A médica confirmava que ela era virgem, mas os bebês continuavam nascendo. O mistério foi resolvido quando a Madre encontrou o que ela escondia debaixo do chão da igreja.

— Madre… eu acho que a graça desceu sobre mim novamente.

A voz trêmula da Irmã Esperança cortou o silêncio austero do escritório da Madre Superiora como uma lâmina de vidro. O sol da manhã filtrava-se através das cortinas de linho, iluminando a poeira que dançava no ar, mas para a Madre Caridade, o mundo pareceu escurecer subitamente.

Esperança estava parada ali, a imagem da inocência canonizada. Em um braço, ninava o pequeno Miguel, um bebê de meses que dormia o sono dos justos. Agarrado à barra de seu hábito branco, o pequeno Paulo, de pouco mais de um ano, chupava o dedo, alheio ao terremoto que sua mãe acabara de anunciar.

Caridade, uma mulher de fé inabalável e pragmatismo de aço, sentiu o coração falhar. Ela soltou a caneta sobre a mesa de carvalho maciço e retirou os óculos, esfregando as têmporas que começavam a latejar. — Como assim, “novamente”, Esperança? — A pergunta saiu num sussurro, carregado de um medo que ela não ousava nomear.

A jovem freira sorriu. Era um sorriso sereno, beatífico, que contrastava absurdamente com a impossibilidade biológica de sua afirmação. — Os sinais, Madre. Os enjoos matinais, a tontura ao me levantar para as matinas, o meu corpo mudando… É igualzinho às outras duas vezes. Deus me escolheu mais uma vez.

A Madre levantou-se, contornando a mesa. Precisava olhar nos olhos daquela jovem. Era o terceiro ano consecutivo. Um convento de clausura. Muros altos de pedra, portões de ferro trancados, nenhum homem — exceto o velho Padre Camilo e o jardineiro mudo de oitenta anos — pisava naquele solo sagrado.

— Esperança… — Caridade segurou os ombros da freira. — Você entende o que está dizendo? Você entende que, para o mundo lá fora, e para a biologia que Deus criou, isso é impossível? Você… você esteve com alguém? Algum homem pulou o muro? Você saiu?

A ofensa brilhou nos olhos de Esperança, substituindo a doçura. — Madre! Como pode pensar isso de mim? Eu sou pura. A senhora sabe. A senhora viu os exames das outras vezes. Eu nunca toquei em um homem. Nunca saí destas paredes desde que cheguei, sem memória, naquela noite de tempestade. Isso é um milagre. Apenas um milagre.

Caridade soltou-a, recuando. O problema era esse: ela sabia. Nas duas vezes anteriores, a Dra. Paloma, médica de confiança e voluntária do convento, atestara o impossível: Esperança estava grávida, mas seu corpo permanecia intacto, virginal. A ciência não explicava, a fé aceitava, mas a razão da Madre gritava.

— Vou chamar a Dra. Paloma — decretou Caridade, a voz firme recuperando o comando. — Se é a vontade de Deus, ela será confirmada pela medicina dos homens.


A chegada da Dra. Paloma foi rápida. A jovem médica, sempre solícita e discreta, entrou na enfermaria improvisada com sua maleta de couro. Ana Francisca, a freira que servia como braço direito da Madre, observava tudo do canto, os braços cruzados, o cenho franzido em desconfiança.

O exame foi tenso. O silêncio só era quebrado pelo som dos instrumentos médicos e pela respiração pesada da Madre Caridade, que andava de um lado para o outro no corredor.

Quando a porta se abriu, Paloma retirou as luvas, a expressão séria. — E então? — perguntou a Madre, o terço apertado entre os dedos.

— Ela está grávida, Madre. Cerca de oito semanas. — Paloma confirmou, olhando nos olhos da superiora. — E, assim como antes, não há sinais de violação ou cópula. O hímen está íntegro. É… inexplicável.

Ana Francisca soltou um ruído de descrença, mas calou-se sob o olhar severo da Madre. — Está bem — disse Caridade, sentindo o peso de mil anos sobre os ombros. — Se é um milagre, nós o acolheremos. Mas, Paloma, eu imploro… sigilo absoluto. O Vaticano, a imprensa… eles destruiriam a paz deste lugar e a vida dessas crianças se isso viesse à tona.

— Meu silêncio é um túmulo, Madre — prometeu a médica, antes de se retirar.

Mas naquela noite, a paz não veio para a Madre Caridade. Ela se ajoelhou na capela, a luz vermelha do sacrário tremeluzindo sobre o altar. “Senhor”, ela orou, “eu creio em Ti. Creio na Virgem que concebeu sem pecado. Mas por que meu coração está tão inquieto? Por que sinto cheiro de mentira no incenso deste santuário?”

Ela se lembrou de como Esperança chegara ali, três anos antes. Uma mulher sem memória, vestida com um hábito branco que não pertencia a nenhuma ordem conhecida, desmaiada no pátio. Sem passado, sem nome (eles lhe deram o nome de Esperança), apenas com uma devoção ferrenha. E então, os bebês começaram a vir. Um por ano.

Caridade levantou-se. A fé não exclui a vigilância. Ela precisava de respostas.


No dia seguinte, a Madre convocou Ana Francisca e o Padre Camilo para uma reunião a portas fechadas. — Não posso mais ignorar minha intuição — confessou Caridade. — Três gravidezes imaculadas. Filhos saudáveis. E Esperança nunca amamentou. Vocês notaram? Ela diz que o leite secou antes de descer, mas… nunca vimos uma gota. Ela anda com facilidade demais para quem carrega uma criança no ventre.

— Eu sempre desconfiei — disse Ana Francisca, direta. — Madre, com todo o respeito, milagres acontecem, mas três vezes seguidas com a mesma pessoa, cronometrados? Isso parece um relógio, não a Providência.

— O que sugere, Madre? — perguntou o Padre Camilo, visivelmente perturbado.

— Câmeras — disse ela. — Discretas. Nos corredores, no pátio e, que Deus me perdoe, na entrada da capela. Se o Espírito Santo a visita, não o veremos. Mas se for algo… terreno… nós saberemos.

A instalação foi feita sob o pretexto de reparos na fiação elétrica. E então, a vigília começou.

Durante semanas, nada aconteceu. Esperança seguia sua rotina de santa viva: rezava, cuidava das crianças, sorria com aquela doçura que desarmava qualquer um. Sua barriga crescia sob o hábito.

Mas foi numa terça-feira de lua nova que a verdade começou a se desenrolar. Ana Francisca invadiu o quarto da Madre às três da manhã, pálida como um lençol. — Madre! As câmeras. A senhora precisa ver.

No pequeno monitor escondido na biblioteca, as duas assistiram à imagem granulada em preto e branco. A porta do quarto de Esperança se abriu. A freira saiu, olhando para os lados. Ela não carregava nada. Seus passos eram leves, furtivos. Ela não foi para a cozinha, nem para o jardim. Ela foi direto para a capela.

— O que ela vai fazer lá a essa hora? — sussurrou Caridade. — Rezar? — sugeriu o Padre, que chegara logo depois.

Mas Esperança não se ajoelhou nos bancos. Ela foi até o altar lateral, onde ficava a grande imagem de São José, e desapareceu atrás de uma coluna. Minutos se passaram. Dez. Vinte. Uma hora.

— Ela não saiu — constatou Ana. — Ela sumiu lá dentro.

— Vamos — ordenou a Madre Caridade.

As três figuras vestidas de preto atravessaram o pátio silencioso. Entraram na capela com o coração na boca. Estava vazia. O cheiro de cera velha e madeira antiga preenchia o ar.

— Onde ela se meteu? — perguntou Ana, vasculhando atrás da coluna. A Madre observava o chão. Algo estava errado no padrão dos ladrilhos hidráulicos perto da base da estátua. Um deles estava… limpo demais. Sem a poeira que se acumulava nos cantos.

Ela se abaixou e forçou a unha na fresta. A peça se moveu. — Padre, me ajude aqui. Com um esforço conjunto, eles deslocaram o que parecia ser um alçapão perfeitamente camuflado. Um buraco negro se abriu no chão sagrado, exalando um ar frio e úmido. Uma escada de ferro descia para a escuridão.

— Um túnel… — a Madre Caridade sentiu o mundo girar. — Debaixo do meu nariz.

Eles desceram. O túnel era antigo, talvez da época da fundação do convento, séculos atrás, usado para fuga em tempos de guerra ou perseguição, agora esquecido. Mas havia luz lá na frente. E vozes.

Antes de chegarem ao final, encontraram uma pequena antecâmara escavada na terra. Ana Francisca iluminou o local com a lanterna e soltou um grito abafado. — Madre de Deus…

Penduradas em ganchos na parede, como peças de um açougue macabro, estavam… barrigas. Eram próteses. Silicone, espuma, tecido. De vários tamanhos. De três meses, de seis meses, de nove meses. Havia também almofadas e cintas.

— É tudo uma farsa — sussurrou Caridade, tocando uma das próteses com nojo e fascínio. — Ela nunca esteve grávida. Nunca.

— Mas… e os bebês? — perguntou o Padre, a voz trêmula. — De onde vêm os bebês?

A resposta veio do fim do túnel. Um choro. O choro inconfundível de um recém-nascido. Eles seguiram o som, passando pela antecâmara das mentiras, até chegarem a uma porta de metal pesada. Estava entreaberta.

O que viram do outro lado desafiava a compreensão. O túnel desembocava no que parecia ser o porão de uma estrutura fortificada, talvez um antigo presídio ou uma ala desativada de um hospital. Era uma cela. Mas uma cela equipada como um quarto de hospital clandestino.

Deitada numa cama estreita, uma mulher gemia de dor. Ela era idêntica a Esperança. O mesmo rosto, os mesmos olhos. Mas estava suada, exausta e, entre as pernas, havia sangue. Esperança — a freira — estava lá, segurando um bebê ensanguentado que acabara de nascer.

— Mônica, você conseguiu… é uma menina — dizia Esperança, chorando. — Shhh, calma. Eu vou levá-la. Ela vai ficar segura.

— Irmã… — a mulher na cama, Mônica, agarrou o braço da freira. — Ele… ele vai descobrir. Ele vai vir atrás de mim.

— Não vai. Eu sou uma freira. Ninguém duvida de um milagre.

— O que significa isso?! — A voz da Madre Caridade trovejou na pequena cela.

As duas mulheres gritaram. Esperança virou-se, protegendo o bebê contra o peito. Ao ver a Madre, o Padre e a Irmã Ana, ela desabou. A máscara de santidade caiu, revelando apenas uma irmã desesperada.

— Madre… eu posso explicar… por favor…

— Quem é essa mulher? De onde vêm essas crianças? — exigiu a Madre, tremendo de indignação e choque.

— Ela é minha irmã! — gritou Esperança. — Mônica. Ela é minha irmã gêmea.

Antes que pudessem processar, passos pesados ecoaram no corredor de concreto fora da cela. Passos de homem. Botas. — Cristina! Mônica! Eu sei que vocês estão aí! Eu ouvi o choro!

As duas irmãs congelaram de terror absoluto. — É ele — sussurrou Mônica. — Guilherme.

Um homem alto, vestindo um terno caro que parecia deslocado naquele lugar imundo, surgiu na porta. Ele segurava uma pistola prateada. Seus olhos eram frios, desprovidos de qualquer humanidade. — Ora, ora. Uma reunião de família e o clero convidado. — Ele apontou a arma para a Madre. — Saiam da frente. Eu vim buscar o que é meu.

— Guilherme, não! — Esperança (ou Cristina) se colocou na frente do bebê. — Você nunca vai tocar neles!

— Eles são meus filhos! — rugiu o homem. — Aquela vagabunda da sua irmã achou que podia fugir de mim, se esconder nesse buraco, ter meus filhos e dá-los para você criar como se fossem bastardos da igreja?

A Madre Caridade, num instante de clareza aterrorizante, entendeu tudo. O túnel ligava o convento a uma ala esquecida do presídio feminino vizinho, ou talvez uma propriedade privada adjacente. Mônica era a prisioneira, não do estado, mas desse homem.

— Corram! — gritou Esperança, empurrando a Madre em direção ao túnel.

O caos explodiu. Guilherme disparou. A bala ricocheteou na parede de pedra. Caridade, Ana Francisca, o Padre, Esperança com o bebê e Mônica, apoiada na irmã, correram para o túnel. Era a única saída.

— Eu vou matar vocês todas! — o grito de Guilherme ecoava atrás deles como o rugido de uma besta.

Eles tropeçavam na escuridão, guiados apenas pela lanterna trêmula de Ana. — Mais rápido! — incentivava o Padre, ajudando Mônica que mal podia andar.

Chegaram à antecâmara das barrigas falsas. Guilherme estava logo atrás. — O alçapão! — gritou a Madre. — Subam!

Ana subiu primeiro, puxando Mônica. O Padre foi em seguida. Esperança passou o bebê para cima. Guilherme surgiu na luz da lanterna. Ele levantou a arma, mirando nas costas de Esperança, que estava no pé da escada.

— Não! — A Madre Caridade, que ficara por último para garantir a fuga, viu o dedo dele apertar o gatilho.

Não houve pensamento, apenas ação. Um reflexo de uma vida inteira dedicada a proteger os outros. A Madre se lançou na frente de Esperança.

O estrondo do tiro foi ensurdecedor naquele espaço confinado. A Madre Caridade sentiu um soco brutal no peito. O ar fugiu de seus pulmões. Ela caiu para trás, nos braços de Esperança.

— Madre! — o grito de Esperança foi de pura agonia.

Lá em cima, na capela, luzes de sirene começaram a piscar através dos vitrais. O Padre Camilo, antes de descer, havia acionado o botão de pânico da sacristia, ligado direto à polícia. — Polícia! Mãos para cima! — vozes ecoaram pelo alçapão.

Guilherme, vendo que estava encurralado e com a polícia descendo, largou a arma e tentou correr de volta pelo túnel, mas foi interceptado por agentes que vinham pelo outro lado.

No chão frio do túnel, a Madre Caridade olhava para o teto de terra. Sua visão estava ficando turva. Ela via o rosto de Esperança, banhado em lágrimas, segurando sua mão. — Por que… Madre? Por que a senhora fez isso? Eu menti para a senhora… eu sou uma pecadora…

A Madre tossiu, um gosto metálico na boca. Ela apertou fraco a mão da jovem. — O amor… não é pecado. Proteger a vida… nunca é pecado.

A escuridão a engoliu.


Semanas se passaram. O cheiro de antisséptico do hospital substituiu o incenso do convento. A Madre Caridade abriu os olhos. A luz era forte. Seu peito doía como se tivesse sido pisoteado por um cavalo, mas ela estava viva.

Ao lado de sua cama, três mulheres aguardavam. Uma era a Dra. Paloma. As outras duas eram idênticas, exceto pelo fato de que uma usava roupas civis e a outra, o hábito de noviça.

— Madre… — A freira se aproximou, beijando a mão da superiora. — Graças a Deus.

— Expliquem-me — sussurrou Caridade, a voz rouca. — Tudo. Agora.

Foi Paloma quem começou a falar. — Madre, perdoe-me. Eu sou irmã delas. Somos trigêmeas. Cristina (a freira), Mônica e eu.

A história se desenrolou como um pesadelo gótico. Mônica havia se casado com Guilherme, um homem poderoso, político e sociopata. Quando ela engravidou do primeiro filho (Paulo), descobriu os crimes do marido. Ele a trancou em uma propriedade antiga que fazia divisa com o convento, uma espécie de bunker privado, ameaçando matar a criança se ela tentasse fugir.

— Descobrimos uma planta antiga da cidade — continuou Cristina. — O túnel existia. Paloma, como médica, tinha acesso a medicamentos. Eu, como atriz… bom, eu sabia atuar.

O plano era desesperado. Cristina infiltrou-se no convento como “Esperança”, a freira sem memória, para ter um esconderijo seguro e próximo. Paloma usava sua posição médica para falsificar os exames e atestar a “virgindade”. Mônica, presa no bunker, conseguia passar os bebês pelo túnel assim que nasciam, para que Guilherme achasse que tinham morrido ou desaparecido, enquanto Cristina simulava a gravidez no convento com as próteses.

— Nós só queríamos salvar as crianças — disse Mônica, com o bebê recém-nascido no colo. — Guilherme ia transformá-los em monstros ou vendê-los. O convento era o único lugar sagrado onde ele não ousaria entrar… até aquela noite.

A Madre ouviu tudo em silêncio. A mentira. A manipulação. O uso da fé alheia. Era um pecado grave. Mas então ela olhou para os três bebês: Paulo, Miguel e a recém-nascida, Maria. Estavam vivos. Estavam seguros. Guilherme estava preso, com crimes hediondos expostos pela polícia que varreu o bunker.

— Vocês fizeram de mim e da Igreja de tolos — disse a Madre, severamente. As três irmãs baixaram a cabeça.

— Mas — continuou ela, tentando se ajeitar nos travesseiros — vocês agiram como mães. Mesmo você, Cristina, que não os pariu, agiu como mãe. E não há força maior na Terra.

— Eu vou sair do convento, Madre — disse Cristina/Esperança. — Eu manchei o hábito. Não sou digna. Vou ajudar Mônica a criar as crianças.

A Madre Caridade olhou para a janela, vendo o sol brilhar lá fora. Ela se lembrou do momento no túnel. Do impulso de se jogar na frente da bala. Ela não tinha feito aquilo pela regra, nem pelo dogma. Tinha feito por amor.

— Esperança — disse a Madre. — Meu nome é Cristina, Madre. — Não. Seu nome é Esperança. Porque foi isso que você trouxe para aquelas crianças. Você mentiu sobre sua memória, mentiu sobre seu ventre… mas não mentiu sobre sua devoção. Eu vi você rezar. Eu vi você trabalhar. Aquilo não foi atuação.

Cristina chorou silenciosamente. — Você tem uma penitência a cumprir — decretou a Madre. — Vai ser longa. Vai ser dura. Mas se você quiser… se seu coração realmente pertencer a Deus e não apenas ao teatro… o hábito ainda é seu. O convento precisa de uma mãe de verdade. E acho que você já provou que é capaz de tudo para proteger os seus.

Cristina caiu de joelhos ao lado da cama, soluçando no lençol.

Anos depois, o Convento de Santa Gertrudes ainda guardava seus segredos nas pedras frias. Mas no jardim, três crianças corriam e brincavam, sob o olhar atento de uma freira de sorriso fácil e de uma Madre Superiora que caminhava com a ajuda de uma bengala, sentindo uma pontada no peito sempre que chovia, mas com o coração mais leve do que nunca.

O milagre não havia sido o ventre oco que gerava vida. O milagre havia sido o amor de três irmãs e uma estranha que se tornou mãe de todas elas, desafiando a morte para proteger a inocência. E para a Madre Caridade, isso bastava.

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