A história do USS Thresher (SSN-593) não é apenas a história de um naufrágio; é a história de um trauma que redefiniu a segurança naval e, sessenta anos depois, ainda ecoa na escuridão do Atlântico.
O Túmulo Silencioso e Congelado

Os destroços do USS Thresher jazem a aproximadamente 220 milhas a leste de Cape Cod, a uma profundidade esmagadora de cerca de 8.400 pés (cerca de $2.560$ metros), sobre um leito marinho plano. A implosão, que durou menos de um segundo, desmantelou o submarino em inúmeras secções que agora se espalham por cerca de meia milha.
A cena subaquática é de destruição brutal e silenciosa:
A Proa está esmagada e parcialmente enterrada na lama.
A Vela (a torre de comando) está partida e separada do casco de pressão.
O Compartimento do Reator é um cilindro retorcido, com as estruturas dobradas para dentro, um testemunho mudo da pressão instantânea.
A Popa com o propulsor, que afundou primeiro, caiu mais atrás e exibe um esmagamento extremo.
O Casco de Pressão, em sua maioria, está achatado, com placas metálicas enroladas para dentro e nervuras expostas.
O local é frio, escuro e tranquilo, com pouca corrente. Graças a essa profundidade, a corrosão é lenta, permitindo que a forma distorcida do metal se mantenha visível mesmo após seis décadas. É um local protegido, visitado apenas por robôs de pesquisa profunda da Marinha dos EUA e das equipas de Woods Hole, garantindo o descanso dos 129 tripulantes.
Nota de Segurança: Não foi encontrado combustível ou risco de radiação no local, pois o reator foi desligado automaticamente antes do naufrágio e permanece selado em seus destroços.
O Dia Fatídico: Uma Falha de Um Centímetro
O USS Thresher, um submarino de ataque nuclear, afundou em 10 de abril de 1963, durante testes de mergulho profundo, após deixar o Estaleiro Naval de Portsmouth. Ele iniciou um mergulho de teste acompanhado pelo navio de escolta USS Skylark.
Os problemas começaram a surgir a cerca de $1.300$ pés (cerca de $400$ metros) de profundidade com pequenos problemas relatados. No entanto, a causa principal da catástrofe ocorreu a aproximadamente $2.400$ pés (cerca de $730$ metros):
Falha Crítica: Uma junta de brasagem a prata numa tubulação de água do mar da casa das máquinas falhou. Esta junta, que deveria suportar a pressão, abriu-se, permitindo que a água do mar esguichasse.
Perda de Energia: A água do mar atingiu os quadros elétricos do submarino, provocando um curto-circuito. Como medida de segurança, o reator nuclear foi desligado, resultando na perda total de propulsão.
Descida Incontrolável: Sem energia, o submarino perdeu a capacidade de controlar seu mergulho e começou a afundar de popa. A tripulação tentou desesperadamente soprar os tanques de lastro principais usando ar de alta pressão, mas a humidade nas linhas congelou e bloqueou as válvulas.
O Fim: As últimas mensagens de rádio relatavam tentativas frenéticas de vir à superfície, seguidas por um sinal final indecifrável. Ao ultrapassar a sua profundidade de colapso (entre $2.400$ e $2.600$ pés), o casco de pressão cedeu. A implosão instantânea matou todos os 129 tripulantes e técnicos a bordo.
O Legado SUBSAFE
A perda do USS Thresher, o primeiro submarino nuclear perdido em ação, foi um evento devastador que chocou a Marinha dos EUA. Contudo, a tragédia gerou uma transformação.
Essa perda levou à criação do programa SUBSAFE (Submarine Safety), um rigoroso conjunto de regras que revolucionou o design, a construção e os testes de todos os submarinos subsequentes da Marinha dos EUA. O programa SUBSAFE garante que falhas simples não se tornem catastróficas, exigindo redundância nos sistemas críticos (como propulsão e lastro) e padrões de soldagem e inspeção incomparáveis.
O USS Thresher permanece como um sombrio lembrete da fragilidade humana frente à pressão abissal, mas também como o catalisador para uma era de maior segurança subaquática.