O menino pequeno correu para os seus braços no meio do voo.
Já me arrependia do voo. Meu filho de 3 anos, Elías, estava em plena crise, apesar da comida, dos livros e dos desenhos animados. Então, apareceu uma aeromoça simpática.
Ela o acalmou com pretzels e uma tarefa suave, transformando suas lágrimas em risos. Eu me senti grata, até que olhei mais de perto.
Era Raya. A irmã do meu ex. A que desapareceu após a batalha pela custódia. Elías a chamava de “tia Ray”. Meu coração apertou.
Mais tarde, eu a confrontei. Ela admitiu ter visto Elías uma vez, meses atrás, quando meu ex, Víctor, o teve. Ela achou que compartilhávamos a custódia. Mas eu tinha a custódia total.
Ela havia levado Elías sem a minha permissão. Raya ficou atônita. Ela acreditou nas mentiras dele e cortou o contato ao perceber que ele não tinha mudado. Pediu desculpas e explicou que não havia se comunicado com ele devido ao passado doloroso.
Duas semanas depois, prenderam Víctor; o pegaram tentando viajar com um nome falso. Raya havia avisado a polícia anonimamente.
Ela também me enviou uma foto de Elías no parque naquele dia, com uma nota: “Se algum dia quiser que eu conheça o lado bom da família do pai dele, estarei aqui.” Então, eu respondi.
Nos reencontramos, pouco a pouco. Chamadas de vídeo. Cartões de aniversário. Ela se aproximou. Me ajudou com Elías.
Ela me apoiou nos altos e baixos da vida. E se tornaram família. Anos depois, na formatura do primeiro grau de Elías, ela correu para seus braços novamente.
Dessa vez, eu também sorri. Porque a família nem sempre é de sangue. Às vezes, ela volta no meio de um voo com uma bolsa de pretzels e nunca mais vai embora.