A GO DE YOPOUGON QUE AMAVA DEMAIS O DINHEIRO: EIS COMO ELA PERDEU TUDO
Bem-vindo ao Som de Vida. Yopougon é o bairro que nunca dorme. O cruzamento onde dançamos até o amanhecer e onde se sente o perfume delicioso do porco assado em cada esquina. É a cidade da alegria, o coração popular de Abidjan. Mas para Aïcha, a caçula, Yopougon tinha se tornado uma jaula.
Aos 20 anos, ela olhava para além dos telhados de zinco e dos bares animados. Via o horizonte — e esse horizonte era pavimentado de ouro. Aïcha era uma go cuja ambição era mais forte que a razão. Era sedenta de luxo: marcas, dinheiro sem fim, o som das chaves de carros de luxo e o telefone mais novo com fotos perfeitas.
Cansou-se da vida pequena. Repetia sempre: “Para a minha vida ser bonita, meu homem tem que ser rico.” Numa noite de sábado, deixou para trás o cheiro de carvão e os avisos discretos da irmã mais velha. Vestiu-se como para um casamento e seguiu rumo à Zona 4, o bairro onde os milionários desfilavam.

O destino dela era o Silencio — a boate dos grandes do país, onde o champanhe corre mais que água. Aïcha nunca tinha ido lá, mas sabia que encontraria ali o “jaï” que procurava. Entrou jogando o papel de mulher misteriosa. Não demorou para avistá-lo.
Didier estava no camarote VIP mais escuro e vigiado. Não procurava a luz, mas todos sabiam que ele era a luz. Não dançava; observava, com um copo na mão. Não era bonito nem do tipo dos sonhos de juventude dela: era grande, pesado, e o rosto carecia de calor.
Não era o tipo dela, mas sua aura de poder era palpável. Quando levantou a mão, todo o clube pareceu parar. Um garçom veloz trouxe uma taça de champanhe luxuosa — algo que Aïcha nunca ousaria pedir. “O senhor Didier oferece isto e gostaria de conversar com a rainha em seu reino”, sussurrou o empregado.
Aïcha olhou para o homem que ela não amava, mas cujos meios amava profundamente. Sorriu. Era a primeira vez que trocava o porto de Yopougon por champanhe gelado — e ela adorou. Juntou-se a Didier. A conversa foi curta, dominada pela frieza confiante dele.
Ele perguntou o que ela queria da vida. Sem hesitar, ela respondeu: “Tranquilidade.” Didier sorriu com um vinco frio no canto dos lábios. “Tranquilidade se compra, minha querida. E eu compro tranquilidade.” Pegou o telefone, pediu o número Wave de Aïcha e transferiu 5 mil francos diante dela.

A notificação chegou. Uma quantia absurda. Aïcha sentiu o calor subir à cabeça, mais forte que o champanhe. Aceitou as investidas dele porque ele era rico. Passaram bons momentos juntos; Didier ficou excepcionalmente encantador depois do “acordo”. Aproveitou a euforia e fez com que ela bebesse ainda mais.
Aïcha voltou para casa no meio da noite, cambaleando, cheirando a luxo e álcool. A irmã, Assétou, acordou assustada: “Aïcha, onde estavas assim? Olha para ti, estás bêbada! O que está acontecendo?” Mas Aïcha, sorrindo tola, ignorou. Empurrou a irmã e caiu na cama, com os olhos brilhando de avareza satisfeita.
Na manhã seguinte, com dor de cabeça terrível, recebeu mensagem de Didier: “Bom dia, minha sereia, descansa.” Minutos depois, um entregador bateu com um saco cheio de comida e remédios para ressaca, pagos por Didier. Assétou olhou tudo e perguntou: “Quem te deu isso?” Aïcha tomou o suco e sorriu com superioridade: “Calma, encontrei o grande prêmio.”
E ali a história de Aïcha realmente começou. A notificação Wave e a entrega do Yango eram a prova: ela tinha conquistado a lua. No começo da semana, Didier acelerou. Comprou-lhe um carro usado para independência e deu-lhe a chave de um apartamento mobiliado em Cocody — longe de Yopougon, longe da realidade e longe dos olhares da irmã.
Era o início da vida de sonho. Aïcha rapidamente se habituou. Não olhava mais preços: comprava. Tinha até personal shopper. As pessoas a olhavam com respeito e inveja. Postava fotos nas redes, sempre escondendo o rosto de Didier, mas mostrando os presentes. “O trabalho bem feito paga”, escrevia.
Mas havia sombra no luxo. Didier era um mistério. Generoso, mas ausente. Podia dar um presente caríssimo e sumir três dias. Nunca falava de sua profissão; apenas mencionava “negócios pesados”, viagens noturnas e segredos. Tinha um quarto sempre trancado. Não comia nada que ela preparava, só comida de um fornecedor desconhecido. Detestava a cor vermelha.
Aïcha ignorava tudo por medo de perder o conforto. O relacionamento era frio, sem carinho — apenas poder e posse. Ela era o troféu. Aceitava. Vendera o coração pelo conforto — e o conforto exigia silêncio total.
Foi Assétou, a irmã, quem soou o alarme. Visitou-a com rosto sério, ignorando o luxo. “Aïcha, por favor, escuta-me. Tenho sonhado contigo. Esse homem, esse dinheiro… é grande demais. Tenho um mau pressentimento.” Chorou: “Faz atenção. Vi noite, fogo e areia ao redor de vocês.”
Assétou tinha sabedoria ancestral. Sentia que o sucesso de Didier era rápido demais para ser honesto. Aïcha respondeu com dureza: “Tu ficaste na miséria e agora tens inveja. Meu homem trabalha. Para com essas histórias de aldeia.”
Ela havia se tornado outra pessoa — fria e materialista.
Dias depois, Didier ligou: “Meu amor, vamos descansar num fim de semana romântico. Só nós dois, numa villa na praia.” Assétou ainda tentou um último aviso: “Aïcha, não vai à praia, sinto algo ruim.” Mas Aïcha, de óculos de sol de marca, ignorou. Arrumou biquíni, cremes e roupas de noite. E partiu.
A viagem foi silenciosa na Mercedes de Didier. Ele dirigia concentrado. Após uma hora, chegaram a Assini. A villa era magnífica, isolada, com praia privada. Aïcha colocou o biquíni e correu ao mar, celebrando sua vitória sobre a pobreza.
À noite, havia um jantar luxuoso diante do oceano escuro. Didier estava estranhamente atencioso, sem tirar os olhos dela. Encheu-lhe o copo repetidas vezes. Ela ria alto, embriagada pelo luxo.
Quase à meia-noite, tonta, deitou-se num espreguiçador. Quase inconsciente. Didier desligou a música. Um silêncio pesado caiu. Olhou para Aïcha imóvel e murmurou: “Finalmente posso começar o meu plano.”
Para ele, ela era apenas a oferenda necessária para manter sua riqueza. O sacrifício tinha sido planejado. Apanhou uma pá e lona. Arrastou o corpo dela até a praia. Cavou um buraco na areia fria. Jogou-a dentro. Enterrou-a viva. O último gemido dela foi sufocado, tarde demais.
Alisou a areia, apagando vestígios. O mar cuidaria do resto.
Na manhã seguinte, voltou sozinho para Abidjan. Enviou uma mensagem programada no telefone dela: “Voltei por urgência. Volta por teus próprios meios.” Depois jogou o telefone no lixo.
A riqueza dele iria dobrar.
Em Yopougon, Assétou sentia o medo no estômago. A falta de resposta da irmã era insuportável. Investigou por conta própria. Encontrou uma amiga de Aïcha que conhecia Didier muito bem — amigo do irmão dela.
Quando Assétou explicou tudo, a amiga ficou pálida:
“Esse Didier não é empresário. É um sacrificador. Ele sacrifica mulheres para ter dinheiro. Faz pactos para que o dinheiro nunca acabe. Procura garotas amantes de luxo para que não fujam. Enterra ou afoga suas vítimas.”
A verdade atingiu Assétou como um golpe.
Correu para Assini usando suas economias e, com a ajuda de um amigo informático, rastreou o último sinal do telefone da irmã. Na praia, encontrou o bracelete de Aïcha e garrafas de vinho. Chamou a polícia. A equipe começou a cavar.
Logo, um gritou: “Meu Deus, ela está morta!”
Assétou desabou no chão antes mesmo de ver o corpo. Chorou com toda a força da alma.
Meses depois houve o funeral. Didier foi preso — mas, com contatos no governo, saiu discretamente três meses depois e continuou sua vida satânica.
Minha irmã, todos gostamos de luxo, mas é preciso saber se controlar diante do dinheiro, senão pagamos caro.
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