Em 1868, na fazenda Santo Antônio dos Tavares, no interior do Maranhão, autoridades provinciais descobriram 23 ossadas humanas enterradas em covas irregulares, nos fundos de uma antiga tulha de arroz. Todas apresentavam marcas de corte idênticas em ossos longos e costelas.

Os registros oficiais da propriedade não mencionavam as mortes de nenhum dos escravizados identificados pelas marcas de ferro. encontradas nos restos. Documentos queimados às pressas revelavam listas de nomes riscados, datas de fugas nunca relatadas às autoridades e anotações em código sobre caçadas bem-sucedidas. Testemunhas locais mencionavam há décadas os desaparecimentos inexplicáveis de fugitivos capturados pela família Tavares.
Os Tavares nunca os devolviam aos proprietários originais, alegando que haviam morrido durante a perseguição. Ninguém questionava. Três gerações da família controlavam o comércio de escravizados e as capitanias do mato na região. Quando a verdade começou a emergir, autoridades imperiais tentaram destruir todas as evidências. Antes de continuar, se inscreva no canal e deixe nos comentários de onde você está assistindo e que horas são aí agora. Queremos saber quem está conosco nessa investigação.
A família Tavares chegou ao Maranhão em 1798, quando Joaquim Bernardino Tavares, natural de Trás os Montes Portugal, estabeleceu-se em São Luís como negociante de tecidos e ferramentas agrícolas. Em 1805, Joaquim adquiriu sua primeira propriedade rural, uma modesta fazenda de arroz às margens do rio Itapecuru, a cerca de 80 km da capital. A propriedade, inicialmente com apenas 12 escravizados, cresceu rapidamente nas décadas seguintes.
Em 1820, Joaquim Bernardino já possuía 47 escravizados e era considerado um dos principais fornecedores de arroz e algodão da província. Seus negócios prosperavam não apenas pela produção agrícola, mas por um serviço adicional que oferecia discretamente a outros fazendeiros da região, a captura de escravizados fugidos. Joaquim organizou um dos primeiros grupos permanentes de capitães do mato no interior maranhense, formado por homens livres, pobres, alguns indígenas e escravizados de confiança.
A atividade era lucrativa e socialmente aceita. A legislação imperial incentivava a perseguição e captura de fugitivos, pagando recompensas por cada pessoa devolvida. Os tavares cobravam valores acima da média, mas garantiam resultados. Raramente retornavam de mãos vazias. Essa reputação de eficiência consolidou a posição da família entre os grandes proprietários locais.
Quando Joaquim Bernardino faleceu em 1838, seu filho primogênito Antônio José Tavares assumiu a propriedade. Antônio havia sido educado em São Luís e participava ativamente da vida política local. Frequentava missas, jantares com autoridades provinciais e era membro respeitado da Santa Casa de Misericórdia. Aos olhos da sociedade maranhense, os Tavares representavam ordem, prosperidade e civilização nos sertões.
Sob a gestão de Antônio José, a fazenda Santo Antônio cresceu para 230 alqueires e 89 escravizados registrados. A família diversificou os negócios, investindo também no comércio de pessoas escravizadas. Antônio tornou-se intermediário entre traficantes que operavam ilegalmente após 1831 e fazendeiros do interior que precisavam aumentar suas forças de trabalho sem chamar atenção das autoridades.
A fazenda possuía estrutura imponente para os padrões regionais: Casagre de dois andares, capela particular, cenzalas amplas, tulha de arroz, engenho de beneficiamento e currais. Nos fundos da propriedade distante da área principal ficava a casa das correntes, um edifício isolado, onde escravizados capturados em fugas eram mantidos temporariamente antes de serem devolvidos aos proprietários originais. Era nesse local que começavam os rumores.
Vizinhos próximos, pequenos citiantes e comerciantes itinerantes comentavam em voz baixa sobre os gritos que vinham da casa das correntes durante a noite. Alguns mencionavam o cheiro forte que emanava do local em determinados períodos. Outros estranhavam que muitos fugitivos capturados pelos Tavares nunca retornavam aos seus proprietários.
A explicação oficial era sempre a mesma. haviam morrido durante a perseguição ou por ferimentos adquiridos na fuga. Proprietários que contratavam os serviços dos Tavares raramente questionavam essas mortes. Recebiam alguma compensação financeira e seguiam em frente. Perder um ou dois escravizados em tentativas de fuga era considerado parte do risco do negócio.
O que ninguém percebia ou preferia não perceber era o padrão. A taxa de mortalidade entre fugitivos capturados pelos Tavares era três vezes superior à média regional. Em 1841, Antônio José introduziu seu filho mais velho, Joaquim Antônio Tavares, nas atividades de captura. Joaquim tinha apenas 16 anos, mas já demonstrava aptidão para o negócio da família.
Ele acompanhava o pai nas caçadas, aprendendo técnicas de rastreamento, interrogatório e controle. Aos 19 anos, Joaquim já liderava suas próprias expedições. A terceira geração da família herdava não apenas a propriedade e os negócios, mas algo mais obscuro que permanecia oculto sob a fachada de respeitabilidade.

Joaquim Antônio era descrito por conhecidos como frio, meticuloso e extremamente violento com os capturados. Diferente do avô e do pai que mantinham certa descrição pública, Joaquim parecia sentir prazer na crueldade. Os registros da fazenda, mantidos com rigor contábil por Antônio José, revelam uma peculiaridade. Entre 1841 e 1868, foram registradas 47 capturas bem-sucedidas de fugitivos.
Desses, apenas 19 constam como devolvidos aos proprietários originais. Os outros 28 aparecem listados como falecidos durante captura ou simplesmente desaparecem dos registros após serem levados para a casa das correntes. Um documento datado de 1847, descoberto posteriormente.
Lista provisões incomuns adquiridas pela fazenda, quantidades elevadas de sal grosso, vinagre em barris, facas de açogueiro de diversos tamanhos e ganchos de ferro, usualmente empregados em matadouros. As aquisições eram feitas discretamente em São Luís, através de intermediários diferentes, nunca pelo mesmo fornecedor. A igreja local, representada pelo padre Cipriano Melo, mantinha relações próximas com a família Tavares.
Antônio José era generoso com doações para reformas da capela e festividades religiosas. O padre visitava frequentemente a fazenda para celebrar missas na capela particular, batizar filhos de escravizados e oferecer bênçãos nas colheitas. Em seus diários pessoais preservados no Arquivo Diocesano, Padre Cipriano registrava impressões sobre suas visitas.
Em uma entrada de junho de 1852, ele anotava: “Celebrei missa na fazenda Santo Antônio. A família Tavares mantém aparência de piedade cristã. Porém, algo na casa das correntes perturba meu espírito.” Odor desagradável. Antônio José não permitiu que eu adentrasse o local, alegando perigo de doenças. Rezarei por aquelas almas.
Apesar do desconforto registrado, o padre nunca reportou suas suspeitas à autoridades superiores. A influência dos Tavares na região tornava qualquer acusação perigosa e potencialmente ruinosa para quem ousasse questionar. A década de 1850 representou o auge do poder da família. Antônio José foi eleito vereador em 1854, consolidando a posição política dos Tavares.
Joaquim Antônio, agora com 29 anos, gerenciava as operações de captura com autonomia total. A fazenda prosperava, os negócios expandiam e a reputação da família permanecia inabalada. Mas os segredos acumulados durante décadas começavam a criar rachaduras na fachada cuidadosamente mantida. Os primeiros sinais concretos de que algo profundamente errado ocorria na fazenda Santo Antônio surgiram em 1853, quando uma escravizada chamada Benedita conseguiu fugir da propriedade após testemunhar eventos na casa das correntes. Benedita trabalhava na casa grande como Mukama e ocasionalmente era
enviada para levar comida aos capturados mantidos no edifício isolado. Ela alcançou um quilombo estabelecido nas matas próximas ao rio Mearim, a cerca de 40 km da fazenda. Lá compartilhou com outros fugitivos o que havia presenciado. Homens e mulheres capturados, sendo levados para o interior da casa das correntes e nunca mais saindo.
Gritos que duravam horas, o cheiro insuportável de carne queimada e sangue, muito sangue sendo lavado nas pedras atrás do edifício. O relato de Benedita circulou entre comunidades de fugitivos, mas nunca chegou formalmente às autoridades. O quilombo foi atacado pelos Tavares em 1854, dispersando seus moradores. Benedita desapareceu durante o ataque. Não há registros posteriores sobre seu paradeiro.
Em 1856, outro evento levantou suspeitas. Um fazendeiro chamado Francisco Ribeiro Gomes contratou os serviços dos Tavares para capturar três escravizados que haviam fugido de sua propriedade. Dois homens jovens chamados Domingos e Sebastião, e uma mulher chamada Joana. Os três foram capturados rapidamente pela equipe liderada por Joaquim Antônio.
Duas semanas depois, Francisco recebeu a visita de Antônio José Tavares, que trouxe a notícia de que os três haviam falecido. Segundo a versão apresentada, Domingos e Sebastião tentaram resistir durante a captura e foram feridos mortalmente. Joana, alegadamente adoeceu gravemente durante o transporte de volta e morreu de febre.
Francisco aceitou a compensação financeira oferecida, mas algo o incomodava. Ele conhecia bem seus escravizados. Domingos tinha apenas 19 anos e era extremamente saudável. Sebastião, embora mais velho, era conhecido por sua prudência e dificilmente resistiria de forma suicida. Joana nunca havia apresentado problemas de saúde graves.
Francisco compartilhou suas suspeitas com vizinhos durante uma reunião na cidade. Alguns concordavam que a taxa de mortalidade dos capturados pelos Tavares era suspeitamente alta. Outros argumentavam que fugitivos desesperados frequentemente resistiam de forma violenta, resultando em fatalidades. As conversas nunca avançaram além de especulações privadas. Questionar publicamente os Tavares era arriscado.
A família possuía conexões políticas fortes, recursos financeiros consideráveis e, principalmente, controlava a força de repressão a fugas em toda a região. Proprietários dependiam desse serviço. Criar conflito com os Tavares significava perder acesso à única rede eficiente de captura disponível.
Em 1858, um incidente quase expôs a verdade. Um capitão do mato chamado Manuel Ferreira, que havia trabalhado para os Tavares durante 5 anos, foi encontrado morto em circunstâncias suspeitas próximo à fazenda. Seu corpo apresentava ferimentos compatíveis com espancamento severo.
A versão oficial apresentada por Joaquim Antônio foi que Manuel havia sido atacado por fugitivos durante uma perseguição solitária. Porém, a viúva de Manoel Rosa Ferreira procurou o subdelegado local, capitão Teodoro Alves, alegando que seu marido havia mencionado, nos dias anteriores, à morte que estava planejando revelar segredos sobre práticas ilegais na fazenda Santo Antônio.
Manoel estava atormentado, segundo Rosa, e falava em pesadelos constantes, envolvendo a Casa das Correntes. O subdelegado anotou a denúncia, mas não iniciou investigação formal. Capitão Teodoro tinha dívidas financeiras com Antônio José Tavares e recebia pagamentos regulares para facilitar operações da família.
O caso foi arquivado como morte acidental. Rosa Ferreira insistiu por semanas, procurando o padre local e outros moradores influentes. Ninguém quis se envolver. Três meses depois, Rosa deixou a região com seus filhos. Em seu último encontro com uma vizinha antes de partir, ela teria dito: “Há um inferno naquela fazenda e todos fingem não ver”.
Os escravizados da própria fazenda Santo Antônio também sabiam. Entre eles circulavam histórias sussurradas sobre os horrores da casa das correntes. Um escravizado chamado Thomas, que trabalhava como ferreiro na propriedade, confidenciou a um comprado em 1860, que havia sido forçado a fabricar instrumentos específicos para Joaquim Antônio, ganchos com pontas afiadas, correntes com dispositivos de tortura e ferramentas que ele não conseguia identificar a utilidade, mas que retornavam sempre sujas de sangue. Thomas mencionou também que certa vez,
ao passar próximo à casa das correntes durante a noite para buscar ferramentas esquecidas, ouviu sons que descreveu como animal sendo esquartejado, mas com gritos humanos. Ele nunca se aproximou do local novamente após aquele episódio. Outros escravizados relatavam que Joaquim Antônio frequentemente desaparecia por dias inteiros dentro da casa das correntes, quando havia capturado os recentes.
Durante esses períodos, ninguém era autorizado a se aproximar. Até Antônio José pai parecia evitar o local quando o filho estava em seus trabalhos particulares. Em 1862, um evento público quase trouxe consequências. Durante uma festividade religiosa em Caxias, cidade próxima à fazenda, um grupo de abolicionistas distribuía panfletos questionando práticas cruéis em propriedades rurais da região.
Um dos panfletos mencionava, sem nomear diretamente, uma família de caçadores que faz desaparecer mais fugitivos do que captura. Joaquim Antônio estava presente na festividade. Ele confrontou publicamente um dos abolicionistas, um jovem advogado chamado Dr. Augusto Pimentel. A discussão quase resultou em violência física.
Testemunhas relataram que Joaquim ameaçou Augusto abertamente, dizendo: “Cuidado com o que investiga, doutor. Curiosos que entram nas matas costumam não voltar. Dr. Augusto Pimentel registrou queixa formal contra Joaquim Antônio por ameaça. O processo tramitou lentamente na justiça local e foi eventualmente arquivado por falta de provas consistentes.
Augusto recebeu ameaças anônimas durante meses e, finalmente, abandonou suas atividades abolicionistas na região, transferindo-se para Fortaleza, no Ceará. Os anos entre 1863 e 1867 foram particularmente sombrios. A guerra do Paraguai desviava a atenção das autoridades provinciais. A fiscalização sobre propriedades rurais diminuiu drasticamente. Os tavares operavam com ainda mais liberdade.
O número de capturas registradas aumentou, assim como o número de falecidos durante perseguição. Um documento descoberto posteriormente, escrito pelo próprio Joaquim Antônio em 1865, revela a extensão da depravação. Em um diário pessoal mantido secretamente, ele descrevia em detalhes codificados suas caçadas.
As entradas eram perturbadoras, referências a presas especiais, preparações adequadas e consumo apropriado. Embora o código dificultasse a compreensão total, o contexto era innegável. A família havia desenvolvido ao longo de três gerações, não apenas um negócio de captura, mas um ritual sistemático de violência extrema contra fugitivos.
O que começou como brutalidade no controle escravista havia degenerado em algo indescritível. Moradores locais que ousavam questionar desapareciam ou eram silenciados através de intimidação econômica. A rede de cumplicidade, construída através de décadas de subornos, favores políticos e controle do medo, mantinha o segredo protegido.
Até os próprios escravizados da fazenda, testemunhas involuntárias dos horrores, permaneciam em silêncio por puro terror, mas segredos dessa magnitude não podem permanecer ocultos indefinidamente. Em 1868, uma série de eventos convergentes finalmente rasgou o véu de silêncio que protegia os Tavares.

A exposição dos crimes da família Tavares começou de forma inesperada em março de 1868, quando um grupo de escravizados conseguiu fugir da fazenda Santo Antônio durante um incêndio acidental no depósito de ferramentas. Aproveitando a confusão, sete pessoas escaparam. Quatro homens, duas mulheres e um adolescente. Entre eles estava Thomas, o ferreiro, que havia testemunhado indícios dos horrores anos antes.
O grupo não seguiu para os quilombos conhecidos. sabiam que os Tavares rastreariam esses locais primeiro. Em vez disso, dirigiram-se diretamente para Caxias, onde procuraram o juiz municipal, Dr. Henrique Souza Brito, recém-nomeado e sem vínculos anteriores com a família Tavares. A decisão foi arriscada, mas necessária.
Eles carregavam algo que tornava impossível ignorá-los, evidências físicas. Thomas trouxe consigo ferramentas que havia sido forçado a fabricar, ganchos com desenhos específicos, correntes com mecanismos de tortura e, crucialmente um caderno onde anotava secretamente os pedidos de Joaquim Antônio ao longo dos anos.
As anotações eram codificadas, mas forneciam datas, tipos de instrumentos e, em alguns casos, observações sobre para que seriam usados. Uma das mulheres fugitivas chamada Teresa, tinha trabalhado na limpeza da casa grande. Ela relatou ao juiz que havia encontrado escondido no quarto de Joaquim Antônio um diário com anotações perturbadoras.
Não conseguiu levá-lo durante a fuga, mas memorizou várias passagens. Seu relato incluia referências explícitas a preparação de presas, separação de partes e rituais de consumo. Dr. Henrique Souza Brito, jovem e idealista, ficou inicialmente cético. Acusações dessa gravidade contra uma família influente pareciam improváveis.
Porém, a consistência dos relatos, as evidências físicas trazidas e, principalmente, o terror genuíno nos olhos dos fugitivos o convenceram a investigar. Em 10 de março de 1868, Dr. Henrique organizou uma diligência oficial à Fazenda Santo Antônio, acompanhado por dois soldados da Guarda Nacional e um escrivão.
A visita foi apresentada como inspeção de rotina relacionada a questões tributárias, evitando alertar os Tavares sobre as verdadeiras suspeitas. Antônio José Tavares recebeu o grupo com hospitalidade calculada, ofereceu almoço, mostrou as instalações principais da fazenda e apresentou documentação contábil aparentemente em ordem.
Quando o juiz solicitou acesso à casa das correntes, a atitude de Antônio mudou. Ele alegou que o edifício estava vazio no momento e que não havia necessidade de inspeção. Dr. Henrique insistiu. A tensão aumentou. Joaquim Antônio, presente durante a visita, fez ameaças veladas sobre consequências de acusações infundadas contra homens honrados. O juiz não recuou.
Ele tinha autoridade legal e estava determinado a exercê-la. Quando o grupo finalmente entrou na casa das correntes, o cheiro foi a primeira evidência inegável. Odor forte de decomposição misturado com algo químico, provavelmente vinagre usado para disfarçar. O edifício tinha dois andares. O térreo continha celas reforçadas com correntes fixadas nas paredes.
Manchas escuras cobriam o chão de pedra. No segundo andar havia uma sala grande com uma mesa robusta de madeira no centro, cercada por ganchos pendurados no teto. O escrivão presente registrou em ata: ambiente com características de matadouro, instrumentos de corte em quantidade, vestígios de sangue nas paredes e piso, apesar de tentativa evidente de limpeza.
Odor cadavérico persistente. Nos fundos do edifício havia uma área externa cercada por muros altos. Ali os investigadores encontraram a primeira cova. A terra tinha sido recentemente revolvida. Dr. Henrique ordenou escavação. Encontraram restos humanos, ossos com marcas de corte, crânios com fraturas e, em alguns casos, evidências perturbadoras de desmembramento sistemático.
Joaquim Antônio tentou impedir a escavação, alegando violação de propriedade privada. Os soldados o contiveram. Antônio José permaneceu em silêncio, aparentemente em choque com a rapidez da exposição. Nas semanas seguintes, a investigação se ampliou. Autoridades provinciais de São Luís enviaram reforços e um promotor especial. A escavação completa da área atrás da Casa das Correntes revelou 23 conjuntos de restos humanos em diferentes estágios de decomposição.
Análises posteriores indicaram que os corpos haviam sido enterrados em períodos diversos, alguns datando de anos atrás. A análise forense, rudimentar para os padrões da época, mas suficientemente conclusiva, identificou padrões nos restos, ossos longos com marcas de corte em locais específicos, costelas separadas com precisão, crânios com perfurações idênticas.
Médicos consultados afirmaram que as marcas eram consistentes com técnicas de açougadas a corpos humanos. Documentos apreendidos na Casa Grande corroboraram o horror. O diário de Joaquim Antônio, escrito em código parcial, foi decifrado por um criptógrafo trazido da capital. As entradas descreviam capturas, seleção de vítimas baseada em características físicas específicas, preparação e, de forma velada, mas inequívoca, consumo.
Uma entrada datada de setembro de 1864 dizia: Captura bem-sucedida, presa masculina, aproximadamente 25 anos, condição física excelente. Preparação completa realizada conforme tradição familiar. Duração de 3 dias. Resultado satisfatório, partes preservadas adequadamente. O promotor especial, Dr. Geraldo Meirelles, declarou em relatório oficial: “Os indícios materiais e documentais apontam para a prática sistemática de homicídio, seguido de profanação de cadáveres.
A natureza específica das ações sugere prática de antropofagia. Recomenda-se prisão imediata dos acusados e aprofundamento das investigações. Joaquim Antônio e Antônio José Tavares foram presos em 2 de abril de 1868. O caso chocou a província do Maranhão. Jornais de São Luís noticiaram o escândalo com manchetes sensacionalistas.
A família Tavares, até então respeitada, transformou-se em símbolo de depravação. Durante interrogatórios, Joaquim Antônio manteve silêncio absoluto. Antônio José inicialmente negou o conhecimento das práticas do filho, alegando que Joaquim agia sozinho. Porém, evidências documentais provavam que Antônio José adquiria pessoalmente alguns dos materiais usados.
Ele estava plenamente ciente. Testemunhas começaram a surgir. Escravizados da fazenda, agora protegidos por autoridades, relataram anos de terror. Thomas descreveu em detalhes os instrumentos que fora forçado a fabricar. Teresa repetiu as passagens do diário que havia memorizado.
Outros confirmaram os gritos noturnos, os desaparecimentos e o clima de medo constante. Moradores locais, anteriormente silenciados pelo medo, começaram a compartilhar suspeitas acumuladas durante décadas. Francisco Ribeiro Gomes, o fazendeiro que havia perdido Domingos, Sebastião e Joana em 1856, procurou as autoridades para relatar suas dúvidas antigas. Outros proprietários fizeram o mesmo. O padrão ficou claro.
Dezenas de fugitivos capturados pelos Tavares nunca foram devolvidos. A viúva de Manuel Ferreira, Rosa, retornou de onde havia se refugiado para testemunhar. Ela trouxe cartas que o marido havia escrito antes de morrer, onde mencionava ter visto algo terrível na casa das correntes e sentir que sua vida estava em risco se revelasse a verdade. Padre Cipriano Melo foi convocado para depor.
Ele apresentou seus diários pessoais, onde registrava desconforto sobre a casa das correntes desde 1852. O padre admitiu, sob lágrimas que havia falhado em agir sobre suas suspeitas por medo e conveniência. A investigação também revelou clicidade. O ex-subdelegado capitão Theodoro Alves foi preso por obstrução de justiça e aceitação de subornos.
Documentos bancários mostraram pagamentos regulares dos Tavares para autoridades locais durante anos. A rede de proteção que mantinha o segredo foi exposta. Em maio de 1868, peritos trouxeram novas conclusões. Análises mais detalhadas dos restos ósseos confirmaram que as vítimas haviam sido mortas através de métodos variados, alguns por trauma craniano, outros poranguinação.
Em todos os casos, havia evidências de desmembramento pós-m realizado com instrumentos afiados e precisão técnica. Mais perturbador foi a descoberta de vestígios químicos nas ferramentas apreendidas. Análises indicaram presença de sangue humano, sal e substâncias compatíveis com preservação de carne. A conclusão era inescapável.
Os tavares não apenas matavam fugitivos capturados, mas os processavam como se fossem animais abatidos. O julgamento foi marcado para agosto de 1868. A província inteira aguardava justiça. O caso representava não apenas os crimes de uma família, mas a exposição das estruturas de silêncio e cumplicidade que permitiam tais horrores.
A escravidão, já questionada por movimentos abolicionistas, mostrava mais uma de suas faces monstruosas. Porém, o julgamento nunca aconteceu. Na madrugada de 17 de julho de 1868, seis semanas antes do julgamento programado, um incêndio destruiu completamente a ala da cadeia provincial de São Luís, onde Joaquim Antônio e Antônio José Tavares aguardavam julgamento. Ambos morreram carbonizados.
As circunstâncias do incêndio nunca foram esclarecidas. O relatório oficial assinado pelo delegado provincial coronel Jacinto Mendes concluiu que o fogo havia começado acidentalmente em uma lamparina deixada próxima a materiais inflamáveis. A versão foi aceita formalmente pelas autoridades imperiais. Nenhuma investigação aprofundada foi conduzida.
Os corpos dos Tavares foram enterrados discretamente, sem cerimônia religiosa, em área não consagrada do cemitério. Testemunhas não oficiais contaram história diferente. Um guarda chamado Eusébio, que trabalhava na cadeia naquela noite, confidenciou semanas depois a um conhecido que vira três homens encapuzados entrarem no edifício horas antes do incêndio.
Ele não havia registrado a visita porque recebera a ordem superior para permitir a entrada. Eusébio desapareceu dois meses depois. Nunca mais foi visto. A morte dos Tavares encerrou abruptamente o processo judicial. Sem réus para julgar. O caso foi oficialmente arquivado em setembro de 1868.
As autoridades provinciais argumentaram que com os principais culpados mortos, não havia razão para continuar investigações que apenas manchariam desnecessariamente a reputação da província. Dr. Henrique Souza Brito, o juiz que iniciara as investigações, protestou veemente. Ele exigia que a investigação continuasse para identificar cúmplices, processar autoridades corruptas e, principalmente, preservar a memória das vítimas. Seus protestos foram ignorados.
Em dezembro de 1868, Dr. Henrique foi transferido compulsoriamente para uma comarca isolada no interior do Piauí. O promotor especial, Dr. Geraldo Meirelles, tentou manter o caso aberto através de recursos legais. Ele foi formalmente advertido por superiores na capital imperial no Rio de Janeiro.

Em correspondência preservada nos Arquivos Nacionais, um oficial do Ministério da Justiça escreveu: “O caso Tavares é perturbador, mas sua continuação apenas alimenta instabilidade em momento delicado da nação. A escravidão será abolida quando chegar o momento apropriado, através de processos políticos adequados, não através de escândalos que comprometem a ordem. Dr.
Geraldo abandonou o caso em março de 1869. Anos depois, em memórias publicadas postumamente em 1891, ele escreveria: “O caso Tavares representou minha maior derrota como homem da lei”. Descobrimos monstruosidade inimaginável. Construída e protegida durante décadas por sistema de cumidade que envolvia autoridades, igreja e sociedade.
Quando tentamos trazer justiça, fomos sistematicamente silenciados. As vítimas permaneceram sem nome, sem dignidade e sem justiça. A fazenda Santo Antônio foi confiscada temporariamente pelo governo provincial. havia expectativa de que fosse leiloada e os recursos destinados a alguma forma de reparação. Isso nunca aconteceu.
Em outubro de 1869, a propriedade foi discretamente devolvida a parentes distantes da família Tavares, que alegaram não ter conhecimento nem envolvimento nos crimes. Os novos proprietários, primos de segundo grau residentes em São Luís, venderam rapidamente a fazenda para um comerciante português recém-chegado ao Brasil.
O comprador Antônio Silva Guimarães adquiriu a propriedade por valor muito abaixo do mercado. Ele demoliu imediatamente a casa das correntes, alegando que o edifício estava estruturalmente comprometido. Testemunhas relataram que Antônio Silva Guimarães ordenou não apenas a demolição, mas a queima completa de todos os materiais. Tijolos, madeiras, ferramentas encontradas no local.
Tudo foi destruído e enterrado em local não revelado. A área foi coberta com terra nova e plantada com cana de açúcar, como se nada jamais tivesse existido ali. Os 23 conjuntos de restos humanos descobertos nas escavações iniciais foram objeto de disputa burocrática. Doutor Henrique havia ordenado que fossem preservados como evidência e posteriormente recebessem sepultamento digno.
Com o arquivamento do caso, ninguém assumiu responsabilidade pelos restos mortais. Documentos diocesanos indicam que padre Cipriano Melo solicitou formalmente permissão para realizar cerimônia de sepultamento cristão para as vítimas. O pedido foi negado pelo bispo diocesano Dom Antônio Cândido, que argumentou: “Não podemos conceder rito sagrado a restos de origem incerta, possivelmente de criminosos fugitivos.
Tal ato comprometeria a dignidade da igreja. Os restos humanos permaneceram armazenados em depósito improvisado da delegacia provincial até 1872, quando foram descartados em local não registrado oficialmente. Um funcionário administrativo aposentado, entrevistado décadas depois por historiador local, afirmou que os restos foram simplesmente jogados em vala comum no cemitério público, sem marcação, sem cerimônia, sem registro.
As vítimas identificáveis através das marcas de ferro encontradas nos restos foram poucas. Apenas sete puderam ser associadas a fazendas específicas através de registros de propriedade. Os proprietários originais foram notificados, mas nenhum rei vivindicou os restos ou demonstrou interesse em providenciar sepultamento apropriado.
Para eles, eram simplesmente perdas financeiras já contabilizadas anos atrás. Entre os identificados estava Domingos, um dos três escravizados de Francisco Ribeiro Gomes, capturados em 1856. A identificação foi feita pela marca de ferro específica da fazenda de Francisco. Quando informado, Francisco respondeu através de carta oficial: “Recebo a notificação. Não tenho interesse em custear sepultamento de propriedade perdida há tanto tempo.
Que as autoridades façam o que julgarem apropriado.” Essa resposta preservada em arquivo judicial revela a desumanização completa que permitia atrocidades como as dos Tavares prosperarem. As vítimas não eram vistas como pessoas assassinadas que mereciam justiça, mas como propriedade danificada que não valia mais o investimento emocional ou financeiro. Os escravizados que testemunharam contra os Tavares enfrentaram destinos variados.
Thomas, Teresa e os outros cinco que fugiram da fazenda durante o incêndio foram inicialmente mantidos sob proteção das autoridades. Com o arquivamento do caso, essa proteção foi removida. Thomas desapareceu em circunstâncias misteriosas em 1870. Seu corpo foi encontrado no rio Itapecuru com marcas de afogamento.
A morte foi registrada como acidental. Teresa conseguiu comprar sua alforria através de fundo abolicionista estabelecido por simpatizantes em São Luís. Ela mudou-se para Belém do Pará, onde viveu até 1889. Nunca mais falou publicamente sobre o caso Tavares.
Os outros cinco fugitivos foram devolvidos a seus proprietários originais, conforme exigência legal da época. Não há registro sobre o que aconteceu com eles posteriormente. Seus nomes desaparecem completamente da documentação histórica após 1869. Outros escravizados da fazenda Santo Antônio foram dispersos. Alguns foram vendidos para fazendeiros em províncias distantes.
Outros permaneceram na propriedade sob novos donos. Todos foram proibidos formalmente de falar sobre os eventos. Aqueles que desobedeceram sofreram punições severas. O silêncio foi imposto através de medo sistemático. O capitão Teodoro Alves, o ex-subdelegado preso por cumpliidade, permaneceu detido apenas 4 meses.
Ele foi libertado em agosto de 1868, imediatamente após a morte dos Tavares. As acusações contra ele foram retiradas por falta de evidências suficientes. Teodoro voltou para sua cidade natal em Caxias, onde viveu tranquilamente até sua morte natural em 1881. Outros cúmplices identificados durante as investigações nunca foram processados. Funcionários públicos que receberam subornos, comerciantes que forneceram materiais suspeitos, autoridades que ignoraram denúncias, todos continuaram suas vidas sem consequências.
A rede de cumlicidade, uma vez exposta, foi rapidamente reabsorvida pela estrutura social que a criara. A imprensa maranhense, que inicialmente cobriu o caso com intensidade, gradualmente abandonou o assunto. Jornais que publicavam artigos semanais sobre as investigações pararam abruptamente após a morte dos Tavares.
Editores receberam pressões de anunciantes, autoridades e leitores influentes. O caso tornou-se inconveniente. Um jornalista chamado Rodrigo Pena tentou publicar reportagem investigativa detalhada sobre o caso em 1870. Seu manuscrito foi recusado por todos os jornais da província. Rodrigo tentou publicar no Rio de Janeiro sem sucesso.
O manuscrito foi eventualmente perdido. Fragmentos preservados em correspondência pessoal mostram que ele havia identificado pelo menos 15 cúmplices não processados e documentado conexões políticas de alto nível que protegiam o caso. A Igreja Católica, instituição central na sociedade imperial brasileira, manteve silêncio absoluto sobre o caso.
Nenhuma declaração oficial foi emitida pelo bispado maranhense. Nenhum sermão abordou as implicações morais das descobertas. Padre Cipriano Melo, o único religioso que tentou agir, foi transferido para a paróquia isolada no interior, onde permaneceu até sua morte em 1876. Em seus últimos diários, padre Cipriano escreveu com amargura: “A igreja, que deveria ser voz do sem voz, escolheu o silêncio conveniente.
Vi com meus próprios olhos sinais de maldade terrível e nada fiz. Quando finalmente tentei agir, foi tarde demais e fui punido por minha coragem tardia. Deus perdoe minha covardia e a covardia de nossa instituição. As famílias das vítimas, quando identificadas nunca receberam compensação, pedido de desculpas ou reconhecimento formal.
A maioria eram pessoas escravizadas sem recursos legais ou voz política. Seus parentes continuaram vivendo sob as mesmas condições desumanas que haviam permitido os assassinatos. A abolição só chegaria 20 anos depois. Em 188, descendentes de algumas vítimas identificadas tentaram décadas mais tarde obter alguma forma de reparação ou reconhecimento.
Todos os pedidos foram negados por falta de documentação adequada ou porque os eventos eram antigos demais para justificar ação legal. O sistema jurídico brasileiro pós abolição, não tinha interesse em revisitar crimes cometidos durante o período escravagista. A fazenda Santo Antônio mudou de mãos várias vezes ao longo do século XX.
Cada novo proprietário recebia a propriedade sem conhecimento completo de sua história. Os eventos de 1868 foram gradualmente esquecidos, transformando-se em lenda local vaga. Moradores antigos da região mencionavam vagamente coisas ruins que teriam acontecido na fazenda antigamente, mas sem detalhes específicos. Na década de 1920, um historiador amador chamado Sebastião Moura tentou pesquisar o caso Tavares. Ele encontrou dificuldades imensas.
Documentos haviam desaparecido de arquivos públicos. Processos judiciais estavam extraviados. Registros da fazenda foram destruídos. O pouco que Sebastião conseguiu reunir foi publicado em Jornal Local em 1924, mas a publicação teve circulação limitada e foi rapidamente esquecida.
Sebastião concluiu seu artigo com observação profética. O caso da família Tavares representa não apenas a monstruosidade individual de assassinos, mas o fracasso coletivo de toda uma sociedade que preferiu o esquecimento conveniente a justiça incômoda. Enquanto não enfrentarmos honestamente os horrores de nosso passado escravagista, permaneceremos prisioneiros das mesmas estruturas de silêncio e cumplicidade que permitiram tais atrocidades.
Em 1968, exatamente 100 anos após a descoberta dos crimes, nenhuma cerimônia de memória foi realizada. Nenhum artigo jornalístico revisitou o caso. Nenhuma autoridade reconheceu o centenário das descobertas. O silêncio institucional permaneceu absoluto. A fazenda Santo Antônio hoje não existe mais como unidade produtiva.
A terra foi dividida entre pequenos proprietários na década de 1970. A área onde ficava a casa das correntes é agora plantação de soja. Nenhuma placa, memorial ou marca indica o que aconteceu naquele local. Os 23 seres humanos assassinados, desmembrados e descartados permanecem sem túmulo identificável, sem nome conhecido, sem justiça alcançada.
Pesquisadores contemporâneos que estudam o caso enfrentam lacunas documentais enormes. Estimativas conservadoras sugerem que o número real de vítimas pode ter sido muito superior às 23 oficialmente descobertas. O diário de Joaquim Antônio, preservado parcialmente, menciona caçadas que remontam a 1841, quando ele tinha apenas 16 anos. Isso sugere décadas de crimes, potencialmente envolvendo dezenas de vítimas adicionais nunca encontradas. Questões fundamentais permanecem sem resposta.
Quantas pessoas realmente foram assassinadas pelos Tavares? Onde estão os outros corpos? Quem eram as vítimas? Por que o caso foi tão sistematicamente encoberto? Quais autoridades de alto nível estavam envolvidas na proteção da família? Porque nenhum cúmplice foi efetivamente punido? O silêncio que encobriu o caso Tavares não foi acidente histórico, foi resultado deliberado de decisões conscientes tomadas por autoridades, instituições e sociedade que consideraram mais conveniente esquecer do que enfrentar. A estrutura
escravagista brasileira produziu incontáveis atrocidades. O caso Tavares foi particularmente horrível, mas não foi isolado. O legado desse silêncio persiste. Enquanto crimes contra pessoas escravizadas permanecem não reconhecidos, não documentados e não reparados, a sociedade brasileira carrega dívida histórica impagável.
As vítimas dos Tavares são metáfora de milhões de pessoas cujos sofrimentos, mortes e humanidade foram sistematicamente negados. A família Tavares representa o extremo da crueldade humana, amplificada pela desumanização institucionalizada. Mas eles não agiram sozinhos.
foram protegidos, financiados, tolerados e, finalmente, perdoados através do esquecimento. Esse perdão coletivo através da amnésia histórica é talvez o crime final desse caso, a negação da própria existência das vítimas. Hoje, nenhum descendente da família Tavares carrega publicamente esse sobrenome na região. A família dispersou-se, mudou nomes, apagou conexões.
Descendentes das vítimas, por outro lado, nem sequer sabem que seus ancestrais foram assassinados naquela fazenda. Não há memória familiar para preservar, não há histórias para transmitir, não há túmulos para visitar. O caso da família Tavares permanece como lembrança sombria do que sociedades são capazes quando estruturam-se sobre desumanização sistemática e permanece também como advertência sobre o custo do silêncio conveniente e da justiça negada.
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