhos verdes que lembravam as águas profundas do rio que cortava a
propriedade. Seu pai, homem de posses e crueldade conhecida em toda a província, havia arranjado seu casamento com o capitão Frederico Morais, senhor de engenho da região de Vassouras, homem 40 anos mais velho que ela, viúvo duas vezes e dono de mais de 300 almas cativas. Mas Mariana guardava em seu peito um segredo que faria tremer os alicerces daquela sociedade, construída sobre o sangue e o sofrimento dos que eram considerados menos que gente.
Tudo começou numa tarde de dezembro, quando o calor era de derreter as velas do oratório e o ar parecia feito de chumbo derretido que Mariana viu pela primeira vez Joaquim das Chagas. Negro alto e forte, de olhos que carregavam a sabedoria ancestral de sua terra além mar, comprado havia pouco do tráfico negreiro, que ainda insistia em desafiar as leis do império.
Joaquim trabalhava na carpintaria da fazenda. tinha mãos ábeis que transformavam a madeira bruta em obras de delicadeza surpreendente, e foi chamado para consertar a janela do quarto de Mariana, que não fechava direito, e deixava entrar o sereno da noite. Quando ele entrou naquele aposento perfumado com água de rosas e alfazema, seus olhos se encontraram por um instante que pareceu durar toda uma eternidade.
E algo se rompeu dentro dela. Algo que todas as orações ao pé do crucifixo e todas as lições de catecismo da infância não puderam conter. Ela sentiu um calor subir do ventre até a garganta. sentiu as mãos tremerem quando ele se curvou respeitosamente e disse com voz grave e musical: “Senhora, com sua licença vou dar um jeito nessa janela.
” E naquele momento, Mariana soube que estava perdida para sempre. Joaquim voltou outras vezes, sempre com alguma desculpa arranjada por ela mesma, uma porta que rangia, um móvel que precisava ser ajustado, e entre um conserto e outro, as palavras começaram a fluir. Primeiro tímidas como água de nascente, depois caudalosas como rio na cheia.

Ele lhe contou da terra distante de onde fora arrancado ainda menino, das savanas douradas e dos baubás gigantes, da mãe que cantava canções na língua dos ancestrais, do pai guerreiro que morreu lutando contra os que vinham capturar seu povo. Ela ouviu tudo aquilo com o coração apertado, sentindo pela primeira vez a vergonha de pertencer à raça dos senhores, dos que acorrentavam e marcavam a ferro em brasa outros seres humanos.
E numa noite em que a casa inteira dormia e até os grilos pareciam ter silenciado, Joaquim voltou ao quarto dela, não mais para consertar nada, mas porque ela havia mandado o recado através de Zefa Mucama, de sua confiança. E quando ele entrou com o corpo trêmulo de medo e desejo, Mariana se entregou a ele com uma fúria que desconhecia existir dentro de si.
E ali, sobre os lençóis de linho bordado que vinham de Lisboa, os dois profanaram todas as leis escritas e não escritas. daquela sociedade podre em suas bases. Mas o coração humano é um abismo sem fundo. E Mariana logo descobriu que um amor proibido não era suficiente para saciar a sede que ardia em suas entranhas.
Foi então que ela notou o Benedito da Conceição, mulato claro de olhos amendoados e corpo esguio, que trabalhava como copeiro na casa grande e tinha o dom da palavra e da poesia. Benedito sabia ler e escrever. ensinado em segredo pelo antigo capelão da fazenda, já falecido. E quando Mariana descobriu isso, passou a chamá-lo ao seu quarto para que lhe lesse os romances que encomendava do Rio de Janeiro.
Ele lia com voz melodiosa os versos de amor e aventura, e ela fechava os olhos, imaginando ser a heroína daquelas histórias. Até que um dia não foi mais preciso imaginar, porque Benedito deixou o livro de lado e a beijou com uma delicadeza que contrastava com a paixão selvagem que ela vivera com Joaquim. Com Benedito, Mariana descobriu outra face do amor, a ternura das palavras sussurradas, a doçura dos gestos lentos, o prazer que vem não do fogo que consome, mas da brasa que aquece sem queimar. E assim Mariana passou a
dividir suas noites entre dois homens que jamais poderiam disputá-la à luz do dia. Dois homens que eram propriedade de seu pai, assim como os cavalos do estábulo ou os bois da lavoura. Mas o destino, que sempre tem um gosto amargo para os que desafiam a ordem das coisas, havia preparado ainda mais uma reviravolta naquela história já tão emaranhada quanto as trepadeiras que cobriam os muros da cenzala.
Domingos Ferreira era diferente dos outros dois. Era nascido na própria fazenda, filho de mãe escrava e pai desconhecido. Tinha a pele da cor do bronze polido e os músculos definidos de quem passava os dias carregando sacos de café de 60 kg nas costas. Ele era feitor dos escravos, posição que lhe garantia certos privilégios, mas também o ódio dos seus próprios irmãos de corrente, pois era sua mão que empunhava o chicote quando o Senhor assim ordenava.
Mariana o odiava por isso. Odiava vê-lo açoitar os que tentavam fugir ou os que não cumpriam a cota diária de trabalho, mas havia algo nele que a atraía irresistivelmente. Talvez justamente aquela mistura de força bruta e submissão, de poder e impotência. de alg vítima ao mesmo tempo. Foi numa tarde de tempestade, quando os raios rasgavam o céu e o trovão fazia tremer as paredes da casa grande que Mariana mandou chamar Domingos com a desculpa de que precisava que ele verificasse se as telhas do sobrado não estavam deixando a água
entrar. E quando ele subiu até seu quarto encharcado pela chuva, com as roupas coladas ao corpo e os olhos baixos, como convinha a um cativo diante de sua senhora, ela simplesmente trancou a porta e disse com voz que não admitia a recusa: “Tira essa roupa molhada, Domingos, senão vais adoecer”. E ele obedeceu.
Como sempre, obedecera todas as ordens que recebera na vida. Mas quando ficou ali de pé diante dela, nu e vulnerável, apesar de toda sua força física, foi Mariana quem se ajoelhou, foi ela quem se rebaixou, foi ela quem inverteu pela primeira vez a ordem que sempre pusera o branco acima do negro, o senhor acima do escravo.
E naquele ato de submissão encontrou uma liberdade que jamais experimentara. Quem ouvia aquela história não conseguia ficar indiferente. Assim como você não deve ficar, se essa história te tocou, deixa teu like para ela não ser esquecida, porque o que aconteceu depois foi a tragédia anunciada que todos esperavam, mas ninguém conseguiu evitar.
Durante meses, Mariana manteve seu terrível segredo, alternando suas noites entre os três homens que amava cada um à sua maneira. Joaquim, que lhe trazia a paixão da terra africana. Benedito, que lhe oferecia a doçura das palavras e Domingos, que lhe dava o sabor proibido do poder invertido. Ela se sentia viva como nunca estivera.
Sentia que finalmente entendia o que significava existir além das grades douradas de sua condição de sinhazinha, mas sabia que aquilo não poderia durar para sempre, que mais cedo ou mais tarde, a verdade viria à tona como os corpos dos afogados que o rio devolve depois das cheias. e veio, mas não da forma como ela imaginava.
Não foi seu pai quem descobriu, nem algum outro escravo movido pela inveja ou pelo desejo de ganhar favores denunciando os amores da Sha. Foi Zefa, sua fiel Mucama, sua confidente desde a infância, quem não suportou mais carregar aquele peso na consciência, e foi confessar ao padre Honório tudo o que sabia. E o padre, homem piedoso, mas fiel aos códigos de sua classe e de sua época, julgou ser seu dever avisar o coronel Sacramento do que se passava sob seu próprio teto.
A fúria do coronel foi como a tempestade que derruba os cafezais inteiros, foi como o fogo que consome a cana seca, foi como a enchente que arrasta tudo pela frente. Ele mandou prender os três escravos e convocou todos os cativos da fazenda para assistirem ao castigo exemplar que seria dado aqueles que haviam ousado manchar a honra da casa grande.
Mariana implorou de joelhos, agarrou-se às botas do pai, jurou que fora ela quem seduzira os homens, que eles eram inocentes e haviam apenas obedecido suas ordens. Mas o coronel a empurrou com violência e disse com voz de pedra: “Você está possuída pelo demônio, filha indigna, e será enviada ao convento do Rio de Janeiro, onde passará o resto de seus dias espiando seus pecados.
Mas antes verá o preço que se paga pela devastidão e pela traição ao sangue que corre em suas veias.” Amarraram os três ao tronco no centro do terreiro, e o próprio coronel empunhou o chicote de couro cruas de metal. Começou por Joaquim, e cada golpe arrancava tiras de carne das costas do africano, que não gritava, apenas olhava fixamente para Mariana, com olhos que diziam tudo o que as palavras não podiam expressar.
Depois foi a vez de Benedito, o mulato poeta que agora chorava não de dor, mas de humilhação, vendo seus sonhos de um dia comprar sua alforria, se espatifarem ali naquele instante de suplício. Por último, veio Domingos e quando o chicote rasgou suas costas, ele gritou não de dor física, mas de raiva.
Raiva de si mesmo por ter acreditado que poderia ser algo mais que um objeto nas mãos dos senhores. raiva por ter esquecido por alguns instantes que um negro nunca seria nada além de propriedade. Mariana desmaiou antes que o castigo terminasse e quando acordou estava sendo levada numa carruagem escoltada por capangas armados em direção ao porto onde embarcaria para o Rio de Janeiro.
Pelo caminho, soube através das conversas dos homens que a acompanhavam, que Joaquim havia morrido três dias depois, devido às infecções causadas pelos açoites, que Benedito fora vendido para um senhor de engenho no Recôncavo baiano, conhecido por sua crueldade extrema, e que domingos havia sido castrado e mandado trabalhar nas minas de ouro de Minas Gerais, onde a expectativa de vida de um escravo não passava de 5 anos.
No convento das Carmelitas descalças, Mariana viveu os 23 anos seguintes rezando e bordando, mas seu coração permaneceu para sempre naquela fazenda do Vale do Paraíba, dividido entre três homens que amara contra todas as leis divinas e humanas. Quando morreu de tuberculose aos 43 anos, sussurram as freiras que estavam presentes que suas últimas palavras foram três nomes pronunciados em língua de preto.

Os nomes africanos verdadeiros de Joaquim, Benedito e Domingos, nomes que ela havia aprendido nas noites em que os amava, nomes que representavam a única verdadeira identidade daqueles homens, roubada junto com sua liberdade. Esta história não tem moral edificante, nem final feliz, porque a história da escravidão no Brasil não tem nada de bonito para contar, mas tem verdade, tem dor, tem amor impossível e vidas destroçadas pela ganância e pela crueldade de um sistema que transformava seres humanos em mercadoria. E se essa
história fez teu coração bater mais forte, vai agora lá no canal e se inscreve para conhecer as outras vozes que o tempo tentou calar. Porque só lembrando do passado, podemos construir um futuro onde nenhum amor seja proibido pela cor da pele e nenhuma vida vale a menos que outra tentar novamente a Cloud pode cometer erros.
Confira sempre as respostas. Son tring.