Novembro de 2025 será lembrado nos anais da história brasileira e do entretenimento global como um mês de extremos. De um lado, a justiça, ainda que tardia, bateu à porta de um ex-presidente; do outro, o glamour dos concursos de beleza e o frenesim da cultura pop colidiram em uma espetáculo de controvérsias e aclamação. É com este pano de fundo caótico, mas indubitavelmente fascinante, que o Jornal da Diva encerra o seu ciclo anual, preparando-se para a retrospectiva que promete ser a mais explosiva de todas. Que venha 2026, mas não sem antes revisitarmos os factos que definiram o fim de 2025.
A Queda: Bolsonaro Preso e o Fim de um Ciclo Político Turbulento
A notícia que parou o país e ecoou nos corredores da política internacional no final de novembro foi a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, transformada em pena definitiva de 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de estado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes (o Xandão), foi o responsável pelo decreto, após a Polícia Federal (PF) ter reportado um risco de fuga e, mais chocante ainda, a tentativa de violação da tornozeleira eletrónica.

As imagens da tornozeleira avariada circularam o mundo, tornando-se um símbolo da sua desesperada e, como a PF sublinhou, “burra” tentativa de evitar o cumprimento da pena. A reação do público foi imediata: queima de fogos e celebrações espontâneas foram registadas em várias cidades do país, um reflexo do sentimento de que a justiça, finalmente, estava a ser feita. Para muitos, a prisão não se deveu apenas à tentativa de golpe, mas representa a soma de anos de condutas controversas, desde a negação da vacina durante a pandemia — um ato que a coluna critica como criminoso, dado o número de mortes evitáveis — até às constantes manifestações de homofobia e racismo.
A cela de Bolsonaro na Superintendência da PF em Brasília, descrita como “quarto simples de hotel” com televisão, gerou indignação. Para grande parte da população, a acomodação é um luxo excessivo para um condenado. Com a perda dos seus direitos políticos e do salário do PL, a detenção de Bolsonaro marca um ponto final, ainda que agridoce, para um capítulo sombrio da história política recente do Brasil.
Miss Universo 2025: Um Escândalo de Coroação e Racismo

O glamour do Miss Universo 2025 desmoronou-se sob acusações de corrupção, favoritismo e, o mais grave, racismo. A edição, considerada a mais polémica da história, começou com a controversa parceria com o seu concorrente, o Miss Grand International, e o seu empresário tailandês, Nawat Zaragrizil.
O caos atingiu o seu pico quando Nawat insultou publicamente a candidata mexicana Fátima Bosque, chamando-a de “burra” por, alegadamente, não promover patrocinadores tailandeses. O ato levou a uma rebelião, com Fátima e várias outras candidatas a abandonarem a sala em protesto. Embora Nawat tenha vindo a público chorar e pedir desculpa, a tensão só aumentou.
A reviravolta mais chocante deu-se com a coroação de Fátima Bosque como Miss Universo. O público vaiou a delegação mexicana, e a controvérsia escalou com a revelação da ausência de uma auditoria independente dos votos e de um alegado contrato milionário entre o co-proprietário do Miss, Raul Rocha, e a empresa Pemex, onde o pai de Fátima trabalha há quase 30 anos.
O escândalo foi aprofundado pelas declarações de Rocha, que justificou a derrota de Olívia Issé (Costa do Marfim) – uma das grandes favoritas – dizendo que o seu país “não tem um passaporte com boa aceitação internacional”. Esta declaração, prontamente condenada como racista e “podre”, levou várias candidatas a renunciarem aos seus títulos. Para coroar o caos, Raul Rocha está alegadamente a ser investigado e com pedido de prisão por suposto envolvimento em tráfico de drogas, armas e combustível entre o México e a Guatemala. O futuro do concurso é incerto, mas a atitude das candidatas que protestaram e o foco nas questões éticas são um ponto de partida para uma eventual e muito necessária renovação.
A Cultura Pop em Ébano e Neon: Diva Pop, Cinema e Celebridades em Férias
Apesar dos turbilhões políticos e dos concursos falhos, a cultura pop brilhou. O filme “Wicked 2”, estreou em novembro batendo recordes de bilheteria, arrecadando 147 milhões de dólares nos Estados Unidos e R$ 11 milhões no Brasil, superando a primeira parte. A estreia foi marcada pela ausência de Ariana Grande no Brasil (devido a um alegado cancelamento de voo), o que levou a uma premiere local vista como “sucateada” em comparação com as superproduções internacionais. No entanto, o sucesso do filme é inegável, inclusive com a controversa participação da cantora gospel Priscila Alcântara na versão paulista da peça, que foi criticada por, alegadamente, não proferir os feitiços pagãos do guião, devido às suas origens evangélicas.

Do lado da música, a popstar Dua Lipa (Eduarda Felipa) e o cantor Shawn Mendes fizeram a festa no Brasil, numa demonstração de carinho pelo país que contrastou fortemente com o isolamento de outras celebridades em visitas anteriores. Dua Lipa fez dois shows esgotados e aproveitou o país intensamente: de festa eletrónica no interior de São Paulo a uma roda de samba com Bruna Marquezini e Shawn Mendes no Rio de Janeiro, culminando numa entrevista para Luciano Huck. Shawn Mendes também viajou pelo país, visitando o Pará e uma aldeia indígena, e hospedando-se na casa de Ivete Sangalo.
A presença de Shawn e Bruna Marquezini juntos levantou rumores de um possível romance, com a imprensa a descrever Shawn como um “boy açucarado” que gosta de “latinas”. O Jornal da Diva apela ao fim do preconceito em torno da sexualidade de Shawn, lembrando que “existem homens bis” e que a atriz tem o direito de ser feliz, deixando o recado: “Deixa ela sentar, deixa ela ser feliz.” O frenesim das visitas levou, ironicamente, ao anúncio de separação de Ivete Sangalo e Daniel Cady, após um casamento de 16 anos, uma notícia que, embora triste, foi rapidamente alvo de especulação humorística de que teria sido causada pelo charme do cantor canadiano.
O anúncio de Elton John como headliner do Rock in Rio 2026, ao lado do grupo de K-pop Stray Kids, encerrou o mês com uma nota positiva para a música. Elton John, que enfrenta problemas de saúde e se aposentou das tournées, prometeu o show como um presente aos fãs brasileiros, após a ausência na sua última tour.
A Telenovela Continua (e se Verticaliza)
A Globo surpreendeu ao anunciar o estudo de uma continuação da icónica novela “Avenida Brasil”, a ser exibida em 2027. A premissa sugere o regresso de Carminha ao lixão da Mãe Lucinda (que, para descontentamento da coluna, será dada como morta) e a sua nova obsessão pela riqueza, minando a sua redenção. A participação da protagonista original, Débora Falabella, seria apenas pontual, e o autor, João Emanuel Carneiro, planeia a continuação apesar do insucesso da sua última obra, “Mania de Você”.
Em contraponto à nostalgia, a Globo inovou com a estreia de “Tudo Por Uma Segunda Chance”, a sua primeira novela vertical para consumo em smartphone (com capítulos de até 3 minutos). O formato, que já é um fenómeno em aplicativos como TikTok e Kwai, com hits como “Vida Secreta do Meu Marido Bilionário” a somar 500 milhões de visualizações em quatro meses, marca a adaptação da emissora a novos públicos.
A estreia foi marcada pela controvérsia em torno da atuação de Jade Picon, que já havia recebido críticas no passado. A coluna defende que atrizes mulheres são “mais julgadas” com intensidade do que colegas homens como o cantor Belo, cuja atuação na novela “Três Graças” também poderia ser alvo de críticas. A Verticalização da teledramaturgia é uma aposta, com rumores de spin-offs de personagens populares como a Bibi Perigosa de “A Força do Querer”.
Caos e Crítica: Outros Momentos Inesquecíveis
O mês trouxe ainda o caos involuntário da “Baleia da Faria Lima”, em São Paulo, cuja escultura no centro financeiro ganhou um gorro de Pai Natal que, pelo ângulo e formato, foi rapidamente apelidado de “símbolo fálico” pela internet, forçando os responsáveis a ajustarem o acessório. O incidente de humor involuntário, ao lado do meme viral da expressão de Lorelay Fox ao ouvir o nome de Cláudia Leite no programa Sem Censura – um momento que a própria Cláudia Leite levou na brincadeira ao fazer um challenge – provam que o Brasil está sempre “movido a caos” e que a internet nunca perdoa nem esquece.
O Jornal da Diva despede-se de 2025, um ano que nos deu a prisão que se esperava há muito, o escândalo onde se esperava glamour e o entretenimento onde se esperava apenas mais do mesmo. Estaremos de volta em 2026, mas, por agora, preparem-se para as retrospectivas: este ano não faltarão “vergonhas alheias” e “condenados” para revisitar.