Escolha qualquer mulher que quiser, Cowboy — disse o Xerife… Então vou me casar com a garota obesa

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“Escolha qualquer mulher que quiser, cowboy”, disse o xerife. “Então vou me casar com a garota Amish obesa.”

“Hannah.” A voz estalou como um chicote. “Levante-se agora mesmo.”

Os olhos de Hannah se abriram de repente. Seu coração batia forte no peito. A luz da manhã mal estava rompendo pelas fendas na parede de madeira, mas sua mãe já estava parada na porta, mãos nos quadris, olhos afiados com desdém.

“O xerife chamou todas as garotas… até a última.” A voz de sua mãe pingava amargura. “Eles vão escolher esposas hoje. Um belo dia para a maioria das famílias, mas não para mim.”

Hannah engoliu em seco.

“Você vai”, sua mãe pressionou. “Mesmo que nenhum homem em sã consciência jamais te escolheria. Você ainda ficará lá como as outras. Assim, não serei envergonhada por mantê-la escondida em casa.”

As palavras doeram. Sempre doíam. Hannah enrolou os dedos no cobertor fino, desejando poder desaparecer, mas não adiantava. Sua mãe não tinha misericórdia para a fraqueza.

“Não fique aí apenas olhando. O balde está vazio. Vá buscar água e traga vegetais também. Você pode muito bem ser útil, já que nunca será desejada.”

Os passos de sua mãe recuaram, deixando o quarto mais frio do que antes. Hannah forçou-se a levantar, vestindo seu vestido desbotado. As costuras esticavam em seus ombros; ela enrolou seu velho xale em volta de si, as bordas desfiando onde ela as havia remendado repetidamente. Ela saiu para a manhã cedo. O ar estava frio, mas a cidade já estava acordando. Cavalos batiam os cascos na rua.

Donos de lojas abriam as venezianas, vozes se propagavam, e com elas vinham os sussurros.

“Lá vai ela. A reunião do xerife não mudará o destino dela. Nenhum homem se sobrecarregaria com ela.”

Os olhos de Hannah se fixaram na estrada de terra à frente. Seu balde batia suavemente contra sua perna enquanto ela andava mais rápido, tentando fugir das palavras.

Mas elas a seguiam, agarrando-se como carrapichos à sua pele. Seu peito apertou. Se ela pudesse apenas chegar ao poço rapidamente. Se ela pudesse apenas voltar para casa. Um pequeno choro a parou. Ela virou a cabeça. À beira da estrada, um menino estava sentado na poeira, segurando o joelho. Seu rosto estava manchado de lágrimas. Pessoas passavam sem diminuir o passo. Alguns olhavam, depois balançavam a cabeça.

Ninguém parou. Hannah hesitou. Ela sabia o que os sussurros diriam se ela se ajoelhasse ali, se mostrasse seu coração mole novamente. Mas seus pés a levaram adiante de qualquer maneira. Ela se agachou ao lado do menino, sua voz gentil.

“Xiu, está tudo bem. Deixe-me ver.”

O menino fungou, levantando o joelho arranhado. Sujeira agarrava-se ao corte superficial.

Hannah rasgou uma tira da ponta de seu xale e limpou cuidadosamente. “Você é corajoso. Veja, nada a temer.”

As lágrimas do menino diminuíram. Seu lábio tremeu, depois curvou-se no menor dos sorrisos. “Obrigado.”

Hannah sorriu de volta, embora seus próprios olhos ardessem. Ela deu um tapinha suave no cabelo dele, depois se levantou novamente.

Do outro lado da rua, um grupo de mulheres sussurrava: “Sempre cuidando dos desgarrados.” “Garota estranha!” A risada delas a seguiu.

Hannah puxou seu xale mais apertado. O sorriso do menino permaneceu em sua mente como uma chama frágil, mas não foi suficiente para aquecê-la do frio dos olhares. O poço apareceu. Garotas se aglomeravam por perto, seus vestidos limpos, suas fitas brilhantes.

Elas riam facilmente, jogando os cabelos, ensaiando sorrisos que logo usariam para os homens que poderiam reivindicá-las. Hannah baixou o olhar, envergonhada de sua simplicidade. Ela jogou o balde no poço e observou seu reflexo ondular na água. Rosto redondo, olhos cansados, bochechas já queimando. As palavras de sua mãe ecoaram novamente. “Nenhum homem jamais escolheria você.”

Hannah agarrou a corda e sussurrou para o ar vazio: “Que acabe rápido. Por favor, apenas que acabe.” O balde atingiu a água com um estrondo, o som alto na manhã silenciosa. Ela o puxou com braços trêmulos, sabendo que isso era apenas o começo de um dia do qual ela não podia escapar. O mercado estava lotado quando Hannah chegou.

Vozes se sobrepunham, vendedores gritando, mães pechinchando, crianças ziguezagueando entre as barracas. Hannah puxou seu xale apertado, esperando passar despercebida. Ela nunca passava.

“Olha”, chamou uma voz.

Ela sentiu antes de virar, olhos nela, risadas subindo. Três garotos estavam encostados na carroça de maçãs, sorrisos largos.

“Dance, Hannah, dance!” gritou um.

“Mostre-nos como você é leve!” Os outros rugiram.

Hannah congelou. O calor ruborizou suas bochechas. “Por favor”, ela murmurou, segurando sua cesta. “Deixem-me em paz.”

Eles circularam mais perto. “Você foi feita para pisotear, não para dançar. Cuidado, ela pode rachar o chão.” A risada deles apunhalou o peito dela. Um garoto bateu palmas como um tambor. “Dance para nós, Hannah.”

O pé dela se moveu para passar por eles. Sua saia se enroscou. Ela tropeçou, braços se agitando.

A cesta virou. Cenouras rolaram na terra. A multidão explodiu. Mulheres com cestas. Velhos nas barracas, até crianças apontando. A risada inchou como uma onda cruel. Hannah caiu de joelhos, lutando pelos vegetais. Seus olhos embaçaram, as mãos tremeram.

“Por que fui feita assim?” ela sussurrou, abafada pelo barulho. Sua garganta apertou.

Ela queria desaparecer, mas não podia. Ela juntou a última cenoura, levantou-se, cesta, segurada, xale, escondendo as lágrimas. Atrás dela, os garotos gritavam: “Dance de novo, Hannah. Essa foi a melhor até agora.” As zombarias a perseguiram pelo mercado. Cada passo ficava mais pesado. Seu coração batia forte. Ela escorregou para um beco longe do barulho. Só então as lágrimas caíram livremente.

A voz de sua mãe repetiu. “Você nunca será desejada. Nunca.” Hannah encostou-se na parede, respiração trêmula. Ela abraçou sua cesta perto como se pudesse protegê-la. Sozinha, escondida, ela sussurrou: “Existe algum lugar neste mundo para mim?” Nenhuma resposta veio, apenas risadas distantes ao vento.

O sol mal havia subido mais alto quando o sino da cidade tocou. Seu eco agudo rolou pelas ruas empoeiradas, ricocheteando nas paredes de madeira. Hannah estremeceu com o som. Um homem com um colete gasto entrou na praça… o pregoeiro da cidade. Sua voz trovejou sobre a conversa. “Por ordem do xerife”, cada cabeça virou, cada passo parou.

“Todas as mulheres solteiras devem comparecer à reunião hoje. Homens escolherão suas noivas para que esta cidade possa prosperar.”

Um silêncio caiu. Então sussurros se espalharam como fogo.

“É hoje. Senhor, ajude-nos.”

“É hoje. Você ouviu? Todas serão alinhadas.”

Mulheres agarravam os braços de suas filhas, apressando-as para dentro. Cestas foram largadas, panos de prato abandonados, fornos de pão deixados queimando.

Portas se abriram com força, depois fecharam novamente enquanto mães puxavam suas melhores fitas e passavam vestidos com mãos trêmulas. Dentro de uma pequena cabana, a mãe de Hannah girou bruscamente.

“Você o ouviu.” A voz dela era afiada como um chicote. “Arrume seu cabelo. Pelo menos pareça decente. Não me envergonhe mais do que você já faz.”

As mãos de Hannah atrapalharam-se com seu xale. Seu coração batia forte.

“Mas mamãe”, ela sussurrou. “Ninguém vai…”

O olhar fulminante de sua mãe a silenciou. “Você vai. Mesmo que nenhum homem te escolha, você ficará lá. Você me ouviu?”

Hannah baixou os olhos. “Sim, mamãe.”

Os passos apressados de sua mãe encheram o quarto, gavetas abertas com força, roupas jogadas de lado. Ela puxou o vestido vermelho. “Este é melhor que trapos.”

Hannah hesitou. Ele grudava demais, mas não havia argumento. Uma touca branca foi amarrada sob seu queixo. “Pelo menos você parece disciplinada.”

Enquanto ela vestia o vestido, as zombarias dos garotos ecoaram. “Dance, Hannah, dance.” Seu peito apertou. Agora ela devia ficar diante da cidade. Suas mãos tremiam.

O xerife disse: “Todas as garotas.” “Até você”, sua mãe murmurou, “não me envergonhe.”

Pela janela, vizinhos preparavam suas filhas, tranças arrumadas, vestidos em tons pastéis brilhantes. Hannah olhou para baixo. O vestido vermelho grudava. A touca emoldurava suas bochechas, uma mancha de terra na bainha. Seu reflexo mostrava olhos cansados, pele corada, cabelo se soltando.

Ela já ouvia as risadas e sussurros. Sua mãe a empurrou para a frente. “Vá!” A porta se abriu. A luz do sol derramou-se sobre ela. Cada passo varanda abaixo ficava mais pesado. A cidade à frente zumbia. Portas batendo, cavalos pisando, vozes subindo. Olhos seguiam. Piedade, desprezo, riso.

“Ela vai também”, uma mulher murmurou.

“Você imagina?” outra sussurrou.

Hannah manteve o olhar no chão e caminhou lentamente em direção à praça, em direção ao seu destino.

Antes de continuarmos com a dolorosa caminhada de Hannah para a reunião, eu adoraria saber de onde no mundo você está ouvindo esta história. Compartilhe abaixo. Eu ficaria muito feliz em saber. A praça da cidade pulsava com barulho.

Poeira subia sob carroças e botas. Mães puxavam filhas para frente, alisando cabelos e mangas. Pais permaneciam na borda, braços cruzados, olhos afiados. Hannah diminuiu o passo. O vestido vermelho esticava. A touca emoldurava seu rosto corado. Cada olhar queimava.

“Lá está ela, grande como uma mula, em pé orgulhosa.”

Ela se forçou a seguir em frente.

Na frente, garotas se alinhavam, vestidos leves, fitas, rostos arrumados, ansiosas, mas esperançosas. Hannah tomou seu lugar na extremidade. A multidão ondulou.

“Ela vai sobrar. Quem a quereria? Ela está perdendo tempo.”

Seus olhos permaneceram baixos, mas o olhar fulminante de sua mãe da multidão a prendeu no lugar, então ela ficou.

O xerife subiu na plataforma, botas barulhentas, olhar varrendo as mulheres como gado. Deputados esperavam atrás dele, rifles cruzados no peito.

“Por ordem da lei”, o xerife chamou, “Estas mulheres estão aqui hoje. Homens de Reedridge escolherão suas noivas. Nenhuma mulher dispensada. Nenhum homem desafiará.”

As palavras atingiram a praça. Mães seguraram filhas mais forte.

Garotas sussurravam, bochechas coradas, algumas ainda sorrindo com esperança nervosa. O coração de Hannah batia forte. O vestido puxava em seus ombros. A touca pressionava quente. Ela já ouvia a risada que se seguiria. O canto do garoto do mercado ecoou em sua cabeça. “Dance, Hannah, dance.” A memória subiu como uma tempestade. Ao lado dela, uma garota mais magra olhou com o menor dos sorrisos. Quase gentil.

Isso fez a garganta de Hannah doer. A gentileza não duraria. O xerife levantou a mão. “Homens de Reedridge, dêem um passo à frente. Façam sua escolha.” A praça rugiu viva, botas rasparam. Mães empurraram filhas para frente, fitas tremulando. Hannah manteve a cabeça baixa. Poeira girava em seus pés. Seu coração implorava por fuga, mas não havia nenhuma. A escolha havia começado.

As botas do xerife estalaram na terra seca enquanto ele dava um passo à frente, sua voz cortando a multidão inquieta. “Tragam-no.” Cabeças se viraram quando uma figura imponente emergiu. O cowboy gigante, ombros largos, pele escurecida pelo sol, mãos como ferro. Ele era mais alto que qualquer outra pessoa, uma presença que silenciava sussurros. O xerife apontou. “Esta cidade respeita a força. Você dará o exemplo. Escolha uma noiva.”

Uma ondulação correu pelas pessoas. Mães cutucaram filhas. Fitas foram endireitadas. Orações sussurradas. Cada garota na fila prendeu a respiração. A mandíbula do cowboy apertou. “Não vim aqui para casamento nenhum.”

A testa do xerife franziu. “Você fará seu dever. Uma cidade não pode prosperar sem famílias. A lei exige ordem.”

O peito do cowboy subiu pesado. “Não devo meu coração a nenhuma lei.”

Suspiros se espalharam pela multidão. Alguns sorriram com escárnio, ansiosos por uma briga. O xerife chegou mais perto, mal alcançando o ombro do homem. “Não se engane pensando que é intocável. Hoje, cada homem escolherá.”

Os olhos do cowboy varreram as mulheres trêmulas. “Eu não vou.”

A recusa estalou como um chicote. Murmúrios inquietos subiram. Homens latindo, mulheres sussurrando. O xerife levantou a mão pedindo silêncio. “Recuse-me aqui e você responderá a mais do que sussurros.”

O cowboy permaneceu inabalável, braços cruzados, uma montanha de desafio.

“Isso não é sobre o que você quer”, o xerife pressionou. “É sobre dever. Se o homem mais forte recusa, que esperança o resto tem?”

O silêncio se estendeu. Mães agarraram crianças. Homens se inclinaram para frente. Finalmente, o cowboy balançou a cabeça, firme e final. “Eu não vim para isso.”

Os olhos do xerife se estreitaram. “Você descobrirá, cowboy, que nenhum homem sai daqui intocado pelo dever.”

A multidão explodiu novamente, gritos, risadas, sussurros se amontoando. As mulheres se agitavam, corações batendo forte, e no centro, o cowboy permanecia firme, resistindo, inquebrável. A voz do xerife trovejou pela praça. “Até ela está aqui com coragem. Você vai ignorá-la?” A multidão se calou. Sua mão apontou direto para Hannah, cabeças viraram, dezenas de olhos travados nela.

Uma ondulação de risadas rolou. “Ela realmente acha que alguém vai escolhê-la?” uma mulher murmurou. “Olhe para o vestido dela. Olhe para a forma dela.” Outra sussurrou alto o suficiente para todos ouvirem. Hannah congelou. Cada músculo rígido. Ela olhou para o chão, desejando que a terra se abrisse e a engolisse inteira. Suas bochechas queimavam. As zombarias ficaram mais altas.

“Cowboy, se você é forçado a escolher, por que não levá-la? Ela está esperando por você. Vá em frente, alegre o dia dela.” As vozes batiam como pedras. Os ombros de Hannah tremiam. Lágrimas pressionavam contra seus olhos, ameaçando derramar. Ela piscou forte, lutando contra elas.

Os olhos do xerife se estreitaram para o cowboy. “Você vê, até ela, aquela que todos zombam, está aqui mais corajosa que a maioria. Que desculpa você tem agora, filho?”

A mandíbula do cowboy apertou. Ele não se moveu. O silêncio se estendeu, longo, pesado. Hannah sentiu cada segundo como uma lâmina em sua pele. Um pensamento ecoou em sua mente. “Por favor, apenas deixe isso acabar. Não consigo ficar aqui por mais tempo.”

O xerife cruzou os braços. “O que me diz?”

Os olhos do cowboy varreram a linha de garotas, depois pousaram em Hannah. O estômago dela caiu. Sua cabeça baixou ainda mais, mechas de cabelo caindo sobre seu rosto para esconder suas lágrimas. Ela se preparou para o golpe final. Todos os olhos estavam no cowboy. O xerife esperou, braços cruzados. A multidão se inclinou, faminta por uma cena. Finalmente, o cowboy levantou o queixo. Sua voz estava firme.

“Ela. Eu a escolho.”

As palavras cortaram a praça como uma lâmina. Suspiro. Agudo e repentino. Então a risada explodiu, rolando pelas pessoas como um trovão.

“Ela? Você não pode estar falando sério. De todas as garotas, ele escolheu aquela.”

O coração de Hannah parou. Sua respiração ficou presa na garganta. Suas mãos tremiam ao lado do corpo, dedos se enrolando em punhos. Ela não ousava olhar para cima.

Agora ela era o centro das atenções, mas por todas as razões erradas. O xerife ergueu a sobrancelha, meio divertido, meio satisfeito. “Que assim seja. Escolha feita. Testemunhem todos. Vocês ouviram o homem.” Ele bateu a bota contra a plataforma de madeira com um baque pesado, selando a decisão.

A risada não parou. Homens batiam nos joelhos. Mulheres cobriam a boca para esconder seus sorrisos de escárnio. Crianças apontavam, sussurrando. A mãe de Hannah virou-se, cobrindo o rosto com a mão. Aquela visão perfurou Hannah mais fundo do que qualquer palavra cruel que a multidão lançasse contra ela. Ela se sentiu pequena, exposta. Cem vozes abafaram a única que importava. O cowboy permaneceu alto, inabalável. Ele não sorriu. Ele não defendeu sua escolha. Ele simplesmente a manteve.

A multidão aplaudiu mais alto, esperando que ele quebrasse, risse, admitisse que era uma piada. Mas ele não o fez. E esse silêncio os perturbou mais do que qualquer coisa. Hannah enxugou as lágrimas, embora fosse inútil. Sua visão embaçou. Seus pensamentos giravam. “Por que eu? Que jogo é esse?”

O xerife gesticulou em direção aos degraus da igreja. “Está feito. Que seja registrado.” Ninguém aplaudiu. Ninguém bateu palmas. O único som restante era a risada cruel que se recusava a diminuir. Hannah ficou congelada, seus pés pesados como pedra. Seu mundo havia mudado num instante, e ela não sabia se devia temê-lo ou agarrar-se a ele. O cowboy finalmente se moveu, apenas um passo à frente, não em direção à multidão, em direção a ela.

E embora ela não conseguisse encarar os olhos dele, Hannah sentiu o peso daquilo, a escolha que mudara sua vida para sempre. O baque do xerife ecoou contra a plataforma de madeira. A escolha estava selada. A multidão explodiu novamente, mais alto desta vez.

“De todas as garotas, ele a escolheu. Pobre tolo não sabe o que está fazendo. Ele vai se arrepender pela manhã.”

As mãos de Hannah tremiam enquanto ela apertava seu xale mais forte. Sua respiração vinha em suspiros rasos. Ela queria desaparecer, mas não havia escapatória. O xerife acenou para eles.

“Vão então, marido e mulher.”

O cowboy desceu primeiro. Suas botas batiam contra a terra. Ele não olhou para a multidão, não olhou para ela, apenas ficou esperando.

Hannah hesitou, as pernas pesadas. Quando ela finalmente se moveu, os sussurros seguiram como sombras.

“Olha como ela se arrasta. Já está chorando. Ela não merece um homem como ele.”

O rosto dela queimou mais quente. Ela caminhou ao lado dele, cada passo mais pesado que o anterior. As pessoas se abriram apenas para rir atrás das mãos enquanto o par passava.

“Pobre homem preso a ela.”

As palavras doeram mais afiadas que pedras. Hannah ousou olhar para cima para o cowboy. A mandíbula dele estava tensa, olhos fixos à frente. Ele não revelava nada. Aquele silêncio a confundia mais do que tudo. Ele estava com raiva? Envergonhado, arrependido de cada segundo? O peito dela apertou.

Ela baixou o olhar novamente, encarando a poeira sob seus pés. A caminhada pela cidade pareceu interminável. Crianças riam. Mulheres sussurravam. Cada esquina trazia nova humilhação. Quando chegaram à borda da cidade, as lágrimas de Hannah já haviam manchado seu rosto. Ela manteve a cabeça baixa, orando para que ele não tivesse notado. A estrada se estendia em direção à terra aberta. As vozes desapareceram atrás deles.

Pela primeira vez, a risada se foi, mas o silêncio entre eles pesava mais. Ela queria falar, apenas uma palavra, qualquer coisa. Mas o medo segurou sua língua. “O que eu poderia dizer? Ele também não queria isso.” Quando o rancho finalmente apareceu, alívio misturou-se com pavor. Era longe da cidade, escondido, quieto. Sem multidão aqui, sem risadas.

No entanto, a memória das vozes deles ainda soava em sua cabeça. Dentro da casa, o cowboy movia-se com calma eficiência. Ele colocou o chapéu no chão, acendeu a lâmpada, serviu-se de água. Nem uma única palavra para ela. Hannah permaneceu perto da porta, dedos torcendo em seu xale. Seu corpo tremia de exaustão, seu coração de vergonha.

Por fim, ela deslizou para um pequeno canto da casa e sentou-se. As lágrimas que ela havia segurado o dia todo finalmente jorraram. Ela pressionou as mãos no rosto, ombros tremendo. “Eu arruinei a vida dele. Eles estavam certos. Eu não pertenço a ninguém.” As paredes ao redor dela ouviram o que ninguém mais ouviria.

Seus soluços quebrados abafados na noite. E, no entanto, mesmo enquanto o desespero a envolvia mais forte, um pensamento cintilou fracamente por dentro. “Ele não zombou de mim, nem uma vez.” Aquela pequena faísca, frágil demais para nomear, foi o único calor que ela levou para dormir. O rancho não era nada como a cidade. Sem vozes zombeteiras, sem olhares cruéis, apenas o vento movendo-se pelos campos, apenas o som de cavalos se movendo em suas baias. Para Hannah, parecia entrar em outro mundo.

O cowboy, Samuel, não falava muito no início, mas seu silêncio não era afiado como o de sua mãe. Era firme como o chão sob seus pés. Ele mostrou a ela onde a água era tirada, onde as galinhas punham seus ovos, como espalhar a ração para que as galinhas corressem em direção a ela. No início, ela tropeçou, derramando grãos por toda parte.

Ela esperava que ele risse. Ele não riu. Em vez disso, abaixou-se, pegou o balde que ela deixou cair e disse calmamente: “Tente de novo, mais devagar desta vez. Sem raiva, sem desprezo, apenas paciência.” Dia após dia, Hannah aprendeu. Ela varreu a varanda. Ela remendou uma alça de sela rasgada com dedos trêmulos.

Ela até tentou assar pão, embora o primeiro pão tenha saído duro como pedra. Samuel provou de qualquer maneira. Um leve sorriso puxou seus lábios. “Nada mal”, disse ele. O peito dela doeu com a gentileza na voz dele. Pela primeira vez, alguém permitiu que ela falhasse sem vergonha. As noites traziam silêncio, do tipo que os envolvia como um cobertor.

Hannah frequentemente o encontrava sentado perto do fogo, um medalhão de prata na mão. Dentro, ela uma vez vislumbrou o rosto de uma mulher, desbotado com o tempo. Ele não falava dela. Mas Hannah viu a dor nos olhos dele quando ele fechou o medalhão e o colocou de lado. O coração dela amoleceu. Ele também carregava dor. Ele também sabia o que era estar sozinho. Uma manhã, Samuel pediu para ela cavalgar com ele. O pensamento a fez entrar em pânico.

“Eu nunca estive em um cavalo”, ela sussurrou.

Ele a estudou, depois assentiu uma vez. “Então hoje você vai aprender.”

Ela quase recusou, o medo torcendo seu estômago. Mas algo no tom dele, calmo, certo, a fez dar um passo mais perto. Ele a levantou para a sela como se ela não pesasse nada. O cavalo se moveu e ela agarrou as rédeas de olhos arregalados.

“Calma”, disse ele, firmando-a com a mão nas costas dela. “Eu te seguro.” E ele segurou. Cada respiração nervosa, cada movimento incerto, ele a guiou através disso. Quando o sol baixou, Hannah sentava-se mais ereta. Sua risada assustou até a ela mesma quando o cavalo começou um trote suave. Pela primeira vez, ela não se sentiu desajeitada. Ela se sentiu viva. A confiança veio lentamente.

Não foi em grandes palavras ou gestos repentinos. Foi nas pequenas coisas. A maneira como ele esperava que ela se sentasse antes de comer. A maneira como ele notou quando as mãos dela estavam em carne viva do trabalho e silenciosamente deixou pomada na mesa. A maneira como ele ouvia, verdadeiramente ouvia quando ela falava, mesmo que ela tropeçasse nas palavras.

E ela, por sua vez, começou a ver a força silenciosa dele pelo que era. Não dureza, mas gentileza… cuidadosamente guardada. Uma noite, enquanto ela colocava o pão na mesa, Samuel parou.

“Você é mais forte do que pensa, Hannah.”

A cabeça dela levantou-se bruscamente, assustada. Ninguém jamais havia dito essas palavras para ela. Seus olhos arderam e ela desviou o olhar rapidamente.

Mas por dentro, algo mudou. Uma faísca frágil, enterrada há muito tempo, começou a crescer. O povo da cidade a chamara de inútil. Sua própria mãe dissera que nenhum homem a quereria. Mas aqui, na quietude do rancho, ela estava aprendendo que podia ser mais. Ela estava aprendendo que tinha valor, não por causa de sua aparência, não por causa do que a cidade pensava, mas porque um homem a tratava como se ela importasse, e porque lentamente ela estava começando a acreditar nisso também.

À noite, deitada acordada, Hannah às vezes pensava naquele dia na praça. A risada, as zombarias, a humilhação. Mas então ela pensava na maneira como Samuel ficara firme ao lado dela, a maneira como a escolhera sem uma palavra de vergonha. E agora a maneira como ele a estava ensinando a viver, não como um fardo, mas como uma parceira.

A memória não doía mais da mesma maneira. Estava se transformando em outra coisa. O começo de uma nova vida. A construção lenta e silenciosa da confiança. E as primeiras raízes frágeis do amor. A praça da cidade zumbiu novamente semanas depois que os casamentos foram declarados. Comerciantes gritando, mães fofocando, crianças perseguindo umas às outras na poeira.

Mas quando Hannah e Samuel entraram, cabeças se viraram. Os sussurros começaram tudo de novo.

“Lá estão eles. Por que mantê-la? Ele poderia ter tido qualquer mulher. Deve ser alguma piada para ele.”

As palavras picaram o peito de Hannah como espinhos. Seus passos vacilaram, olhos caindo para o chão. Velhos medos correram de volta pela praça. Mas ao lado dela, Samuel não diminuiu o passo. Sua mandíbula estava firme.

A mão dele roçou a dela, uma pequena âncora. E então ele parou bem no centro da praça. Todos os olhos neles. Hannah congelou. O xerife ergueu uma sobrancelha de sua varanda. Um círculo de homens se inclinou para ouvir. As mulheres cobriram a boca, esperando por algo cruel. A voz de Samuel soou profunda e uniforme.

“Ela é minha esposa.”

Os sussurros morreram instantaneamente. A praça ficou em silêncio. Seus olhos varreram a multidão.

“Vocês todos zombaram dela. Vocês disseram que ninguém a quereria.” Ele fez uma pausa, sua mão apertando a de Hannah. “Mas eu lhes digo isto: a única voz que importa para mim é a dela.”

As palavras atingiram como um trovão. Nenhuma risada se seguiu, nenhuma zombaria, apenas silêncio atordoado.

Pela primeira vez, Hannah não baixou a cabeça. Ela levantou o queixo, coração batendo forte, olhos ardendo, mas não de vergonha. Os olhos da multidão queimavam contra ela, esperando por fraqueza. Mas em vez de encolher, algo nela se soltou. Toda a sua vida, disseram-lhe que ela era menos, pesada demais, desajeitada demais, indigna demais.

No entanto, aqui estava um homem que vira seu valor sem que ela tivesse que prová-lo, e isso lhe deu a coragem de mostrá-lo. Ela deu um passo à frente. Seu xale escorregou dos ombros. A multidão murmurou novamente. Ela respirou fundo, a voz firme.

“Vocês riram quando eu tropecei. Vocês disseram que eu não servia nem para uma dança.”

Seus olhos varreram através deles, parando nos mesmos garotos que costumavam zombar.

“Bem, esta noite eu dançarei, mas não para vocês.”

A mão dela alcançou a de Samuel. Os dedos fortes dele se enrolaram nos dela sem hesitação. O ar mudou. O que começara como escárnio transformou-se em um silêncio que pressionava pesado. A voz profunda do cowboy suavizou.

“Você tem certeza?”

Os olhos dela brilharam. “Isso com você… eu não tenho medo.”

Ele assentiu uma vez, depois a puxou gentilmente para o espaço aberto da praça. O violinista, incerto a princípio, levantou o arco. Alguém sussurrou: “Toque!” E assim ele fez. A música subiu, lenta e assombrosa. Não as gigas rápidas a que a multidão estava acostumada, mas algo mais firme, mais forte.

O peito de Hannah tremeu quando os braços de Samuel se acomodaram firmemente em volta de sua cintura. A outra mão dele guiava a dela. Passo a passo, eles se moveram juntos. As pessoas que antes riam agora estavam congeladas. Pois Hannah não estava tropeçando. Ela não era desajeitada. Ela era graciosa porque Samuel se movia com ela, não contra ela, porque ela confiava nele, porque por uma vez ela acreditou que merecia isso. Seu vestido girou enquanto eles viravam.

Suas bochechas brilhavam, não de vergonha, mas de alegria. Samuel inclinou-se perto, sua voz baixa o suficiente apenas para ela. “Deixe-os ver. Você é mais do que eles jamais souberam.”

Lágrimas embaçaram a visão dela, mas ela sorriu. Ela nunca se sentira tão leve. A música inchou. Ele a girou gentilmente, depois a puxou de volta para seu peito. A multidão arfou e então, algo que Hannah nunca esperou, aplausos irromperam.

Não todos. Alguns ainda faziam cara feia, mas outros, tocados apesar de si mesmos, aplaudiram suavemente. Até o violinista tocou com mais coração, como se levado pela coragem dela. Pela primeira vez, Hannah não era a piada. Ela era a mulher que estava de pé, que dançava onde antes fora zombada, que reivindicava alegria em seus próprios termos.

Os lábios de Samuel roçaram a orelha dela. “Nunca vi ninguém mais corajoso.”

O coração dela doeu, mas da maneira mais doce. Por anos ela ansiara ser amada. Não pelo seu corpo, não pelo que lhe faltava, mas por quem ela era. E agora aqui, sob o mesmo sol que uma vez a queimou de vergonha, ela encontrou isso. A música diminuiu. Eles terminaram nos braços um do outro.

O silêncio que se seguiu foi mais alto do que a risada jamais fora. Samuel endireitou-se, as mãos ainda firmes nas costas dela. Ele olhou para os rostos. “Se vocês a consideram indigna, então nunca conheceram a verdadeira força.” Então mais suave apenas para ela: “E eu te escolho de novo. Todas as vezes.”

Os olhos de Hannah transbordaram.

Não de dor, não de medo, mas de algo que ela nunca pensou que sentiria. Orgulho. As zombarias não importavam mais. Pela primeira vez, ela não estava se escondendo. De mãos dadas, eles se afastaram. Sem pressa, sem vergonha, e embora sussurros ainda permanecessem, ninguém riu, porque a risada não tinha poder sobre eles agora. A força de Hannah falara mais alto que palavras.

E no abraço firme de Samuel, ela sabia que estava finalmente em casa. Não escolhida por pena, não tolerada por dever, mas amada e celebrada exatamente por quem ela era. E a dança que uma vez zombara dela tornou-se a dança que a libertou.

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