Todas as manhãs, antes mesmo do sol nascer, uma mulher chamada Mado chegava ao mercado com três grandes panelas fumegantes. Ninguém sabia de onde ela vinha. Ela aparecia sempre sozinha, silenciosa, com seu pano amarrado cuidadosamente à cintura e o olhar sereno.
Mas assim que ela levantava a tampa das panelas, todo o mercado ganhava vida. Um cheiro tão delicioso se espalhava no ar que até as vendedoras de peixe paravam suas conversas. Os homens deixavam os bares próximos, as crianças corriam com seus pratos, e logo uma fila imensa se formava diante de sua barraca.
As pessoas diziam:
— “A comida da Mado é outra coisa…”
Ninguém nunca tinha provado refeições tão saborosas. O arroz sempre com a textura perfeita, a carne que se desfazia na boca, e o molho parecia ter sido feito por mãos divinas.

Mesmo assim, ninguém jamais viu Mado comprar ingredientes — nem no mercado, nem com os comerciantes. Ela chegava todas as manhãs com as panelas cheias e ia embora sem dizer nada. Quando a noite caiu, os moradores começaram a comentar. Alguns diziam que ela tinha um segredo. Outros murmuravam que ela nunca dormia.
Mas uma coisa era certa: nenhuma vendedora conseguia igualá-la.
E entre aquelas que a invejavam, havia uma mulher chamada Mama Rose, vendedora de ensopados há mais de 15 anos. Todos os dias, ela observava Mado com o coração apertado. Seus próprios clientes — antes fiéis — agora a abandonavam para experimentar a comida da mulher misteriosa.

Uma manhã, ao ver a longa fila diante da banca de Mado, Mama Rose suspirou com amargura:
— “Isso não é normal. Como pode uma única mulher alimentar todo mundo sem nunca ficar sem ingredientes?”
As vizinhas concordaram, inquietas, mas curiosas. Uma delas sussurrou:
— “Eu acho que ela não é humana. Talvez ela prepare os pratos com coisas que não deveríamos ver…”
Nesse dia, os boatos começaram a circular. E no olhar de Mama Rose, a inveja transformou-se pouco a pouco em obsessão.
Ela não sabia, mas o destino de todo o mercado estava prestes a mudar.