Era uma noite deslumbrante no salão de um hotel cinco estrelas, iluminado por lustres de cristal que refletiam luzes douradas sobre taças de champanhe e vestidos de noite cintilantes. O ambiente era de pura opulência. Elellena Parker estava sentada sozinha em uma mesa no canto, tentando manter a calma, mesmo enquanto suas mãos suavam nervosamente. Ela usava um vestido azul-marinho que abraçava sua figura esguia, mas os saltos altos a faziam se sentir desconfortável ao caminhar sobre o tapete vermelho.
A festa de casamento estava repleta de rostos conhecidos, mas ela só conhecia a noiva, sua melhor amiga, que agora estava ocupada com o noivo, sorrindo radiante sob os flashes das câmeras. Sentindo-se um peixe fora d’água, Elellena suspirou e deu um gole no vinho, tentando disfarçar seu desconforto. As conversas ao redor eram carregadas de olhares curiosos. Ela estava ali sozinha, sem um namorado, uma anomalia em meio ao luxo da alta sociedade.
De repente, uma voz feminina a interrompeu. “Sozinha, não?” Elellena olhou para o lado e deu um pequeno aceno, tentando ignorar o olhar penetrante que a mulher direcionava a ela. Não era a primeira vez que sentia esse tipo de julgamento, especialmente em casamentos tão grandiosos, onde todos sabiam sobre as fofocas não ditas: “Ela não tem ninguém. Parece tão deslocada.”
Ela estava prestes a se levantar e sair em busca de um lugar mais discreto para se refugiar quando uma figura alta se aproximou. Ele se sentou sem pedir permissão, como se aquele lugar sempre tivesse sido dele. Usava um terno preto sob medida, uma gravata de seda prata que brilhava à luz e um olhar frio e penetrante que imediatamente capturou a atenção de todos ao redor.
Elellena piscou, surpresa, quando ele se inclinou para perto de seu ouvido e disse com uma voz profunda: “Finja que está comigo.” Ela congelou, seu coração deu um salto. “Desculpe?”, ela murmurou de volta, afastando-se um pouco, desconfortável. Sem sequer olhar para ela, ele manteve os olhos fixos em um grupo de convidados algumas mesas adiante. “Eles estão fofocando. Se não se importar, vamos fingir que viemos juntos.”
Elellena riu baixinho, meio irritada, meio divertida. “Você acha que vou fingir ser a namorada de um completo estranho?” Ele se virou lentamente para ela, seus olhos cinza-escuros frios, mas com algo brilhando por baixo daquela superfície gelada. “Apenas finja. Vai evitar os olhares desagradáveis, e eu também me livro de uma situação indesejável. Os dois ganham.”
Elellena hesitou, mas percebeu que ele tinha razão. Os olhares já tinham mudado. Agora, ela não estava mais sendo julgada, mas sim considerada uma mulher com um acompanhante. Ela esboçou um sorriso desafiador, mas como você planeja levar esse ato adiante? Ele arqueou a sobrancelha, o canto de seus lábios curvando-se ligeiramente. “Deixe isso comigo.”
Ele então colocou casualmente o braço sobre a cadeira dela, um gesto tão natural que imediatamente os olhares ao redor começaram a sussurrar e a se entreolhar com sorrisos disfarçados. Elellena se endireitou instintivamente, um alerta silencioso tocando em sua mente. “Cuidado, esse homem é bom demais para isso.”
“Qual é o seu nome?”, perguntou ela, desconfiada. “Peter Blackwood”, respondeu ele brevemente, sem explicações adicionais. Ela se tensou. O nome não era desconhecido. O mais jovem CEO do setor financeiro, famoso pela sua frieza e brutalidade no mundo dos negócios.
“Você está me pedindo para fingir ser a namorada de Peter Blackwood?” Ela estava prestes a protestar quando ele, com toda a elegância, serviu mais vinho em sua taça. “Relaxe, Elellena Parker”, disse ele com um sorriso suave. “Você é boa nisso. E vai se sair bem.” Ela sentiu um frio na espinha ao ouvir seu nome completo, uma mistura de desconforto e curiosidade. Ele parecia saber mais do que ela imaginava.
O resto da noite passou como uma apresentação cuidadosamente ensaiada. Quando um convidado se aproximava, Peter a apresentava como sua “pessoa especial”, e mesmo com a ansiedade de Elellena, ela sorria, respondendo com simpatia, como se fosse verdade. Quando uma senhora comentou que eles formavam um lindo casal, ela quase riu, imaginando que alguém tão simples e com um trabalho tão mundano como o dela pudesse ser a namorada de um CEO tão imponente.
A relação de mentira continuava à medida que as semanas passavam. Peter e Elellena se viam em mais eventos juntos, e apesar de fingirem, havia algo de inegavelmente real nas trocas entre eles. À medida que ela observava seu mundo de perto, descobria segredos que ela nunca imaginaria. Como jornalista, ela sabia que sua missão era sempre buscar a verdade, mas e se a verdade fosse mais complicada do que ela pensava? Quando começou a investigar os negócios de Peter, ela se viu dividida entre a profissão e os sentimentos que surgiam inesperadamente. Ela precisava fazer uma escolha.
À medida que ela se aprofundava na investigação sobre a lavagem de dinheiro ligada ao Blackwood Group, um dilema profundo a assombrava. Elellena sabia que Peter estava envolvido, mas o que ela também sabia era que ele estava começando a parecer mais humano para ela do que qualquer outra coisa.
E quando, finalmente, um confronto inevitável aconteceu, a verdade sobre a vida de Peter veio à tona. Tudo o que Elellena havia vivido até então, todo o falso namoro, se transformou em algo muito mais profundo e perigoso.
No final, o amor de Peter e Elellena não era mais um jogo de faz de conta. Eles tinham se tornado mais do que personagens em uma história escrita por ela; eles estavam vivendo uma história que ninguém poderia prever, e agora, as apostas eram mais altas do que nunca.