O Caldeirão Ferve: Alta Gastronomia Vira Grande Teatro
O que era para ser uma disputa de excelência na alta gastronomia, envolvendo nomes conhecidos do público, rapidamente se transformou em um verdadeiro espetáculo de entretenimento e drama. A nova temporada do MasterChef Celebridades Brasil 2025 provou, logo na estreia, que o prêmio de R$ 300.000 é o combustível perfeito para reacender carreiras, esquentar ânimos e expor personalidades de forma inédita. A cozinha da Band tornou-se o palco de uma maratona de caos, onde bordões, rivalidades e desentendimentos foram servidos como prato principal.
É inegável a atração que o MasterChef exerce sobre aqueles que buscam um novo espaço na mídia. Enquanto outros reality shows oferecem cachês modestos ou apenas uma ajuda de custo, o valor de R$ 300 mil (em uma semana de gravação!) é um atrativo sedutor, especialmente para um grupo de celebridades que estava, em grande parte, afastado dos holofotes principais. O elenco, composto por 12 participantes, poderia facilmente ser o casting de um grande reality show de confinamento, unindo ex-participantes, cantores e figuras icônicas.
O Elenco Estrelado: De Excentricidades a Veteranos de Reality
A produção conseguiu reunir um grupo polarizador, com personalidades que garantem o drama necessário.
A cantora Gilmelândia chamou a atenção desde o primeiro instante, entrando na cozinha com uma vestimenta que beirava o místico e o surreal, incluindo um adereço de alho na cabeça. Seu comportamento, que se mostrou agitado e excêntrico, prometia momentos de pura loucura e descontração.
O elenco conta ainda com a atleta Malre Mage (cujo nome gerou confusão entre os próprios participantes) e a dupla sertaneja Hugo e Thiago Piquilo, que, apesar de competirem separadamente, parecem determinados a “zerar” todos os reality shows do país. Piquilo, um veterano do gênero, está de volta ao centro das atenções, enquanto Hugo demonstra uma felicidade pueril por estar na cozinha, realizando um sonho de ver a Chefe Helena Rizzo ao vivo.

Em seguida, o furacão Márcia Goldschmidt, que entrou na cozinha já imersa em sua personagem e no famoso bordão “Mexeu com você, mexeu comigo”. A apresentadora, conhecida por seu trabalho na TV, parecia estar em seu próprio programa, gerando estranhamento nos jurados e um clima de insatisfação entre os colegas.
A Rainha do Popozão, Valesca Popozuda, retorna ao MasterChef, mas agora como competidora. Sua participação, que já havia sido aclamada em edições anteriores, era uma das mais esperadas.
No grupo dos influenciadores, John Drops, famoso por suas reproduções criativas e econômicas de looks de celebridades, marca presença. E do drama dos reality shows mais recentes, temos a jornalista e apresentadora Raquel Sherazade, cuja participação em A Fazenda (que terminou com sua expulsão após um embate físico) a deixou marcada como uma das figuras mais polêmicas do momento.
O galã Luciano Szafir, pai de Sasha e ex-companheiro de Xuxa, e o cantor Dodô (do grupo Pixote), também integram o time, juntamente com a atriz Juliane Trevisol, conhecida por papéis em novelas e com um notável preparo técnico na cozinha.
A Primeira Prova: O Muro da Discórdia e o Grito no Estúdio
O primeiro desafio foi idealizado para gerar o máximo de tensão e desorganização: cozinhar em duplas, mas separados por um muro. Os participantes precisavam se comunicar aos gritos para replicar um mesmo prato sem se verem.
A prova, que remeteu a dinâmicas de confinamento, rapidamente transformou o estúdio em um pandemônio. A gritaria se instalou, com todos competindo pelo volume da voz. John Drops foi um dos que mais se destacou pelo volume e pela irritação geral que causou nos colegas.

Apesar do caos, algumas duplas se destacaram pelo desentendimento. Gilmelândia e Márcia Goldschmidt foram um capítulo à parte. Gilmelândia, na tentativa de forçar uma amizade, reiterava que amava a apresentadora, que, por sua vez, demonstrava pouca paciência. A falta de foco de Gilmelândia, que tentava cantar e chamar a atenção das câmeras (“Vamos fazer carne, Márcia!”), fez com que a dupla não conseguisse sequer concordar na cor do prato. Elas também foram acusadas de “roubar” ao tentar se comunicar pela lateral do muro.
Do lado oposto, Raquel Sherazade e Thiago Piquilo entregaram um prato aceitável, mas com um notável empenho de Sherazade, que demonstrou responsabilidade e dedicação. Piquilo, segundo a análise, contentou-se em fazer um “bife com banana”.
A dupla que surpreendeu foi a de Léo Midorim e Dodô, que demonstraram uma química inesperada e entregaram pratos quase idênticos, garantindo a vitória na prova.
Valesca & Szafir: A Vingança da Funkeira
O grande desastre da prova ficou por conta de Valesca Popozuda e Luciano Szafir. A falta de comunicação entre os dois foi evidente, principalmente pela postura de Szafir, que ignorava a colega. Valesca, gritando desesperadamente, tentava dar instruções que eram sumariamente descartadas pelo ator. O resultado foi um desastre: pratos completamente diferentes.
O Chefe Jacquin elogiou Valesca, afirmando que ela teria ido para o mezanino se não fosse pela dupla com Szafir, cujo prato foi duramente criticado. A funkeira não esqueceu o deslize, guardando um notável ressentimento.
A Prova de Eliminação: Tarte Tatin e a Figura do “Herói”
Na prova de eliminação, que exigia a preparação de uma Tarte Tatin (torta invertida), o drama atingiu novos patamares.
Um mágico ilusionista apareceu para distribuir cartas de vantagens e desvantagens. Luciano Szafir pegou a primeira carta, que lhe permitia tirar 5 minutos do tempo de preparo de alguém, e acabou escolhendo Márcia Goldschmidt, que não gostou nada, aconselhando-o a “assumir suas escolhas” em vez de jogar o dado. A Valesca Popozuda pegou a mesma carta logo em seguida e, em um momento de pura vingança, tirou 5 minutos de Szafir. Márcia Goldschmidt, ao presenciar o ato, celebrou com seu bordão de “justiça”.
O caos seguiu seu curso: Szafir causou um pequeno acidente ao ligar um mixer 110V em uma tomada 220V, gerando cheiro de queimado e sendo prontamente provocado por Valesca.
O cenário foi de desespero para Hugo, o cantor sertanejo, cuja massa ficou dura no congelador. Ao pedir ajuda à atriz Juliane Trevisol, que se mostrou extremamente preparada tecnicamente (como se tivesse feito um curso intensivo antes do programa), recebeu uma resposta fria e seca. Trevisol, claramente focada em sua performance, não demonstrou interesse em ajudar o colega, que parecia a personificação da “Tristeza” do filme Divertidamente.
Gilmelândia proporcionou outro momento bizarro: na hora de virar a torta, tentou usar um banquinho de tronco de árvore, em mais um esforço para chamar a atenção das câmeras. Em seguida, tentou adular o Chefe Fogaça, cantando para ele enquanto ele degustava seu prato.
No entanto, o ator Luciano Szafir protagonizou um momento que lhe rendeu o status de “herói” da edição. Ao ver Márcia Goldschmidt reclamando de dor na mão (L.E.R.), ele se prontificou a ajudá-la a virar a torta. O gesto, no entanto, não salvou Márcia, que ficou triste com as críticas ao seu prato e foi acusada de fingir o choro.
O Choque da Eliminação e o Quadradinho de Oito
Apesar do caos e do drama, Luciano Szafir acabou vencendo a prova da torta, garantindo o pin de vantagem para o futuro. Juliane Trevisol ficou em segundo lugar, sentindo-se desapontada, apesar de seu esforço.
Os piores da noite foram Hugo e Valesca Popozuda. No momento da eliminação, o Chefe Fogaça inverteu a tradicional dinâmica do MasterChef, pedindo para quem iria ficar abraçar quem seria eliminado. Valesca abraçou Hugo, acreditando que ela seria a eliminada.
No instante em que Fogaça anunciou que Hugo havia rodado e Valesca ganharia uma segunda chance, a funkeira protagonizou um dos momentos mais icônicos da história do MasterChef: ela jogou Hugo em um abraço e imediatamente celebrou com um quadradinho de oito, demonstrando euforia pura e imediata. A reação de Gilmelândia, no mezanino, foi de espanto, exclamando: “O que é isso?”. Um comentário irônico vindo de quem entrou na cozinha vestida de ET com alho na cabeça.
Hugo, visivelmente abalado e à beira das lágrimas (parecendo um personagem da Pixar, segundo os comentaristas), confessou que estava desapontado consigo mesmo por não ter correspondido às expectativas de sua família. Um momento de sinceridade tocante em meio a tanta encenação.
O MasterChef Celebridades Brasil 2025 está servindo um prato indigesto de alta tensão, rivalidades e excentricidades. No entanto, é exatamente esse drama que mantém o público conectado, provando que o talento na cozinha, por vezes, perde a importância para o carisma e a performance de um bom reality show. E o caos continua: a próxima semana já promete mais bizarrice com Gilmelândia usando uma fantasia de limão para um desafio cujo tema será tomate.
Com a estreia fechando com uma audiência modesta, mas superando edições anteriores, fica a certeza de que o verdadeiro sucesso do MasterChef hoje está no drama gerado para as redes sociais e plataformas de streaming, muito mais do que na TV aberta. E se a primeira semana foi assim, a temporada promete ser inesquecível.