Um adolescente viu uma menina sentada na calçada, chorando: ele decidiu se aproximar dela, mas então algo inesperado aconteceu.
A Ilya, de dez anos, adorava ir à estação de trem. Esse canto barulhento e animado da cidade parecia-lhe especial.
Às vezes ele vinha com amigos, mas mais frequentemente, sozinho. Gostava de se sentar em um banco perto da terceira linha, fazer seus deveres ou simplesmente observar os trens partindo, sonhando com viagens futuras.
Naquele dia, tudo começou como sempre. O sol estava se pondo e o vento da tarde soprava preguiçosamente pelo cais.
Ilya se acomodou em seu lugar habitual quando de repente notou algo estranho: uma menina estava sentada no asfalto bem perto, ao lado de um poste de luz.
Uma menina pequena, de cerca de quatro ou cinco anos. Ela abraçava firmemente um ursinho de pelúcia e chorava desconsoladamente, sem prestar atenção em ninguém.
— Por que você está chorando? Você está sozinha?
A menina não respondeu, apenas balançou a cabeça e abraçou o brinquedo com mais força. Ele se sentou ao lado dela:
— Você está perdida? Como você se chama?
— Sasha… — sussurrou ela —. Minha mãe e eu estávamos caminhando… Ela foi comprar os bilhetes e me disse para me sentar aqui. Mas já faz um tempo que ela foi…
Ilya franziu a testa. Ele estava na estação há mais de meia hora, mas não havia visto nenhuma mulher com uma criança.
— Você sabe o número de telefone da sua mãe?
A menina assentiu e, soluçando, ditou.
Ilya pegou um velho telefone com botões de sua mochila; seus pais lhe deram “para caso”. Discou um número. Alguns bipes soaram. Alguém atendeu.
— Alô? — disse uma voz feminina alarmada.
— Olá. Eu sou… Encontrei sua filha. Ela está na estação, perto do cais três. Está sentada sozinha e chorando.
— Meu Deus! — quase gritou a mulher —. Eu me afastei um momento para comprar os bilhetes e ela já tinha sumido! Estou correndo pela estação, ligando para a segurança!
— Ela está aqui. Está tudo bem — disse Ilya —. Eu estou com ela.
Passaram-se apenas alguns minutos, e a mulher chegou correndo, ofegante, com um telefone na mão e os olhos cheios de lágrimas. Ela abraçou a menina, repetindo: “Sashenka, me perdoe… me perdoe…”.
Quando tudo se acalmou um pouco, a mulher olhou para Ilya:
— Obrigada. Eu a deixei um segundo, e aparentemente ela se perdeu… É terrível. E se não fosse por você… E se um trem tivesse a atropelado… Obrigada, você é um herói.
Ilya simplesmente deu de ombros. Ele se sentia um pouco desconfortável, mas por dentro sentia uma nova e calorosa sensação. Ele simplesmente fez o que achava certo.