Na terça-feira, a poeira política em Brasília não se assentou; explodiu. O clima, que para os envolvidos na mais alta cúpula do golpismo era de caos e pânico, transformou-se, para os defensores da legalidade, em uma comemoração intensa e inevitável. O cerco judicial fechou-se de forma implacável, atingindo o topo da hierarquia militar que ousou conspirar contra o Estado Democrático de Direito. Vimos figuras outrora consideradas intocáveis serem finalmente enjauladas, marcando um ponto de inflexão na história recente do país.
A prisão do general Heleno, do general Paulo Sérgio e, de forma mais simbólica e até vergonhosa, a do almirante Garnier—aquele que, com ares de fanfarrão, vendeu o seu posto e a honra da Marinha—é a prova cabal de que a justiça, embora lenta, chega e que a situação agora é de irreversibilidade total para toda a camarilha golpista. Garnier, apelidado jocosamente de “Champô”, prometeu a Jair Bolsonaro que colocaria os tanques de guerra da instituição à disposição para executar um golpe de Estado. Foram estes mesmos tanques que, em 2021, desfilaram em frente à Praça dos Três Poderes, soltando uma fumaça ridícula e patética, mais parecendo um fumacê contra o mosquito da dengue do que uma ameaça séria, mas cuja intenção real era aniquilar o Supremo Tribunal Federal e a democracia. Agora, o almirante traidor está enjaulado.
O destino de Jair Bolsonaro segue o mesmo caminho. Enquanto seus conspiradores militares imediatamente recorreram às instâncias superiores—num último e desesperado ato de auto-defesa—Bolsonaro, na sua inércia típica de perdedor e fracassado, deixou o prazo passar ou agiu de forma tardia e ineficaz. O ponto mais crucial, a bala de prata jurídica disparada no coração do golpismo, reside na determinação do ministro Alexandre de Moraes, segundo juristas com trânsito livre no STF e fontes quentíssimas de Brasília: Bolsonaro já começa a cumprir a pena. Isto não é uma presunção, mas sim uma realidade legal; o ex-presidente já está, efetivamente, no cumprimento de seus 27 anos e 4 meses de jaula por conspirar para destruir o Estado Democrático de Direito.
A cereja amarga no bolo político que o ex-presidente tem de engolir a seco, sem poder sequer reclamar da comida da Polícia Federal, é que a sua chance de conseguir uma prisão domiciliar é zero. Ele permanecerá sob custódia por um longo e indeterminado período, desprovido do conforto do lar, da adulação de seus seguidores mais fiéis e sem um ombro amigo para chorar. Este processo, garantem os especialistas, não tem volta.

O Abandono Cruel: A Traição do Centrão e o Atestado de Óbito Político
No entanto, a notícia mais devastadora para a base bolsonarista, aquela que garante o colapso total e a implosão da sua sustentação política, é o abandono sumário imposto pelo Centrão. Os filhos de Bolsonaro, numa tentativa desesperada de salvar a pele do pai, iniciaram uma intensa e fútil pressão na Câmara dos Deputados para ressuscitar a ideia, há muito moribunda, da anistia, ou, no mínimo, da dosimetria—uma manobra covarde para reduzir a pena do crime de golpe e beneficiar não só Bolsonaro, mas também os criminosos de menor expressão envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
O Centrão, esse grupo pragmático e frio da política brasileira, deu-lhes a resposta mais fria, calculista e humilhante possível: Não.
O timing para esta negação não poderia ser mais caótico. A política nacional estava em ebulição com o rompimento cênico, teatral e infantil do presidente da Câmara, Hugo Motta, com o governo, alegando estar sendo “achincalhado” nas redes sociais por petistas. O pretexto, patético na sua essência, era a crítica, como se a crítica fosse o crime e não as suas ações. O detalhe irônico e que o expõe à vergonha é que ele próprio se tornou o arquiteto da PEC da bandidagem e impulsionou o PL antifacção (que se transformou num projeto antipolícia federal), tudo para garantir foro privilegiado e blindagem a bandidos investigados pela Polícia Federal por ligações com o PCC, desvios e crimes de colarinho branco, como Ciro Nogueira e Antônio Rueda, líderes do PP e União Brasil.
Depois de se lambuzar na lama da corrupção para blindar seus aliados, Motta não aceita as críticas legítimas? O seu medo palpável do “Manifesto Brasil” e do achinhalhamento que a verdade gera nas redes é a sua vulnerabilidade. Ele tenta, desesperadamente, projetar a culpa no governo para desviar o foco da sua própria desgraça.
Mas o nível do jogo muda radicalmente quando o assunto é golpe de Estado.
É neste ponto nevrálgico que Hugo Motta e o Centrão traçam a linha de não-retorno e o abandono de Bolsonaro se torna oficial, definitivo e irreversível. Os filhos do ex-presidente, otários e iludidos até o último momento, voltaram ao Congresso com o papo de anistia assim que a condenação foi proferida. Os parlamentares do Centrão, que antes dissimulavam apoio e pediam calma, agora foram categóricos e brutais na sua sinceridade: A anistia não tem chance. Não vai passar. Não será votada. Ponto final.
O desespero bolsonarista foi tanto que a tentativa de manobra suja se transformou na ideia da dosimetria: mudar a lei para diminuir a pena do crime de golpe de Estado, o que automaticamente beneficiaria o chefe e os “pé-rapados” do 8 de janeiro. A intenção era fingir preocupação com os manifestantes de menor poder aquisitivo, mas o objetivo real era apenas um: soltar o chefe. A resposta do Centrão foi um sonoro e humilhante não.
O golpe final foi dado na própria cela da Polícia Federal. Fontes quentíssimas de Brasília confirmam que Carlos Bolsonaro saiu em prantos da visita à prisão do pai. O motivo? Ele teve que entregar a notícia mais cruel e humilhante de todas: o Centrão só fecha a porta em dois casos. O primeiro, salvar os amigos bandidos de Ciro Nogueira e Rueda das investigações do PCC e do Banco Master. O segundo, não tocar no assunto golpe.
O recado, nu e cru, foi dado: “Pai, eles estão com a gente na hora de proteger bandido e corrupto, mas na hora do golpe, não. Aí eles nos abandonaram. Você está sozinho.”
Este é o atestado de óbito político de Jair Bolsonaro. Ele foi largado como um peso morto pelo mesmo Centrão a quem se curvou e a quem, em troca de apoio e governabilidade, vendeu o país e entregou a máquina pública.
Egoísmo Venal e Unidade Inesperada
A crise de liderança no Congresso não se limita a Motta. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, eleito com uma quantidade ínfima de votos, o que constitui um absurdo democrático na representação popular, também rompeu com o governo. O motivo de Alcolumbre? Pura ambição. Ele quer impor a Lula a indicação de seu amigo Rodrigo Pacheco para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Lula, ao indicar Jorge Messias, negou o pedido, e Alcolumbre rompeu com o líder do governo no Senado.
O cenário é, portanto, de uma profunda anarquia política: os dois líderes do Congresso, Motta e Alcolumbre, romperam com o governo, mas por motivos completamente egoístas, venais e descolados da realidade nacional. Alcolumbre é movido pela ambição pessoal de indicar um ministro e inflar o seu ego político. Motta é movido pelo medo de ser achincalhado nas redes por defender criminosos de colarinho branco.
Contudo, no ponto que realmente interessa à nação e à manutenção da legalidade—a prisão de Bolsonaro—o Centrão, Hugo Motta e Davi Alcolumbre estão fechados com o governo. Eles não ousam tocar no assunto anistia, pois sabem que, ao fazê-lo, cruzam uma linha vermelha com o Judiciário e com a opinião pública. O medo da Justiça e o avanço das investigações contra o PCC e no escândalo do Banco Master/BRB pairam sobre o Centrão como uma Espada de Dâmocles, forçando-os a manter o alinhamento com a legalidade, mesmo que este alinhamento seja apenas o de se calarem.
A destruição do projeto bolsonarista está apenas começando. A chave de Bolsonaro já foi jogada fora, com a concordância silenciosa daquele mesmo grupo político a quem ele dedicou os últimos anos de seu mandato. A lição é clara: na política brasileira, a traição ao Estado e à democracia não é perdoada. O Centrão protege a corrupção, mas não o golpe.
O Manifesto Brasil conta com cada patriota para manter a pressão nas redes sociais, garantindo que o medo de Motta e seus asseclas de serem achincalhados os force a se manterem alinhados com a legalidade. Não há mais espaço para meias palavras: Jair Bolsonaro está isolado, enjaulado e politicamente morto. A Justiça avança, e o abandono do Centrão é o prego final no caixão da sua megalomania golpista. A democracia brasileira sobrevive, apesar dos seus inimigos.