FILHO DO MILIONÁRIO REJEITOU 100 MULHERES RICAS, MAS ACEITOU A FAXINEIRA COMO MÃE!

A culpa tinha a espessura de uma armadura gelada, o luto era o cimento que prendia Thiago Bittencur a uma solidão dourada. Quatro anos após o acidente que tirara a vida de Helena, a sua esposa, o mundo de Thiago resumia-se a gerir o seu império financeiro e a observar, impotente, a autodestruição do seu filho, Bernardo, de oito anos.

Bernardo, que testemunhara a morte da mãe no banco de trás do carro, tinha-se tornado uma pequena força da natureza, destrutiva e inalcançável. O seu quarto era um campo de batalha de brinquedos quebrados e roupas rasgadas, e ele rejeitara mais de uma centena de psicólogos, terapeutas e, acima de tudo, as mulheres ricas que Thiago tentara apresentar como potenciais mães.

Naquela manhã, Fernanda empurrou a porta do quarto e encontrou o caos habitual. Brinquedos quebrados, uma cadeira virada e, no canto, um menino com os punhos cerrados e os olhos vermelhos de tanto chorar.

“Sai daqui! Eu odeio-te!” Bernardo correu na direção dela, os punhos levantados.

Fernanda não recuou. Ela era a faxineira, a mulher pobre que vinha do mundo onde a dor era real e não podia ser escondida por muros altos. Ela segurou os dois punhos dele com firmeza, mas sem magoar. O menino debateu-se, cuspiu, tentou chutar.

“Podes bater em mim se quiseres,” disse ela, olhando-o diretamente nos olhos. “Podes gritar, mas eu não vou embora.”

Bernardo parou, ofegante. “Eu… eu odeio toda a gente!”

“Eu sei. Eu também odiei.” Fernanda segurou-o firmemente. “Eu tinha um irmão. Ele morreu quando tinha doze anos. E eu fiquei com tanta raiva que eu queria quebrar tudo, igual a ti.”

O menino ficou quieto, apenas a tremer. “A tua mãe morreu, não foi?”

As palavras de Bernardo foram como a chave que quebrou a sua própria prisão. O menino caiu de joelhos e começou a chorar. Um choro desesperado, gutural, de quem segurou tudo por tempo demais. Fernanda baixou-se e abriu os braços. Ele atirou-se para eles, chorando no seu ombro. Chorou pela mãe que nunca voltaria, pela raiva que não sabia curar, pela solidão que o estava a matar.

“Chora o quanto precisares,” ela sussurrou. “Eu não vou a lado nenhum.”

Quando Bernardo finalmente parou, estava exausto. Apoiou a cabeça no ombro dela e dormiu. Foi assim que Thiago o encontrou. O filho que ninguém conseguia tocar estava a dormir tranquilo no colo de uma estranha. Pela primeira vez em quatro anos, Thiago sentiu o alívio quente da esperança.

“Sou Thiago, o pai dele. E você é Fernanda, da agência de limpeza. Como é que conseguiu?”

“Eu entendi a raiva dele. Perdi o meu irmão num tiroteio. Sei como é querer destruir tudo,” respondeu Fernanda, com a voz embargada.

Thiago fechou os olhos. “Quando a Helena morreu, eu estava a conduzir. Um camião atravessou o sinal. Bati do lado dela. Bernardo viu tudo. E você… você culpa-se por estar vivo todos os dias.”

Fernanda assentiu.

“Você poderia voltar?” Thiago perguntou, desesperado. “Ele já teve sete psicólogas, e nenhuma conseguiu o que você fez em meia hora. Eu pago-lhe o triplo do que ganha como faxineira.”

“Eu volto, mas não como faxineira. Eu só sei ser eu mesma. É exatamente isso que ele precisa.”

Naquele momento, Carmen, a tia de Bernardo, a irmã de Helena, e a sua protetora, surgiu na porta.

“Thiago, o que está a acontecer aqui? Vou contratá-la para ficar com o Bernardo três vezes por semana. Você enlouqueceu? Uma estranha?”

“Uma estranha que conseguiu o que ninguém conseguiu em quatro anos. Carmen, não se meta. Conversamos depois.” Thiago lançou-lhe um olhar gelado.

Carmen lançou um olhar de ódio puro a Fernanda. No seu mundo, onde a fachada era tudo, uma faxineira não podia ter o que ela não tinha: o afeto de Bernardo e a confiança de Thiago. Além disso, Carmen estava a desviar dinheiro do fundo de Bernardo, mais de 300 mil reais, justificando tratamentos psicológicos falsos. Se Thiago se casasse, a nova esposa faria uma auditoria e ela seria presa.

“Essa aí não vai durar,” murmurou Carmen para si mesma. “Eu não vou deixar.”

Duas semanas passaram-se. Fernanda regressava à mansão toda segunda, quarta e sexta. Bernardo, aos poucos, foi-se abrindo. Começou a comer sem jogar comida no chão. Arrumava os brinquedos. Até sorriu pela primeira vez quando ela lhe apanhou um carrinho. Thiago assistia a tudo à porta, chorando de alívio.

“Pai, a Fernanda vai ser a minha nova mãe?” perguntou o menino uma noite.

“Ela é a tua amiga, filho. Está aqui para te ajudar. Mas acho que a tua mãe ia adorar a Fernanda,” Thiago respondeu, com os olhos marejados. Pela primeira vez, ele permitiu-se pensar que a felicidade era possível.

Carmen observava. Numa tarde, pegou no telemóvel e começou a tirar fotos de Thiago e Fernanda a rirem no jardim. Pareciam uma família. Ela ia precisar de provas para o seu ataque.

À noite, Carmen estava no seu escritório, revendo as faturas falsas. A chegada de Fernanda era uma ameaça iminente. Ligou para um cúmplice.

“Preciso que investigue a Fernanda Souza. Quero saber tudo sobre ela. Passado, família, trabalhos anteriores, tudo. Traga-me algo que eu possa usar contra ela. Eu pago um extra.”

Carmen pegou num envelope com fotos dos três juntos. “Você não vai estragar a minha vida,” sussurrou. “Essa casa é minha. Este dinheiro é meu e eu não vou perder tudo por causa de uma favelada qualquer.”

Na manhã seguinte, o ataque começou sutilmente. Carmen abordou Fernanda com perguntas sobre as suas referências. “Sabe como é, ficamos inseguros com gente nova dentro de casa.” A semente da desconfiança estava plantada.

À medida que os dias avançavam, Carmen intensificou a campanha. As empregadas cochichavam que Carmen andava a investigar a moça. Numa tarde, Carmen abordou Thiago: “Não achas estranho ela ter conquistado o Bernardo tão rápido? Gente assim tem segundas intenções. Eu conheço-te há 35 anos. Confia em mim.” A dúvida de Thiago, embora odiasse a tia, estava plantada.

Na quarta-feira, a cozinheira contou a Fernanda que Carmen andava a dizer que ela tinha sido demitida do emprego anterior por roubo. “Isso é mentira! Eu saí porque o meu pai ficou doente!” chorou Fernanda. Mas a mãe de Fernanda ligou à tarde, preocupada. “Filha, sai dessa casa! Essa gente rica vai destruir-te.”

Bernardo, no entanto, foi o seu porto seguro. “Fer, você está triste?”

“Às vezes as pessoas dizem mentiras sobre nós, e isso dói.”

Bernardo abraçou-a com força. “Eu não acredito em mentiras. Eu acredito em ti.”

Thiago procurou Fernanda antes de ela ir embora. “Ouvi o que a minha tia anda a dizer sobre você ter sido demitida por roubo. Preciso saber a verdade.” Fernanda contou a história do seu pai doente. Thiago acreditou. “A minha tia está a fazer isto de propósito. Ela quer tirar-te daqui. Porquê? Porque tem medo de perder o controlo. E porque você está a mudar tudo.”

“Talvez seja melhor eu ir embora antes que isso piore.”

“Não! Por favor!” Thiago deu um passo para perto. “O Bernardo precisa de ti e eu também. Desde que chegaste, a vida voltou a esta casa. Não é só o Bernardo, sou eu também.”

“A gente mal se conhece…”

“Eu sei, mas não consigo parar de pensar em ti.” Ele estava tão perto que ela sentia o calor dele. “Isto é uma loucura.”

“Eu sei.” Ele encurtou a distância e beijou-a. Foi desesperado, cheio de meses de solidão. Quando se separaram, os dois estavam sem ar.


Nos dois dias seguintes, Carmen planeou o golpe final. Quinta-feira à noite, ela entrou no quarto de Helena e pegou no brinco de diamante que Thiago tinha dado à esposa.

Sexta-feira, Carmen entrou sorrateiramente no quarto de Bernardo, enquanto Fernanda estava na casa de banho. Abriu a mochila de Fernanda, enfiou o brinco no fundo, entre as roupas, e saiu sem fazer barulho.

Duas horas depois, Carmen irrompeu no quarto de Helena a gritar. “O brinco! O diamante sumiu! Era a última lembrança importante que eu tinha dela!”

Thiago correu. “Quem é que entrou neste quarto hoje?” Carmen olhou significativamente para Fernanda.

“Eu não entrei aqui!” Fernanda sussurrou, o sangue a gelar.

“Vamos revistar a casa e as malas!” Thiago decidiu.

A mochila de Fernanda foi trazida. No fundo, enrolado numa blusa, estava o brinco de diamante. O silêncio foi ensurdecedor.

“Eu não sei como isso foi parar aí,” Fernanda sussurrou. “Eu juro! Alguém colocou!”

Carmen cobriu a boca. Thiago olhou para o brinco e a dúvida gelada atingiu-a.

“Fernanda, é melhor você ir para casa até esclarecer isso.”

“Você já decidiu!” As lágrimas desceram-lhe pelo rosto. “Você está a mandar-me embora.” Ela atirou o brinco na cama. “Fica com isto.”

Bernardo apareceu no corredor. “Fer, vais embora?”

“Vou, amor, mas não porque eu quero. Eu sei, e sinto muito.”

“Não!” Bernardo começou a gritar. “Tu prometeste! Eu odeio-te! Tu mandaste-a embora!”

Fernanda abraçou-o com força. “Eu amo-te, está bem? Nunca te esqueças disso.”

A porta da frente bateu. Carmen tinha um sorriso quase impercetível.

O resto do fim de semana foi um inferno. Bernardo trancou-se no quarto, em greve de fome. “Vai embora! Eu odeio-te! Você mandou-a embora!”

“Tu estás satisfeita? Olha o que fizeste!” Thiago gritou para Carmen.

“O que eu fiz? Descobri uma ladra.”

“Ela não é ladra! E eu sei que armaste isso!”

“Estás a defendê-la porque estás apaixonado! Eu vi-vos a beijar!”

“Cala-te! Pega nas tuas coisas e sai desta casa hoje mesmo!” Thiago respirou fundo. “Vou mandar-te embora porque mentiste, manipulaste e fizeste o meu filho sofrer.”

Carmen saiu, mas não antes de ligar para um jornal: “Tenho uma denúncia. Empresário milionário a aproveitar-se de empregada vulnerável. Tenho até vídeo.”

Na quinta-feira, Bernardo estava pálido e fraco. “Pai, eu só vou comer quando a Fer voltar.”

O pediatra chegou na sexta. “Se o seu filho continuar assim, vou ter de o internar. Traga essa pessoa de volta ou o seu filho vai morrer de inanição.”

Na tarde de sexta, Bernardo desmaiou na casa de banho. Thiago pegou-o ao colo. “Pai, eu só queria a Fer de volta.”

Thiago passou a noite a rever as câmaras de segurança. Não havia provas concretas, mas a câmara do corredor mostrava Carmen a entrar no quarto de Bernardo, a olhar para os lados, e a sair 43 segundos depois. Mas a prova mais forte estava debaixo da almofada de Bernardo. Um desenho a lápis de cor. Uma mulher com o cabelo preso a colocar um objeto pequeno e brilhante dentro de uma mochila. Em baixo, com a caligrafia de criança: “A tia colocou o brinc.”

“Filho, viste a tia Carmen a pôr o brinco na mochila da Fer?”

Bernardo assentiu. “Tentei falar, mas você não quis escutar. Escolheu acreditar na tia e não em mim.”

Thiago pegou no desenho. Juntou-o ao vídeo, isolou o áudio da câmara e ouviu a voz de Carmen: “Pronto, agora você está ferrada.”

Ele tinha tudo. Armou a auditoria às contas e o contador, cúmplice de Carmen, entregou-se com todas as provas: 327 mil reais desviados, notas falsas, contas fantasmas.

Carmen foi presa por apropriação indevida, falsidade ideológica e difamação. Thiago estava na esquadra, sem arrependimentos.

O advogado colocou a mão no ombro de Thiago. “E agora?”

“Agora vou atrás da Fernanda e vou implorar-lhe que me perdoe.”

Thiago encontrou a mãe de Fernanda. “O Bernardo está a morrer. Greve de fome. Só come se ela voltar.”

A mãe hesitou. “Ela está na casa de uma prima em Campinas. Saiu sexta de manhã, disse que não aguentava mais ficar em São Paulo. Ela não atende ninguém.”

Thiago enviou uma mensagem de texto: “Fernanda, por favor, descobri tudo. Tenho provas de que você é inocente. A minha tia foi presa, mas o Bernardo está no hospital. Ele não come sem você. Por favor, volta. Não por mim, por ele.”

O telemóvel vibrou: “Estou a voltar. Mas não é por você.”

Thiago encostou a testa ao volante e respirou.

Na segunda-feira, no hospital, Bernardo estava com soro no braço, os olhos fechados. Fernanda entrou. Olhou para a cama e cobriu a boca. “Meu Deus, como é que deixaram chegar a este ponto? Como é que não acreditaste em mim e quase mataste o teu próprio filho?”

“Depois a gente conversa,” ela cortou, indo para a cama.

“Bernardo, amor, sou eu, a Fer.”

Quinze minutos depois, os dedos de Bernardo mexeram-se. Abriu os olhos. “Fer,” a voz saiu rouca. “Eu voltei. Eu prometi e cumpri. Estou aqui. Não vou embora mais.”

Bernardo começou a chorar de alívio. Apertou a mão dela e, pela primeira vez em uma semana, sorriu. Thiago estava encostado na parede, com lágrimas silenciosas. Fernanda tinha voltado e tinha salvado a vida do seu filho.

Fernanda passou três dias no hospital, sem sair do lado dele. Thiago tentou falar com ela, mas ela era uma muralha. “Depois a gente conversa.”

Bernardo melhorou. No terceiro dia, teve alta. “Você quase matou o teu filho, Thiago. Por causa da tua falta de confiança. Aquele menino passou uma semana sem comer. Não é comigo que tens de resolver isso, é com ele. Eu voltei pelo Bernardo, só por ele.”

Nas semanas que se seguiram, o silêncio entre eles diminuiu. A raiva começou a rachar. Numa noite, Thiago mostrou-lhe o vídeo da câmara e a gravação de áudio. “Eu sei que isso não muda o que eu fiz, mas queria que visses. Ela foi presa. O teu nome está limpo.”

“Obrigada por me mostrares, mas não muda nada entre a gente.”

Mas ele viu algo naquele olhar. A raiva estava lá, mas havia uma rachadura. Uma possibilidade.

Passou mais um mês. Numa noite, Thiago entrou na cozinha onde Fernanda fazia chá.

“Sempre me distraio. Distraio-me de quê? De pensar em ti.”

Ela olhou pela janela. “O mais difícil é que eu queria odiar-te. Seria mais fácil. Mas não consigo. Não quero ir embora. E isso assusta-me muito.”

“Não precisas de ir,” ele deu um passo. “Podes ficar pelo tempo que quiseres. Eu prometo-te, Fernanda. Vou passar o resto da vida a mostrar que podes confiar em mim. Porque eu te amo.”

“Eu também te amo, e odeio isso.”

“Então odeia, mas fica.”

Ela olhou nos olhos dele, viu sinceridade. “Está bem, eu fico.”

Ele puxou-a para um abraço apertado e beijou-a. O beijo foi cuidadoso, cheio de promessas.


Meses depois, Thiago pediu Fernanda em casamento no jardim da mansão, com Bernardo a segurar o anel. Ela disse “Sim.”

Um ano depois, casaram-se no mesmo jardim. Bernardo, de dez anos, era o padrinho, orgulhoso e feliz.

“Agora a Fer é a minha mãe de verdade! Eu é que escolhi!” gritou Bernardo.

Fernanda pegou-o ao colo. “Tu sempre foste o meu campeão.”

“E tu sempre foste a minha mãe,” respondeu Bernardo.

Mais tarde, Fernanda encostou a cabeça no ombro de Thiago e colocou a mão na barriga.

“E vai ter mais um membro nesta família em breve.”

Bernardo gritou de alegria. Eles abraçaram-se, rindo e chorando ao mesmo tempo. Foi uma jornada longa e dolorosa, mas valeu a pena, porque no final, o amor venceu. E eles eram, finalmente, uma família completa.

Related Posts

Our Privacy policy

https://abc24times.com - © 2025 News