(1850, Sertão da Paraíba) História Macabra da Família Alencar: Todas as Filhas Sumiam Aos 16 Anos

O vento cortante do sertão paraibano carregava mais que poeira naquela manhã de outubro de 1850. Carregava segredos. Segredos que faziam os moradores de Taperoá baixarem os olhos quando passavam pela fazenda dos Alencar. 16 anos. Sempre 16 anos. A casa grande com suas paredes de taipa caiadas de branco, erguia-se como um fantasma no meio da catinga ressecada.
Janelas fechadas h semanas, portões trancados com correntes grossas, um silêncio que gritava mais alto que qualquer lamento humano. Coronel Bem-vindo Alencar caminhava pelo alpendre com passos que ecoavam como tambores fúnebres. Seus olhos fundos, cercados por olheiras escuras, varreavam o horizonte como se procurassem algo que nunca mais voltaria.


As mãos tremiam imperceptivelmente enquanto segurava um copo de cachaça que não conseguia beber. Ao seu lado, dona perpétua bordava em silêncio absoluto. Os dedos, outrora hábeis e firmes, agora trêmulos como folhas ao vento, guiavam a agulha com precisão mecânica. O tecido estava manchado de lágrimas secas que ela nem percebia mais derramar.
“Mais uma se foi”, sussurrava o povo na feira semanal. Mais uma das meninas Alencar sumiu sem deixar rastro. Era sempre assim, sempre no dia exato do aniversário de 16 anos, sempre sem explicação, sempre sem corpo para enterrar. Primeiro foi Ismênia em 1845, a mais velha, a mais esperta, a que sonhava em conhecer o mar.
desapareceu numa manhã de sol, deixando apenas um vestido branco estendido na corda e um par de sapatos alinhados na porta do quarto. Depois foi Doroteia em 1847. Cabelos cacheados como nuvens douradas, riso que fazia os passarinhos cantarem mais forte. Sumiu durante sua própria festa de aniversário, quando todos brindavam sua chegada à idade adulta.
Agora, Celestina havia desaparecido há exatamente três dias, no momento preciso em que completara 16 anos. A caçula até então, a menina das sardas espalhadas pelo rosto como estrelas no céu noturno. O padre Evaristo benzia-se toda vez que alguém mencionava o nome da família.
Suas mãos rugosas tremiam ao segurar o crucifixo, e seus lábios murmuravam orações em latim que nem ele mesmo compreendia completamente. Durante os sermões dominicais, evitava olhar diretamente para o banco, onde a família Alencar costumava se sentar. Os vaqueiros da região evitavam passar pela propriedade depois que o sol se punha. Mesmo os mais corajosos, aqueles que enfrentavam onças e secas devastadoras, sentiam um frio inexplicável na espinha quando se aproximavam dos limites da fazenda São Bento.
As mães do povoado abraçavam suas filhas mais forte quando elas se aproximavam da idade maldita. Algumas chegaram a mentir sobre a data de nascimento das meninas, como se pudessem enganar o destino cruel que parecia perseguir toda jovem que completasse 16 anos naquelas terras. amaldiçoadas.
Na venda do seu Libâno, centro nervoso das fofocas locais, as conversas morriam quando alguém da família Alencar aparecia. O silêncio pesado descia sobre o ambiente, como uma mortalha invisível. Até as crianças paravam de brincar e se escondiam atrás das saias das mães. Tia Benedita, antiga escrava alforreada que cuidava da casa grande, caminhava pelos corredores como uma alma penada. Suas cantigas de trabalho haviam se transformado em murmúrios de oração.
Ela sabia coisas que não podia contar. Havia visto coisas que não conseguia esquecer. A casa que antes eava com risos infantis e conversas animadas, agora respirava apenas tristeza e medo. Os retratos das meninas desaparecidas permaneciam nas paredes, seus sorrisos congelados no tempo, seus olhos parecendo seguir quem passava pelos corredores sombrios.
Coronel Benvindo, homem que já enfrentara secas, pragas e revoltas, agora se curvava sob o peso de uma maldição que não conseguia compreender nem combater. Sua fortuna, seu poder, sua influência política, nada disso importava diante do horror que consumia sua família, dona Perpétua havia parado de comer adequadamente.
Suas roupas, antes justas e elegantes, agora pendiam frouxas em seu corpo, que definhava como planta sem água. Os cabelos, outrora dourados, como o mel da abelha Jandaira, haviam embranquecido completamente em apenas cinco anos. O que ninguém no povoado sabia era que o horror estava apenas começando. Nas gavetas trancadas do escritório do coronel, cartas misteriosas chegavam sempre na véspera dos desaparecimentos.
Cartas sem remetente, escritas com caligrafia elegante, que ele reconhecia, mas preferia não lembrar. E nas noites mais escuras, quando nem mesmo os grilos ousavam cantar, passos ecoavam pelos corredores da casa grande, passos que não pertenciam a nenhum dos moradores, passos que se dirigiam sempre aos quartos das meninas que ainda restavam, quatro filhas ainda viviam na casa dos Alencar, quatro jovens que acordavam todas as manhãs, sabendo que cada dia as aproximava mais da idade fatal.


quatro meninas que olhavam para os retratos das irmãs desaparecidas e se perguntavam quando chegaria sua vez de sumir para sempre. O sertão guardava muitos segredos em suas terras áridas e pedregosas, mas nenhum era tão sombrio quanto o mistério que assombrava a família mais poderosa de Taperoá. A fazenda São Bento dos Alencar estendia-se por léguas de terra seca e pedregosa, onde o gado magro pastava entre mandacaros e chique- chiques, sob o sol inclemente que rachava a terra como feridas abertas. Mas havia algo
errado naquele lugar, algo que fazia até os animais evitarem certas áreas da propriedade. Coronel Bem-vindo era homem respeitado em toda a região, rico, influente, temido por sua palavra firme e punho de ferro. Seus vaqueiros obedeciam sem questionar, mesmo quando as ordens pareciam estranhas. Seus agregados baixavam a cabeça em reverência sempre que ele passava.
Mas quem olhasse com atenção perceberia algo perturbador em seus olhos castanhos. Medo puro e cristalino. O homem que já enfrentara bandoleiros e políticos corruptos agora saltava com qualquer ruído inesperado. Suas noites eram povoadas por pesadelos que o faziam gritar nomes que preferia esquecer. Durante o dia bebia mais cachaça do que comia, tentando afogar lembranças que insistiam em voltar à superfície.
Dona Perpétua, outrora a mais bela senhora da sociedade paraibana, agora definhava como planta sem água em época de seca. Seus cabelos, antes dourados e sedosos como fios de seda, haviam embranquecido completamente após o segundo desaparecimento. Suas mãos delicadas tremiam constantemente, como se estivessem sempre com frio, mesmo sob o calor escaldante do sertão.
“Ela não era assim antes”, contava a tia Benedita para quem quisesse ouvir. A velha negra, antiga escrava alforreada, que cuidava da casa há mais de 20 anos, lembrava-se perfeitamente de como era a vida na fazenda antes da maldição começar. Dona Perpétua ria como sino de igreja nas manhãs de domingo. Cantava cantigas de roda enquanto supervisionava os trabalhos domésticos.
Brincava de boneca com as filhas pequenas e contava histórias de princesas e cavaleiros antes de dormir. A casa grande vivia cheia de música, risos e conversas animadas. Mas depois que a primeira sumiu, tudo mudou. O silêncio desceu sobre a propriedade como uma mortalha pesada e sufocante. A casa grande guardava retratos das filhas desaparecidas em molduras douradas que já começavam a escurecer com o tempo.
Ismênia, com seus olhos verdes como água de rio e sorriso doce que derretia o coração mais empedernido, doroteia de cabelos cacheados que dançavam ao vento e riso cristalino que ecoava pelos corredores. Celestina, a mais nova até então, com suas sardas espalhadas pelo rosto, como constelações e jeito travesso de menina esperta, todas belas como flores do mandacaru, todas inteligentes como raposas da cainga, todas desaparecidas no dia exato em que completaram 16 anos de vida.
As quatro filhas que restavam caminhavam pela casa como fantasmas de si mesmas. Eulina, de 15 anos, acordava todas as manhãs contando os dias que faltavam para seu aniversário fatal. Delfina, de 14, havia parado de sorrir completamente. Florinda, de 13, chorava em silêncio durante as orações noturnas.
E a pequena Jacira, de apenas 12 anos, já demonstrava sinais de terror precoce sempre que alguém mencionava aniversários. O delegado Tibúrcio Vanderley havia investigado os dois primeiros casos com toda a dedicação de um homem da lei. Sério, meticuloso, acostumado a resolver mistérios e prender criminosos.
Ele vasculhou cada canto da propriedade em busca de pistas, interrogou vaqueiros, agregados, vizinhos e até mesmo os mascates que passavam pela região. Mas depois de semanas de buscas infrutíferas e noites sem dormir, declarou os casos oficialmente arquivados. Não havia corpo, não havia testemunhas, não havia sequer uma gota de sangue para indicar violência.
Não há corpo, não há crime”, dizia sempre, enxugando o suor da testa com um lenço já amarelado pelo tempo e pelo uso constante. Mas seus olhos traíam a frustração de um homem que sabia estar diante de algo muito maior do que sua capacidade de compreensão. As meninas simplesmente desapareciam como se a terra as tivesse engolido, como se nunca tivessem existido, não fosse pelos retratos nas paredes e pelas lágrimas intermináveis de seus pais.
Agora, com o terceiro desaparecimento, a pressão sobre as autoridades aumentava exponencialmente. O povo começava a falar abertamente sobre maldições e castigos divinos. E quando o povo fala no sertão, as palavras voam mais rápido que urubu em carcaça fresca, espalhando-se de fazenda em fazenda, de vila em vila. Alguns sussurravam sobre pactos com o demônio.
Outros falavam de vinganças antigas que cobravam seu preço em sangue jovem. Havia quem acreditasse que a própria terra estava amaldiçoada, contaminada por algum crime terrível cometido no passado. O padre Evaristo tentava acalmar os ânimos durante os sermões dominicais, mas sua voz tremia quando mencionava a família Alencar. Suas orações pareciam mais súplicas desesperadas do que palavras de conforto.
E quando benzia a água que os fiéis levavam para casa, suas mãos tremiam tanto que algumas gotas se derramavam no chão de terra batida da pequena igreja. Na venda do seu Libâno, centro nervoso das fofocas e novidades da região, as conversas sempre voltavam ao mesmo tema macabro. Homens que haviam enfrentado secas devastadoras e pragas de gafanhotos falavam em sussurro sobre a maldição dos Alencar.
Mulheres que criaram filhos em meio à pobreza e às doenças benziam-se ao mencionar os desaparecimentos. Mas o que mais perturbava a todos era a certeza matemática da tragédia. Não era uma questão de se mais meninas desapareceriam, era apenas uma questão de quando. E todas sabiam exatamente quando seria a próxima vez. Eulina completaria 16 anos em dois meses e todos no povoado já começavam a contar os dias, como se aguardassem uma execução anunciada.
A maldição dos Alencar havia se tornado o pesadelo coletivo de Taperoá, um lembrete constante de que nem mesmo a riqueza e o poder podiam proteger uma família de forças que escapavam à compreensão humana. Três semanas após o desaparecimento de Celestina, quando o desespero já havia se instalado definitivamente na casa dos Alencar, um homem chegou a Taperoá montado num cavalo baio que espumava de cansaço.
Alto, magro como vara de pescar, com bigode bem aparado e olhos cinzentos que pareciam enxergar através das pessoas, ele trazia consigo uma aura de determinação que há muito não se via naquelas terras amaldiçoadas. Inspetor Laudelino Correa, enviado diretamente da capital da província, por ordem expressa do presidente provincial, especialista em casos complexos, conhecido em toda a região nordeste por sua persistência implacável e métodos pouco convencionais que faziam criminosos confessar crimes que nem sabiam ter cometido. Vim
resolver o mistério das meninas elencar”, anunciou ao chegar na pequena delegacia local, tirando o chapéu e revelando cabelos grisalhos penteados com rigor militar. Delegado Tibúrcio engoliu em seco, sentindo o suor frio escorrer pelas costas, apesar do calor sufocante da tarde. “Inspetor, já investigamos tudo que era possível investigar.
Não há pistas, não há testemunhas, não há sequer um fio de cabelo fora do lugar. Há sempre pistas”, cortou Laudelino, ajeitando o chapéu novamente na cabeça com um gesto seco. “O problema é que nem sempre sabemos onde procurar ou não queremos ver o que está bem diante dos nossos olhos.
” O inspetor instalou-se na única pensão do povoado, um casarão antigo administrado pela viúva dona Quitéria, que quase desmaiou de emoção ao receber um hóspede tão ilustre. Ele pagou uma semana adiantada e pediu apenas que não fosse incomodado durante suas investigações. Laudelino começou seu trabalho de forma meticulosa e implacável. Conversou com comerciantes que tremiam ao responder suas perguntas diretas.


Interrogou vaqueiros que baixavam os olhos e falavam em sussurros sobre coisas estranhas que haviam visto nas noites sem lua. ouviu lavadeiras que contavam histórias assombradas enquanto batiam roupas no riacho que cortava a propriedade dos Alencar. Visitou a pequena igreja onde o padre Evaristo celebrava missas cada vez mais sombrias. Examinou o cemitério local, procurando túmulos que pudessem guardar segredos enterrados junto com os mortos.
percorreu a feira semanal, onde vendedores ambulantes sussurravam teorias conspiratórias sobre a maldição que assolava a família mais rica da região. Anotava tudo num caderno de couro gasto que carregava sempre no bolso interno do palitó. Cada detalhe, cada sussurro, cada olhar evasivo era registrado com caligrafia miúda e precisa.
Suas perguntas eram diretas como facadas, cortando através das evasivas e meias verdades que as pessoas costumavam usar para se proteger. As primeiras descobertas foram mais perturbadoras do que qualquer um poderia imaginar. Esmênia havia sido vista pela última vez conversando com um homem encapuzado próximo ao açude da fazenda.
A testemunha era Mané do Rio, vaqueiro conhecido por sua honestidade, que jurava ter visto a menina caminhando em direção à água na companhia de uma figura sombria que ele não conseguiu identificar. Doroteia desaparecera durante sua própria festa de aniversário, quando todos estavam distraídos com os fogos de artifício que o coronel havia mandado buscar na capital.
Mas tia Benedita lembrava-se perfeitamente de ter visto a menina conversando com alguém nos fundos da casa, próximo ao galinheiro, pouco antes dos fogos começarem. Celestina sumira de seu próprio quarto durante a madrugada, deixando apenas uma janela aberta e pegadas masculinas no chão de terra batida, que ninguém havia notado até Laudelino examinar o local com lupa de aumento.
“Alguém as levou”, concluiu o inspetor após examinar todas as evidências. Alguém que conhece muito bem a rotina da família, alguém que tem acesso livre à casa e sabe exatamente quando e como agir sem ser detectado. Mas quem poderia ser e por escolher especificamente meninas de 16 anos? Qual era a lógica por trás dessa idade tão específica? Laudelino passou noites inteiras caminhando pelos arredores da fazenda, observando movimentos suspeitos e tentando entender o padrão dos desaparecimentos.
Descobriu que sempre aconteciam em noites de lua nova, quando a escuridão era mais densa e os sons se propagavam menos. Também notou que os animais da região demonstravam um comportamento estranho nas vésperas dos desaparecimentos. Cachorros uivavam sem parar, gatos se escondiam embaixo das camas e até mesmo o gado ficava inquieto, como se pressentisse algo terrível no ar.
Durante suas investigações, o inspetor começou a perceber que muitas pessoas no povoado sabiam mais do que admitiam. Olhares evasivos, conversas que morriam quando ele se aproximava, sussurros que cessavam abruptamente sempre que aparecia. O medo havia se instalado de forma tão profunda na comunidade que até mesmo testemunhar se tornara perigoso.
As pessoas temiam que falar demais pudesse atrair a maldição para suas próprias famílias. Laudelino sabia que estava lidando com algo muito mais complexo do que um simples caso de sequestro. Havia uma rede de silêncio e cumlicidade que protegia o verdadeiro culpado. Alguém poderoso o suficiente para manter toda uma comunidade em estado de terror.
Mas quem tinha tanto poder assim na região? Quem poderia inspirar tanto medo? Que nem mesmo pais desesperados ousavam falar a verdade sobre o destino de suas filhas? A resposta estava mais próxima do que ele imaginava e quando finalmente a descobrisse, compreenderia que alguns segredos são enterrados tão fundo que escavar a verdade pode despertar horrores que deveriam permanecer adormecidos para sempre.
O tempo estava se esgotando. Eulina completaria 16 anos em poucas semanas. E Laudelino sabia que precisava resolver o mistério antes que uma quarta menina desaparecesse para sempre nas sombras do sertão paraibano. Laudelino decidiu investigar o passado sombrio da família Alencar, intuindo que as respostas estavam enterradas nas raízes tortuosas de sua história.
Pasculhou cartórios empoeirados, onde documentos amarelados guardavam segredos há décadas esquecidos. Conversou com padres antigos, cujas memórias tremulavam como velas no vento. Examinou registros de nascimento e morte que revelavam padrões perturbadores. O que descobriu fez seu sangue gelar nas veias. Coronel Benvindo não era o primeiro dono da fazenda São Bento. A propriedade havia pertencido originalmente a seu irmão mais velho, coronel Galdêncio Alencar, que morrera em circunstâncias extremamente misteriosas em 1844.
exatamente um ano antes do primeiro desaparecimento. A coincidência era assustadora demais para ser ignorada. “Galdêncio era homem cruel como cobra Cascavel”, contou o velho mestre Raimundo, antigo capanga da família que agora vivia de favor numa casa de taipa nos fundos da propriedade. Seus olhos lacrimejavam constantemente. Não se sabia se por idade ou por lembranças dolorosas que insistiam em voltar.
Batia nos escravos com chicote de couro cru até eles desmaiarem de dor. Mal tratava a esposa com palavras venenosas que a faziam chorar dias inteiros. Tinha fama terrível de violentar as moças da região, especialmente aquelas que não tinham família para protegê-las. Mas o mais perturbador ainda estava por vir.
Galdêncio tinha uma obsessão doentia e inexplicável por meninas jovens. Havia rumores sussurrados em cantos escuros de que ele mantinha algumas prisioneiras numa casa escondida no meio da cainga mais fechada. Meninas que desapareciam de povoados distantes e nunca mais eram vistas por alma viva. “Diziam que ele fazia rituais estranhos”, sussurrou tia Benedita, olhando nervosamente para os lados, como se temesse ser ouvida por ouvidos invisíveis, que acreditava piamente que a juventude das meninas podia ser transferida para ele através de cerimônias macabras que aprendera em livros proibidos. Laudelino sentiu um
arrepio gelado percorrer sua espinha, como água fria escorrendo pelas costas. As peças do quebra-cabeças começavam a se encaixar, formando uma imagem aterrorizante que desafiava qualquer lógica conhecida. “Que onde está enterrado Galdêncio?”, perguntou o inspetor, já temendo a resposta que viria.
“Não está enterrado em lugar nenhum”, respondeu a velha negra, benzendo-se repetidamente com gestos trêmulos. O corpo dele nunca foi encontrado. Dizem que morreu afogado no açude durante uma tempestade, mas quando foram procurar o cadáver para dar sepultura cristã, não acharam nenhum fio de cabelo. O mistério se aprofundava como poço sem fundo. Laudelino anotou cada detalhe em seu caderno, sentindo que estava se aproximando de uma verdade terrível que talvez fosse melhor deixar enterrada, mas sua determinação era mais forte que o medo.
continuou investigando, descobrindo detalhes cada vez mais perturbadores sobre o passado sombrio de Galdêncio Alencar. O homem possuía uma biblioteca extensa, repleta de livros sobre ocultismo, alquimia e práticas místicas que a igreja considerava heréticas. Volumes encadernados em couro negro, escritos em idiomas estranhos que falavam sobre transferência de energia vital e rituais de rejuvenescimento.
Após sua morte misteriosa, todos esses livros haviam desaparecido da biblioteca. Ninguém sabia quem os havia levado ou para onde tinham ido. Era como se tivessem se evaporado junto com seu dono. Laudelino também descobriu que Gdêncio havia viajado extensivamente pela Europa e Oriente Médio durante sua juventude, sempre em busca de conhecimentos proibidos.
Havia rumores de que ele participara de sociedades secretas e aprendera práticas místicas que eram consideradas abominações pelos padrões cristãos. Quando retornou ao Brasil, trouxe consigo não apenas riquezas, mas também conhecimentos sombrios que começou a aplicar em suas terras. Experimentos estranhos que envolviam animais primeiro, depois pessoas vulneráveis que ninguém sentiria falta.
O inspetor percebeu que estava lidando com algo muito além de um simples caso criminal. Havia forças em ação que desafiavam sua compreensão racional do mundo, mas sua determinação em salvar as meninas restantes da família Alencar era mais forte que qualquer medo sobrenatural. Se você está acompanhando esta investigação perturbadora e quer descobrir todos os segredos sombrios da família Alencar, deixe seu like neste vídeo, se inscreva no nosso canal e ative o sininho para não perder nenhum capítulo desta história arrepiante.
Compartilhe com seus amigos que também gostam de mistérios do Brasil e deixe nos comentários qual sua teoria sobre o que realmente aconteceu com Galdêncio Alencar. Laudelino sabia que precisava encontrar a casa secreta mencionada pelos moradores locais. Se Galdêncio realmente havia sobrevivido à sua morte oficial, era lá que ele estaria escondido, continuando seus experimentos macabros com as próprias sobrinhas. O tempo estava se esgotando rapidamente.
Eulina completaria 16 anos em menos de um mês. E o inspetor podia sentir que algo terrível se aproximava como tempestade no horizonte. Nas noites seguintes, ele começou a explorar as áreas mais remotas da fazenda, seguindo trilhas quase invisíveis que serpentavam pela catinga fechada. Armado apenas com uma lanterna a óleo e sua pistola adentrava territórios onde nem mesmo os vaqueiros mais corajosos ousavam pisar.
E foi durante uma dessas expedições noturnas que finalmente encontrou o que procurava. uma clareira escondida entre juremas e catingueiras, onde se erguia uma construção de pedra que parecia ter saído de um pesadelo. A descoberta que fez naquele lugar mudaria para sempre sua compreensão sobre os limites da maldade humana.
Seguindo as pistas deixadas por Mestre Raimundo e as lembranças fragmentadas de tia Benedita, Laudelino partiu em direção às terras mais afastadas da fazenda numa madrugada sem lua. Acompanhado apenas por seu cavalo Baio e uma determinação férrea que queimava em seu peito como brasa viva, adentrou a cainga fechada, onde nem mesmo os vaqueiros mais corajosos ousavam pisar.
Três horas de cavalgada penosa o levaram através de trilhas quase invisíveis, serpentinas como cicatrizes na terra ressecada. Galhos de jurema arranhavam seu rosto, espinhos de mandacaru rasgavam suas roupas, mas ele continuava seguindo em frente, guiado por um instinto que não conseguia explicar.
Finalmente chegou a uma clareira escondida entre catingueiras centenárias e chique- chiques retorcidos. Ali, meio destruída pelo tempo implacável e pela vegetação que tentava reconquistar seu território, erguia-se uma pequena casa de pedra que parecia ter saído diretamente dos pesadelos mais sombrios. A construção era estranha, diferente de qualquer arquitetura conhecida na região.
Suas paredes grossas foram erguidas com pedras escuras que pareciam absorver a luz da lua. Não havia janelas, apenas uma porta baixa de madeira carcomida que pendia de suas dobradiças enferrujadas. A porta estava trancada com um cadeado antigo, verde de ferrugem e corroído pelo tempo. Laudelino forçou a entrada com a coronha de sua pistola e o metal cedeu com um estalo seco que ecoou pela clareira silenciosa como grito de agonia. O que viu dentro fez seu sangue gelar completamente nas veias.
Correntes grossas estavam presas às paredes de pedra, ainda com algemas abertas que balançavam levemente com a brisa noturna. Restos de roupas femininas espalhavam-se pelo chão de terra batida, como pétalas murchas de flores mortas, tecidos delicados, rendas finas, fitas de cabelo que um dia enfeitaram tranças jovens.
No centro do ambiente, uma mesa de madeira carcomida exibia manchas escuras que o tempo não conseguira apagar completamente. Ao lado, instrumentos estranhos de metal enferrujado, cuja finalidade Laudelino preferia não imaginar. Mas foi numa prateleira improvisada que ele encontrou o objeto mais perturbador de todos. Um diário encadernado em couro preto, preservado da humidade por estar envolvido em pano encerado.


Suas páginas amareladas exalavam um cheiro doce e enjoativo de decomposição. Com mãos trêmulas que mal conseguiam segurar o volume, Laudelino abriu o diário. A caligrafia era rebuscada, elegante, mas as palavras escritas eram de puro horror que desafiava qualquer compreensão humana. 15 de setembro de 1844. A experiência com Rosalina foi extraordinariamente bem-sucedida.
A transferência de vitalidade funcionou exatamente como os textos antigos prometiam. Sinto-me mais jovem, mais forte, mais vivo do que jamais me senti. O segredo está na idade exata. 16 anos, nem mais, nem menos. 20 de setembro de 1844. Preciso demais. Uma única transferência não é suficiente para manter o efeito desejado. A vitalidade roubada se dissipa rapidamente, como água escorrendo entre os dedos.
Devo encontrar outras meninas da idade ideal. 25 de setembro de 1844. Bem-vindo. Está começando a desconfiar de minhas atividades noturnas. Preciso ser mais cuidadoso, mais discreto. Talvez seja a hora de fingir minha própria morte e continuar o trabalho sagrado nas sombras, longe de olhos curiosos.
Laudelino fechou o diário com força, sentindo náuseia subir pela garganta como bil amarga. Galdêncio Alencar não havia morrido afogado no açude, como todos acreditavam. estava vivo, escondido em algum lugar, continuando seus experimentos macabros com as próprias sobrinhas inocentes. Mas onde ele estaria agora? Como conseguia entrar e sair da casa grande sem ser detectado? E, mais importante, como estava mantendo sua aparência jovem após tantos anos.
O inspetor examinou cada canto da casa abandonada, procurando pistas que pudessem revelar o paradeiro atual de Galdêncio. Encontrou túneis escavados no chão, passagens secretas que se conectavam com o sistema de cavernas naturais da região. Era através dessas passagens subterrâneas que ele se movia sem ser visto.
Como uma cobra venenosa rastejando no subsolo, emergia apenas para atacar suas vítimas e depois desaparecer novamente nas profundezas da Terra. Laudelino também descobriu mapas rudimentares desenhados nas paredes, mostrando a localização exata de todas as casas importantes do povoado.
A residência do delegado, a igreja, a escola e, principalmente, a casa grande dos Alencar estavam marcadas com símbolos estranhos. O homem havia passado anos planejando meticulosamente cada movimento, cada ataque, cada desaparecimento. Não era um louco agindo por impulso, mas um predador calculista que transformara o sequestro de meninas inocentes numa ciência macabra.
Nas páginas finais do diário, Laudelino encontrou a informação mais aterrorizante de todas. Uma lista com os nomes de todas as filhas de bem-vindo, suas idades atuais e datas de aniversário futuras. Ismênia estava riscada com tinta vermelha, Doroteia também.
Celestina tinha uma marca recente ao lado do nome e logo abaixo, circulado várias vezes com traços nervosos, estava o nome de Eulina, com a data de seu 16º aniversário, anotada em letras garrafais. Faltavam apenas duas semanas. O inspetor guardou o diário como evidência e saiu da casa maldita com o coração disparado. Agora sabia exatamente com o que estava lidando, mas isso apenas tornava a situação ainda mais desesperadora.
Galdêncio Alencar era um monstro que havia descoberto como roubar a juventude de meninas inocentes para prolongar sua própria vida. E ele não pararia até que todas as sobrinhas tivessem alimentado sua sede insaciável de vitalidade roubada. A corrida contra o tempo havia começado oficialmente.
Laudelino precisava encontrar Galdêncio e detê-lo antes que Eulina se tornasse a próxima vítima de sua obsessão doentia pela juventude eterna. De volta ao povoado, com o diário macabro escondido em seu alforge, Laudelino procurou imediatamente o coronel bem-vindo. Encontrou-o no alpendre da casa grande, fumando um cigarro de palha com mãos que tremiam como folhas ao vento.
O homem parecia ter envelhecido uma década em poucas semanas, seus cabelos mais grisalhos, suas faces mais cavadas pelo sofrimento. Coronel, preciso falar urgentemente sobre seu irmão”, disse Laudelino, descendo do cavalo com movimentos tensos. Bem-vindo, empalideceu instantaneamente, como se toda a cor tivesse sido sugada de seu rosto. “Galdêncio está morto há 6 anos, inspetor.
Morreu afogado no açude durante uma tempestade terrível. Não, coronel, ele está vivo e é ele quem está levando suas filhas para alimentar uma obsessão doentia que desafia qualquer compreensão humana. O homem desabou numa cadeira de balanço como saco de farinha furado, o rosto enterrado nas mãos calejadas.
“Eu sabia”, murmurou com voz quebrada pela dor. Sempre soube no fundo da alma que ele não havia morrido de verdade. Mas o medo de seu poder, o terror de não saber como combatê-lo e a vergonha de seu parentesco me paralisaram. Não queria acreditar que fosse capaz de tamanha monstruosidade contra as próprias sobrinhas. Onde ele está escondido, coronel? Preciso dessa informação para salvar Eulina e suas outras filhas. Não sei.
Juro por Deus todo-pereroso que não sei. Ele aparece como fantasma nas noites sem lua, leva as meninas e desaparece sem deixar rastro. Tentei protegê-las de todas as formas possíveis, mas ele sempre encontra um jeito. Dona Perpétua apareceu na porta da casa grande, seu vestido preto ondulando como mortalha no vento quente da tarde.
O rosto marcado pelo sofrimento profundo revelava uma mulher que havia perdido não apenas filhas, mas também a própria vontade de viver. Ele disse que voltaria por todas, uma por uma sussurrou com voz fantasmagórica, que não descansaria até que não restasse nenhuma menina da família para contar a história. É uma maldição antiga, inspetor, que se agarrou à nossa linhagem.
Laudelino sentiu o peso terrível da revelação, mas ainda havia uma pergunta crucial que precisava ser respondida. Quantas filhas vocês têm ao todo? Tínhamos sete quando tudo começou”, respondeu Perpétua, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelas faces enrugadas.
Agora restam apenas quatro: Eulina, Delfina, Florinda e a pequena Jacira. O inspetor fez os cálculos rapidamente em sua mente. Se Galdêncio continuasse com seu plano macabro de sequestrar uma menina a cada dois anos, em breve voltaria pela próxima vítima. E todos sabiam exatamente quem seria. Quem é a próxima a completar 16 anos? Perguntou, embora já soubesse a resposta aterrorizante.
Eulina, sussurrou bem-vindo, a voz mal saindo da garganta seca. Daqui a exatamente duas semanas. Era tempo suficiente para preparar uma armadilha elaborada. Laudelino tinha um plano que poderia funcionar, mas exigiria coragem e sacrifício de toda a família, principalmente de Eulina, que teria que servir como isca para atrair o monstro. “Vamos usar Eulina como chamariz”, explicou o inspetor.
“Mas ela estará protegida por homens armados escondidos em pontos estratégicos. Quando Galdêncio aparecer para levá-la, estaremos prontos.” “Não!”, gritou dona perpétua, agarrando-se ao braço de Laudelino com desespero. Não vou arriscar perder mais uma filha. Já perdi três meninas. Não aguentarei perder a quarta. É a única maneira de detê-lo definitivamente, insistiu Laudelino.
Se não agirmos agora, ele continuará matando até que não reste nenhuma menina viva na família. Eulina, que havia escutado a conversa escondida atrás da porta, apareceu no alpendre com determinação surpreendente para uma menina de 15 anos. “Eu faço isso”, disse com voz firme. “Se é a única forma de salvar minhas irmãs e vingar Esmênia, Doroteia e Celestina, eu aceito ser a Isca”.
Seus pais tentaram dissuadi-la, mas a menina estava decidida. havia herdado a coragem de os alencar e não permitiria que mais irmãs sofressem o mesmo destino terrível das outras. Laudelino passou os dias seguintes organizando meticulosamente cada detalhe da operação.
Posicionou homens armados nos pontos de acesso à casa grande. Estudou os túneis subterrâneos descobertos na casa abandonada. preparou armadilhas e emboscadas que tornariam impossível a fuga de Galdêncio, mas havia algo que o incomodava profundamente. Como um homem de mais de 50 anos, conseguia manter a força física necessária para sequestrar meninas jovens e ágeis.
O diário falava em transferência de vitalidade, mas isso parecia impossível, segundo qualquer lógica conhecida. A resposta viria na noite do aniversário de Eulina, quando finalmente confrontaria face a face o monstro que aterrorizava a família Alencar há tantos anos. As duas semanas passaram como pesadelo interminável. Queina tentava manter a rotina normal, mas todos na casa sabiam que cada dia a aproximava mais do confronto final.
Dona Perpétua chorava constantemente, temendo perder mais uma filha. Bem-vindo, bebia mais cachaça que o normal. tentando afogar o medo que corroía sua alma. E nas noites mais escuras, todos juravam ouvir passos ecuando pelos corredores da Casa Grande. Passos que não pertenciam a nenhum dos moradores, passos que anunciavam a aproximação de algo terrível e inevitável. A armadilha estava armada.
Agora só restava esperar que o predador caísse nela antes que fosse tarde demais para salvar o que restava da família Alencar. O aniversário de Eulina chegou numa noite sem lua de dezembro, quando até mesmo as estrelas pareciam ter se escondido atrás de nuvens densas como algodão sujo.
A casa grande dos Alencar estava mergulhada em silêncio absoluto, mas era um silêncio carregado de tensão que fazia o ar vibrar como corda de viola, prestes a arrebentar. Laudelino havia posicionado homens armados em pontos estratégicos ao redor da propriedade. Mestre Raimundo e três vaqueiros de confiança escondiam-se nos estábulos. O delegado Tibúrcio aguardava atrás do galinheiro com uma espingarda carregada.
Dois agregados montavam guarda próximo ao açude, onde supostamente Galdêncio havia fingido sua própria morte. O próprio inspetor escondera-se no quarto ao lado do Diolina, com a porta entreaberta. permitindo uma visão clara do corredor sombrio. Sua pistola estava carregada e pronta, mas suas mãos tremiam imperceptivelmente com a tensão acumulada.
Eulina deitara-se em sua cama, vestindo o mesmo tipo de camisola branca que suas irmãs usavam nas noites em que desapareceram. Seus cabelos castanhos espalhavam-se pelo travesseiro como cascata dourada, e ela mantinha os olhos fechados, fingindo dormir profundamente. Mas por baixo das pálpebras cerradas, lágrimas silenciosas escorriam como o orvalho da manhã.
A menina sabia que estava arriscando a própria vida para salvar suas irmãs menores, mas o medo corroía seu estômago como ácido. Meia-noite passou sem novidades. 1 hora da madrugada, 2 horas. O silêncio era tão profundo que cada batimento cardíaco ecoava como tambor de guerra nos ouvidos de todos os envolvidos na emboscada. Então, às 2:37 da madrugada, um ruído quase imperceptível quebrou a quietude mortal.
Passos cautelosos no corredor, tão leves que pareciam de fantasma caminhando sobre nuvens. Laudelino empunhou sua pistola com força e aguardou, o suor frio escorrendo pelas costas, apesar do calor abafado da noite sertaneja. Seu coração disparava como cavalo em disparada, mas ele forçou-se a manter a calma.
A porta do quarto de Eulina abriu-se lentamente, sem fazer o menor ruído. Uma figura encapuzada entrou no cômodo, com movimentos fluidos que desafiavam qualquer lógica, alta, magra, movendo-se com agilidade de alguém muito mais jovem do que deveria ser. Galdêncio Alencar havia finalmente aparecido, mas quando Laudelino ouviu a luz pálida do luar que entrava pela janela, quase gritou de horror absoluto.
O homem que deveria ter mais de 50 anos parecia ter 20. Sua pele era lisa como porcelana, seus cabelos escuros e abundantes, seus movimentos ágeis como os de um felino jovem. A juventude roubada de suas vítimas inocentes havia se transferido para ele de forma literal e aterrorizante. Galdêncio aproximou-se da cama onde deveria estar Eulina dormindo.
Suas mãos, jovens e fortes, estenderam-se em direção ao que acreditava ser sua próxima vítima, mas em vez da menina em defesa, encontrou apenas travesseiros cuidadosamente arrumados para simular um corpo humano. Procurando por alguém, irmão. A voz de bem-vindo ecoou no quarto como trovão em noite de tempestade. Galdêncio virou-se rapidamente, mas já era tarde demais.
Laudelino e seus homens emergiam das sombras como fantasmas vingativos, armas apontadas diretamente para seu coração. “Aou, Galdêncio”, disse o inspetor com voz firme, apesar do terror que sentia. “Onde estão as meninas que você sequestrou?” O homem riu, um som gelado que fez todos os presentes se arrepiarem até os ossos.
Era uma risada que não pertencia a este mundo, carregada de maldade pura que contaminou o ar como veneno. “Vocês não compreendem coisa alguma.” Disse com voz melodiosa, que contrastava terrivelmente com suas palavras macabras. Elas me deram o presente mais precioso que existe, vida eterna. Elas são parte de mim agora, vivendo para sempre em meu sangue jovem. Bem-vindo, avançou em direção ao irmão com ódio acumulado de anos, mas Laudelino o segurou.
O coronel chorava lágrimas de raiva e desespero, vendo finalmente o monstro que havia destruído sua família. “Meus filhos, suas próprias sobrinhas”, gritou bem-vindo. “Como pode fazer isso com crianças inocentes que confiavam em você?” Galdêncio sorriu com crueldade que gelava o sangue. A juventude é desperdiçada nos jovens, irmão.
Eu apenas a coloquei em melhor uso e não pretendo parar até que todas as meninas da família tenham contribuído para minha imortalidade. Foi então que Eulina apareceu na porta do quarto, protegida por dois vaqueiros armados. Seus olhos brilhavam com coragem e determinação, que surpreenderam a todos.
Você não vai tocar em mais nenhuma de nós, tio”, disse com voz firme. “Suas irmãs estão protegidas e você vai pagar pelo que fez com Esmênia, Doroteia e Celestina”. Laudelino apertou o gatilho de sua pistola, mas algo impossível aconteceu. Galdêncio, com um salto e um movimento incrivelmente rápido, deslizou para uma fresta escura na parede que ninguém havia notado antes.
Ele não se dissolveu, mas se moveu com a agilidade quase sobrenatural de quem conhece cada sombra e cada passagem oculta de sua presa. desapareceu como um vulto na escuridão com o tiro de laudelino raspando onde ele estivera apenas um instante antes. Gritos ecoaram pela casa grande quando todos perceberam que o monstro havia escapado mais uma vez, mas desta vez eles sabiam exatamente quem era o inimigo e como ele operava. A caçada final estava apenas começando.
Galdêncio foi finalmente capturado três dias depois, quando tentava escapar pelos túneis subterrâneos que conectavam a casa abandonada com o porão da casa grande. Laudelino havia descoberto todas as passagens secretas e bloqueado cada rota de fuga possível, antecipando a tática do monstro.
O monstro foi arrastado para a cadeia de Taperoá em meio aos gritos de ódio dos moradores locais. Mulheres cuspiam em sua direção, homens ameaçavam linchá-lo. Crianças se escondiam atrás das saias das mães ao ver aquele rosto jovem que escondia décadas de maldade. Durante o interrogatório que durou dois dias inteiros, Galdêncio confessou tudo com um sorriso perturbador que nunca abandonava seus lábios.
os experimentos macabros, as mortes das sobrinhas inocentes, a busca obsessiva pela juventude eterna que o consumia como fogo devorador. Descobriu o segredo nos livros antigos que trouxe da Europa. Disse com os olhos brilhando de loucura. A vitalidade pode ser transferida de um corpo jovem para outro mais velho.
Basta conhecer os rituais corretos e ter coragem para executá-los. Laudelino exigiu saber onde estavam os corpos das meninas desaparecidas. Mas Galdêncio apenas sorriu com crueldade que gelava o sangue de qualquer pessoa normal. Não há corpos para serem encontrados, inspetor. Elas vivem em mim agora, para sempre jovens, para sempre belas.
Cada gota de seu sangue jovem corre em minhas veias, mantendo-me forte e ágil como era aos 20 anos. Três dias depois do interrogatório, Galdêncio foi encontrado morto em sua cela úmida e escura. aparentemente havia se enforcado com os próprios lençóis durante a madrugada, quando o guarda cochilou por alguns minutos fatais, mas quando o médico local examinou o corpo, fez uma descoberta que deixou todos os presentes completamente aterrorizados.
O homem havia envelhecido décadas em poucas horas. Sua pele estava enrugada como couro ressecado, seus cabelos brancos como algodão, seu corpo frágil como de um ancião prestes a morrer. Era como se toda a juventude roubada tivesse abandonado seu corpo de uma vez só, deixando apenas um Ccão vazio, do que um dia foi um homem.
O caso foi oficialmente encerrado pelo delegado Tibúrcio, que arquivou todos os documentos numa gaveta que nunca mais foi aberta. A família Alencar vendeu a fazenda São Bento para um comerciante de Campina Grande e mudou-se para Recife, tentando recomeçar a vida longe das memórias dolorosas. A casa de pedra na Catatinga foi completamente demolida por ordem de Laudelino, que supervisionou pessoalmente a destruição de cada tijolo.
O diário macabro de Galdêncio foi queimado numa fogueira que durou três dias inteiros, até que não restasse nem cinzas de suas páginas amaldiçoadas. Eulina, Delfina, Florinda e a pequena Jacira cresceram em segurança na capital pernambucana, mas carregaram para sempre as cicatrizes emocionais daqueles anos terríveis. Nenhuma delas se casou ou teve filhos, como se temessem que a maldição pudesse ser transmitida para futuras gerações.
Laudelino retornou à capital da província e nunca mais falou sobre o caso dos desaparecimentos de Taperoá. aposentou-se precocemente da polícia e passou seus últimos anos escrevendo relatórios que manteve trancados numa gaveta secreta até sua morte. Mas os moradores de Taperoá juram que a história não terminou com a morte de Galdêncio.
Nas noites sem lua, quando o vento sopra mais forte pela cainga ressecada, ainda é possível ouvir risos femininos ecoando pelas terras onde antes ficava a fazenda São Bento. Isos jovens cristalinos, eternos como as estrelas no céu sertanejo. Dizem também que viajantes solitários às vezes encontram três moças de 16 anos caminhando pelas estradas desertas do sertão paraibano.
Belas como flores do mandacaru, sorridentes como manhãs de primavera, oferecendo ajuda aos perdidos e desorientados. Mas quem aceita essa ajuda nunca mais é visto por alma viva. Porque algumas maldições, uma vez despertadas por ambições humanas que desafiam as leis naturais, nunca mais adormecem completamente. Elas apenas mudam de forma, tornando-se parte da própria terra e do folclore sombrio, esperando pacientemente pela próxima oportunidade de se manifestar e absorver a vitalidade de Incautos. O sertão guarda muitos segredos em suas terras áridas e pedregosas. Histórias de amor e
ódio, de coragem e covardia, de vida e morte, que se misturam como areia no vento. Mas poucas são tão perturbadoras quanto a maldição que um dia assombrou a família mais poderosa de Taperoá. Galdêncio Alencar morreu, levando consigo o segredo de como havia conseguido roubar a juventude de suas vítimas, mas deixou também uma lição terrível sobre os perigos da ambição desmedida e da busca obsessiva por aquilo que não nos pertence.
A juventude é um presente que deve ser vivido intensamente enquanto dura, não algo a ser roubado de outros para prolongar artificialmente nossa própria existência. E aqueles que tentam burlar as leis naturais da vida e da morte, sempre pagam um preço muito mais alto do que imaginam. As três meninas desaparecidas nunca foram encontradas, mas suas memórias permanecem vivas nos corações daqueles que as amaram.
Ismênia, Doroteia e Celestina tornaram-se símbolos da inocência perdida e da maldade que pode se esconder nos lugares mais inesperados. E quando o vento sopra forte pelas terras do antigo sertão paraibano, alguns juram ouvir suas vozes, sussurrando advertências para as futuras gerações. Cuidado com aqueles que prometem juventude eterna, pois o preço dessa promessa é sempre pago com sangue inocente.
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A maldição dos Alencar chegou ao fim, mas o sertão ainda guarda muitos outros segredos esperando para serem contados. M.

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