Dentro do tumultuado ano de Vinicius Júnior: JAMES SHARPE explica por que a derrota do astro brasileiro no Ballon d’Or levou ao caos no Real Madrid e a uma comparação desconfortável com Neymar.

Do Trono ao Abismo: A Encruzilhada Dramática de Vinicius Júnior e o Fantasma da “Neymarização”

Vinicius Junior has looked increasingly like a player in turmoil since missing out on the Ballon d'Or last year

Num universo paralelo, onde todos seguiram o roteiro à risca, Vinicius Júnior é hoje o rei do mundo. Há apenas doze meses, a superestrela brasileira jamais imaginaria um cenário onde atiraria coletes ao chão após ser substituído, ameaçaria abandonar o Real Madrid em fúria e, posteriormente, emitiria pedidos de desculpas humilhantes. Tampouco imaginaria passar uma noite solitária em Anfield, anulado e esquecido no bolso do lateral Conor Bradley, do Liverpool.

Há um ano, o destino parecia selado. Ele venceria a Bola de Ouro. Ele havia liderado o Real Madrid à dobradinha da Liga e da Europa. Ele seria coroado o melhor jogador do planeta. Ele sabia, todos sabiam. Até Rio Ferdinand, repetindo a profecia como um mantra na final da Liga dos Campeões, tinha a certeza absoluta quando Vini marcou o segundo gol decisivo.

Mas o roteiro foi rasgado. Rodri venceu. O boicote do Real Madrid à cerimônia ecoou como um grito de revolta, e Vini, desafiador, postou: “Eu farei 10 vezes mais se for preciso. Eles não estão prontos”.

Mais de um ano se passou, e o mundo ainda espera. Mas, em vez de brilhar com mais intensidade, a estrela começou a vacilar. O que vemos hoje não é a ascensão de um deus, mas a luta humana de um jovem talento preso em uma tempestade perfeita.

O Choque de Realidades: A Era Xabi Alonso e a Sombra de Mbappé

A tensão no Santiago Bernabéu atingiu o ponto de ebulição. A chegada de Xabi Alonso, que substituiu a lenda Carlo Ancelotti no verão, trouxe uma mudança tectônica. Ancelotti dava aos seus talentos a liberdade de improvisar; Alonso exige uma estrutura rígida. E nessa nova ordem, Vinicius está sufocando.

Para piorar, Kylian Mbappé chegou e rapidamente reivindicou o trono. Os números são cruéis e não mentem: Mbappé soma 18 gols em 16 jogos. Vinicius? Apenas cinco no mesmo período. A supremacia deu lugar à inconsistência. Quando a lista da Bola de Ouro deste ano foi divulgada, o nome de Vinicius não estava nem no top 10, amargando um 16º lugar atrás de nomes como Viktor Gyokeres e Cole Palmer.

O ponto de ruptura ocorreu no “El Clásico” contra o Barcelona. Aos 72 minutos, a placa subiu com o número de Vinicius – a oitava vez que Alonso o substituía. A reação foi vulcânica. Ignorando seu treinador, ele abriu os braços para o banco e gritou, captado pelas câmeras da DAZN: “Sempre eu! Vou embora do time! Vou embora! É melhor se eu for, estou saindo.”

Embora tenha recuado mais tarde com um pedido de desculpas público, alegando que sua “paixão competitiva” o dominou, o dano estava feito. A relação parece irreparável. Rumores de uma proposta astronômica da Arábia Saudita pairam no ar, e com um salário de £350.000 por semana, poucos clubes fora do Oriente Médio poderiam resgatá-lo.

O Fantasma da “Neymarização”

No Brasil, figuras respeitadas do jornalismo esportivo assistem com apreensão. Há um termo sendo sussurrado nos corredores: a “Neymarização” de Vinicius Júnior.

Neymar também tinha tudo: o ritmo, a habilidade, a magia. Mas, numa era dominada por Messi e Ronaldo, nunca passou do terceiro lugar na Bola de Ouro. Nunca levou o Brasil a uma Copa do Mundo. As críticas a Neymar sempre apontaram para o seu estilo de vida “playboy” como a âncora que o impediu de alcançar os imortais. Festas luxuosas, polêmicas e casos amorosos estampados nas capas de jornais.

O medo é que Vinicius, que idolatrou Neymar, esteja trilhando o mesmo caminho. As perguntas a Carlo Ancelotti – agora técnico da Seleção Brasileira – sobre o relacionamento ioiô de Vini com a influenciadora Virginia Fonseca e mensagens vazadas para outras mulheres mostram que o foco está se desviando do campo.

“Não sou pai dele, nem irmão, sou apenas o treinador”, respondeu Ancelotti. Mas todos sabem que isso não é verdade. Ancelotti sempre foi a figura paterna que Alonso se recusa a ser.

O Refúgio na Seleção: A Última Esperança?

É por isso que esta pausa internacional é crucial. Vinicius retorna aos braços de Ancelotti na Seleção. “Ele nos dá confiança, nos deixa tranquilos… o trabalho fica mais fácil”, disse Vinicius sobre o técnico italiano. Uma farpa clara contra o estilo rígido de Alonso em Madrid.

Klaus Richmond, repórter brasileiro, resume bem: “Ancelotti confia muito nele. O novo estilo de jogo da Seleção depende de Vini jogando mais centralizado, mais perto do gol”.

Longe do ruído de Madrid, Vinicius tem a chance de provar que pode liderar a carga do Brasil rumo ao Hexa. É um país que espera há mais de 20 anos. Alex Sandro, companheiro de equipe, reforça: “Sabemos que a qualquer momento ele pode fazer a diferença”.

In his native Brazil there is a question mark as to whether he is going down the same path as his talented compatriot Neymar

Conclusão: O Trono Ainda Aguarda?

A frustração reside na dualidade de Vinicius. Quando as coisas vão bem, ele desliza com um sorriso, o mesmo garoto que luta bravamente contra o racismo. Mas quando pressionado, quando no banco, o brilho desaparece e dá lugar à reclamação sarcástica.

Fontes próximas dizem que a derrota na Bola de Ouro o feriu profundamente, mas que ele não pretende desistir. Ancelotti acredita na recuperação: “Vini tem um caráter forte. Tenho certeza de que chegará à Copa do Mundo em plena forma”.

Se ele conseguir recalibrar seu foco, esquecer as distrações e canalizar sua raiva para o futebol, não há palco maior para tentar, mais uma vez, tomar o trono que acredita ser seu por direito. Mas o relógio está correndo, e o roteiro precisa ser reescrito rapidamente.

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