Cet Homme héberge une mendiante et son fils… Sans savoir que c’était sa propre fille
Estava quente naquele dia, o céu estava azul, o sol brilhava forte e as ruas fervilhavam de atividade como de costume. Em seu carro grande e climatizado, Cédric Kwame, de 65 anos, bilionário discreto, mas temido no mundo dos negócios, voltava de uma reunião importante na Riviera. Preso no semáforo vermelho, ele olhava distraidamente através do vidro escurecido quando seu olhar foi atraído por um movimento rápido na calçada: um menino de uns dez anos, magro, rosto queimado pelo sol, roupas empoeiradas, mas com olhos brilhantes.
Ele vendia doces com uma determinação rara, e aquele olhar fez Cédric sentir um arrepio percorrer sua espinha. Ele conhecia aquele olhar, já o tinha visto antes – não em outra pessoa, mas nele mesmo, há muito tempo, quando também era um menino vendendo amendoins nas ruas de Daloa para ajudar sua mãe a sobreviver. O semáforo ficou verde, buzinas soaram atrás dele, mas Cédric não se moveu. Ficou imóvel por alguns segundos, como hipnotizado, querendo entender quem era aquele garoto e por que seu olhar mexia tanto com sua alma.

Ele retomou a estrada, abalado, mas algumas quadras adiante, a cena piorou: numa pequena rua, viu o mesmo menino cercado por três outros garotos maiores, que o empurravam e tentavam arrancar sua caixinha de doces. O menino resistia com todas as forças. Sem pensar, Cédric estacionou o carro atravessado na rua e saiu: “Ei, soltem-no imediatamente!” Sua voz forte e feroz fez os agressores erguerem os olhos. O homem à sua frente não era qualquer um.
Com terno sob medida, presença imponente e olhar firme, os agressores fugiram. O menino permaneceu no chão, tremendo, segurando sua caixinha como se fosse um tesouro. Cédric se aproximou, ajoelhou-se lentamente, colocando uma mão no ombro do garoto. “Está tudo bem, meu rapaz?” O menino o olhou desconfiado, depois assentiu timidamente. “Sim, senhor, obrigado. Qual é o seu nome?” “Samuel”, respondeu. Cédric sorriu levemente; aquele nome lhe trouxe algo, talvez nada, talvez tudo. “E sua mãe, onde está? Onde vocês moram?” O menino hesitou e sussurrou: “Não está longe. Dormimos na rua, ela às vezes vende coisas, mas não temos casa.”
Um silêncio. Cédric sentiu um nó na garganta; ele conhecia aquela realidade, ainda carregava cicatrizes, e aquele menino, que lhe lembrava tanto a própria infância, não podia ficar assim. “Vamos, você pode me levar até sua mãe? Vou ajudá-los.” Samuel hesitou, depois entrou no carro. Não disse uma palavra, nem Cédric. O silêncio dentro do veículo estava pesado com memórias dolorosas, mas vivas. Eles dirigiram alguns minutos até um mercado de bairro, próximo ao Carrefour de l’Indénié, onde a mãe do menino os esperava, olhando ansiosa pelas ruas.
Quando viu Samuel descer de um grande carro preto com vidros escuros, correu, coração acelerado, lágrimas nos olhos. “Mãe! Meu filho! Onde você estava? Você me assustou!” Samuel a abraçou forte, aliviado, e apontou para Cédric: “Foi ele, mãe, ele me ajudou.” A mulher ergueu a cabeça, e quando Cédric a olhou, algo se partiu dentro dele. Ela não era apenas uma mulher cansada pela vida; havia algo em suas feições, familiar, perturbador, profundamente humano.
“Bom dia, senhora, meu nome é Cédric Kwame. Seu filho teve um pequeno problema, mas não se preocupe, agora está tudo bem.” A mulher olhou cautelosa, apertou o filho contra si e murmurou: “Obrigada. Eu me chamo Clarisse, muito obrigada.” Cédric sorriu com bondade e acrescentou calmamente: “Seu filho me contou um pouco sobre você e o que estão passando agora.” Ele fez uma pausa, observando Clarisse abaixar os olhos. “Sei que você não me conhece, e pode parecer estranho, mas gostaria de estender a mão, se você permitir. Poderiam passar a noite em minha casa. Não é muito, mas pelo menos vocês terão um lugar seguro e calmo para descansar esta noite.”

Clarisse olhou para ele por um longo tempo, dividida entre desconfiança e alívio silencioso. “Por que você faria isso? Nem nos conhece.” “Talvez, mas eu conheço a vida e sei como é dormir na rua com uma criança.” Ela não respondeu imediatamente, depois assentiu lentamente: “Está bem, obrigada, senhor.”
Eles subiram no carro. Durante o trajeto até a residência de Cédric, um silêncio estranho pairava. Clarisse segurava firmemente a mão de Samuel, como se temesse perder algo que ainda não tinha recebido. No banco de trás, apesar do conforto, ela não conseguia relaxar. Não entendia por que um estranho, aparentemente rico e respeitado, se preocupava com eles. E se fosse apenas uma armadilha? E se fosse bom demais para ser verdade? Samuel observava fascinado pelas avenidas bem traçadas, casas bem cuidadas, carros reluzentes; aquele mundo que normalmente ele via de longe, agora ele entrava, sem sequer ousar respirar fundo.
Quando o portão da mansão se abriu, Clarisse sentiu seu coração disparar. O pátio era enorme, um jardim bem cuidado, flores de todas as cores, um prédio principal em estilo colonial majestoso. Ela nunca tinha visto uma casa assim. Cédric desceu primeiro e fez sinal para que Clarisse e Samuel o seguissem. Ela saiu devagar, hesitante, segurando ainda a mão do filho. Na entrada, dois empregados os esperavam, visivelmente surpresos: um mordomo magro e discreto e uma senhora de cabelos grisalhos, penteados com cuidado, carregando uma bandeja de refrescos.
“Olá, esta é Clarisse e Samuel”, anunciou Cédric calmamente. “São meus convidados esta noite. Certifiquem-se de que estejam bem acomodados e preparem uma refeição quente para eles.” A senhora apenas assentiu, mas Clarisse sentiu imediatamente a curiosidade nos olhares, talvez até julgamentos. Ela baixou os olhos. Foram conduzidos a um grande quarto de hóspedes, com cama arrumada, lençóis limpos, banheiro anexo. Tudo impecável, quase demais para ela, que não dormia em uma cama de verdade há anos.
“Volto em breve”, disse Cédric. “Tenho uma viagem de negócios de três dias, mas deixo vocês aqui. Aproveitem para descansar. Minha equipe já sabe.” Ele os deixou ali, e quando a porta se fechou, Clarisse ficou paralisada no meio do quarto, sem se sentar, olhando ao redor desconfortável. Samuel já havia se acomodado na cama, sorrindo: “Mãe, parece um hotel cinco estrelas.”
Naquela noite, Clarisse quase não dormiu. O conforto a incomodava, quase temia que fosse apenas um sonho ou que alguém viesse mandá-los embora no meio da noite, que tudo fosse um erro, uma brincadeira, uma ilusão. Mas ninguém veio. De manhã, nas primeiras luzes do dia, Clarisse já estava de pé.
Ela ouviu movimento na cozinha. Hesitou, mas tomou coragem, lavou-se rapidamente, vestiu o único vestido limpo que tinha e desceu. Dois empregados preparavam o café da manhã; ao vê-la, pararam surpresos. “Desculpe, só queria ajudar”, disse humildemente. A cozinheira, uma mulher na casa dos cinquenta, chamada Mamãe Diane, a olhou por um momento, depois, vendo a sinceridade nos olhos de Clarisse, respondeu simplesmente: “Se quiser descascar as cebolas, é por aqui.”
Clarisse assentiu aliviada, colocou um avental e começou a trabalhar. Sem perceber, naquele dia, começava a escrever um novo capítulo de sua vida. Ela não era mais uma estranha esperando em um quarto luxuoso; estava se tornando uma mulher participativa, discretamente, mas com coração. Enquanto isso, alguns empregados começavam a se perguntar quem realmente era aquela mulher que o velho patrão trouxe de repente e por quê.