ila tinha apenas quatro meses de idade — um bebê que estava começando a interagir com o mundo com sorrisos doces e um olhar de admiração — quando seus pais ouviram as palavras que nenhuma família deveria jamais ter que ouvir:

Leucemia mieloide aguda.
Numa idade em que a maioria dos bebês mal está aprendendo a segurar os dedos dos pais, Aila estava começando uma luta pela sua vida.
O diagnóstico dela foi devastador e raro. A leucemia mieloide aguda (LMA) é um câncer agressivo no sangue, mais comum em adultos do que em bebês. Para os pais de Aila, a realidade era quase inconcebível. Sua filhinha, que deveria estar rodeada de canções de ninar, tapetes de atividades e seus primeiros brinquedos, estava, em vez disso, cercada por soro intravenoso, monitores e o zumbido incessante das máquinas do hospital.
A partir daquele momento, suas vidas passaram a ser regidas por protocolos de tratamento, termos médicos que nunca quiseram aprender e um futuro envolto em incertezas.
Aila passou seis longos meses no hospital, submetendo-se a altas doses de quimioterapia. O tratamento exaustivo visava erradicar as células cancerígenas do sangue e da medula óssea, mas teve um preço: seu sistema imunológico, já frágil, ficou devastado. Cada infecção, cada febre, o menor sinal de doença se tornava uma potencial emergência.
Antes de completar um ano, Aila passou por cerca de quarenta transfusões de sangue. Cada transfusão salvou sua vida, dando-lhe a força necessária para continuar vivendo. Seus pais, então, desenvolveram uma perspectiva completamente nova sobre os doadores de sangue: estranhos que, sem nunca terem conhecido sua filha, a mantinham viva.
Os meses passados no hospital foram marcados não apenas pelos tratamentos, mas também por complicações terríveis. Tão jovem, Aila contraiu septicemia, uma infecção potencialmente fatal que testou severamente a equipe médica e deixou seus pais implorando por um milagre. Ver seu pequeno corpo lutar contra essa batalha foi agonizante para sua família. No entanto, contra todas as probabilidades, Aila resistiu.
Durante aqueles dias e noites intermináveis, os pais de Aila se apegaram às pequenas alegrias. Celebraram cada conquista, mesmo quando acontecia nos lugares mais inesperados. Sua mãe, Roisin, lembra com um orgulho agridoce momentos importantes do desenvolvimento da filha — como os primeiros passos de Aila — dados nos corredores do hospital. Enquanto outros pais contavam como seus bebês deram os primeiros passos na sala de estar, os primeiros passos hesitantes de Aila foram dados dentro das paredes de um quarto de hospital.
Mas esses passos foram essenciais. Eles provaram que Aila não era definida por sua doença. Ela continuou a crescer, a aprender, a viver.
Finalmente, após seis meses, a quimioterapia terminou. Aila estava em remissão. O alívio foi imenso, embora o medo de uma recaída persistisse. Foi, no entanto, uma vitória que sua família valorizou muito.
Hoje, Aila tem três anos. Ela está em remissão há dois anos e meio, uma conquista que antes parecia inatingível. Cada dia é um presente precioso que seus pais valorizam muito. Seu riso preenche a casa. Sua curiosidade, sua alegria de viver e sua energia os lembram constantemente de quão longe eles já chegaram.
No entanto, a sombra do câncer ainda paira, insidiosamente. O trauma dos tratamentos — os longos meses de hospitalização, as inúmeras transfusões, as infecções — permanece gravado na memória de sua família. Tirar férias, passar um tempo juntos longe dos hospitais, parecia quase impossível depois de tudo o que haviam suportado.
Foi então que a Lennox, uma instituição de caridade para crianças com câncer, entrou em cena. Graças ao apoio deles, a família de Aila pôde viajar junta, criando memórias preciosas após um período tão longo e doloroso. Pela primeira vez em mais de seis meses, os pais de Aila puderam vê-la aproveitando a vida fora dos muros do hospital: brincando, sorrindo e sendo a menininha que sempre fora.
Sua mãe, Roisin, expressou sua gratidão em termos que resumem perfeitamente a jornada delas:
“Obrigada ao Lennox por nos proporcionar férias, que apreciamos muito depois de mais de seis meses no hospital, onde Aila alcançou marcos importantes, como começar a andar.”
Suas palavras são uma mistura de tristeza e esperança. Tristeza ao saber que Aila alcançou seus primeiros marcos importantes em um ambiente tão medicalizado. Esperança ao saber que, apesar de tudo, esses marcos foram alcançados e que hoje Aila continua a crescer, florescer e viver a vida plenamente.
Compartilhar a história de Aila vai muito além do caso de uma única criança. Trata-se de aumentar a conscientização sobre o câncer infantil, especialmente durante o Outubro Rosa. Trata-se de reconhecer a resiliência das crianças que passam por tratamentos muito além da sua idade e a força das famílias que se adaptam a uma realidade inesperada.
Ganhar a medalha de ouro em setembro significa dar visibilidade a essas histórias, para que o mundo entenda que por trás de cada estatística existe uma criança como Aila — uma criança que ri, que tem sonhos e uma família que a ama apaixonadamente.
A luta de Aila contra a leucemia mieloide aguda quase lhe roubou o primeiro ano de vida. Mas isso não diminuiu seu entusiasmo pela vida. Hoje, ela é uma menina cheia de energia, curiosidade e alegria. Sua remissão é uma bênção que sua família celebra todos os dias, embora permaneça vigilante, ciente de que o futuro será sempre incerto.
Para os pais dela, cada riso, cada abraço, cada momento comum é extraordinário. Suas vidas estão para sempre marcadas pelo câncer, mas também pela gratidão: aos médicos que a trataram, aos doadores que salvaram sua vida, a organizações como a Lennox que lhes permitiram redescobrir momentos preciosos em família e, acima de tudo, à própria Aila, que lhes mostrou o que é a verdadeira coragem.
Durante este Mês de Conscientização sobre o Câncer Infantil, temos a honra de compartilhar a história de Aila. É uma história de sofrimento, mas também de resiliência. Ela nos lembra que mesmo nos corpos mais pequenos reside uma força imensa. E é um apelo à solidariedade – por Aila e por todas as crianças que passam seus primeiros anos de vida lutando batalhas inimagináveis para a maioria de nós.
Porque toda criança merece não apenas sobreviver, mas também um futuro repleto de alegria. 💛