O Fim da Ilusão: Por Que a “Vitória” da Direita na Câmara é, na Verdade, o Pesadelo Final de Bolsonaro?

Olá, leitores atentos! Hoje precisamos ter uma conversa franca, direta e estritamente baseada em fatos — algo que, infelizmente, parece estar em falta em certas bolhas da internet. Se você acompanhou o noticiário recente, deve ter visto uma movimentação estranha na Câmara dos Deputados, com votações atravessando a madrugada e uma aparente “vitória” da oposição. Mas, se foi uma vitória tão grande assim, por que não vimos a tradicional algazarra, os hinos sendo cantados e as orações de joelhos no plenário?
A resposta é simples e, para os apoiadores do ex-presidente, devastadora: eles sabem fazer contas. E a matemática, meus amigos, não perdoa ninguém, nem mesmo os “mitos”.
A Matemática Cruel: Eleições Apenas aos 102 Anos?
Vamos dissecar o que realmente aconteceu. O projeto aprovado, que muitos celebraram como a “salvação” de Jair Bolsonaro, na verdade, esconde uma armadilha temporal. Atualmente, a pena combinada que paira sobre o ex-presidente gira em torno de 27 anos e 3 meses. Mesmo que, num cenário hipotético e extremamente otimista para a defesa, essa pena caísse para cerca de 20 anos com as novas regras, a situação continua catastrófica.
A progressão de regime (ir para o semiaberto ou aberto após cumprir 1/6 da pena) não significa o fim da pena. O condenado continua cumprindo sua sentença, apenas em condições diferentes. Se a pena total for de 20 anos, ela só terminaria de ser paga integralmente por volta de 2047.
E aqui está o “pulo do gato” que a extrema-direita tenta esconder: a Lei da Ficha Limpa determina que a inelegibilidade de 8 anos só começa a contar após o cumprimento total da pena. Ou seja:
Término da pena: 2047
Período de inelegibilidade: + 8 anos
Ano em que estaria apto novamente: 2055
Como não teremos eleições presidenciais em 2055, a próxima oportunidade seria apenas em 2060. Nascido em 1955, Jair Bolsonaro estaria disputando a presidência com aproximadamente 102 anos de idade. Essa é a realidade que transformou a euforia em um silêncio constrangedor nos corredores de Brasília.
Dino e a Bomba-Relógio da CPI
Como se o futuro distante não fosse sombrio o suficiente, o presente reserva surpresas desagradáveis. O Ministro Flávio Dino tem uma carta na manga. Aproxima-se a data limite de 90 dias desde que foi solicitado à Polícia Federal a conclusão do inquérito sobre os crimes apontados na CPI da Covid.
Essa investigação, que estava em “banho-maria”, deve ser finalizada e entregue à Procuradoria Geral da República (PGR) nos próximos dias (por volta de 18 ou 19 de dezembro). Isso significa que, enquanto a militância se distrai com projetos de lei que dificilmente passarão pelo crivo do STF, uma nova denúncia criminal robusta e documentada está prestes a cair no colo do ex-presidente. É uma “surpresa” que promete azedar as festas de fim de ano de muita gente graúda.
O Fim das Mordomias e o Impacto em Michelle
Para piorar o cenário do “clã”, a Justiça Federal decidiu agir com rigor imediato. Foi determinada a suspensão de todos os benefícios vitalícios concedidos a ex-presidentes enquanto durar a execução da pena. Isso significa o corte imediato de seguranças, motoristas e assessores pagos com dinheiro público.
Essa decisão atinge diretamente a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que utilizava essa estrutura para sua proteção e logística diária. A partir de agora, qualquer “mordomia” terá que sair do bolso privado da família, sem o auxílio dos cofres da União. É o desmonte prático da estrutura de poder que ainda orbitava o ex-presidente, transformando-o, aos olhos da lei e do cotidiano, em um cidadão comum — e presidiário.
O Longo Caminho das Pedras
É fundamental lembrar que o projeto aprovado na Câmara é apenas o primeiro passo de uma maratona cheia de obstáculos. O texto ainda precisa:
Passar pelo Senado (onde a resistência é maior);
Passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ);
Ser sancionado pelo Presidente Lula (que certamente vetará);
Ter o veto derrubado pelo Congresso;
E, finalmente, enfrentar o Supremo Tribunal Federal (STF).
A chance de o STF considerar constitucional um projeto que atenta contra o Estado Democrático de Direito é praticamente nula. Portanto, o que vimos ontem foi um teatro político. Um show para manter a base engajada e alimentada por falsas esperanças, enquanto a liderança sabe que o barco já zarpou — e eles ficaram no cais.
A realidade é dura, mas precisa ser dita: o mundo de ilusão criado pelos algoritmos não resiste a uma simples folha de papel, uma caneta e uma calculadora. A alegria da direita durou pouco, e o choque de realidade promete ser longo.