O domingo amanheceu diferente. Antes mesmo do sol ganhar força, já se ouviam passos apressados, vozes firmes e o barulho metálico de grades sendo montadas. O país acordou em estado de alerta para o que ficaria conhecido como o Domingão da Pressão, um dia em que o povo decidiu ocupar as ruas para protestar contra a possibilidade de penas menores ao Bozo e para exigir respostas imediatas diante de mais um capítulo controverso da política nacional: a suposta “renúncia” de Zambelli, apontada por juristas como ilegal desde a primeira linha.
Em São Paulo, a Avenida Paulista virou um corredor humano. Famílias, trabalhadores, estudantes e aposentados se misturavam sob bandeiras do Brasil, faixas improvisadas e cartazes escritos à mão. “Sem anistia”, “Justiça não se negocia” e “Lei vale para todos” eram algumas das mensagens mais repetidas. O clima não era de festa; era de cobrança. A cada grito entoado em coro, sentia-se que havia algo maior do que um protesto comum: havia a sensação de que aquele domingo seria decisivo.
No Rio de Janeiro, a Cinelândia ficou pequena. Lideranças de movimentos sociais subiram em carros de som e lembraram episódios recentes que ainda ardem na memória coletiva. Discursos se alternavam entre indignação e apelos à legalidade. “Penas menores não são justiça, são privilégio”, dizia uma professora aposentada, com a voz trêmula, enquanto segurava um cartaz com fotos de episódios que, segundo ela, “não podem ser esquecidos”. A multidão respondia com aplausos e vaias, dependendo do alvo citado.
Brasília, como era de se esperar, concentrou a tensão máxima. Grades reforçadas, policiamento ostensivo e helicópteros sobrevoando a Esplanada dos Ministérios davam o tom do dia. Mesmo assim, manifestantes conseguiram se aproximar do Congresso, transformando o gramado em um mar de gente. Ali, o debate ganhou contornos ainda mais sérios, pois a pauta principal não era apenas simbólica: tratava-se de decisões judiciais e políticas que podem redefinir os limites da responsabilidade penal no país.

O centro da revolta popular era a discussão sobre penas menores ao Bozo. Para muitos manifestantes, a simples possibilidade de abrandamento soava como afronta. Advogados presentes explicavam, em linguagem acessível, que a lei prevê critérios claros e que flexibilizações sem base sólida criam precedentes perigosos. “Hoje é ele, amanhã pode ser qualquer um com poder suficiente”, alertava um jovem jurista, cercado por curiosos que gravavam tudo com o celular.
Enquanto as ruas ferviam, uma notícia caiu como gasolina no fogo: Zambelli teria anunciado uma “renúncia”. Em poucos minutos, redes sociais explodiram. Mas a euforia inicial deu lugar à desconfiança quando especialistas começaram a apontar falhas graves no ato. Segundo análises preliminares, o procedimento não respeitaria requisitos legais básicos, levantando a hipótese de nulidade. “Renúncia não é postagem em rede social, nem manobra política”, escreveu um constitucionalista famoso, cujo comentário viralizou.
Nos bastidores de Brasília, assessores corriam. Parlamentares evitavam entrevistas longas e repetiam frases ensaiadas. Alguns tentavam minimizar o impacto, outros atacavam os protestos, chamando-os de exagerados. A resposta veio rápida das ruas: vaias, palavras de ordem e novos cartazes, agora mencionando diretamente a “renúncia ilegal”. O povo parecia decidido a não aceitar explicações vagas.
Histórias pessoais davam rosto à multidão. Maria Lúcia, enfermeira de 42 anos, viajou a noite inteira do interior de Minas para estar ali. “Eu não sou de partido nenhum”, disse. “Sou de justiça. Quando vejo tentativa de aliviar pena e renúncia mal explicada, eu venho pra rua.” Ao lado dela, João Pedro, estudante de direito, distribuía panfletos com trechos da Constituição. “Informação é nossa arma”, repetia.
À medida que a tarde avançava, o clima oscilava entre tensão e catarse. Em algumas cidades, pequenos confrontos verbais surgiram, rapidamente contidos por organizadores do ato. A orientação era clara: protesto pacífico, mensagem firme. Mesmo assim, a pressão era palpável. Cada buzina, cada sirene distante, parecia amplificar a sensação de que algo poderia mudar a qualquer momento.

Analistas políticos começaram a chamar o dia de divisor de águas. Em programas especiais, comentavam que a combinação de protestos massivos contra penas menores e a polêmica da renúncia colocava o sistema sob teste. “A democracia se mede na capacidade de ouvir as ruas e respeitar a lei”, disse um comentarista. “Hoje, as ruas falaram alto.”
No início da noite, líderes dos atos divulgaram uma carta aberta. O documento exigia transparência total sobre qualquer decisão envolvendo o Bozo, rejeitava penas menores sem fundamentação sólida e cobrava esclarecimentos imediatos sobre a situação de Zambelli. A carta foi lida em coro em várias capitais, arrancando aplausos emocionados. Muitos choravam; outros filmavam, conscientes de que estavam registrando um momento histórico.
Dentro dos prédios oficiais, o silêncio era ensurdecedor. Nenhum pronunciamento definitivo, nenhuma explicação clara. Apenas notas frias e promessas de “análise”. Para quem estava na rua, isso soava insuficiente. “Chega de empurrar com a barriga”, gritava a multidão. O Domingão da Pressão não terminaria ali; ele deixaria marcas.
Quando a noite caiu, as pessoas começaram a se dispersar lentamente, exaustas, mas com a sensação de dever cumprido. Nas redes, imagens do dia dominavam os feeds: drones mostrando multidões, close-ups de cartazes, vídeos de discursos inflamados. A narrativa já estava formada: o povo foi às ruas para dizer basta.
O que vem depois ainda é incerto. Juristas prometem aprofundar a análise da “renúncia” e possíveis consequências legais. O debate sobre penas menores seguirá intenso, agora sob os holofotes de uma população vigilante. Uma coisa, porém, ficou clara neste Domingão da Pressão: quando a justiça parece ameaçada, o povo brasileiro sabe se levantar.
E, como repetiam muitos cartazes ao final do dia, “a história está sendo escrita agora”. Quem quiser entender cada detalhe, cada bastidor e cada impacto desse domingo que parou o país, precisa acompanhar os próximos capítulos. Porque a pressão começou — e não dá sinais de que vai diminuir tão cedo.