AJUDADA POR ESTA POBRE MULHER… ANOS MAIS TARDE, ELE VOLTA E MUDA A SUA VIDA!

Junior tinha perdido o dinheiro da escola no caminho de casa. Guardava-o cuidadosamente no bolso, mas caiu sem que ele se desse conta. Enquanto caminhava sob o sol escaldante, lágrimas rolavam pelo seu rosto; chorava tão alto que os transeuntes o olhavam, mas ninguém parava. Uma mulher estava sentada na sua pequena barraca à beira da estrada, onde vendia tomates e pimentas. Levantou os olhos e viu o rapaz a chorar. O seu coração encheu-se de compaixão e ela levantou-se rapidamente.

— Filho, por que choras assim? — perguntou suavemente.

Junior enxugou o rosto com a mão e fungou:

— Mãe, perdi o dinheiro da escola. Procurei em todo o lado, mas não consigo encontrá-lo.

A mulher aproximou-se calmamente:

— Acalma-te, meu filho, conta-me o que aconteceu. Ah, meu nome é mãe Clarisse.

Junior explicou: vivia com o pai e a madrasta. O pai perdera o emprego há alguns meses, e agora era a madrasta quem os alimentava. Ela tinha-lhe dado o dinheiro naquela manhã para pagar a escola e disse-lhe para não voltar sem o recibo. Se voltasse sem ele, poderia ser castigado, e talvez o pai fosse até expulso de casa.

O coração de Dona Clarisse partiu-se. Ela própria não tinha muito: era uma pobre viúva que lutava todos os dias para sobreviver vendendo pequenos cestos de tomates. O que tinha ganho naquele dia era tudo o que possuía. Mas ao ver o rosto de Junior, não hesitou.

— Quanto custa a escola? — perguntou suavemente.

— 20.000 francos CFA — respondeu Junior com voz trêmula.

Dona Clarisse mexeu na velha caixa de ferro sob a barraca e retirou algumas notas, todo o dinheiro que tinha ganho naquele dia. Lentamente, colocou-o na mão de Junior.

— Toma, paga a tua escola — disse com um fraco sorriso.

Os olhos de Junior arregalaram-se de surpresa:

— Mãe, tem a certeza?

— Sim, meu filho — respondeu ela, erguendo a cabeça. — É tudo o que me resta, mas não faz mal. Sê sério na escola, não te associes com más companhias. Um dia, tornar-te-ás alguém importante.

Junior apertou o dinheiro nas mãos e enxugou as lágrimas:

— Obrigado, mãe. Prometo que te farei orgulhosa. Quando ficar rico, não me esquecerei de ti; vou procurar-te e ajudar-te.

Clarisse sorriu e acenou com a cabeça.

— Não te esqueças do meu nome.

— Nunca esquecerei — respondeu Junior.

Ela colocou suavemente a mão sobre a cabeça dele e murmurou uma oração, depois voltou à sua barraca, sem comida para si, mas com paz no coração. Junior correu para a escola antes que o portão se fechasse, olhou para trás uma última vez e murmurou: “Que Deus abençoe esta mulher”.

Quando Junior chegou a casa, parecia cansado, mas um pouco aliviado. Tinha pago a escola e tinha o recibo no bolso. O pai estava sentado num pequeno banco, sempre preocupado e stressado.

— Junior, chegaste? Pagaste a escola? — perguntou ele.

Junior assentiu lentamente:

— Sim, pai, paguei.

O pai levantou-se, aliviado:

— Pois bem, pelo menos uma preocupação a menos. Mostra-me o recibo.

Junior tirou-o do bolso e entregou-o. Depois baixou os olhos:

— Pai, preciso de te dizer uma coisa…

O pai franziu as sobrancelhas:

— O quê?

Junior engoliu em seco:

— Pai, perdi o dinheiro no caminho da escola esta manhã.

O rosto do pai mudou imediatamente:

— Como? Perdeste?

— Sim, pai… não sei como… coloquei no bolso, procurei tudo, chorei…

O tom do pai subiu:

— Junior, como podes ser tão descuidado? Sabes o que esse dinheiro representa para esta casa! A tua madrasta vai voltar a passar-nos fome. Ela avisou-me que diria que sou inútil e até poderia expulsar-nos!

Os olhos de Junior encheram-se de lágrimas outra vez.

— Mas alguém me ajudou!

O pai olhou para ele novamente:

— Quem?

Junior sorriu entre lágrimas:

— Uma mulher. Vendia tomates à beira da estrada. Viu-me a chorar e perguntou o que se passava. Eu contei-lhe tudo. Ela deu-me 20.000 francos CFA, disse que era o seu último dinheiro, mas queria que eu pagasse a escola e fosse sério nos estudos.

O pai piscou os olhos, confuso:

— Espera… ela deu-te dinheiro assim, sem te conhecer?

Junior assentiu:

— Sim, ela era simpática. Chama-se Dona Clarisse.

Seguiu-se um silêncio. O pai sentou-se lentamente:

— Que Deus abençoe esta mulher. Um estranho ajudou meu filho quando não tínhamos nada.

— Pai, temos de ir agradecer-lhe! — disse Junior.

— Prometeste que nunca a esquecerias. —

— Sim, pai, uma bondade assim é rara.

Mas enquanto Junior e o pai planeavam ir agradecer a Dona Clarisse, algo terrível já estava a acontecer.

Naquele manhã, Clarisse estava sentada calmamente na sua pequena barraca à beira da estrada. Só lhe restavam alguns cestos de tomates. As vendas estavam lentas, o estômago vazio, mas o coração cheio de paz por ter ajudado um rapaz a chorar no dia anterior.

De repente, ouviu-se um grande barulho. Pessoas gritavam, grandes camiões e homens fardados desceram para a rua. Um dos homens segurava um megafone e gritou:

— Todas as barracas devem ser removidas! Este terreno pertence ao Estado, já foram avisados!

Antes que pudesse reunir os seus pertences, começaram a demolir a barraca. Os cestos de tomates caíram ao chão, o velho guarda-sol foi atirado para o lado. Ela suplicou:

— Por favor, esperem! Deixem-me apanhar as minhas mercadorias!

Mas ninguém a ouviu. A madeira da barraca foi destruída completamente. Clarisse ficou de pé, em lágrimas, segurando o único cesto que conseguiu salvar. O suor misturava-se com as lágrimas ao ver tudo o que possuía reduzido a pedaços em minutos.

— Onde vou vender agora? — gritou. — Como vou alimentar a minha filha?

As outras mulheres à volta choravam e suplicavam também, mas já era tarde; os camiões já se tinham deslocado para a rua seguinte. Clarisse carregou o pequeno cesto e regressou a casa lentamente, sob o sol escaldante, as sandálias cobertas de pó e o coração pesado. Tudo o que pensava era como dar a má notícia à filha Leila.

Ao virar a esquina para a casa, parou, chocada. Leila estava já de pé, chorando. Os sacos e alguns pertences estavam espalhados diante do portão. O proprietário, um homem alto e barrigudo, estava lá com um sorriso cruel.

— Dona Clarisse — disse ele — avisei-vos! Não pagaram renda há seis meses. Estou farto das vossas desculpas. Vocês e a filha têm de sair agora.

Clarisse abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Deixou cair o cesto e correu para a filha:

— Leila, estás bem?

— Mãe, eles atiraram tudo para fora. Supliquei, mas recusaram esperar por ti.

Clarisse virou-se para o proprietário:

— Dê-me algum tempo, por favor! Acabei de perder a barraca esta manhã. Nem sei para onde ir…

O homem virou-se e disse:

— Já tenho novos inquilinos. Não faço caridade. Durmam na rua se quiserem.

Entrou e fechou o portão. Clarisse e Leila sentaram-se ao lado dos sacos. O sol começava a pôr-se. Alguns olhavam, outros murmuravam, mas ninguém ajudava. Clarisse abraçou a filha:

— Desculpa, minha criança… tentei mesmo…

Leila pousou a cabeça no ombro da mãe:

— Eu sei, mãe. És a melhor mãe do mundo. Deus nos ajudará.

Clarisse olhou para o céu, murmurando:

— Senhor, não me arrependo de ter ajudado aquele rapaz. Se tivesse de escolher de novo, dar-lhe-ia o meu último franco. Peço apenas um milagre.

Naquela noite, dormiram ao relento, no chão frio, ao lado dos sacos, sem comida, sem teto, sem luz. Mas Clarisse manteve-se firme, com fé no coração.

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