O ESCRAVO HERMAFRODITA QUE ERA COMPARTILHADO ENTRE O MESTRE E SUA ESPOSA… AMBOS FICARAM OBCECADOS

A noite cai pesada sobre a fazenda. As sombras se arrastam pelos corredores da casa grande, como fantasmas que nunca partem. O vento traz o cheiro da cana queimada, misturado ao suor dos que trabalham desde a Aurora. É o ano de 1863. O Brasil ainda carrega nas costas a mancha da escravidão. E nesta fazenda, no interior de Minas Gerais, uma história silenciosa está prestes a explodir em tragédia.
Seu nome era Alex, mas esse nome pouco importava. Para o coronel Joaquim Almeida e sua esposa, dona Leonor, Alex não tinha nome Tenh tinha segredo. Alex nasceu com uma condição rara, uma ambiguidade que desafiava as categorias rígidas daquele mundo, um corpo que carregava tanto características masculinas quanto femininas, uma existência que a medicina da época mal compreendia e que a sociedade preferia esconder.


E foi justamente essa singularidade que transformou Alex em objeto de uma obsessão doentia. Tudo começou numa manhã de leilão. O coronel Joaquim percorria o mercado de escravizados com olhos frios, avaliando músculos, dentes, idade. Ele buscava mão de obra para a lavoura. Mas quando seus olhos pousaram sobre Alex, algo mudou.
O jovem estava ali, cabeça baixa, corpo franzino, coberto por trapos sujos. O vendedor, um homem de sotaque português carregado a próximo sei do coronel e sussurrou algo ao seu ouvido. O rosto de Joaquim se transformou. Surpresa, curiosidade, desejo. Alex foi comprado por um preço absurdo, três vezes o valor de qualquer outro escravizado naquele dia.
Os outros compradores murmuraram entre si, sem entender, mas o coronel sabia o que estava adquirindo. Não era força bruta, era Rad. Era poder sobre algo único, inexplicável. Era posse de um mistério vivo. Nos primeiros dias na fazenda, Alex foi mantido afastado dos outros escravizados. Não trabalhava no eiito, não carregava sacos de café, dormia numa cinzala separada, trancado a chave.
Apenas o coronel e dona Leonor tinham acesso. E foi dona Leonor quem, ao ver Alex pela primeira vez sob a luz das velas, sentiu o coração apertar. Não de compaixão. Du fazca. Leonor era uma mulher de 35 anos, filha de barões decadentes, casada por conveniência com um homem 20 anos mais velho. Seu casamento era árido com a terra seca.
Joaquim a tratava com indiferença cortez, cumprindo obrigações sociais, mas nunca lhe oferecendo afeto verdadeiro. Leonor vivia numa solidão dourada, entre vestidos de seda e orações vazias. Até que Alex chegou. O coronel começou a chamar Alex. para dentro da casa grande. Primeiro sob o pretexto de serviços domésticos.
Depois, sem pretexto algum, ele observava A Lex com uma intensidade que queimava. Tocava seu rosto, seus cabelos, como quem examina uma escultura rara, fazia perguntas sobre sua origem, sua história. Alex respondia em silêncio, com os olhos fixos no chão, aprendendo rapidamente que qualquer resistência seria punida.
Joaquim não via A Lex como pessoa. Via como curiosidade anatômica, como propriedade exótica, como validação de seu poder absoluto. Ele podia possuir até mesmo aquilo que a natureza tornara inclassificável. E nessa posse, ele encontrava um prazer perverso que nada tinha a ver com desejo físico. Era control era domínio sobre o incompreensível.
Tona Leonor, por sua vez, começou a observar as idas e vindas de Alex pelos corredores, e algo nela despertou. Não era atração carnal, era identificação. Ela via em Alex alguém igualmente aprisionado, igualmente reduzido a objeto, igualmente despobroido de boss. Mas essa identificação se transformou em algo mais sombrio.
Leonor começou a chamar Alex também para pentear seus cabelos, para ajudá-la a vestir-se, para simplesmente estar ali em silêncio. Enquanto ela derramava confissões que nunca ousara dizer em voz alta, Alex se tornou confidente involuntário dos dois, receptáculo dos desejos não ditos de Joaquim e das frustrações sufocadas de Leonor.
E quanto mais tempo passava naquela casa, mais a situação se tornava insustentável. O coronel começou a demonstrar ciúmes quando Leonor chamava Alex. Leonor, por sua vez, sentia raiva quando Joaquim monopolizava a presença do jovem. A disputa silenciosa entre marido e mulher transformou Alex em troféu, em campo de batalha, em símbolo de uma guerra conjugal que nunca fora declarada.
Os outros escravizados da fazenda começaram a notar: sussurros circulavam pela cenzala. Alguns diziam que Alex estava enfeitiçado, outros que carregava o demônio no corpo. A diferença física de Alex, que a Casa Grande tratava como segredo, vazou em rumores distorcidos. E com os rumores veio o medo e com o medo a rejeição. Alex estava completamente isolado.
Não era aceito pelos escravizados que o viam como aberração ou como protegido suspeito dos senhores. Não era visto como humano pelos senhores que o tratavam como objeto de obsessão. Não tinha lugar, não tinha identidade reconhecida, nem homem, nem mulher, aos olhos daquela sociedade brutal, apenas coisa.
Então veio a religião, o capelão da fazenda. Padre Inácio, um homem gordo e suado que visitava a propriedade mensalmente para celebrar missas, ouviu os rumores e decidiu investigar. Quando viu Alex, seu rosto empalideceu. Ele fez o sinal da cruz repetidamente, murmurando orações em latim para o padre Inácio.
Alex não era apenas uma raridade médica, era uma afronta divina, uma confusão contra a ordem natural estabelecida por Deus, um corpo que precisava ser exorcizado ou destruído. O padre começou a pressionar o coronel. Dizia que aquela criatura trazia maldição para a fazenda, que as pragas que atacavam as plantações eram castigo divino, que a esterilidade do casamento de Joaquim e Leonor, que nunca gerara filhos, era a consequência de abrigarem aquilo.
Joaquim, que nunca fora particularmente religioso, começou a sentir o peso da culpa, e a culpa se misturou a obsessão, criando uma combinação tóxica. Leonor, por outro lado, reagiu de forma oposta. A pressão do padre a fezse agarrar ainda mais a Alex. Ela começou a Vielou como vítima, não apenas da escravidão, mas da própria hipocrisia religiosa que condenava diferenças.
Pela primeira vez em sua vida, Leonor sentiu raiva verdadeira e essa raiva a empoderou de maneira perigosa. A tensão na casa grande chegou ao limite numa noite de tempestade. O coronel, embriagado e atormentado pelos sermões do padre, decidiu que precisava se livrar de Alex, mas não conseguia. A obsessão era mais forte que o medo. Leonor, percebendo as intenções do marido, trancou Alex em seu próprio quarto.
Os dois senhores, pela primeira vez em anos, se enfrentaram. Gritos e pela casa. Acusações, confissões. Joaquim acusou Leonor de desejar Alex de forma pecaminosa. Leonor acusou Joaquim de ser incapaz de amar qualquer coisa que não pudesse dominar completamente. A verdade, nua e crua, finalmente veio à tona. Nenhum dos dois via Alex como pessoa.
Joaquim o via como propriedade que validava seu poder. Leonor o via como espelho de sua própria prisão. Ambos estavam obsecados não com Alex, mas com U, que ele representava para suas próprias frustrações. E Alex. Alex estava trancado no quarto ouvindo tudo. Pela primeira vez desde que chegara a Ankela fazenda, Alex sentiu algo além de medo e resignação.
Centur, uma raiva profunda, viseral, que queimava como fogo nas veias. Raiva de ser reduzido ao objeto, raiva de ser disputado como posse, raiva de ter sua humanidade negada por todos, sem exceção. Quando a porta finalmente se abriu, era madrugada. O coronel entrou. cambaleante, ainda embriagado. Ele olhou para Alex com olhos vermelhos e disse que tudo aquilo precisava acabar, que Alex seria enviado para longe, vendido para outra fazenda, para o Rio de Janeiro, talvez, onde ninguém os conhecesse, onde o escândalo não os alcançasse. Mas antes que Joaquim
pudesse continuar, Leonor apareceu na porta. Ela segurava algo nas mãos, uma pequena bolsa de couro dentro, dinheiro, notas e moedas que ela vinha escondendo durante anos. Pequenas quantias desviadas aqui e ali. Ela estendeu a bolsa para Alex e disse algo que mudou tudo. Fuja agora. O coronel ficou paralisado.
Leonor estava libertando propriedade dele. Estava cometendo um crime. Joaquim avançou para impedi-la, mas tropeçou na própria embriaguez. E naquele momento de hesitação, Alex tomou a bolsa e correu. Correu pelos corredores escuros da Casa Grande, desceu as escadas, atravessou o pátio enlameado pela chuva, correu em direção à mata fechada que cercava a fazenda.
Os cães foram soltos, os capatazes foram acordados, tochas iluminaram a noite, mas Alex conhecia os caminhos secretos, as trilhas que outros escravizados usavam para encontros proibidos ou pequenos momentos de liberdade e desapareceu na escuridão. Nunca foi encontrado. Nos meses seguintes, o coronel Joaquim definhava.
A obsessão se transformou em tormento. Ele via Alex em cada sombra. Ouvia sua respiração em cada vento. Adoeceu rapidamente. Consumido por febre e delírio. Morreu menos de um ano depois, murmurando palavras ininteligíveis em seu leito de morte. Dona Leonor permaneceu na fazenda viúva e solitária, mas algo nela havia mudado.
Ela começou a questionar em silêncio tudo que sempre aceitara. E Cassamento, as normas que aprisionavam corpos e almas. Nunca se casou novamente. Viveu até idade avançada, uma mulher amarga, mas estranhamente lúcida. E Alex Car, alguns diziam que ele chegou a Salvador, onde se misturou a população de negros livres e libertos, vivendo sob nome falso.
Outros diziam que morreu na fuga, devorado pela mata ou capturado por bandidos. Mas há uma história transmitida oralmente entre descendentes de escravizados, de uma pessoa de identidade ambígua que vivia nos quilombos da região, ajudando outros a escapar, usando justamente sua capacidade de transitar entre categorias para enganar os capitães do mato.
Quando a porta finalmente se abriu, ir a madrada, o coronel entrou. Cambaleante, ainda embriagado, ele olhou para Alex com olhos vermelhos e disse que tudo aquilo precisava acabar, que Alex seria enviado para longe, vendido para outra fazenda, para o Rio de Janeiro, talvez, onde ninguém os conhecesse, onde o escândalo não os alcançasse.
Mas antes que Joaquim pudesse continuar, Leonor apareceu na porta. Ela segurava algo nas mãos. Uma pequena bolsa de couro dentro. Dinheiro, notas e moedas que ela vinha escondendo durante anos. Pequenas quantias desviadas aqui e ali. Ela estendeu a bolsa para Alex e disse algo que mudou tudo. Fuja agora. O coronel ficou paralisado.
Leonor estava libertando propriedade dele. Estava cometendo um crime. Joaquim avançou para impedi-la, mas tropeçou na própria embriaguez. E naquele momento de hesitação, Alex tomou a bolsa e correu. Correu pelos corredores escuros da Casagrande, desceu as escadas, atravessou o pátio enlameado pela chuva, correu em direção à mata fechada que cercava a fazenda.
Os cães foram soltos, os capatazes foram acordados, tochas iluminaram a noite. Mas Alex conhecia os caminhos secretos, as trilhas que outros escravizados usavam para encontros proibidos ou pequenos momentos de liberdade e desapareceu na escuridão. Nunca foi encontrado. Nos meses seguintes, o coronel Joaquim definhava: “A obsessão se transformou em tormento.
Ele via Alex em cada sombra, ouvia sua respiração em cada vento. Adoeceu rapidamente, consumido por febre e delírio. Morreu menos de um ano depois, murmurando palavras ininteligíveis em seu leito de morte. Dona Leonor permaneceu na fazenda, viúva e solitária, mas algo nela havia mudado. Ela começou a questionar em silêncio tudo que sempre aceitara.
Eia, Cassamento as normas que aprisionavam corpos e almas. Nunca se casou novamente, viveu até idade avançada, uma mulher amarga, mas estranhamente lúcida. E, Alex, a rumores. Alguns diziam que ele chegou a Salvador, onde se misturou a população de negros livres e libertos, vivendo sob nome falso. Outros diziam que morreu na fuga, devorado pela mata ou capturado por bandidos.


Mas há uma história transmitida oralmente entre descendentes de escravizados, de uma pessoa de identidade ambígua, que vivia nos quilombos da região, ajudando outros a escapar, usando justamente sua capacidade de transitar entre categorias para enganar os capitães do mato. verdade ou lenda. O que importa é o que essa história revela sobre um sistema que transformava seres humanos em objetos.
Sobre uma sociedade que não tolerava aquilo que não podia classificar. Sobre como corpos diferentes eram vistos como ameaças ou troféus, nunca como pessoas. Sobre como a obsessão dos poderosos nada tinha a ver com amor ou desejo, mas com controle absoluto. Alex não tinha voz registrada na história oficial. Não há documentos que comprovem sua existência, além de registros de compra e venda, onde aparece a pena haus como escravo ou número tal, de características peculiares.
Mas essa ausência de voz oficial não significa ausência de existência, significa apenas que a história foi escrita pelos senhores, não pelos escravizados, e certamente não por aqueles cujos corpos desafiavam as próprias categorias que a escravidão tentava impor. Esta história não é sobre romance, não é sobre desejo, é sobre poder, sobre como o corpos são transformados em propriedade, sobre como a diferença é ao mesmo tempo fetichezada e demonizada, sobre como até mesmo aqueles que se consideram superiores se tornam prisioneiros de suas próprias
obsessões. O Brasil escravista construiu suas fortunas sobre a negação sistemática da humanidade de milhões. E dentro dessa negação maior, havia negações ainda mais profundas de pessoas cujos corpos não se encaixavam nas categorias binárias, de existências que desafiavam a ordem estabelecida simplesmente por serem.
Alex foi um entre muitos. Quantos outros viveram e morreram sem nome, sem registro, sem reconhecimento? Quantos outros foram disputados, fetizados, demonizados, mas nunca vistos? Quantos outros carregaram não apenas as correntes da escravidão, mas também o peso de existir fora das normas que a sociedade impunha.
A casa grande daquela fazenda ainda existe. Transformada em ruínas invadidas pela vegetação. Dizem que à noite, quando o vento sopra forte, ainda se ouvem gritos. Ou talvez seja apenas o vento. Mas as histórias persistem passadas de geração em geração, lembrando que o passado nunca está realmente morto. Está vivo em cada estrutura social.
que ainda reduz pessoas a categorias em cada olhar que julga o que é diferente, em cada sistema que transforma humanidade em mercadoria. Esta é a história de Alex, de Joaquim de Lin, mas é também a história de um país que ainda não acertou contas completamente com seu passado, que aboliu a escravidão, mas manteve estruturas de opressão, que celebra diversidade em discurso, mas ainda pune diferenças na prática.
Enquanto não reconhecermos cada Alex que existiu, que sofreu, que resistiu e que eventualmente fugiu para encontrar alguma forma de liberdade, estaremos apenas repetindo os mesmos padrões, mudando os nomes, alterando as formas, mas mantendo a essência, a transformação de seres humanos em objetos de obsessão, posse e descarte.
A história termina aqui, mas as perguntas permanecem e é isso que deveria nos assombrar, muito mais do que qualquer fantasma nas ruínas de uma casa grande. As perguntas que nos obrigam a olhar para nós mesmos e reconhecer quantos Alex ainda estão entre nós, invisíveis aos olhos que se recusam a ver. M.

Related Posts

Our Privacy policy

https://abc24times.com - © 2025 News