Eu Não Sou Limpa,’ Ela Sussurrou… E Quando o Lençol Caiu… O Coração Dele Parou

A garrafa rolou pelo chão, ainda meio cheia, mas ele não se inclinou para pegá-la. Ele se inclinou para ela, ao invés disso. Evelyn tentou dar um passo para trás, mas a parede estava atrás dela. Não havia mais para onde ir. O aperto foi rápido, demais. O vestido que seu pai a forçou a vestir rasgou do ombro para baixo, e ele sorriu como se fosse algo que lhe era devido. O jogo de seu pai finalmente o alcançou, e ela se tornou a dívida. Evelyn não gritou. Sabia que ninguém ouviria. Não aqui. Não no quarto do homem com quem acabara de se casar. Alguns homens usam botas, possuem terras e acham que isso os torna melhores. Mas não é o caso. Não quando sua alma está podre e suas mãos estão acostumadas a machucar.

Algo foi roubado dela e ela carregaria esse peso pelo resto da sua vida. Mas e se esse peso estivesse crescendo? Como você ama alguém quando a pior parte do seu passado vive dentro deles? Foi quase amanhecer quando Jonas ouviu a batida. Não soou como uma batida. Na verdade, parecia mais algo caindo contra a porta. Suave, hesitante, como o vento. Se o vento tivesse medo de pedir ajuda, Jonas abriu a porta com uma mão, a outra segurando a velha espingarda que não via uso desde 76. Ele não estava preparado para o que viu. Uma garota descalça, cabelo selvagem, sangue empapado no lado do pescoço, envolta apenas por um lençol sujo. Sua pele estava machucada, arranhada, e havia um olhar em seus olhos que não pertencia a alguém da sua idade. Ela parecia vazia, mas observando, como um animal que fora perseguido por tanto tempo e havia parado de correr, só porque não tinha mais para onde ir.

Ele não fez perguntas, apenas tirou o casaco e o entregou a ela. Ela o segurou por um segundo antes de envolvê-lo em volta de si mesma. Suas mãos tremiam, mas sua voz não vacilou. “Eu não sou limpa”, ela disse. Jonas não se mexeu. Não fez nenhuma reação. Apenas apontou em direção à sala de arreios atrás da casa. Ela caminhou como se seu corpo fosse desabar a qualquer momento. Ele lhe deu água, aqueceu uma chaleira sem dizer uma palavra. Algo lhe dizia que aquela não era apenas uma garota perdida. Era um estrago feito por um homem com poder. O tipo de homem que acha que as regras são para os outros. Jonas já tinha visto isso antes.

Ele lutou contra esse tipo de homem na guerra, nos salões de bebidas, até mesmo em sua própria cidade. E agora, talvez, apenas talvez, essa luta tivesse chegado à sua porta novamente. Quando o sol começou a raiar sobre a terra do Arizona, Jonas estava sentado na sua varanda, botas empoeiradas, braços cruzados. A espingarda descansava contra a parede atrás dele. Ele não sabia o nome dela. Não precisava saber, porque fosse quem fosse, alguém viria procurá-la. E dessa vez, talvez, eles tivessem vindo para o rancho errado.

Ela não havia ficado dentro de 10 minutos antes de o problema chegar. Jonas havia acabado de colocar a chaleira no fogo quando os cães começaram a latir baixo. Não era pânico, apenas um aviso. Ele saiu, o sol da manhã ainda subindo, o calor subindo da terra. E lá estava ele, um cavaleiro vindo com força pela trilha, poeira voando, propósito em cada batida de casco. Jonas não se mexeu, apenas observou. O homem parou rápido. Grande, com uma cicatriz na bochecha, uma arma na cintura, usada até. “Vi uma garota passando por aqui”, ele disse. “Como? Loira. Descalça. Talvez esteja usando um lençol.” Jonas estreitou os olhos como se estivesse olhando para o sol.

“Uma garota para perder a cabeça já hoje”, ele respondeu. O homem não riu. “Ela pertence ao Sr. Gley. Fugiu esta manhã. Agora ela é esposa dele. Papéis assinados e selados. Eu só estou aqui para trazê-la de volta.” Jonas não disse nada de imediato. Caminhou até ele. Encheu um balde com água do poço. Deixou-a cair com força e devagar. “Vê uma garota assustada com um lençol correndo entre cactos e pedras, você não a traz de volta. Você traz ajuda. Essa garota tem feridas por toda parte. E o homem de quem ela fugiu deveria ter vergonha de se chamar qualquer coisa além de covarde.”

Os olhos do cavaleiro se estreitaram. “Você tem certeza que quer ser o homem entre o Sr. Gley e sua esposa?” Jonas o olhou nos olhos. “Tenho certeza de que não estou me movendo.” Havia um silêncio então. Não o tipo pacífico. O tipo que se constrói antes das coisas quebrarem. Mas o homem não puxou a arma. Apenas sorriu. O tipo de sorriso que significava que da próxima vez ele não estaria sozinho. Ele tirou o chapéu, como se fosse uma piada, e então virou o cavalo e foi embora.

Jonas ficou ali por um longo momento, então entrou novamente na sala de arreios. A garota não havia se movido, mas seus olhos estavam nele agora, não com medo, mas observando, tentando descobrir que tipo de homem ela tinha caído nas mãos. Ele colocou o pão ao lado dela e saiu. E quando ele chegou à varanda, pegou a velha espingarda de cima dos ganchos, a que não tocava há anos. Porque homens como Gley não enviam apenas um cachorro. Eles voltam, mais altos, mais agressivos, e da próxima vez não vão bater na porta.

Jonas não disse muito naquele dia. Nunca dizia. Mas ele observava. A garota ficou principalmente na sala de arreios. Não pedia nada. Não se movia muito. Como se ficasse parada, o mundo pudesse esquecer que ela estava lá. Ele deixou comida na mesa perto da porta. Às vezes ela tocava nela. Às vezes, não. E de vez em quando ela olhava pela janela, como se algo lá fora pudesse pegá-la de volta. Por volta do meio-dia, ela saiu para o sol. Jonas estava consertando o portão. Não olhou imediatamente, mas a viu do canto do olho. Ainda vestindo o casaco dele, ainda andando como se cada passo fosse uma dor. Ela parou a alguns metros dele.

“Posso ajudar?” Ela não respondeu imediatamente. Apenas pegou um pequeno martelo. “Você sabe usar um desses?” Ela balançou a cabeça. “Bem, você vai aprender agora.” Não foi muito. Alguns pregos, um portão que ainda rangia, mas foi a primeira vez que ela fez algo que não fosse correr, chorar ou se preparar para o próximo golpe. E isso significava algo.

Mais tarde, naquela tarde, ela sentou-se com ele sob o telhado da varanda. Não falou. Apenas assistiu o pó levantar e se espalhar. Ela apontou para o horizonte. “Você acha que ele vai voltar?” Jonas não a olhou quando respondeu. “Eu apostaria meu último sapato nisso.” Ela acenou com a cabeça, como se já soubesse, mas não estava mais tremendo. E Jonas percebeu algo mais. As mãos dela haviam parado de tremer.

Então, eles vieram, pouco antes do pôr do sol. Três cavalos levantando poeira como nuvens de tempestade. Jonas os viu da varanda. Ele não se mexeu, apenas descansou uma mão na velha espingarda ao lado da porta. O ar ficou apertado, como se algo estivesse prestes a estourar. Evelyn estava dentro de casa, meio escondida pela cortina. Ela sabia quem era. Gley cavalgava na frente, vestido demais para um homem tão sujo por dentro. Seus dois capangas estavam ao lado dele, ambos feitos de problemas e cheirando a suor e uísque. Gley desmontou lentamente. Tirou as luvas como se fosse alguém importante.

“Ouvi dizer que você está escondendo minha esposa”, ele disse. Jonas não piscou. “Ouvi dizer que você tem batido no que não é seu para tocar.” O sorriso no rosto de Gley caiu como uma cortina. “Essa garota me pertence. Papéis assinados. A lei está ao meu lado.” Jonas desceu da varanda, calmo como a manhã. “Lei não significa nada quando um homem não tem alma.” Os capangas se moveram primeiro. Eles sempre se movem. Um correu da esquerda. Rápido, mas burro. Jonas fez uma pirueta. Quebrou-lhe o maxilar com o cabo da espingarda. O outro sacou a arma, mas Jonas foi mais rápido. Um tiro, no centro da massa, poeira, silêncio.

Gley congelou, pálido e abalado. Ainda segurando aquelas luvas, Jonas se aproximou. O suficiente para que sua respiração pesasse no ar. “Escute bem. Se eu ver suas botas nessa terra de novo, não vou mirar para assustar. Vou cavar sua cova bem onde você está.” Gley não disse uma palavra. Retrocedeu até o cavalo como um menino pego roubando. Quando partiram, cauda entre as pernas, Evelyn saiu de casa. Ela não parecia mais assustada. Ela parecia livre. E pela primeira vez em muito tempo, Jonas sentiu que algo estava certo.

Um mês passou. Quieto. Nenhum cavaleiro. Nenhuma sombra na trilha. Apenas longos dias consertando cercas e jantares tranquilos na varanda. Evelyn sorriu mais. Não com frequência, mas de forma genuína. Então, uma manhã, ela não apareceu para o café da manhã. Jonas bateu na porta, sem resposta. Quando ele abriu a porta, ela estava sentada na beira da cama, as mãos pressionadas sobre o estômago. Ela não chorou. Não falou, mas ele sabia que havia apenas uma verdade que um olhar como aquele poderia carregar. Ele se sentou ao lado dela, não disse muito, apenas observou o pó que pairava no ar.

Por fim, ela perguntou: “O que eu faço?” Jonas esfregou as mãos, olhou pela janela. “Deixe viver.” Ela se virou para ele, surpresa. “Mesmo que seja dele?” Ela olhou, esperando raiva ou piedade ou algo que a afastasse. Mas isso não aconteceu. Em vez disso, Jonas se levantou lentamente. “Você não está quebrada. Você está apenas começando de novo. E aquele bebê, não carrega o pecado dele. Só o seu. Só o que você der a ele.” Ela então se quebrou. Não alto. Apenas deixou seus ombros caírem e sua face se inclinar sobre o peito dele. E ele a abraçou como algo que vale a pena manter.

A partir daquele dia, não houve mais esconderijos, não mais silêncio. Jonas a levou para a cidade com ele, sentou-se ao lado dela na igreja, comprou cobertores para o bebê na mesma loja onde Gley uma vez entrou com sua arrogância. As pessoas sussurraram, mas as pessoas sempre sussurram. E Jonas não se importava. Porque em um mundo onde os homens jogam as pessoas fora como lixo, ele escolheu segurar, mesmo quando doía, especialmente então.

Então, me deixe perguntar algo. Você faria o mesmo? Você amaria o que outros chamam de vergonha? Você criaria o filho do homem que a machucou? Porque às vezes, ser um homem não é sobre o que você luta, é sobre o que você escolhe manter.

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