Ele pensava apenas em contratar uma empregada doméstica, sem imaginar que a mulher a quem acabava de abrir a porta trazia consigo um passado que ele acreditava nunca mais reencontrar. Diz-se muitas vezes que o destino não bate duas vezes à mesma porta. Mas naquele dia, ele decidiu acertar as contas.
Quando os seus olhares se cruzaram pela primeira vez, algo apertou no peito do senhor Tala. Uma sensação estranha, familiar, que ele nem conseguia explicar. Mas o que ele ainda não sabia era que aquela mulher era a sua própria filha, aquela que ele tinha abandonado muito antes de se tornar rico.
Então, caros assinantes da HD Story, acomodem-se confortavelmente, porque a história que vão descobrir ultrapassa tudo o que possam imaginar.
A manhã estava calma na grande casa do Sr. Tala. Sentado no seu escritório aberto para a sala, ele relia alguns documentos, concentrado como de costume. O café arrefecia lentamente sobre a mesa, mas ele não lhe dava importância. Bateram suavemente à porta. Levantou os olhos e viu Nadèj, sua empregada há mais de cinco anos — sempre sorridente, sempre disponível, quase como um membro da família. Mas naquela manhã, o seu rosto parecia um pouco tenso.
— Senhor, posso falar consigo? — perguntou ela numa voz suave.
— Claro, Nadèj, entra. Senta-te.
Ela sentou-se com as mãos pousadas uma sobre a outra, como se não soubesse por onde começar. O senhor Tala sentiu que algo se passava. Após um silêncio, ela inspirou profundamente.
— Senhor, tomei uma decisão. Eu… eu vou deixar o trabalho aqui.
As palavras caíram como uma pedra. Ele ficou imóvel, surpreendido.
— Deixar o trabalho? Nadèj, nunca falaste de nenhum problema.
Ela baixou ligeiramente a cabeça, mas o sorriso voltou, sincero, cheio de esperança.

— Não se trata de um problema, senhor. Pelo contrário, tenho economizado durante anos, pouco a pouco, e inscrevi-me numa formação.
É o meu sonho há muito tempo: tornar-me auxiliar de saúde. Quero algo mais estável, algo maior para a minha vida.
Instalou-se um silêncio. Depois, lentamente, o rosto do Sr. Tala suavizou-se.
— Nadèj, não estava à espera disso, mas compreendo… e tenho orgulho em ti, de verdade.
Ela levantou a cabeça, emocionada com as palavras dele.
— Obrigada, senhor. O senhor sempre foi bom para mim. Foi graças a este trabalho que pude poupar. Eu devo-lhe muito.

Ele acenou levemente, mas uma inquietação surgiu no seu olhar.
— Vais fazer falta, sabes disso? E não te vou mentir, esta casa é grande. Não posso ficar sem alguém para me ajudar.
Nadèj parecia ter esperado aquele momento.
— Eu sei, senhor, e não queria deixá-lo com problemas. Por isso já pensei em alguém.
Ela pousou as mãos nos joelhos, como para se preparar para o que vinha a seguir.
— Uma jovem calma, trabalhadora, muito respeitosa. Ela foi minha vizinha quando eu ainda vivia no bairro. Procura trabalho há algum tempo. É séria, de verdade. Acho que ela pode servir-lhe bem.
O senhor Tala franziu ligeiramente o sobrolho, intrigado.
— Queres dizer alguém que conheces bem?
— Sim, senhor. Falei-lhe ontem. Ela aceitou vir fazer um teste. Posso até vir com ela amanhã de manhã para lha apresentar.
Era típico de Nadèj — pensar nos outros mesmo ao partir. Uma lealdade rara.
O senhor Tala estudou o seu rosto durante alguns segundos e depois acenou com a cabeça.
— Está bem. Se confias nela, então eu também confiarei. Faz com que ela venha amanhã. Conto contigo.
O sorriso de Nadèj alargou-se, sincero.
— Obrigada, senhor. Não se vai arrepender.
Ela levantou-se, fez uma leve reverência e afastou-se em direção à cozinha. O senhor Tala observou-a a partir, um pouco melancólico, mas orgulhoso dela. Voltou aos seus documentos, acreditando que o dia continuaria como sempre. Mas, no fundo, uma impressão estranha persistia. Um ligeiro arrepio, como se uma mudança importante se aproximasse — uma mudança cuja forma ele ainda não conhecia. E ele tinha razão.
Porque na manhã seguinte, quando Nadège regressasse com aquela vizinha, a vida que ele julgava estável há trinta anos começaria a fissurar-se sem que ele ainda compreendesse porquê.