Ele foi castrado diante da rainha — A morte chocante do favorito do rei.

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Aqui está a tradução completa do texto para o português, mantendo o conteúdo original, com as aspas nos diálogos e citações, e o espaçamento entre parágrafos solicitado:

24 de novembro de 1326. A praça do mercado de Hereford, Inglaterra, está apinhada de gente, ombro a ombro. Nobres envoltos em mantos pesados, padres agarrando seus rosários, comerciantes e camponeses, todos vieram com o mesmo propósito: assistir a uma sombria exibição de justiça pública. Dominando a multidão, ergue-se um cadafalso de madeira.

No centro, soldados arrastam um homem de cerca de 40 anos. Seu rosto está encovado, sua pele pálida. Há dias ele recusa comida, agarrando-se à fraca esperança de que a fome pudesse poupá-lo do que o aguarda. Suas vestes, outrora esplêndidas, agora pendem em trapos imundos de sua estrutura esquelética. Não faz muito tempo, este mesmo homem estava em segundo lugar apenas para o rei em poder, sua influência sem rival em toda a Inglaterra.

Hoje, ele está a momentos de encontrar uma das mortes mais selvagens já encenadas no reino. Seu nome é Hugh Despenser, o Jovem, favorito real e, muitos sussurravam, “o amante do Rei Eduardo II”. Dentro de horas, seu corpo será mutilado diante de uma multidão rugindo, um aviso selvagem a todos que se aproximam demais do trono sem proteger suas costas.

Mas como Hugh chegou a este cadafalso? Para entender sua ruína, devemos voltar no tempo. Sua ascensão e, finalmente, sua queda é um conto encharcado de ambição, política implacável, traição e escândalo que abalou as próprias fundações do reino. Hugh Despenser, o Jovem, nasceu por volta de 1286 em uma das famílias nobres mais poderosas da Inglaterra.

Seu pai, Hugh Despenser, o Velho, servira lealmente ao Rei Eduardo I. Sua mãe, Isabel de Beauchamp, descendia da prestigiada linhagem do Conde de Warwick. Desde o nascimento, Hugh detinha todas as vantagens que um jovem aristocrata poderia esperar: status nobre, uma educação refinada e portas abertas para a corte real.

Desde o início, seu destino era claro: servir à coroa e garantir a influência de sua família. Tudo mudou em 1307, quando Eduardo II ascendeu ao trono. Eduardo carregava uma reputação que levantava suspeitas entre a nobreza. Suas afeições por companheiros masculinos eram bem conhecidas, e seu primeiro grande favorito, Piers Gaveston, provocou indignação em todo o reino.

Gaveston era mais do que apenas próximo do rei. Ele era descarado, arrogante, abertamente desdenhoso dos grandes lordes e sem vergonha em ostentar seu poder. O ressentimento aumentou até explodir. Em 1312, os barões já tinham aguentado o suficiente. Gaveston foi capturado, executado sem misericórdia, e um vácuo perigoso se abriu ao lado do rei. Hugh Despenser estava esperando para preenchê-lo.

Em 1316, Hugh havia garantido seu lugar no círculo íntimo de Eduardo. Nomeado camareiro real, ele desfrutava de acesso constante aos aposentos privados do rei. O relacionamento deles se aprofundou rapidamente. Para fortificar ainda mais seu status, Hugh casou-se com Eleanor de Clare, sobrinha do rei. Através desta união, ele herdou o rico senhorio de Glamorgan, no País de Gales.

Mas riqueza e posição apenas aguçaram o apetite de Hugh. Ele desejava mais. Mais terras, mais poder, mais controle, e com a afeição do rei protegendo-o, parecia não haver limite. Ele explorou seu acesso descaradamente, tomando propriedades em toda a Inglaterra e País de Gales. Ele distorceu a lei para desapossar rivais, até mesmo tirando propriedades de viúvas e de seus próprios parentes por afinidade.

Ele agia abertamente, descaradamente e sem um pingo de restrição. Seus inimigos multiplicaram-se rapidamente. Em 1321, os barões atingiram seu ponto de ruptura. Enfurecidos pela corrupção e ganância desenfreada de Hugh, eles se revoltaram. Hugh foi banido para o exílio. No entanto, ele se recusou a desaparecer silenciosamente. Do exterior, ele se voltou para a pirataria. Sim, pirataria. Saqueando navios mercantes ingleses como se para provar que nunca se submeteria.

Ainda assim, a ausência de Hugh não durou. Em 1322, Eduardo esmagou a Rebelião dos Barões e recuperou o controle do reino. Com seu patrono restaurado, Hugh retornou mais duro, mais faminto e mais implacável do que nunca. De 1322 a 1326, os Despenser, pai e filho, não apenas serviram ao rei. Eles governaram com ele.

Hugh, o Jovem, monopolizou o acesso a Eduardo, dirigiu a política real e exerceu autoridade como se a própria coroa lhe pertencesse. O cronista Jean Froissart escreveria mais tarde que Hugh era “rei em tudo, menos no nome”, e ele não estava longe da verdade. No entanto, ao lado de seu domínio político vieram sussurros perigosos. Espalharam-se rumores de que o relacionamento de Hugh com Eduardo não era apenas político, mas íntimo.

Hugh tinha esposa e filhos, sim, mas muitos na corte acreditavam que ele também era amante do rei. Na Inglaterra medieval, tal acusação era perigosa. Relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo eram condenados como sodomia, um pecado grave aos olhos da igreja e um crime contra a ordem divina. Se era verdade ou não, pouco importava.

A fofoca por si só era veneno, manchando ainda mais o nome de Hugh e alimentando as chamas de sua eventual queda. Entre os inimigos mais ferozes de Hugh estava ninguém menos que a Rainha Isabel, esposa de Eduardo II. Filha do rei francês, Isabel outrora desfrutara de influência real na corte, mas Hugh sistematicamente a retirou. Com o tempo, ele a cortou da tomada de decisões, drenou seu acesso a fundos e até interferiu em seu papel de mãe.

Em 1324, Hugh foi longe demais. Ele confiscou as propriedades de Isabel, aprisionou seus servos domésticos e, o mais chocante de tudo, removeu seus filhos de seus cuidados, colocando-os sob a custódia de sua própria esposa, Eleanor. Para Isabel, essa humilhação foi o golpe final. No ano seguinte, 1325, ela foi enviada à França para negociar um tratado de paz em nome de Eduardo, mas não tinha intenção de servir apenas como enviada de seu marido.

Em Paris, ela encontrou Roger Mortimer, um formidável barão inglês que outrora definhara na Torre de Londres após entrar em conflito com Hugh, apenas para escapar para o exílio. A Rainha e Mortimer logo se tornaram amantes e aliados em uma conspiração ousada para derrubar Eduardo e destruir os Despenser para sempre.

Em setembro de 1326, Isabel e Mortimer retornaram ao solo inglês. Sua força militar era pequena, um bando modesto de mercenários, mas eles não precisavam de números. O reino estava pronto para a revolta. Nobres há muito amargurados pela ganância de Hugh e pela devoção cega de Eduardo aliaram-se à bandeira de Isabel quase instantaneamente. O apoio ao rei ruiu como uma parede podre.

O pânico se espalhou. Eduardo, Hugh e o Despenser mais velho fugiram para o oeste, arrastando o tesouro real atrás deles. Mas a fuga deles já estava condenada. Um a um, os aliados desertaram. Lordes que antes fingiam lealdade voltaram-se contra eles. O próprio povo se levantou em rebelião. Pai e filho se separaram na esperança de evitar a captura. Hugh, o Velho, um veterano experiente vestido com armadura, fez o seu caminho para Bristol, mas sua fuga terminou rapidamente.

Forças locais o capturaram, e sua execução foi rápida e impiedosa. Ainda usando sua armadura, ele foi enforcado sem cerimônia. Sua cabeça foi cortada, seu corpo esquartejado e os restos jogados de lado, devorados por cães. Um fim brutal para um homem que servira fielmente a dois reis ingleses. Enquanto isso, Eduardo e Hugh, o Jovem, avançavam mais fundo no País de Gales, desesperados para escapar do laço que se apertava.

Mas onde quer que se virassem, as paredes se fechavam. Carentes de aliados, perseguidos por seus inimigos, os fugitivos foram finalmente capturados perto de Neath. O poderoso rei da Inglaterra foi feito prisioneiro, destituído de sua coroa em semanas, forçado a ceder seu trono ao seu filho de 14 anos, o futuro Eduardo III.

Mas o destino de Hugh seria muito mais sombrio que o de Eduardo. Sabendo o que o esperava, Hugh tentou abraçar a morte em seus próprios termos. Ele parou de comer, definhando em uma tentativa desesperada de morrer antes que seus captores pudessem exigir vingança. No entanto, até mesmo essa fuga lhe escapou. Em meados de novembro, ele ainda estava vivo, esquelético e fraco, arrastado de volta pela fronteira para Hereford.

Em 24 de novembro, ele estava diante de seus inimigos: a Rainha Isabel, Roger Mortimer e um tribunal de barões que haviam sofrido sob sua tirania. O chamado julgamento não passou de uma encenação. O veredicto havia sido decidido muito antes de sua captura. As acusações lidas eram longas: traição, extorsão, corrupção, abuso de favor real, roubo de terras.

Os barões cobriram sua vingança com ornamentos legais, garantindo que os procedimentos se assemelhassem à justiça em vez de pura retaliação. Mas todos que assistiam sabiam melhor. Hugh Despenser, o Jovem, fora condenado desde o início. Naquela manhã, a praça do mercado em Hereford transbordava de corpos. Povo da cidade, soldados, nobres e até camponeses de aldeias próximas se espremiam ombro a ombro, ansiosos pelo espetáculo.

Para eles, isso não era apenas uma execução. Era teatro, punição envolta em simbolismo e uma rara chance de ver um homem que exercera enorme poder ser levado à ruína. A própria Rainha Isabel estava presente, assim como Roger Mortimer, observando da frente enquanto seu odiado rival era entregue ao cadafalso. A humilhação ritual começou imediatamente.

Hugh foi amarrado a uma escada alta para que a multidão pudesse vê-lo de todos os ângulos. Sobre sua cabeça, os carrascos forçaram uma coroa feita de urtigas. Uma paródia amarga da influência que ele outrora desfrutara ao lado de Eduardo. Linhas da Bíblia condenando a arrogância e a maldade foram escritas em sua pele nua. Um sermão zombeteiro para todos lerem.

Então veio o tormento. Cronistas como Jean Froissart descreveram o horror com detalhes arrepiantes. Primeiro, os genitais de Hugh foram cortados e lançados ao fogo diante de seus olhos. Uma punição brutal projetada para condenar e ridicularizar os rumores de sodomia com o Rei Eduardo. A multidão rugiu, alguns zombando, outros rindo, muitos aplaudindo com satisfação selvagem.

Mas isso era apenas o começo. Ainda vivo, Hugh foi aberto. Sua barriga foi cortada e seus intestinos foram lentamente retirados e jogados nas chamas. Testemunhas disseram que o som que ele fez não era de todo como um grito humano, mas um uivo sobrenatural de dor e terror. Era o som de um homem sendo despedaçado enquanto ainda consciente.

A agonia foi prolongada deliberadamente para a aprovação da multidão. Por fim, depois do que deve ter parecido uma eternidade, Hugh foi enforcado. No entanto, mesmo na morte, a humilhação seguiu-se. Sua cabeça foi arrancada de seu corpo e seu cadáver esquartejado. Os pedaços foram enviados para cidades em todo o reino. Avisos sombrios pregados em praças públicas e em portões.

Sua cabeça foi fixada no topo dos portões de Londres, onde todos que entrassem na capital veriam o preço da ganância e da ambição desmedida. Mas isso era mais do que vingança. Era cerimônia. Cada detalhe da execução de Hugh carregava significado. Sua mutilação destinava-se não apenas a punir, mas a purificar, a dramatizar diante do povo a destruição da corrupção, arrogância e pecado proibido.

Sua morte foi elaborada para ser uma lição tanto quanto um espetáculo. Mesmo depois que o corpo de Hugh foi espalhado, a sombra de sua queda persistiu. Quatro anos depois, em 1330, sua viúva, Eleanor de Clare, recebeu finalmente permissão para recolher o pouco que restava dele. A essa altura, quase nada restava para enterrar. Uma cabeça decepada, um osso da coxa, um punhado de fragmentos quebrados — isso era tudo que poderia ser sepultado.

Era uma cova lamentável para um homem que outrora governara a Inglaterra por trás do trono. Quanto a Eduardo II, seu destino foi pouco melhor. Destituído de sua coroa, ele foi mantido em confinamento. Em setembro de 1327, menos de um ano após a morte horrível de Hugh, o ex-rei pereceu no Castelo de Berkeley sob circunstâncias que permaneceram envoltas em mistério.

O conto mais notório afirma que ele foi assassinado com um ferro em brasa empurrado em seu reto. Um assassinato que não deixou feridas externas, mas carregava um simbolismo sombrio. O método ligava-se diretamente aos rumores de sua intimidade com Hugh, transformando o escândalo em execução. Verdadeiro ou não, a persistência da história mostra quão profundamente a humilhação e a crueldade moldaram seu legado.

Para Hugh, sua execução nunca fora apenas sobre punição. Fora sobre obliteração. Seu corpo foi despedaçado, seus restos queimados e espalhados, sua memória reduzida à vergonha. Ele se tornara a personificação do excesso, corrupção e desejo proibido. Para seus inimigos, não bastava destruí-lo. Eles precisavam apagar o que ele representava: sua ganância, seu domínio sobre o rei e os sussurros escandalosos que haviam assombrado sua corte.

E, no entanto, a roda do poder não parou de girar. Os próprios arquitetos da destruição de Hugh logo enfrentariam o mesmo destino. Em 1330, Eduardo III, com apenas 17 anos, tomou o controle de sua própria coroa. Roger Mortimer, que governara em nome da Rainha, foi preso.

Embora poupado do tormento prolongado de Hugh, ele foi enforcado como traidor. A própria Isabel, outrora triunfante, foi destituída de autoridade e confinada em prisão domiciliar. Seu momento de glória provou-se breve, engolido pelo mesmo ciclo implacável de poder e traição. Quase sete séculos depois, a história de Hugh Despenser ainda perturba e fascina.

Em pesquisas modernas, ele foi classificado como o maior vilão do século XIV, ofuscando até monarcas e generais. Seu nome surge em peças, romances e dramas de televisão onde ele é escalado como o conspirador perfeito, ambicioso, arrogante e destinado a cair. No entanto, historiadores modernos alertam contra aceitar todas as acusações pelo valor de face. Hugh era implacável.

Sim, ele acumulou riqueza em uma escala impressionante, desapossou rivais e usou o favor de Eduardo para dominar a política da corte. Seus inimigos se multiplicaram precisamente porque ele mostrava pouca restrição ou misericórdia. Ainda assim, nem todas as acusações feitas contra ele eram baseadas na verdade. Na política do século XIV, rotular alguém de sodomita era menos sobre sua vida privada e mais sobre usar a vergonha como arma.

O mundo medieval tratava a sexualidade não apenas como uma preocupação moral, mas como uma ferramenta política. Ao acusar Hugh e Eduardo de um relacionamento ilícito, seus inimigos minaram sua legitimidade, alimentaram a indignação pública e forneceram justificativa moral para sua remoção. Se os rumores refletiam a realidade pouco importava.

O escândalo em si foi suficiente para arruiná-los. Dessa forma, a homofobia tornou-se uma lâmina conveniente, uma que cortava reputações deixando pouco espaço para defesa. O fim de Hugh também revela o lado teatral da justiça medieval. As execuções nunca eram meramente sobre acabar com uma vida. Eram performances encenadas, cada passo carregado de simbolismo.

A castração condenava o suposto pecado. Queimar as entranhas simbolizava limpar a corrupção. A decapitação e o esquartejamento exibiam o poder do reino, espalhando tanto o corpo quanto o legado. Matar um homem como Hugh não era suficiente. Seu corpo tinha que ser transformado em uma mensagem transmitida por todo o reino. Essa mensagem era dura.

“Este é o destino de qualquer um que ultrapasse os limites, que manipule o poder real para fins egoístas, que ouse misturar desejos privados com autoridade pública.” Não foi apenas o homem que foi destruído, mas a ideia dele: o espectro da ganância, corrupção e intimidade perigosa com o trono. E, no entanto, talvez a parte mais inquietante da história de Hugh seja o quão familiar ela parece.

Ainda hoje, testemunhamos a ascensão e queda de elites, líderes elevados pelo poder e favoritismo apenas para serem derrubados sob o peso do escândalo ou da ambição. Ainda vemos a sexualidade usada como arma na política, não como uma questão de verdade, mas como uma ferramenta de destruição. O espetáculo pode não ser mais em uma praça medieval, mas a dinâmica permanece surpreendentemente semelhante.

A vida de Hugh Despenser é arrepiante, não apenas por sua brutalidade, mas por seus ecos através do tempo. Ele subiu rapidamente, elevado pelo privilégio, astúcia e a afeição de um rei. Ele voou mais alto do que quase qualquer outra pessoa de sua época. E quando caiu, sua destruição foi encenada para o efeito máximo. Não foi meramente uma derrota política, mas um drama público esculpido na carne, representado diante de milhares e lembrado por séculos.

De uma criança nobre privilegiada a governante sombra da Inglaterra, de camareiro real a traidor mutilado, a jornada de Hugh é um dos capítulos mais violentos e reveladores da história inglesa. Seu nome, há muito enterrado, ainda conjura mal-estar. Seus ossos foram espalhados, seu corpo apagado. No entanto, sua história perdura como um espelho dos lados mais sombrios da política, sexualidade e vingança.

No final, seu destino foi uma lição tanto quanto foi uma punição. Avisou que o poder nunca é seguro, que a ambição sem aliados gera destruição e que, uma vez que o escândalo se instala, pode consumir tanto o homem quanto o legado. O teatro cruel de sua morte nos lembra que a história não é apenas escrita em crônicas, mas também em símbolos, em espetáculos e em avisos gritados através de gerações.

Quase 700 anos depois, Hugh Despenser, o Jovem, ainda sussurra seu aviso: “O poder sempre vem com um preço e a história nunca esquece.”

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