“Doctor Peyo”: O cavalo que conforta pacientes com câncer em Calais – em imagens
No centro de cuidados paliativos do hospital de Calais, no norte da França, Marion, de 24 anos e com câncer metastático, abraça seu filho Ethan, de 7 anos, enquanto Peyo os envolve com seu abraço.
“Com Peyo, tentamos recriar a vida no final da vida, lutar e gerar energia para acompanhar as famílias e cuidadores”, afirma seu treinador, Hassen Bouchakour.
Peyo e Bouchakour trabalham com a organização terapêutica Les Sabots du Coeur e com cientistas que estudam a capacidade de Peyo de reduzir a ansiedade dos pacientes e confortar aqueles que sofrem com a dor.
No hospital, Peyo indica a seu treinador qual quarto deseja entrar, parando ou levantando a pata. Peyo tem 15 anos e parece ser capaz de reconhecer quando as pessoas têm câncer e tumores. Ele permaneceu lá quase duas horas, vigiando a mulher moribunda.
“Eu o acompanho, mas deixo-o fazer o que quiser; é ele quem decide”, diz Bouchakour. “O que realmente despertou o interesse dos cientistas e nos abriu as portas das instalações médicas foi sua [aparente] capacidade de reduzir significativamente as doses de todas as drogas fortes [dos pacientes], o que lhes permitiu uma partida mais tranquila”, afirma.
Hassen Bouchakour prepara Peyo para um novo dia no hospital de Calais. “O apelido de Peyo, dado pela equipe médica, é ‘Doctor Peyo'”, diz o treinador. Ambos são conhecidos há muito tempo por sua participação em competições equestres.
Peyo constantemente buscava o contato humano. Depois das competições, ele escolhia pessoas na multidão, se aproximava delas e ficava ao seu lado.
Bouchakour começou a suspeitar que Peyo selecionava pessoas moral, física ou psicologicamente frágeis. Após quatro anos de pesquisa, os especialistas veterinários acreditam que o cérebro de Peyo funciona de uma maneira única.
No hospital de Calais, Marion acaricia Peyo enquanto a equipe médica a ajuda com a dor do câncer metastático.
Peyo e Bouchakour são seus aliados, ela diz, e os visitam quase todos os dias. “Hassen e Peyo fazem parte da equipe; eles são bons não só para os pacientes, mas também para nós. Quando as coisas ficam difíceis, é bom tê-los por perto”, diz Anne Sophie, enfermeira do centro de cuidados paliativos.
Lá fora, no estacionamento do hospital de Calais, Hassen Bouchakour e o “Doctor Peyo” terminam seu dia de trabalho. “Desde 2016, ajudamos cerca de 1.000 pessoas até o seu último suspiro através dos diversos serviços que gerenciamos. Peyo é minha alma gêmea, meu companheiro de vida, ele é tudo para mim”, diz Bouchakour.
Isaac, de nove anos, se orgulha de mostrar ao seu novo amigo Peyo à sua mãe, que está se recuperando de uma cirurgia. “Isaac associa o hospital a Peyo. Se ele gosta de vir hoje ao hospital ver sua mãe, é por causa desse cavalo”, diz seu pai, Thomas.
Peyo lambe as mãos de Roger, de 64 anos, que acabou de retornar à unidade de cuidados paliativos por um dia para uma transfusão de sangue. Roger está feliz por ver novamente seu “médico favorito”. “Ele vai dormir bem esta noite porque viu o Peyo. Assim que o vê, dorme como um bebê”, diz sua esposa.
No estacionamento do hospital de Calais, Peyo e Bouchakour acompanham Roger até a ambulância que o levará para casa depois do tratamento. Os especialistas ainda tentam compreender melhor a capacidade aparentemente instintiva de Peyo de consolar os doentes.
Peyo vigia a porta do paciente enquanto Bouchakour fala com a equipe médica. “Hassen e Peyo não apenas consuelam os pacientes, eles também nos consuelam. Nós adoramos vê-los em situações difíceis”, diz Nathalie, enfermeira do centro.