Em 31 de dezembro de 2018, enquanto o mundo se preparava para receber um novo ano, um milagre silencioso aconteceu. Seu nome era Aëla Rolland, uma menina perfeita, nascida entre o último suspiro de um ano e o início promissor do próximo. Foi um momento simbólico em muitos sentidos. Pois, desde seus primeiros dias, Aëla carregava dentro de si algo raro: uma luz, uma presença, uma gentileza atemporal. Ela nasceu como um sussurro e se tornou uma canção.

Para aqueles que a conheciam, Aëla não era apenas uma filha, uma irmã ou uma amiga: ela era pura alegria. Desde muito jovem, irradiava bondade. Seus olhos brilhavam com uma sabedoria serena, e seu sorriso tinha o poder de dissipar até os dias mais sombrios. Ela era gentil, carinhosa e infinitamente curiosa. Seu riso, suave e contagiante, preenchia todos os lugares por onde passava, e sua voz, sempre pronta para cantar, parecia carregar mais do que uma melodia; era uma fonte de cura.
Aëla adorava cantar. A música não era apenas um hobby para ela; era parte essencial de quem ela era. Quer estivesse cantando baixinho enquanto coloria ou soltando a voz com sua canção favorita enquanto dançava de pijama, a voz de Aëla preenchia todos os cantos de sua casa. Sua família frequentemente comentava como seu canto podia animar as pessoas, aliviar as tristezas e preencher o silêncio com uma sensação de paz.
Ela também adorava dançar, não para chamar a atenção, nem para se apresentar, mas pelo simples prazer do movimento. Seus pezinhos giravam no chão da sala de estar, nos palcos da escola e nos terraços do jardim. Para Aëla, dançar era liberdade. Era expressão. Era a vida em movimento. Ela dançava quando estava feliz, quando estava animada, até mesmo quando não se sentia bem. Era a sua maneira de dizer: “Ainda estou aqui. Ainda sou eu.”
A imaginação de Aëla era vívida e magnífica. Ela adorava Peter Pan, não apenas pelas fadas e pelo voo, mas também pela mensagem da história: alguns espíritos não foram feitos para envelhecer. Ela acreditava na Terra do Nunca da mesma forma que outras crianças acreditam na gravidade: plenamente, livremente, sem questionamentos. Peter Pan não era uma fantasia para ela; era um amigo, um sonho, um lar para a alma que se recusa a ser definida pelo tempo.
E era exatamente isso que Aëla era: um espírito atemporal em um corpo pequeno e frágil.
Um momento decisivo que nenhuma família deveria jamais ter que enfrentar.

Em junho de 2024, poucos meses após seu quinto aniversário, Aëla foi diagnosticada com glioma pontino intrínseco difuso (DIPG), um tumor cerebral extremamente raro e agressivo que afeta principalmente crianças. Esse diagnóstico virou a vida de sua família de cabeça para baixo. Não há cura conhecida. A taxa de sobrevivência é tragicamente baixa. É o tipo de diagnóstico que deixa os pais sem fôlego, os médicos tristes e as famílias lutando para manter a esperança.
Mas Aëla não viu as estatísticas. Ela não viu o medo. Ela não parou de cantar.
Durante 11 meses de tratamentos, exames, internações e dores, ela permaneceu ela mesma, plena e notavelmente. Embora o tumor tenha gradualmente lhe roubado a capacidade de se mover livremente, andar, comer confortavelmente e até mesmo falar sem esforço, jamais afetou seu espírito.
Ela cantava apesar da dor.
Sorria apesar do cansaço.
Dava abraços que pareciam irradiar luz do sol.
Dançava com os olhos quando seu corpo não aguentava mais.
Num mundo onde as crianças deveriam ser despreocupadas, Aëla enfrentou o sofrimento e o fez com graça. Sua coragem não foi estridente nem provocativa. Foi silenciosa, gentil e profunda. Ela não precisava ser corajosa para que o mundo a notasse. Simplesmente ser ela mesma já era um ato de heroísmo.
No dia em que ela voou para longe.
Na manhã de 16 de maio de 2025, após quase um ano de lutas, a jornada terrena de Aëla chegou ao fim. Ela tinha apenas seis anos de idade.
Nas ternas palavras de sua mãe, Meg Rolland:
“É com o coração pesado e imensa tristeza que Aëla partiu voando com Peter Pan esta manhã, perto de Paulin e de mim.”
Foi um momento de perda indescritível. Um momento que nenhum pai deveria jamais ter que enfrentar. E, no entanto, há uma beleza serena nesta imagem: uma menina, já sem sofrimento, erguendo-se livremente, deixando para trás um corpo debilitado, mas carregando consigo um espírito inabalável.
Ela não apenas foi embora.
Ela voou para longe.
O que resta quando o corpo desaparece?
A ausência de Aëla é imensurável. Sua cama está vazia. Suas roupas ainda estão penduradas. Suas canções favoritas ressoam de forma diferente agora. Mas em cada canto de sua casa e de seu coração, sua presença persiste.
Em cada um de seus desenhos.
Em cada brinquedo que ela amava.
Em cada vídeo onde sua voz ecoa com risos.
Nas pegadas macias que um dia dançaram.
E nos corações de sua família – seus pais, seus irmãos e irmãs, seus avós e todos aqueles que a amavam – ela não é uma lembrança. Ela é uma presença. Ela não é o passado. Ela é o presente e a eternidade.
Sua família a descreve como:
Seis anos para sempre. Meu amor para sempre. Memórias para sempre.
E não apenas com lágrimas, mas com gratidão. Gratidão por cada momento passado com ela. Gratidão pelas lições que ela lhe ensinou sem sequer tentar. Gratidão por ter tido a chance de amá-la tão intimamente.
O Legado de Luz de Aëla
Existem crianças que vivem vidas longas. E existem crianças que vivem intensamente.
O tempo de Aëla na Terra foi curto, mas foi repleto — além da medida — de tudo o que importa. Amor. Música. Alegria. Maravilha. Coragem. Inocência. Magia.
Seu legado reside não no que ela fez, mas em quem ela foi.
Ela vive em cada criança que gira só para sentir o vento.
Ela vive em cada pai ou mãe que canta para o filho, mesmo nos dias mais difíceis.
Ela vive em cada vez que Peter Pan é assistido, em cada canção de ninar suave, em cada giro, em cada risada.
Um apelo para lembrar e viver de forma diferente.
A história de Aëla não é apenas sobre perda, mas sobre como viver. Ela nos mostrou que a vida não é definida pela quantidade de tempo que temos, mas pela intensidade com que amamos. Que os momentos importam. Que a gentileza é uma força. Que o momento presente é fundamental.
Num mundo que muitas vezes passa despercebido e se esquece dos pequenos detalhes, Aëla percebia. Ela sentia profundamente. Ela se doava incondicionalmente. E, em troca, nos ensinou que até a vida mais curta pode ser uma obra-prima.
Descanse em paz, doce Aëla.
Você era precioso demais para este mundo.
Mas somos melhores porque você esteve aqui.
Você é :
Seis anos para sempre.
Amados para sempre.
Luz para sempre.
Dançando para sempre.
Cantando para sempre.
Livres para sempre.
Você continua vivendo, estrelinha.
E sua luz jamais se apagará.