Ele herdou um celeiro em ruínas e encontrou 8 garotas Apaches enforcadas. Mas o verdadeiro horror começou quando ele ouviu uma delas gemer. Uma escolha selou seu destino.

Uma névoa cinzenta e úmida cobria a pradaria enquanto o vento uivava através da cerca podre da fazenda abandonada. Caleb Stratton tinha acabado de pôr os pés na terra que lhe fora deixada por seu falecido tio. Ele nem sequer tinha começado a desempacotar. Suas botas, ainda empoeiradas do campo de batalha, pousaram pesadamente no chão endurecido enquanto ele se dirigia à porta do velho celeiro.

As dobradiças gritaram com um rangido arrepiante quando ele abriu a porta. Uma luz pálida entrou e, então, Caleb congelou.

Oito corpos pendiam frouxamente das vigas. Cordas apertadas em volta de seus pescoços. Suas sombras se estendiam longas pelo chão do celeiro. O vento passava pelas frestas nas paredes, fazendo os corpos magros balançarem suavemente, como fantasmas mortos apanhados dançando na penumbra.

A respiração de Caleb ficou presa na garganta. Seus anos no campo de batalha lhe mostraram centenas de mortes, mas nada jamais o atingira assim. Isso não era uma zona de guerra. Era uma fazenda, um lugar onde ele esperava começar uma nova vida.

Então ele notou o que fez seu sangue gelar. De uma das figuras penduradas veio um gemido fraco, suave e fino como uma brisa, os olhos mal abertos, piscando fracamente.

Elas não estavam mortas.

Caleb deu meio passo para trás, o coração batendo descontroladamente no peito. Ele começou a questionar o celeiro em decomposição, este lugar que agora mantinha em seu alcance o destino de oito jovens Apaches. A cena o chocou profundamente.

O cheiro de madeira podre, grama seca e leves traços de sangue seco pairava no ar, sufocando-o. Suas mãos calejadas agarraram o cabo da velha faca de caça presa ao seu lado. De repente, as memórias voltaram: campos de batalha, camaradas caídos e o vazio oco que o seguira nos últimos dez anos.

Caleb fora um soldado da cavalaria. Ele sobreviveu quando toda a sua unidade foi exterminada, voltando para casa com o corpo cheio de cicatrizes e o coração corroído por dentro. Sua esposa e filha haviam morrido em uma praga cruel. Desde então, ele vagava como um fantasma, tendo apenas o uísque e a escuridão como companhia.

Então, uma carta chegou: um testamento de seu falecido tio, deixando-lhe uma fazenda nos arredores de Dry Creek. Caleb viu isso como sua última chance de redenção. Ele esperava encontrar paz lá fora, na pradaria selvagem, reconstruir a casa, consertar as cercas e viver seus dias em solidão tranquila.

Mas essa esperança virou cinzas no momento em que ele entrou pela porta do celeiro. A fazenda que herdara era nada menos que um cemitério vivo. E agora, em seu coração, oito garotas Apaches penduradas pelo pescoço.

Caleb moveu-se lentamente em direção a elas, cada passo mais pesado que o anterior. Ele podia ouvir uma respiração rouca de um dos corpos. Um par de olhos escuros se abriu, mal se agarrando à vida. Seu coração disparou e, naquele instante, ele viu sua filha novamente: uma garotinha, ofegante, implorando por ajuda com os olhos antes que a doença a levasse.

Seu aperto na faca aumentou, sua mandíbula se contraiu. Ele não podia simplesmente ficar ali parado. Naquele momento, Caleb entendeu. Esta herança não era um presente; talvez fosse uma armadilha, uma reviravolta do destino arrastando-o de volta para a fronteira entre a vida e a morte. A faca em sua mão parecia pesada como uma montanha, mas pela primeira vez em anos, ele sabia exatamente o que tinha que fazer.

A faca na mão de Caleb tremeu ligeiramente. Oito corpos pendiam, os pés descalços ficando em um tom medonho de roxo, as cordas cravadas em sua pele.

“Oh, Senhor”, Caleb sussurrou, e então correu para frente.

Ele envolveu seus braços ao redor do primeiro corpo e cortou a corda de uma vez. A garota desabou, pesada e gelada. Caleb caiu de joelhos, baixando-a no chão coberto de palha. Sua respiração era fraca, mas ainda estava lá. Ele bateu forte nas costas dela, e um gemido áspero e ruidoso escapou de seus lábios.

Sem hesitar, ele passou para a próxima. A faca cortou corda após corda, cada figura caindo pesadamente em seus braços. O suor escorria por sua testa, mesmo no frio da manhã. Quando a última garota atingiu o chão, Caleb estava ofegante. Ele arrastou cada uma delas para fora das sombras mofadas do celeiro e para a terra seca banhada pela luz do sol.

Uma das garotas abriu os olhos. Seus lábios rachados tremeram e, em uma mistura de Apache quebrado e inglês disperso, ela sussurrou: “Por favor… não vá. Fique só esta noite.”

Caleb ajoelhou-se ao lado dela, seus olhos cinzentos claros fixos nos dela. Naquele momento, ele viu sua filha novamente. Aqueles mesmos olhos frágeis e suplicantes.

Ele rapidamente levou cada corpo frágil para a cabana. O pequeno cômodo cheirava a mofo, mas era o único abrigo com um teto. Ele acendeu uma fogueira, derramou água de um balde de madeira e os convenceu a beber, um gole de cada vez. O fogo crepitava, lançando luz bruxuleante em seus rostos fantasmagóricos. Elas não eram mais fantasmas pendurados; eram vidas frágeis. Caleb sentou-se lá, com as mãos feridas e ensanguentadas pelas cordas, os olhos fixos em cada uma delas. Ele não sabia quem eram ou por que tinham sido deixadas para morrer. Mas ele sabia de uma coisa: problemas estavam a caminho.

A noite caiu rapidamente. Dentro da cabana em ruínas, Caleb sentou-se no meio delas. Ele pegou sua faca e cortou tiras de uma camisa velha, enrolando-as cuidadosamente ao redor de seus pescoços. As marcas vermelhas ainda eram profundas.

“Está tudo bem”, Caleb sussurrou, sua voz rouca, mas calma. “Não há mais cordas aqui.”

Uma das garotas mais velhas, talvez a líder, lentamente se ergueu. Seus olhos escuros e profundos se fixaram nos de Caleb. Cautelosa, sua voz era fraca, mas conseguiu formar algumas palavras quebradas em inglês: “Você… por que ajudar?”

Era uma pergunta simples, mas que atingiu o fundo de sua alma. Ele olhou para suas mãos, manchadas de sangue e fibra de corda, depois de volta para as jovens. “Porque eu não suporto ver esses olhos suplicantes e não fazer nada.”

As palavras caíram no silêncio. A garota mais velha o observou por um longo momento, então deu um lento aceno de cabeça.

Caleb ficou com elas durante a noite. Mas a pradaria nunca deixa ninguém descansar facilmente.

O som de cascos quebrou o silêncio, firme e pesado como tambores de guerra. Caleb se levantou de um salto, agarrando o velho rifle Winchester ao seu lado. Pela fresta da porta, ele viu tochas no horizonte. Mais de sessenta cavaleiros Apaches emergiram à luz do fogo, circulando a cabana, com os olhos brilhando de fúria.

Um jovem guerreiro cavalgou à frente, erguendo seu arco. Sua voz cortou a noite: “Devolva-as! Cada homem que tocou minha filha deve pagar com sangue!”

Dezenas de flechas foram puxadas para trás. A garota mais velha levantou-se e cambaleou em direção à porta. Caleb tentou impedi-la, mas ela colocou uma mão fina contra seu peito e encontrou seus olhos com calma determinação. “Você nos salvou. Agora, deixe-nos salvar você.”

Do círculo, uma figura alta cavalgou à frente. Era o chefe. Uma profunda cicatriz marcava seu rosto. Sua voz era baixa e pesada: “Homem branco, o que você fez à minha filha?”

Caleb ficou na porta. “Eu as salvei. Se eu tivesse chegado mais tarde, estariam mortas.”

Um murmúrio varreu os guerreiros. O chefe ergueu a mão e três guerreiros avançaram, arcos apontados diretamente para Caleb.

Naquele momento, a garota mais velha cambaleou para fora da cabana. As queimaduras de corda em seu pescoço ainda estavam escuras, mas seus olhos ardiam. Ela gritou algo em Apache, depois se virou para Caleb, usando toda a sua força para formar um inglês quebrado: “Ele… nos salvou!”

Um suspiro percorreu o grupo de guerra. O chefe virou-se lentamente para a filha, sua expressão vacilando. Ele se virou de volta para Caleb, a voz fria como aço. “Se você realmente a salvou, então prove. Quem foi que fez isso?”

A irmã mais velha deu outro passo à frente. Ela ergueu a mão, apontou para a cicatriz vermelha em sua garganta, depois virou o dedo para Caleb. Sua voz era áspera: “Não ele. Outro homem branco. Morrison.”

Esse nome caiu na noite como uma pedra. O círculo de guerreiros se agitou. A irmã mais velha continuou, agora falando rapidamente em sua língua nativa, a voz cheia de dor. Ela lhes contou. Morrison, o ganancioso proprietário de terras da cidade, enviara seus homens para capturá-las, para pendurá-las nas vigas daquele celeiro. Ele queria espalhar o medo, enganar os Apaches para que acreditassem que Caleb era o culpado, e remover o último obstáculo para tomar todo o vale para si.

Enquanto sua história era traduzida, o círculo explodiu em raiva. Mas as flechas não estavam mais apontadas para Caleb.

Chefe Takona, seu rosto esculpido por anos de batalha, avançou. Ele encarou Caleb por um longo tempo. Então, lentamente, ele baixou a mão. O sinal estava claro. “Você não é o inimigo”, disse ele, com a voz baixa. “Você salvou minha filha. Mas saiba disto: ao fazer isso, você se ligou a uma guerra que não tem fim.”

Na noite seguinte, o vento da pradaria uivou violentamente. O trovão de cascos retornou. Desta vez, não eram guerreiros Apaches. Da estrada que levava à cidade, luzes de tochas cintilaram.

Morrison, o barão de terras, sentava-se firmemente em seu cavalo. Ele trouxera quase trinta pistoleiros.

“Caleb Stratton!”, Morrison gritou. “Esta terra é minha! Fui eu quem lhe enviou aquele testamento falso! Este joguinho acabou. Agora vou queimar você e essa fazenda inútil até o chão!”

Seus homens rugiram e lançaram tochas em chamas contra as cercas secas. O fogo irrompeu instantaneamente.

“Abaixem-se! Fiquem dentro!”, Caleb gritou para as oito garotas dentro da cabana, agarrando seu Winchester.

Tiros explodiram. Balas rasgaram o ar. Caleb mergulhou no chão, atirando de volta. Seu primeiro tiro derrubou um dos homens com tochas. O pátio tornou-se um inferno de chamas, fumaça e tiros.

Então, das sombras, um grito trovejante surgiu como uma tempestade. Mais de cinquenta cavaleiros Apaches surgiram, arcos retesados. Eles haviam retornado, assim como o Chefe Takona havia avisado. Esta não era mais a luta apenas de Caleb.

A batalha explodiu em caos. Flechas rasgaram o ar. Lanças cortaram. Caleb disparou até seu rifle clicar vazio, então puxou sua faca e avançou. Ele não era mais um fantasma errante procurando desaparecer; ele lutava como um homem defendendo a justiça.

Morrison gritou, seus olhos saltando enquanto seus homens caíam um por um. Ele virou o cavalo, tentando fugir. Mas a flecha de um jovem guerreiro encontrou suas costas. Morrison soltou um grito estrangulado e caiu da sela, seu corpo engolido pelo fogo e pela poeira.

Quando o último tiro desapareceu, apenas o vento permaneceu. A fazenda ardia, as cercas estavam quebradas, mas a cabana ainda estava de pé. Lá dentro, as oito garotas Apaches estavam vivas, seus olhos brilhando com gratidão.

Caleb ficou em silêncio entre as cinzas, sua mão calejada segurando uma faca ensanguentada. A luz do fogo dançava em seu rosto, cansado, mas resoluto. Ele sabia que, daquele momento em diante, não era mais uma sombra errante.

O Oeste lhe ensinara uma coisa: a terra pode ser tomada, o gado pode morrer. Mas se você ainda tiver a coragem de proteger os inocentes, então nem tudo está perdido. Porque aqui, a justiça não está nas mãos dos poderosos. Ela vive no coração daqueles corajosos o suficiente para permanecerem firmes na tempestade.

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