A Queda do Mito e o Jogo das Sombras: Como a Direita “Enterra” Bolsonaro e Prepara o Terreno para 2026
Domingo, BrasÃlia. O ar parece mais leve. Os domingos, antes marcados pela tensão e pela polarização raivosa, agora respiram alÃvio. A justiça, lenta mas implacável, começa a colocar as peças no tabuleiro, e o cenário polÃtico brasileiro para 2026 já se desenha com contornos surpreendentes. Enquanto a extrema-direita tenta juntar os cacos de um projeto falido, o Brasil avança, impulsionado por uma economia que desafia os profetas do caos e por polÃticas sociais que começam a cicatrizar as feridas de um abismo histórico. Mas não se enganem: nas sombras, o jogo pelo poder continua, e novos atores – ou velhos conhecidos com novas máscaras – já se preparam para entrar em cena.
O Ocaso do “Messias” e a Ascensão dos Falsários
Para a extrema-direita, o momento é de luto velado. A prisão de Jair Bolsonaro não foi apenas o encarceramento de um homem; foi o enterro simbólico de um mito construÃdo sobre mentiras e ódio. Seus aliados, outrora fervorosos, agora o tratam como uma peça descartável no xadrez polÃtico. A lealdade canina deu lugar ao pragmatismo frio: Bolsonaro é página virada, um peso morto que precisa ser deixado para trás para que o projeto de poder sobreviva.
Mas quem ocupará o vácuo deixado pelo “inelegÃvel”? As cortinas se abrem para TarcÃsio de Freitas. O governador de São Paulo, com sua postura de tecnocrata e discurso polido, surge como o novo ungido. Ele não grita, não xinga, mas carrega o mesmo DNA ideológico: a privatização desenfreada, o desmonte do estado e a aliança profana com setores religiosos que usam a fé como moeda de troca.
TarcÃsio é o Bolsonaro gourmetizado, a versão 2.0 que o mercado financeiro e a elite conservadora tanto desejam. Ele frequenta igrejas, adota a retórica da “liberdade econômica” – um eufemismo para a liberdade de lucrar à s custas do trabalhador – e se apresenta como o sucessor natural, mais sofisticado e menos tosco, mas igualmente perigoso para os avanços sociais. O alerta para 2026 está dado: o inimigo mudou de rosto, mas a agenda continua a mesma.
O Silêncio Ensurdecedor dos Escândalos Financeiros
Enquanto a polÃtica ferve, um silêncio cúmplice paira sobre os grandes escândalos financeiros que sangram o paÃs. O caso do Banco Master e do BRB, envolvendo cifras bilionárias e figuras carimbadas como Ricardo Magro – ex-advogado de Eduardo Cunha – e conexões com Arthur Lira e Ciro Nogueira, parece ter sido varrido para debaixo do tapete.
Onde estão as manchetes garrafais? Onde está a indignação dos telejornais que, em outros tempos, dedicavam blocos inteiros a desvios de merenda em prefeituras do interior? A resposta é amarga: o jornalismo investigativo, muitas vezes, tem lado. Quando os interesses dos grandes grupos de mÃdia se alinham com os dos “gângsteres” financeiros e polÃticos, a pauta desaparece. O “repórter sem rosto” do Fantástico não visita os gabinetes de BrasÃlia onde bilhões são desviados; ele prefere os rincões onde o estrago é menor, mas o espetáculo é garantido.

Esse silêncio é estratégico. Ele protege as estruturas de poder que, independentemente de quem esteja no Planalto, continuam a operar nas sombras, garantindo que o dinheiro flua para os bolsos certos. E Bolsonaro, mesmo preso, cumpriu seu papel: foi o capitão que permitiu a essa gente navegar em mar de almirante, enquanto o povo se afogava em desinformação.
A Tortura Literária de Jair Bolsonaro
Em meio a tudo isso, uma ironia deliciosa se destaca. A lei brasileira permite a remição de pena através da leitura. Para cada livro lido e resenhado, o preso reduz quatro dias de sua sentença. Jair Bolsonaro, o homem que desprezou a cultura, a educação e a intelectualidade, agora se vê diante de um dilema: para sair mais cedo da prisão, terá que ler.
Imagine a cena: o ex-presidente, que mal conseguia articular um pensamento complexo sem recorrer a ofensas ou chavões, debruçado sobre as páginas de Machado de Assis, Graciliano Ramos ou Dostoiévski. A “Escolinha do Professor Xandão” promete ser a maior tortura que ele já enfrentou. Ler obras que exigem empatia, compreensão social e profundidade intelectual será, para ele, um castigo pior que o próprio cárcere.
Talvez, entre um soluço e outro, ele perceba o tamanho de sua ignorância. Ou talvez, como é de seu feitio, tente burlar o sistema. Mas a imagem de Bolsonaro forçado a se educar para ganhar a liberdade é uma vingança poética da história, um lembrete de que o conhecimento, no fim das contas, é a única chave que ele nunca possuiu.
A Fé Como Instrumento de Manipulação (De Novo)
E não podemos esquecer o papel da religião nesse cenário. Os falsos profetas que profetizaram o caos, a guerra civil e a fome caso Lula vencesse, agora se reorganizam. O discurso muda, mas a tática é a mesma: o medo. Antes, o medo era do comunismo; agora, será o medo de perder a “liberdade” religiosa ou econômica.
TarcÃsio já entendeu o jogo e se movimenta para capturar esse eleitorado, apresentando-se como o novo escolhido. Cabe a nós, sociedade civil e canais progressistas, desmascarar esses vendilhões do templo. Mostrar que a verdadeira fé não se mistura com a exploração da fé alheia, e que um paÃs justo se constrói com polÃticas públicas, não com ameaças divinas de púlpito.

Conclusão: A Batalha Continua
O Brasil respira melhor, é verdade. A economia avança, o desemprego cai e a renda do trabalhador melhora. O anúncio da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 é uma vitória concreta, palpável. Mas a guerra não acabou. As forças que quase destruÃram a democracia brasileira estão se reagrupando, trocando de pele e afiando as garras para 2026.
Precisamos estar atentos. Não podemos nos deixar levar pelo otimismo ingênuo nem pelo silêncio conveniente da grande mÃdia. É hora de ocupar os espaços, disputar narrativas e lembrar, todos os dias, quem são os verdadeiros inimigos do povo. Bolsonaro pode estar preso, mas o bolsonarismo – essa mistura tóxica de ganância, ignorância e preconceito – ainda caminha entre nós, agora de terno e gravata, pronto para tentar o bote mais uma vez. Que estejamos prontos para impedi-los.
