SINHÁ BUSCOU NOS ESCRAVOS O QUE O CORONEL NEGOU: A FOME DELA NUNCA TEVE FIM ATÉ QUE ELA VIU O…

Existe uma história que o tempo tentou apagar, mas que ainda ecoa nas paredes de uma fazenda esquecida no interior do Brasil colonial. Uma história de desejo proibido, de poder que corrói a alma, de corpos acorrentados que encontraram liberdade justamente onde ninguém imaginaria, e de uma mulher da elite que quebrou todas as regras da época, porque dentro dela havia um vazio que nem toda a riqueza do mundo conseguia preencher.

Esta é a história de dona Carlota Vieira. Assim, a mais temida e desejada da região, a esposa do coronel Eusébio Mendes e do casal de escravizados Dandara e Maassu, que se tornaram parte de um segredo tão obscuro que mudaria o destino de todos para sempre.

Prepare seu coração, porque o que você vai ouvir agora atravessa a alma e mexe com verdades que a história oficial nunca contou. Uma história sobre fome, sobre solidão, sobre como o poder absoluto pode criar monstros, mesmo em corações que um dia foram puros. e sobre como o amor verdadeiro pode existir até nos lugares mais improváveis e terríveis.

No ano de 1847, a fazenda Santa Cruz erguia-se imponente entre os morros do Vale do Paraíba. As plantações de café se estendiam até onde a vista alcançava. Quilômetros e mais quilômetros de terra fértil, manchada pelo sangue e suor de centenas de almas acorrentadas. O cheiro de terra molhada se misturava com o aroma dos grãos, secando ao sol, com o cheiro de fumaça das fornalhas, com o odor de corpos suados trabalhando sob o calor impiedoso.

As cenzalas ficavam nos fundos, construções de madeira e barro, onde a humanidade era espremida em cubículos apertados, longe da casa grande, mas não longe o suficiente para que os gritos e gemidos da noite não alcançassem os ouvidos de quem sabia escutar. A casa grande era uma construção majestosa.

Paredes brancas, janelas largas com venezianas de madeira, móveis importados da Europa, cristais que brilhavam à luz das velas, tapetes persas, quadros com retratos de antepassados sérios e carrancudos. Tudo ali gritava riqueza, poder, domínio absoluto sobre vidas e destinos. Mas dentro daquelas paredes luxuosas havia um silêncio pesado, um vazio que nenhum objeto caro conseguia preencher.

Dona Carlota Vieira tinha 28 anos quando esta história começou. Casada há 10 anos com o coronel Eusébio Mendes, um homem de 53 anos, duro como pedra, frio como a morte, que tratava a esposa como mais uma propriedade entre suas terras e seus escravizados.

Carlota era linda, pele clara como porcelana, cabelos negros que caíam em cascata pelas costas até a cintura, olhos verdes que pareciam guardar tempestades, lábios carnudos que raramente sorriam, corpo de curvas pronunciadas que os vestidos de cetim e renda destacavam. Mas por trás da beleza havia uma solidão que corroía, uma fome que não era de comida, uma sede que não era de água.

Era algo mais profundo, mais primitivo, mais perigoso. Era a fome de quem nunca foi vista como pessoa, apenas como objeto decorativo, como símbolo de status, como ventre para produzir herdeiros que nunca vinham. 10 anos de casamento e nenhuma gravidez. 10 anos de olhares acusadores, de sussurros nas missas, de parentes do coronel insinuando que ela era estéril, que era defeituosa, que talvez ele devesse procurar outra esposa, mais jovem, mais fértil, mais útil.

Se essa história já começou a te tocar por dentro, deixa teu like aqui e me conta nos comentários o que você está sentindo, porque isso ajuda essas memórias esquecidas a continuarem vivas e alcançarem mais corações que precisam conhecer essa verdade. Cada curtida é uma forma de honrar essas vidas que foram apagadas.

Cada comentário é um grito contra o esquecimento. Foi numa tarde de janeiro que Carlota viu pela primeira vez o casal que mudaria tudo. O sol estava no ponto mais alto. O calor era sufocante. Ela estava na varanda da casa grande, abanando-se com um leque de marfim, observando o movimento lá embaixo.

Os escravizados trabalhando, carregando sacos de café, transportando água, cuidando da horta. Era quando seu olhar capturou algo diferente. Um casal jovem, novos na fazenda. O coronel os tinha comprado na semana anterior num leilão na cidade. Dandara tinha 22 anos, pele negra que brilhava ao sol como ébano polido, olhos profundos cheios de força silenciosa, corpo forte de quem trabalhou desde criança, mas ainda assim mantinha uma beleza selvagem que chamava a atenção.

Seios fartos que o vestido simples de algodão não conseguia esconder completamente. Quadris largos, cintura definida, pernas musculosas. Mas não era apenas a beleza física, era algo na postura, na forma como ela se move, com dignidade, com força interior, que nenhuma corrente conseguia quebrar completamente.

Mas tinha 25 anos, contra muito alto para os padrões da época. Devia ter quase 1,90 m, músculos definidos pelo trabalho pesado desde menino, ombros largos, peito amplo, braços que pareciam capazes de arrancar árvores do chão, rosto esculpido com traços marcantes, mandíbula forte. Olhos negros intensos, lábios grossos, nariz largo, cabelo crespo cortado, rente ao couro cabeludo.

E entre eles havia algo raro naquele tempo. E naquele lugar havia amor verdadeiro. Eles trabalhavam juntos na horta, plantando, colhendo. E Carlota observava fascinada. via como eles se olhavam com uma clicidade que transcendia as correntes, como se comunicavam apenas com olhares, como às vezes quando pensavam que ninguém via ele tocava de leve a mão dela e ela sorria. Aquele sorriso, aquele pequeno gesto de humanidade em meio ao inferno.

Aquilo mexeu com Carlota de um jeito que ela não conseguia explicar. Não era apenas desejo, embora houvesse desejo. Sim, era inveja, era raiva, era uma vontade desesperada de ter o que eles tinham. de sentir o que eles sentiam, de ser livre como eles eram um com o outro, mesmo sendo escravizados, porque eles tinham amor.

E ela que tinha tudo, tinha liberdade, tinha riqueza, tinha poder, não tinha amor, não tinha ninguém que a olhasse do jeito que Massu olhava para Dandara, com aquela mistura de desejo e ternura, de proteção e paixão, o coronel Eusébio passava semanas viajando entre a fazenda e a capital, negócios, política, reuniões com outros fazendeiros e outras mulheres que ele visitava sem qualquer disfarce.

mulatas livres, escravizadas das fazendas vizinhas, prostitutas das cidades. Ele não escondia porque homens da posição dele não precisavam esconder. Era direito deles, privilégio masculino, enquanto Carlota deveria permanecer casta, pura, devotada, esperando pacientemente na casa grande, bordando, rezando, administrando os escravizados domésticos, sendo uma estátua linda, mas sem vida própria. E foi nessa solidão que o veneno começou a crescer.

Semana após semana, mês após mês, Carlota começou a observar Dandara e Maçu com obsessão crescente. Criava desculpas para estar perto. Mandava chamar Dandara para ajudar com tarefas domésticas. Pedia para Massu fazer pequenos reparos perto da Casa Grande.

E, enquanto eles trabalhavam, ela observava, estudava, imaginava. À noite, quando estava sozinha em seu quarto enorme e vazio, Carlota se pegava fantasiando, imaginando como seria, como seria ser tocada com paixão verdadeira, não com a indiferença mecânica do coronel, que a usava rapidamente nas raras vezes que estava presente, e logo virava de costas para dormir, mas com desejo real, com fome, com necessidade.

Ela imaginava as mãos grandes e calejadas de Massu, imaginava os lábios macios de Dandara e a culpa a consumia, porque aqueles pensamentos eram errados: pecado mortal, blasfêmia contra Deus e contra toda a ordem social. Mas a culpa não era forte o suficiente para matar o desejo. Na verdade, a tornava mais intensa, porque o proibido sempre tem sabor mais forte. E Carlotte estava morrendo de fome há tanto tempo, que nem sabia mais distinguir certo de errado.

Só sabia que precisava de algo. Qualquer coisa que a fizesse sentir viva novamente. Uma noite de tempestade mudou tudo. Era março. O coronel tinha viajado novamente, desta vez para a capital, onde ficaria pelo menos três semanas. A casa grande estava vazia, exceto por Carlota e alguns escravizados domésticos.

A chuva começou no meio da tarde, grossa, pesada, acompanhada de trovões que pareciam rachar o céu. O vento sacudia as janelas. A casa grande gemia sob a força da tempestade e Carlota não conseguia dormir. A inquietação dentro dela era maior que o barulho lá forá. Desceu até a cozinha, os pés descalços gelados no chão de pedra, procurando algo, qualquer coisa que acalmasse a ansiedade.

Foi quando ouviu vozes vindas do depósito ao lado da cozinha. Vozes baixas, sussurros. chegou mais perto. A porta estava entreaberta e ela viu. Dandara e Massu tinham aproveitado a tempestade e a ausência do feitor para ficarem juntos. Só alguns minutos, alguns momentos roubados da vigilância constante. Eles estavam abraçados. Ele beijava o pescoço dela com delicadeza.

Ela tinha os olhos fechados, uma expressão de paz no rosto. As mãos dele envolviam a cintura dela, as mãos dela acariciavam as costas dele. E naquele momento eles não eram escravizados, eram apenas um homem e uma mulher que se amavam. Carlota deveria ter voltado, deveria ter ignorado, deveria ter fingido que não tinha visto nada, mas não conseguiu.

Ficou ali parada na sombra, observando, vendo cada gesto, cada toque, cada beijo e sentindo algo dentro dela se romper. Não foi decisão racional, foi impulso, foi desespero, foi anos de solidão explodindo de uma vez. Ela empurrou a porta completamente. Dandara e Massu separaram imediatamente. O terror estampado nos rostos, porque serem pegos juntos assim significava chicote, significava castigo público, talvez morte. Eles caíram de joelhos, implorando perdão, prometendo que nunca mais aconteceria.

as palavras atropeladas, desesperadas, e Carlota apenas olhava, o coração batendo tão forte que parecia querer sair do peito. E então ela disse algo que os deixou congelados. Disse que não ia puni-los. Disse que entendia. Disse que invejava o que eles tinham. E pediu com voz trêmula, quase inaudível. Pediu para fazer parte.

O silêncio que seguiu foi absoluto, mais pesado que a tempestade lá forá. Dandara e Massu entreolharam sem saber o que fazer, sem saber se aquilo era teste, armadilha, se aá estava esperando que eles recusassem para ter motivo de puni-los ou se aceitassem para acusá-los de sedução. Porque naquela época, naquele lugar, não existia escolha real para pessoas como eles. Tudo era ordem disfarçada. Tudo era poder absoluto de um lado e submissão forçada do outro.

Mas havia algo nos olhos de Carlota que era diferente. Não era luxúria simples, não era capricho de senhora entediada, era desespero genuíno, era solidão tão profunda que tinha transformado ela em algo perigoso para ela mesma, para eles, para todos.

Nos dias seguintes, Carlota começou a chamar Dandara com mais frequência para trabalhar na casa grande. Pequenos serviços que não despertavam suspeita, arrumar flores nos vasos, preparar banhos perfumados, ajudar com os vestidos. pentear os cabelos longos da Shar. E durante esses momentos ela conversava, perguntava sobre a vida de Dandara, sobre como tinha sido capturada na África, sobre a travessia no navio negreiro, sobre como tinha conhecido Massu, sobre o amor deles.

Dandara, no início, respondia com medo, com a cautela de quem sabe que qualquer palavra pode virar chicote. Respostas curtas, monossilábicas, olhos sempre baixos, nunca olhando diretamente para assim. porque isso era insubordinação. Mas aos poucos, sessão após sessão, algo estranho começou a acontecer. Carlota não falava como uma usava tom de comando.

Falava como uma mulher quebrada, como alguém que também sofria de forma diferente, sim, mas sofria. E dandara mesmo com todo o horror que vivia, mesmo sendo propriedade, mesmo não tendo direito nenhum. Conseguiu ver aquilo, conseguiu ver que assim estava presa numa gaiola diferente, mas igualmente cruel, uma gaiola feita de ouro, mas ainda assim gaiola. Foi Carlota quem deu o primeiro passo real.

Numa tarde em que Dandara estava sozinha no quarto da Sha arrumando as roupas nos baús de madeira perfumada, dobrando vestidos de seda e renda. Carlota trancou a porta. O som da tranca sendo girada ecoou no quarto. Dandara congelou. O sangue gelou nas veias porque porta trancada significava segredo e segredo significava perigo.

Carlota chegou perto, tão perto que Dandara conseguia sentir o perfume francês caro que ela usava, lavanda e rosas, e com voz trêmula começou a falar. confessou tudo, a solidão, o vazio, a forma como o coronel a tratava, a inveja que sentia do amor entre Dandara e Maçu, as noites em claro imaginando, desejando.

E então fez a pergunta impensável. pediu para fazer parte daquilo, para participar do amor deles, para sentir o que eles sentiam, mesmo que por momentos roubados, Dandara não sabia o que responder, porque aquilo era loucura, era impossível, era cruzar uma linha que nunca deveria ser cruzada, mas ao mesmo tempo ela não tinha poder para recusar. Sim não pede, senh ordena.

E se ela dissesse não, se recusasse, seria o fim para ela, para Massu, para o pequeno sonho de algum dia conseguirem comprar a liberdade e viver em paz. Então ela fez a única coisa que podia fazer. concordou, mas com uma condição. Pediu que estivesse junto, porque se ela ia cometer aquele pecado, se ela ia cruzar aquela linha impossível, precisava que o homem que amava estivesse ali, precisava que eles continuassem unidos mesmo naquele horror. E Carlota aceitou, aceitou sem hesitar, porque no fundo era exatamente

isso que ela queria. Não era apenas corpo, não era apenas prazer físico, era a conexão, era a intimidade verdadeira, era participar de algo real, mesmo que por caminhos tortos e errados. Se você está aí sentindo cada palavra dessa história, deixa você like e comenta o que tá passando no teu coração agora, porque essas histórias precisam ser lembradas para que nunca mais se repitam, para que nunca mais existam correntes, nunca mais existam gaiolas, seja de ferro ou de ouro. E então começou a primeira noite foi na semana seguinte. Carlota mandou todos os

escravizados domésticos dormirem nas cenzalas. disse que queria silêncio absoluto, que estava com dor de cabeça, que não queria ser incomodada. Quando a casa grande ficou vazia, ela mandou chamar Dandara e Massu separadamente para não levantar suspeita.

Eles chegaram com o coração disparado, subindo as escadas que levavam aos quartos. Escadas que escravizados só subiam para limpar, para servir, nunca para estar ali como iguais. Carlota os esperava no quarto dela, ainda vestida com o vestido de noite, mas descalça, os cabelos soltos e, pela primeira vez desde que se conheceram, ela não estava numa posição de poder. Estava vulnerável, tremendo, assustada com o que estava prestes a fazer.

O que aconteceu naquela noite não cabe em palavras simples, porque foi errado. Foi completamente errado sobre todos os aspectos, uma há usando seu poder para forçar escravizados a uma situação impossível. Mas ao mesmo tempo foi estranhamente humano, porque entre o errado havia momentos de verdade.

Momentos em que Carlota chorava, não de prazer, mas de alívio, de finalmente ser tocada com cuidado, com atenção. Momentos em que Dandara e Massu esqueciam por segundos que eram escravizados e apenas eram. Momentos em que os três corpos entrelaçados pareciam buscar algo além do físico. Buscavam conexão, calor humano, reconhecimento mútuo de dor e solidão. E isso continuou.

Noite após noite, sempre quando o coronel estava ausente, sempre em segredo absoluto, a casa grande, que deveria ser símbolo de pureza e poder, se tornou o cenário do proibido. Carlota, Dandara, Massu. Três corpos que não deviam se tocar, três almas que não deviam se encontrar, mas que nas sombras da madrugada quebravam todas as regras que aquela sociedade impunha. E o mais perturbador é que com o tempo aquilo deixou de ser apenas encontros físicos.

Eles conversavam. Carlotta contava sobre sua infância solitária, sobre como foi casada aos 18 anos com um homem que nunca amou, sobre como se sentia morta por dentro. Dandara contava sobre sua aldeia na África, sobre o dia em que os traficantes chegaram, sobre a travessia no porão do navio, sobre as amigas que morreram no caminho.

Massu contava sobre ter nascido escravo no Brasil, sobre nunca ter conhecido Liberdade, sobre como conheceu Dandara num leilão e soube imediatamente que ela era especial, que ali, naquele quarto proibido, três pessoas quebradas tentavam se consertar de forma errada, de forma que violava tudo, mas tentavam.

Carlota trazia comida boa, carne, doces, vinho, coisas que escravizados nunca provavam. Dandara ensinava Carlota, canções africanas, músicas que falavam de deuses antigos, de terra distante, de liberdade. Massuia Carlota rir, algo que ela não fazia há anos, com histórias, com observações inteligentes sobre a vida e por algumas horas, algumas poucas horas roubadas da realidade cruel.

Eles não eram siná escravizados, eram apenas três seres humanos. tentando sobreviver, mas a realidade nunca fica longe por muito tempo. Os meses passaram, quatro, cinco, seis. O coronel continuava suas viagens. Dandara e Massu continuavam trabalhando durante o dia sob o sol escaldante, apanhando quando não cumpriam as cotas, vivendo nas cenzalas superlotadas.

E à noite, quando chamados subiam para o quarto da Shahá, e por algumas horas viviam outra vida, uma vida impossível, uma vida que não podia durar. Foi quando Carlota começou a notar mudanças no seu corpo. Os seios ficaram sensíveis, doloridos, náuseas pela manhã. Tontura, a menstruação não veio. Uma semana, duas, três e ela soube. Estava grávida. O pânico tomou conta absoluto, terrível, porque ela não sabia de quem era aquela criança, do coronel que mal a tocava, que nas raras vezes que cumpria seus deveres conjugais, o fazia rapidamente, mecanicamente, sem qualquer paixão, ou

de maçu, cujo corpo forte e pele escura tinham estado com ela dezenas de vezes nas últimas semanas e meses. A dúvida era uma tortura. Carlota passava horas olhando no espelho, tocando a barriga ainda plana, tentando calcular dados, mas as datas não ajudavam, porque o coronel tinha estado presente havia três meses, uma visita rápida.

E Massu? Massu tinha estado com ela na mesma época. Então era impossível saber, impossível ter certeza. E o medo era ainda pior que a dúvida. Porque se o coronel descobrisse, se qualquer pessoa descobrisse a verdade, não seria apenas Carlota que pagaria. Dandara e Massu seriam mortos de forma lenta, pública, modelo, para servir de aviso, para mostrar o que acontecia com escravizados, que ousavam tocar em mulheres brancas, em cinhas, em propriedade sagrada dos senhores. Carlota tentou esconder.

Usou vestidos mais largos, com mais camadas, evitou aparecer muito em público. Inventou doenças imaginárias para justificar ficar na casa grande. Mas a barriga crescia lenta, mas inexoravelmente, e com ela crescia o terror. À noite, ela acordava suando frio, com pesadelos de descoberta, de chicotes, de sangue. Via Dandara sendo marcada com ferro quente.

Via Massu sendo enforcado. E sabia que seria culpa dela, toda a culpa dela, porque tinha sido ela. Ela quem tinha começado tudo, ela quem tinha usado seu poder para satisfazer uma solidão egoísta. E agora todos pagariam o preço. Dandara e Massu sabiam. Viam o desespero crescente nos olhos da Sha.

Viam como ela tocava a barriga com medo e culpa. E mesmo sendo vítimas daquela situação, mesmo sendo os escravizados naquela história toda, eles sentiram pena porque entendiam. Entendiam que no fim todos eram prisioneiros de formas diferentes, mas igualmente cruel. Carlota era prisioneira do casamento, das expectativas sociais, do papel que tinha que representar.

Eles eram prisioneiros das correntes literais, da falta de escolha, do poder absoluto que outros tinham sobre suas vidas. E aquela criança, aquela criança que crescia no ventre de Carlota, era prisioneira antes mesmo de nascer, condenada a viver numa mentira, a nunca saber a verdade, a carregar segredos que não escolheu. O coronel Eusébio finalmente voltou.

Era início de setembro, s meses desde o início de tudo. Ele chegou de carruagem, mais carrancudo que nunca. A viagem tinha sido difícil. Negócios ruins, dívidas crescentes, o preço do café caindo e ele estava de mau humor, pior que o normal.

Desceu da carruagem gritando ordens, batendo nos escravizados que não se moviam rápido o suficiente. Entrou na casa grande, exigindo comida, vinho e sua esposa. Carlota desceu as escadas lentamente, o coração batendo descompassado. Tinha passado dias planejando esse momento. Como se posicionaria? Como esconderia a barriga? como agiria, mas quando o viu ali real, presente, todo o planejamento fugiu da mente.

O coronel a olhou de cima a baixo, com aquele olhar frio e calculista, notou o vestido diferente, mais largo, as formas mais cheias, e franziu o senho. Perguntou se ela estava bem, se tinha engordado. Carlota forçou um sorriso. Disse que estava ótima, que tinha comido mais nos últimos meses, que o tédio da solidão fazia isso. E ele aceitou por enquanto. Naquela noite, ele exigiu que ela cumprisse seus deveres de esposa.

Foi rápido, como sempre, sem carinho, sem calor, apenas função biológica. E quando terminou, ele virou de costas e dormiu. Mas antes de dormir completamente, ele tocou a barriga de Carlota. Sentiu algo diferente, mais duro, mais proeminente, e seus olhos se abriram.

Olhou para ela no escuro e perguntou: “Carlota, você está grávida?” Não foi pergunta, foi afirmação. E Carlota não conseguiu mentir, apenas assentiu com a cabeça. Sim, estou. O coronel se sentou na cama, acendeu a vela do criado mudo e estudou o rosto da esposa, calculando quando, há quanto tempo.

Carlota tentou pensar rápido, disse que estava de 4 meses, talvez cinco, que tinha descoberto há pouco, que não tinha certeza no início. O coronel contou nos dedos. 4 meses, 5 meses. Ele tinha estado lá há três meses. Então, a conta poderia fechar. Poderia, mas havia algo no olhar de Carlota. Algo que não estava certo. Medo demais, nervosismo demais, mais do que uma gravidez normal justificaria. Mas o coronel estava cansado e bêbado.

E a ideia de finalmente ter um herdeiro, de finalmente provar que não era ele o problema, que era ela que tinha sido estéril todos esses anos, essa ideia era boa demais para questionar. Então ele aceitou, comemorou, mandou trazer mais vinho, acordou os escravizados domésticos para preparar festa e Carlota respirou temporariamente aliviada, mas sabendo que aquilo não tinha acabado, que a bomba ainda estava lá, apenas esperando o momento de explodir.

As semanas passaram, a barriga cresceu, ficou impossível esconder e com ela vieram os olhares como fofocas. Porque naquela sociedade, naquele tempo, gravidez era assunto público. Todos tinham opinião. Todas as mulheres da região visitavam, traziam conselhos, compartilhavam histórias e olhavam, sempre olhavam, medindo, calculando, tentando adivinhar a data. E algumas, as mais velhas, as mais experientes, começaram a sussurrar.

Porque a barriga parecia grande demais, porque a conta não fechava direito, porque havia algo estranho. Foi a escravizada Felismina, uma mulher idosa que trabalhava na Casagrande há décadas, que tinha sido parteira, que tinha visto centenas de nascimentos. Foi ela que em primeiro suspeita via como Carlota evitava certas conversas, como mudava de assunto quando perguntavam detalhes sobre a concepção, como seus olhos buscavam sempre que ele passava perto. Pequenos gestos imperceptíveis para a maioria, mas não para alguém que sabia ler pessoas.

Felismina não disse nada ainda, mas guardou a informação, porque a informação era poder mesmo para uma escravizada, especialmente para uma escravizada. O bebê nasceu em fevereiro. Parto difícil, doloroso. Carlota gritou por horas. O sangue manchou os lençóis brancos de linho. A parteira trabalhou suando, rezando: “Porque senhor não perdoava parteira se algo acontecesse com a criança? Finalmente, depois de uma noite inteira de trabalho, o bebê saiu primeiro a cabeça, depois os ombros, depois o corpo completo, pequeno,

frágil, coberto de sangue e vérnx, e chorando, aquele choro forte que indicava vida, saúde, futuro. A parte limpou o bebê, cortou o cordão e quando foi entregar para Carlota, ela hesitou apenas por um segundo, mas hesitou porque viu, viu o que todos veriam. O bebê menino, mas sua pele, sua pele não era tão clara quanto deveria. Tinha um tom mais escuro, mais olivaciilo.

O cabelo não era liso, era ondulado, quase crespo. Os lábios eram mais cheios, o nariz mais largo. E os olhos? Os olhos eram escuros, muito escuros. Não o verde de Carlota. Não o azul desbotado do coronel, mas castanho profundo, quase preto. O coronel entrou no quarto, ansioso para ver o filho, o herdeiro, a prova de sua virilidade, pegou o bebê dos braços da parteira, olhou e seu rosto mudou. Não foi raiva imediata, foi confusão. Estudou cada detalhe.

Compare mentalmente. E então a confusão virou suspeita. A suspeita virou certeza. E a certeza virou algo muito pior. Ódio frio. Calculado. Ele devolveu o bebê para Carlota. não disse nada, apenas olhou com aquele olhar que prometia destruição e saiu do quarto. Os dias seguintes foram tensos. O coronel não voltou ao quarto, não quis ver o bebê, não falou com Carlota, mas ela sabia.

Sabia que ele estava pensando, planejando, investigando. Foi quando Felismina foi chamada. O coronel queria conversar em particular. E Felismina sabia o que isso significava. significava que ele queria informação e que ela teria que escolher proteger a Simá e arriscar sua própria vida ou contar a verdade e garantir sua sobrevivência.

Não foi escolha difícil, porque escravizados aprendem cedo que lealdade é luxo, que sobrevivência vem primeiro, sempre. Felizmina contou, contou o que tinha visto nos últimos meses, os movimentos estranhos. Dandara e Massu subindo para a Casagrande à noite, a forma como assim a olhava para eles, os sussurros, as portas trancadas. Não disse que tinha certeza, porque não tinha visto com os próprios olhos, mas plantou as sementes.

E o coronel, homem inteligente, homem que conhecia bem o mundo e suas perversões, juntou as peças, entendeu? Sua esposa, sua propriedade mais valiosa, tinha se deitado com escravizados, tinha traído não apenas o marido, mas toda a ordem social, todo o sistema, e estava grávida daquele pecado, daquela abominação. A explosão veio três dias depois.

O coronel convocou todos os escravizados da fazenda, mais de 200 para o pátio central. Era demonstração de poder. Lembrete de quem mandava. Dandara e Massu foram arrastados para o centro, amarrados, nus da cintura para cima, enquanto o coronel gritava: “Vociferava sobre traição, sobre corrupção, sobre como aqueles dois demônios tinham seduzido sua esposa inocente, como tinham usado feitiçaria, macumba, para controlar a mente dela, para fazer ela pecar. Era mentira.

Todos sabiam que era mentira, mas mentira conveniente, que protegia a reputação do coronel, que transformava a esposa em vítima e os escravizados em culpados. O chicote caiu uma vez, duas, 10, 20, 50. As costas de Massuam em feridas que pareciam bocas gritando sangue. A pele rasgou, a carne expôs, o osso apareceu em alguns pontos.

Ele gritou, não quis gritar, tentou ser forte, mas o corpo humano tem limites, a dor era além de qualquer limite. Dandara assistia, também amarrada, também esperando sua vez, e chorava não pela dor que viria, mas pelo homem que amava sendo destruído, pelo filho que talvez estivesse dentro dela sendo ameaçado, pelo futuro impossível que tinham sonhado uma vez.

Carlota assistia da janela do quarto, pálida, destruída, o bebê nos braços, porque ela sabia, sabia que a mentira do marido era conveniente, que ele estava invertendo a história. Mas protestar significava admitir, que admitir significava morte para ela, para o bebê, e morte pior para Dandara e Maassu. Então ela ficou em silêncio, covarde, assistindo enquanto duas pessoas pagavam por seus erros.

Mas antes que a morte chegasse, antes que o chicote matasse como era a intenção, padre Estevão apareceu montado em cavalo, vindo da cidade vizinha, tinha ouvido os gritos da estrada e quando viu a cena, viu o sangue, viu a crueldade, exigiu que parasse.

O coronel tentou argumentar, disse que estava punindo criminosos, que estava dentro de seu direito, mas padre tinha poder, tinha voz da igreja e naquele tempo, naquele lugar, nem coronel podia ignorar completamente isso. O padre exigiu explicações, detalhes e na confusão, na tensão. Alguém deixou escapar que a Simá estava grávida, que o bebê tinha nascido, que havia dúvidas sobre paternidade e que tudo era mais complicado do que parecia. O escândalo não ficou contido, era impossível.

Fofoca viaja mais rápido que vento. E em dias toda a região sabia, uma se envolvendo com escravizados. Não um, mais dois. Hum. Casal. Era impensável. era contra toda ordem, contra toda a moral, contra tudo que aquela sociedade pregava.

O padre tentou mediar, sugeriu silêncio, descrição, que o bebê fosse assumido pelo coronel, que Dandara e Massu fossem vendidos para longe e que tudo fosse esquecido, enterrado. Mas o coronel tinha orgulho ferido, tinha reputação manchada e não aceitava. Dandara e Maassu foram vendidos, mas não juntos, porque separar era parte da punição. Dandara foi vendida para a fazenda no norte, Bahia, Maçu para o sul, Rio Grande.

Milhares de quilômetros entre eles nunca mais se viram, nunca mais se tocaram, nunca mais se falaram. O amor que tinham, a única coisa verdadeira em suas vidas foi arrancado, partido, destruído. E eles continuaram vivendo porque não tinham escolha. Escravizados, não têm o luxo de morrer quando querem. tem que continuar carregar a dor, trabalhar até o corpo desistir e então morrer sozinhos sem consolo, sem memória.

O bebê foi criado na Casa Grande. O coronel oficialmente o reconheceu como filho, porque a alternativa era admitir publicamente a traição e isso ele não faria. Mas o menino, batizado como Joaquim, cresceu sabendo que algo estava errado, que não era amado pelo pai, que havia segredo, que sua existência era fonte de vergonha. Carlota tentou compensar.

Amou o filho com intensidade desesperada, mas era amor misturado com culpa, com remorço, com lembrança constante do que tinha feito, do preço que outros tinham pagado. Cada vez que olhava para Joaquim, via Dandara, via Massu, via o amor que eles tinham. E a criança inocente que nasceu daquele caos, Carlota nunca se recuperou. Vivia como fantasma, falava pouco, sorria nunca, evitava contato social.

Quando forçada a aparecer em eventos, mantinha a máscara perfeita de dama da sociedade, mas dentro estava morta. Passava horas olhando pela janela, como se esperasse ver Dandara e Maçu voltarem. Como se o tempo pudesse voltar, como se pudesse consertar tudo.

Ela tentou encontrá-los, mandou cartas, pagou informantes, mas era impossível. O sistema de escravidão era feito para separar, para quebrar conexões, para fazer pessoas desaparecerem sem rastro. O coronel morreu quando Joaquim tinha 15 anos. Ataque do coração, ou talvez fígado destruído pela bebida, ou simplesmente amargura acumulada.

Carlota não chorou, não fingiu chorar, apenas organizou o funeral, vestiu luto e continuou existindo. Joaquim cresceu forte, inteligente, bonito, de forma incomum. Tinha os olhos verdes da mãe, mas traços que não vinham dela e conforme crescia, as perguntas aumentavam. perguntas sobre si mesmo, sobre sua origem, sobre os sussurros que ouvia quando pensavam que não estava ouvindo.

Carlota finalmente contou. Quando ele tinha 18 anos, contou tudo. A solidão, a traição, Dandara e Massu, o amor deles, o erro dela, o preço que todos pagaram. Joaquim ouviu em silêncio, processou e então fez algo surpreendente. Não julgou, não odiou, apenas entendeu.

Entendeu que sua mãe era humana, falha, quebrada, e que suas escolhas, por piores que fossem, vinham de dor real, de necessidade real, de desespero real. Joaquim herdou a fazenda e numa decisão que chocou toda a região, libertou todos os escravizados. Anos antes da lei Áurea pagou indenização aos que quiseram ir embora. Ofereceu terra e salário aos que quiseram ficar. transformou a fazenda num modelo diferente, mais justo, mais humano.

Dizem que era por bondade, por consciência social, mas aqueles que conheciam a história sabiam melhor. Era porque ele carregava no sangue memória de dois escravizados que amaram verdadeiramente, que foram vítimas de um sistema cruel e de uma mulher ainda mais cruel em seu desespero. Carlota morreu aos 48 anos.

O corpo simplesmente desistiu. Cansou de carregar culpa, cansou de viver com fantasmas. Suas últimas palavras foram dois nomes, Dandara, Massu, ditos com voz fraca, com último suspiro, como se mesmo na morte esperasse vê-los, como se acreditasse que além da vida poderia pedir perdão. Como se existisse lugar onde não houvesse correntes, nem hierarquias, nem pecados, apenas humanidade e perdão.

Dandara morreu aos 40 anos em fazenda na Bahia, de febre, sozinha. nunca soube o que aconteceu com Massu depois da separação. Passou o resto da vida trabalhando, sobrevivendo, mas nunca vivendo de verdade, porque parte dela morreu no dia em que foi separada do único homem que amou. Massu morreu aos 52, sem Rio Grande, caiu de cavalo.

Nunca soube sobre Joaquim, sobre a criança que talvez fosse sua. Morreu pensando em Dandara. Dizem que suas últimas palavras foram em língua africana que ninguém mais entendia. Palavras que significavam saudade, amor e esperança de reencontro em outro mundo. Esta história não tem heróis, não tem final feliz, tem apenas pessoas quebradas por sistema cruel demais.

Carlotta foi vítima da solidão imposta pela sociedade patriarcal, mas também foi ao góz. Usou poder para satisfazer necessidade egoísta sem pensar nas consequências. Dandara e Massu foram vítimas absolutas. Não tiveram escolha, não tiveram poder, apenas sofreram por amar, por existir, por estar no lugar errado, quando a solitária decidiu quebrar regras.

E Joaquim, Joaquim viveu carregando peso de história que não escolheu, de sangue misturado que a sociedade odiava, de segredo que todos conheciam, mas ninguém admitia. O que resta é memória, dor. Lembr-te de que preço da liberdade negada, do amor proibido, da solidão disfarçada de poder, é sempre alto demais, pago por todos, mas especialmente pelos mais fracos, pelos sem voz, pelos que a história oficial nunca registrou.

E se essa história falou com teu coração, se inscreve no canal e ativa o sininho, porque tem muito mais memórias que precisam ser contadas, histórias que dóem, que incomodam, mas que precisam ser lembradas. Compartilha com alguém que precisa conhecer essas verdades que a história oficial escondeu.

Segue nas redes sociais porque lá tem mais conteúdo sobre essas histórias esquecidas. E me conta aqui nos comentários de qual cidade e estado você está me ouvindo, de onde você vem, qual sua história, porque quero conhecer cada canto desse Brasil imenso que ainda guarda essas memórias nas paredes velhas, nas terras manchadas de sangue e nos corações que se recusam a esquecer.

Porque esqueceria trair todos que sofreram, seria permitir que se repita. E isso, isso não podemos permitir nunca mais.

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