Oito horas, uma força infinita.

💪 “Cyborg” — O guerreiro retornou mais forte

Naquela manhã de sábado, as portas da sala de cirurgia fecharam às 10h30. A luz forte e estéril das lâmpadas iluminava os instrumentos de metal, e o zumbido baixo das máquinas preenchia a sala. Para os médicos e enfermeiros, era mais um longo dia de operações. Mas para um jovem — apelidado de “Cyborg” por sua força e resistência — era o dia em que seu corpo seria reconstruído.

Oito horas.
Esse foi o tempo que ele passou na mesa de cirurgia.

Quando o relógio finalmente bateu 20h, as portas se reabriram. A equipe havia realizado o que muitos considerariam impossível.

Durante essas horas, Cyborg passou por uma das cirurgias mais complexas de sua vida. Os cirurgiões removeram o fixador externo, a estrutura metálica que havia mantido seus ossos no lugar durante meses de recuperação. Em seguida, procederam à reparação do quadril, inserindo placas no fêmur e na tíbia.

 Uma haste intramedular foi inserida profundamente no fêmur, e finos fios de Kirschner foram delicadamente posicionados ao longo da tíbia e do pé.
Cada peça de metal, cada ponto, cada decisão — tudo visava proteger os procedimentos de alongamento ósseo aos quais ele já havia sido submetido, para que seu corpo estivesse pronto para outra operação em dois anos.

Foi uma operação complexa.
As incisões se estendiam por todo o seu corpo: uma na frente do quadril, outra na lateral, da cintura até o pé, e mais uma na frente da canela, a mais dolorosa de todas.


Para estabilizar seu quadro clínico, os médicos realizaram uma transfusão sanguínea central por meio de um cateter inserido em seu pescoço — cateter que posteriormente seria utilizado para administrar antibióticos e morfina durante as primeiras horas de sua recuperação.

Terminada a operação, Cyborg foi transferido para a UTI. O foco agora era controlar sua dor e monitorar cada batida do coração, cada respiração. A equipe médica ajustou a anestesia local, garantindo que a dor não perturbasse a frágil calma de seu corpo. Apesar do cansaço, a equipe viu nele: aquela mesma faísca que lhe rendera o apelido. Ele não estava apenas sobrevivendo; estava lutando para se curar.

No segundo dia, domingo, a equipe decidiu arriscar. Retiraram a morfina.
Restou apenas a dipirona, um analgésico mais leve, para observar a reação do seu organismo.
E, para surpresa de todos, ele se saiu bem. Não precisou de mais nenhum medicamento. Encarou a dor como havia encarado tudo em sua jornada: de frente, sem reclamar.

De sábado a segunda-feira, sua recuperação foi mais rápida do que o esperado. Na manhã de segunda-feira, após apenas dois dias na UTI, Cyborg recebeu alta para ir para casa.
Ele deixou o hospital com o quadril e a perna completamente imobilizados, envoltos em gesso que o impediriam de se mover por dez longos dias.

Em casa, a luta continuou em silêncio. A dipirona tornou-se sua companheira diária, ajudando-o a controlar a dor. Apenas duas vezes durante aqueles dez dias ele precisou de um medicamento mais forte – o tramad – e mesmo assim, recusou-se a deixar que o sofrimento o definisse.

Dez dias depois, a primeira tala, a que protegia seu quadril, foi retirada.
Essa liberdade, ainda que parcial, era uma verdadeira vitória.
Ele ainda precisava manter a perna imobilizada por mais alguns dias, mas aos poucos, recuperou suas forças, retomou o controle do seu corpo, da sua vida.

Por trás de cada recuperação bem-sucedida, existe uma equipe.
E desta vez, ela foi liderada por alguém que se orgulhava não só da medicina, mas também do cuidado: “o grande enfermeiro-chefe”, como ele mesmo se autodenominava com um sorriso. Ele cuidava de cada ferida, ajustava cada dose, incentivava cada respiração. Não era apenas um dever; era dedicação.

A operação do Ciborgue não se resumia apenas a metal e ossos.
Era uma história de força de vontade, a vontade de um homem que já havia enfrentado dificuldades inimagináveis ​​e que, apesar de tudo, encontrou forças para seguir em frente. Enquanto as placas e hastes mantinham seus ossos unidos, era seu espírito que impedia que tudo desmoronasse.

Hoje, enquanto continua sua longa jornada rumo à recuperação completa, seu corpo carrega as marcas tanto da dor quanto do triunfo. Cada cicatriz é um capítulo, um lembrete de que a cura não é apenas física. É emocional, mental e profundamente humana.

Daqui a dois anos, quando chegar a hora da próxima etapa — o próximo procedimento de alongamento ósseo — ele entrará novamente naquela sala de cirurgia.
Não como um paciente definido por suas cirurgias,


mas como um guerreiro que já provou o verdadeiro significado da força.

Porque, às vezes, ser humano é um pouco como ser um ciborgue – não por causa do metal dentro de você, mas por causa do coração que se recusa a desistir.

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