O Fim da Farsa: Moraes Desmascara Generais, Bolsonarismo Vira Piada e a “Escolinha do Xandão” Abre as Portas
Domingo, Brasília. O que deveria ser um dia de descanso tornou-se, mais uma vez, o palco de reviravoltas políticas que beiram o surrealismo. Em um Brasil que luta para virar a página de um passado recente turbulento, as últimas notícias vindas da capital federal não são apenas manchetes; são o roteiro de uma tragicomédia onde os “vilões” finalmente começam a enfrentar as consequências de seus atos. Entre generais desmemoriados, manifestações fantasmas e a perspectiva inusitada de Jair Bolsonaro trocando armas por livros, o domingo nos trouxe um prato cheio de justiça, ironia e o desmoronamento final de mitos que, por muito tempo, assombraram a democracia brasileira.
O General Sem Memória (Ou Com Memória Seletiva?)
A grande bomba do dia envolve uma figura que, até pouco tempo, posava como o guardião da moral e dos bons costumes, o estrategista por trás do trono: o General Augusto Heleno. Conhecido por sua retórica inflamada e lealdade canina ao ex-presidente, Heleno agora se vê encurralado. E, como em um passe de mágica cínico, a doença surge como o último refúgio dos que não têm mais para onde correr.
A defesa de Heleno tentou uma cartada ousada, alegando que o general convive com Alzheimer desde 2018. A intenção era clara: garantir uma prisão domiciliar ou condições mais brandas, apelando para o humanitarismo que eles mesmos tantas vezes desprezaram. O Ministro Alexandre de Moraes, no entanto, não é conhecido por sua ingenuidade. Diante da discrepância entre a perícia do Exército e a versão dos advogados, Moraes cobrou explicações e documentos.
E foi aí que a farsa desmoronou. Neste domingo, a defesa mudou a versão: o diagnóstico, dizem agora, ocorreu apenas em 2025. A contradição é gritante. Como confiar em quem muda a data de uma doença degenerativa conforme a conveniência jurídica? Moraes, com sua caneta pesada, expôs a manobra. O “Alzheimer de conveniência” de Heleno não colou. O general, que um dia bradou contra a corrupção e a “velha política”, agora se vê despido de sua aura de intocável, revelando-se apenas mais um oportunista tentando escapar da justiça. A vaidade, a ambição e o desprezo pelas instituições o levaram do Palácio do Planalto direto para a mira da prisão, sem atalhos.
O Fracasso Retumbante da “Anistia”
Enquanto Heleno tentava reescrever seu prontuário médico, nas ruas de Brasília, uma cena patética se desenrolava. A tão alardeada manifestação pedindo anistia para os golpistas do 8 de janeiro foi, para dizer o mínimo, um fiasco. Imagens de um ato esvaziado, com mais áudios de desculpas do que gritos de ordem, circularam pelas redes, transformando a tentativa de força em motivo de piada.
“Somos poucos, mas vamos recomeçar”, dizia um orador solitário para uma plateia de gatos pingados. A realidade é dura: o bolsonarismo raiz, aquele capaz de levar multidões às ruas, está minguando. Sem a máquina pública, sem o financiamento obscuro e, principalmente, sem a credibilidade, o movimento se resume a um grupo cada vez menor de fanáticos desconectados da realidade.
A pergunta que fica no ar, ecoada por muitos, é: o que, afinal, Bolsonaro fez pelo Brasil para merecer tal devoção? Onde estão as grandes obras, a melhoria na vida do povo, o legado concreto? Não há. O que resta é um discurso moralista vazio, sustentado por falsos profetas que usam a fé como massa de manobra. A manifestação fracassada é o símbolo perfeito desse momento: um movimento que grita para o nada, esperando que o eco responda com a grandeza que eles nunca tiveram.
A “Escolinha do Professor Xandão”: Bolsonaro e os Livros
Mas a cereja do bolo deste domingo inusitado é, sem dúvida, o futuro pedagógico do ex-presidente. Com a prisão se tornando uma realidade cada vez mais palpável, surge a possibilidade de remição de pena através da leitura. Sim, você leu certo. Jair Bolsonaro, o homem que tantas vezes desprezou a cultura e a intelectualidade, poderá ter que mergulhar nas obras de Machado de Assis, Dostoiévski, Graciliano Ramos e até Shakespeare se quiser reduzir seus dias no cárcere.
A internet não perdoou e já apelidou a situação de “A Escolinha do Professor Xandão”. A ironia é deliciosa. Imagine a criatura que vociferava contra tudo o que cheirava a conhecimento tendo que ler, interpretar e escrever resenhas sobre “Vidas Secas” ou “Crime e Castigo”. Para alguém que fez do anti-intelectualismo uma bandeira, a leitura obrigatória soa não como um benefício, mas como uma tortura refinada.
O processo é sério e auditado. Não basta folhear; é preciso compreender. Bolsonaro terá que provar que leu e entendeu. Talvez, em uma reviravolta digna de ficção, a prisão lhe traga a educação que a vida pública não conseguiu dar. Talvez, entre uma página e outra de Tolstoy, ele encontre um vislumbre da humanidade que lhe faltou durante seu governo. Ou talvez seja apenas mais um capítulo cômico na biografia de um líder que se apequenou diante da história.

O Mercadão da Fé e o Fim da Esperança
Não podemos esquecer, no entanto, do papel nefasto que a religião desempenhou – e ainda desempenha – nessa ópera bufa. O artigo nos lembra de pastores que, como verdadeiros vendilhões do templo, comercializaram o medo. Figuras que pregavam a destruição do Brasil caso a esquerda vencesse, mostrando mapas rachados e cenários apocalípticos, apenas para, em seguida, venderem cursos de “sobrevivência”.
“Deus mandou eu matar a tua esperança hoje”, dizia um desses charlatães, para logo depois oferecer a solução parcelada em 12 vezes no cartão. É a monetização do pânico, a fé usada como ferramenta de estelionato eleitoral e financeiro. Desmascarar esses falsos profetas é parte essencial da reconstrução do país. Eles não vendem salvação; vendem ilusão para lucrar com o desespero alheio.
Conclusão: O Brasil Que Renasce
Este domingo foi um lembrete poderoso de que a roda da história gira. Os intocáveis estão sendo tocados pela lei. Os mitos estão sendo desconstruídos pelos fatos. E as ruas, antes sequestradas pelo ódio, começam a mostrar que o barulho de uma minoria radical não representa mais a vontade de uma nação.
Estamos vendo a justiça trabalhar, não com vingança, mas com a firmeza necessária. Seja desmascarando doenças de conveniência, ignorando manifestações irrelevantes ou impondo a leitura como forma de ressocialização, o Brasil está dando um recado claro: o tempo da impunidade e da irracionalidade acabou.
Para Bolsonaro, Heleno e seus seguidores, resta o peso da lei e, quem sabe, a oportunidade de aprender algo com os livros. Para nós, resta a certeza de que, apesar de tudo, a democracia sobreviveu e segue, dia após dia, colocando cada coisa – e cada pessoa – em seu devido lugar. O domingo termina, mas a vigilância continua. Afinal, no Brasil, o roteiro da realidade é sempre mais surpreendente que a ficção.
