CORONEL ENTREGA A FILHA ANÃ AO ESCRAVO PATA SECA DE 2,18M — O QUE ELE FEZ VAI TE CHOCAR

CORONEL ENTREGA A FILHA ANÃ AO ESCRAVO PATA SECA DE 2,18M — O QUE ELE FEZ VAI TE CHOCAR

Você sabia que existiu um homem de 2,18 cm de altura que foi comprado como animal de reprodução e obrigado a gerar mais de 200 filhos que viraram propriedade de seu senhor e que numa das crueldades mais impensáveis da história da escravidão, uma filha rejeitada de um coronel foi entregue a ele como castigo e oportunidade ao mesmo tempo?

Esta é a história real de Roque José Florêncio, conhecido como Pata Seca e de Sinhazinha Leopoldina, a menina Anã que ninguém quis. Prepare seu coração, porque essa memória dói, mas precisa ser contada. A fazenda Grande se estendia pelos confins de Santa Eudóxia, no interior de São Paulo, em meados de 1849, quando o café dominava as terras e a escravidão sustentava cada grão colhido.

O visconde de Cunha era proprietário de centenas de escravizados e senhor absoluto daquelas terras vermelhas, onde o sol queimava a pele e as correntes queimavam a alma. O visconde tinha um problema que o atormentava. Se você ainda está acompanhando essa história com o coração apertado, deixa teu like e comenta, porque isso faz toda a diferença para que memórias assim não sejam apagadas pelo tempo.

Os dias se transformaram em semanas. Roque saía de madrugada para cuidar dos cavalos e buscar correspondências na cidade de São Carlos. Leopoldina ficava sozinha no quarto, lendo os livros que ele trazia escondidos para ela. Ele não sabia ler, mas gostava de ouvir ela ler em voz alta. Todas as noites, quando Roque voltava sujo de terra e suor, ele trazia algo para Leopoldina.

Frutas escondidas do pomar, pedaços de rapadura, flores do campo. Ela guardava as flores secas entre as páginas dos livros. Eles conversavam até tarde. Roque contava sobre a África, que ele mal se lembrava porque foi arrancado de lá ainda menino. Contava sobre a travessia no navio negreiro, sobre os homens que morreram no caminho, sobre as mulheres que foram obrigadas a estar com ele, sobre os filhos que nunca conheceu, sobre a dor de ser tratado como animal de reprodução, sobre as noites em que ele rezava pedindo para morrer, mas o corpo forte insistia em viver.

Leopoldina contava sobre a solidão de crescer rejeitada dentro da própria casa, sobre a mãe que nunca a abraçou, sobre o pai que tinha vergonha dela, sobre os pretendentes que riram quando a viram, sobre os livros que eram sua única companhia, sobre os sonhos que nunca poderia realizar, sobre a sensação de ser invisível e, ao mesmo tempo, observada como aberração.

Eles se tornaram amigos, depois confidentes, depois algo mais profundo que amizade. Roque olhava para Leopoldina e não via mais o corpo pequeno. Via a inteligência nos olhos, via a gentileza nos gestos, via a força em suportar tanta rejeição e ainda assim não se tornar amarga. Leopoldina olhava para Roque e não via mais o gigante reprodutor.

Via o homem sensível e quebrado por dentro. Via a bondade em protegê-la mesmo podendo simplesmente cumprir as ordens do Visconde. Via a dignidade em escolher ser humano quando o mundo queria que ele fosse fera. Três meses depois do dia em que foram colocados juntos numa noite de lua cheia, algo mudou entre eles. Leopoldina estava sentada na cama de palha.

Roque estava encostado na parede, olhando pela janela. Ela chamou Roque. Ele virou. Ela continuou. Eles querem que você me use como usou tantas outras. Querem que você me engravide para ver se sai um filho normal. Mas eu não quero ser usada. Eu não quero ser mais um experimento. Eu quero escolher. E eu escolho você. Não porque mandaram, mas porque eu quero.

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Porque nos últimos meses você me tratou como ninguém nunca tratou, como pessoa, como amiga, como alguém que importa. Roque sentiu lágrimas descerem pelo rosto pela primeira vez em anos. Pela primeira vez em toda sua vida de escravidão, alguém o escolhia. Não como reprodutor, não como propriedade, como homem, como ser humano digno de afeto.

Ele se aproximou devagar, ajoelhou-se na frente dela para ficarem na mesma altura, segurou as mãos pequenas entre as suas enormes, disse com voz embargada: “Eu também escolho você, Leopoldina. Não por ordem, por vontade. Você é a primeira pessoa que me fez sentir gente de novo”. Naquela noite, eles se entregaram um ao outro, não por obrigação, por vontade, por amor impossível, mas real, por escolha num mundo onde nenhum dos dois tinha direito de escolher nada.

Os meses seguintes foram os mais felizes da vida de ambos. Roque trazia flores todos os dias. Leopoldina costurava camisas para ele. Eles criaram rituais pequenos que davam sentido aos dias. De manhã, antes dele sair, ela amarrava um pano vermelho no pulso dele para dar sorte. De noite, ele contava quantas estrelas conseguia ver pela janela e ela anotava num caderno.

Eles inventaram uma vida dentro daquela prisão, mas a felicidade de quem não tem direito a ela é sempre vigiada. O visconde mandava espiões, queria saber se havia gravidez, queria resultados. Quando Leopoldina finalmente descobriu que estava grávida, ela sentiu medo e alegria ao mesmo tempo. Medo do que viria, alegria porque aquele filho seria do amor e não da violência, seria escolhido e não imposto.

Ela contou para Roque numa noite de setembro. Ele segurou a barriga ainda pequena com as mãos enormes e chorou. Dessa vez vou conhecer meu filho. Dessa vez vou saber o nome. Dessa vez vou poder amar sem esconder. A notícia se espalhou pela fazenda como fogo em palha seca.

O visconde ficou satisfeito. Dona Carlota fingiu não se importar, mas no fundo tinha medo do que nasceria. Os escravizados da Senzala olhavam para Roque com inveja e pena ao mesmo tempo. Inveja porque ele tinha um quarto separado e comida melhor. Pena porque sabiam que ele era prisioneiro tanto quanto eles.

Leopoldina passou os nove meses conversando com a criança na barriga, cantando baixinho canções que aprendeu com as mucamas quando era pequena, prometendo proteger, prometendo amar, prometendo que aquele filho seria diferente. Roque colocava a mão enorme sobre a barriga pequena toda a noite e sentia o bebê chutar. Ele rezava para que a criança fosse livre de alguma forma, que não herdasse a maldição da escravidão, nem a rejeição do nanismo, que tivesse uma vida melhor que a deles.

No dia do parto, em janeiro de 1866, a casa grande virou tumulto. Dona Carlota mandou chamar a parteira mais experiente da região. O visconde esperava ansioso no escritório bebendo conhaque. Leopoldina gritava de dor no quarto dos fundos. Roque foi proibido de entrar. Ele ficou do lado de fora, andando de um lado para o outro, com os punhos cerrados e o coração despedaçado.

Ouvia os gritos dela e queria arrombar a porta, mas sabia que se fizesse isso seria morto. Horas se arrastaram como eternidade. O sol nascia quando finalmente um choro ecoou. Um choro forte e saudável. Um menino. Quando Roque finalmente pode entrar, depois que a parteira limpou tudo e arrumou o quarto, ele viu Leopoldina segurando um bebê de pele morena e olhos grandes, lindo, perfeito, com tamanho normal para um recém-nascido.

Roque se aproximou tremendo, segurou o filho pela primeira vez. O bebê era tão pequeno nas mãos dele que parecia caber na palma. Ele chorou sem esconder. Leopoldina também chorava de dor, de felicidade, de medo do futuro. O visconde entrou logo depois, acompanhado de dona Carlota e do médico da fazenda. Todos olharam para a criança, mediram o corpo com os olhos.

O médico examinou, disse que o bebê tinha tamanho e peso normais. O visconde ficou em silêncio por um tempo que pareceu infinito, depois disse com voz fria: “Tem altura normal, mas é mulato, não serve como herdeiro branco, vai ser registrado como escravo. Vai trabalhar na lavoura quando crescer.” Propriedade da fazenda. Roque sentiu o mundo desabar.

Mais um filho condenado. Dessa vez doía mil vezes mais porque ele amava a mãe, porque tinha esperança, porque tinha sonhado com algo diferente. Leopoldina apertou o bebê contra o peito e olhou para o pai com ódio pela primeira vez na vida. Então eu vou para a senzala com ele.

Se meu filho é escravo, eu sou escrava também. O visconde ficou vermelho de raiva. Você não manda nada aqui, menina. Leopoldina respondeu com voz firme. Eu sei que não mando, mas o senhor pode me bater, pode me trancar, pode me matar, mas não vai me separar do meu filho. Se ele vai ser escravo, eu vou ser escrava também.

Prefiro viver na senzala com ele do que na casa grande sozinha. O visconde saiu batendo a porta. Dona Carlota olhou para a filha com desprezo e foi embora. Leopoldina e Roque ficaram sozinhos com o bebê. Eles o chamaram de Benedito. Nome de santo, nome de bênção. Durante dois anos, Leopoldina viveu naquele quarto com Roque e Benedito.

Ela amamentou, cuidou, cantou, ensinou as primeiras palavras: papai, mamãe, estrela, livro. Roque voltava todos os dias depois do trabalho exausto, mas com sorriso no rosto. Segurava o filho nos braços imensos, brincava, fazia caretas que arrancavam risadas, contava histórias inventadas sobre reis africanos e princesas guerreiras.

Pela primeira vez na vida, ele conhecia um de seus filhos, sabia o nome, via crescer, via os primeiros passos, ouvia as primeiras palavras, amava abertamente sem esconder. Leopoldina era feliz naqueles dois anos, mais feliz do que jamais fora na Casa Grande. Não tinha luxo, mas tinha amor. Não tinha conforto, mas tinha família. Mas em 1868, o Visconde decidiu que já era suficiente.

Benedito tinha 2 anos e já andava e falava. Era hora de começar a ser útil. Numa manhã de março, chegaram três capatazes. Arrancaram Benedito dos braços de Leopoldina enquanto o menino gritava: “Mamãe, mamãe!” Leopoldina tentou impedir. Foi empurrada, caiu no chão, levantou e correu atrás. Foi agarrada e trancada no quarto. Roque estava trabalhando na cidade.

Quando voltou e descobriu o que havia acontecido, ele foi até a senzala das crianças. Benedito estava lá chorando, entre outras crianças escravizadas. Roque tentou pegar o filho, o capataz o impediu. Roque, pela primeira vez na vida, levantou a voz. É meu filho. O capataz respondeu: “É propriedade do Visconde”.

Roque avançou, foi contido por outros homens, foi acorrentado e levado para o pelourinho, no centro do terreiro. Foi chicoteado 20 vezes na frente de todos os escravizados, como exemplo. Cada chicotada arrancava tiras de pele das costas. O sangue escorria. Roque não gritou, apenas cerrou os dentes e pensou em Leopoldina e Benedito.

Quando soltaram, ele estava mal conseguindo ficar em pé. Voltou cambaleando para o quarto. Leopoldina limpou os ferimentos com panos molhados e chorou sobre as costas dele. Os anos seguintes foram de dor silenciosa e profunda. Leopoldina definhava no quarto, parou de comer direito. Ficava olhando pela janela, procurando Benedito entre as crianças que trabalhavam.

Roque continuava seu trabalho, mas carregava nos olhos a tristeza de quem perdeu tudo que importava. Eles viam Benedito de longe, crescendo magro e triste, trabalhando na lavoura aos 6 anos, carregando feixes de cana aos oito, sendo tratado como os outros escravizados. Roque continuou sendo usado como reprodutor.

Gerou mais dezenas de filhos nos anos seguintes, mas nenhum significava nada comparado a Benedito. Em 1888, quando a abolição finalmente chegou, Roque tinha 60 anos e mais de 240 filhos, espalhados por fazendas de toda a região. Leopoldina tinha 43 anos e apenas um filho. Benedito tinha 22 anos. A notícia da abolição se espalhou pela fazenda num domingo de maio.

Os escravizados choravam de alegria. Alguns caíram de joelhos, outros gritavam. A primeira coisa que Roque fez quando soube que era livre foi procurar Benedito. Ele o encontrou ainda trabalhando na lavoura sem saber que era livre. Benedito estava cortando cana quando viu o pai se aproximando. Roque abriu os braços.

Benedito largou o facão e correu. Pai. Eles se abraçaram e choraram. 20 anos de separação forçada finalmente terminavam. Leopoldina saiu da casa grande pela primeira vez em anos. Caminhou até a lavoura, viu Roque e Benedito abraçados. Correu o quanto suas pernas pequenas permitiam. Mãe! Os três se abraçaram.

Uma família finalmente reunida, finalmente livre. O visconde deu a Roque 20 alqueires de terra como presente de libertação para se livrar da responsabilidade. Roque construiu uma casa pequena, mas digna. Levou Leopoldina e Benedito. Casou-se oficialmente com Leopoldina na igreja. Tiveram mais dois filhos legítimos nos anos seguintes.

Roque vendia rapadura e criava galinhas para sustentar a família. Trabalhava duro, mas agora o fruto do trabalho era dele. Leopoldina ensinou os três filhos a ler e escrever. Contou a história dele sem esconder nada. Fez questão de que soubessem que nasceram do amor e não da violência, que foram escolhidos e desejados. Mas Roque nunca conseguiu cercar toda a terra que recebeu.

Perdeu a maior parte dela para grileiros e políticos espertos. Ficou apenas com dois alqueires e meio, mas não reclamava. Tinha sua família, tinha sua liberdade, tinha sua dignidade de volta. Leopoldina viveu feliz os últimos anos de vida. Morreu em 1920, aos 75 anos, cercada pelos filhos e netos. Suas últimas palavras foram para Roque. Obrigada por me fazer sentir amada.

Roque chorou sobre o corpo dela por horas. Benedito viveu até 1950 e teve sete filhos. Roque viveu até 1958. Segundo registros oficiais, 130 anos. Se é verdade, ninguém sabe ao certo, mas a história dele ficou. Hoje estima-se que 30% da população de Santa Eudóxia seja descendente de Roque José Florêncio, o Pata Seca. Mais de 20.000 pessoas carregam seu sangue espalhadas por todo o Brasil, mas poucos sabem a história completa.

Poucos sabem que entre tantos filhos gerados na dor e na violência, houve um gerado no amor e na escolha, que entre tanta desumanização, houve um momento de humanidade pura. Que duas almas rejeitadas e desprezadas pelo mundo se encontraram num quarto entre a Casa Grande e a Senzala e criaram algo bonito no meio do horror.

A história de Roque e Leopoldina é sobre resistência quando tudo conspirava para quebrar. Sobre amor impossível que aconteceu mesmo assim, sobre dignidade em meio à degradação mais absoluta, sobre escolher ser humano quando o mundo inteiro quer te transformar em coisa. É sobre lembrar que mesmo nos momentos mais sombrios da história, havia pessoas que escolhiam amar quando tudo conspirava para o ódio, que escolhiam proteger quando era mais fácil destruir, que escolhiam ver humanidade onde todos viam apenas propriedade.

Esta história precisa ser contada porque Roque não foi só o reprodutor de mais de 200 filhos. Ele foi um homem que amou, que protegeu, que escolheu ser pai quando podia ter sido apenas ferramenta. E Leopoldina não foi só a filha rejeitada. Ela foi uma mulher que enfrentou o pai, que escolheu a senzala em vez do conforto, que amou além das barreiras impostas pelo preconceito e pela escravidão.

Após a lei Eusébio de Queiroz de 1850, que proibiu o tráfico de escravos vindos da África, o preço de cada escravizado subiu vertiginosamente e a única solução era a reprodução forçada dentro das próprias fazendas. Foi nesse contexto que em Sorocaba um tropeiro encontrou um jovem africano de 22 anos com uma altura que impressionava a todos.

2,18 m, mãos enormes, dedos longos e ressecados como galhos secos, canelas finas, pele escura como noite sem lua, olhos que carregavam a tristeza de quem já havia perdido tudo. O visconde pagou uma fortuna por ele, porque acreditava na superstição da época de que homens altos de canela fina geram mais filhos, homens e filhos fortes que valeriam ouro no mercado de escravos.

O nome que lhe deram foi Pata Seca, por causa das mãos grandes e secas como patas de animal. Roque José Florêncio era seu nome verdadeiro, mas poucos o chamavam assim. Pata Seca não ia para a lavoura, não dormia na senzala comum, tinha um quarto separado nos fundos da propriedade. Comia melhor que os outros escravizados. Carne uma vez por semana, feijão com mais gordura, rapadura sempre que pedia.

Cuidava dos cavalos da Casa Grande e todos os dias cavalgava os 35 km que separavam a fazenda da cidade de São Carlos para buscar correspondências. O visconde queria que ele se mantivesse forte e saudável, mas sua função principal era outra e todos na fazenda sabiam. Ele era o reprodutor, o garanhão humano, a máquina de fazer filhos que aumentariam o patrimônio do Senhor.

Toda semana, geralmente às quartas e aos sábados, Pata Seca era levado para as senzalas das mulheres. Não importava se elas choravam, não importava se ele não queria, não importava se havia amor ou desejo. Ordens eram ordens. E assim Pata Seca gerou filho após filho. Crianças que eram arrancadas das mães poucos meses após o nascimento e vendidas ou mantidas para trabalhar.

Ele nunca podia segurar nenhum deles. Nunca soube seus nomes completos, nunca viu seus primeiros passos. Eram mercadoria assim como ele. As mulheres o olhavam com medo, algumas com ódio, outras com resignação. Pata Seca carregava a culpa de cada lágrima derramada, mesmo sabendo que ele também era vítima. Ele rezava baixinho todas as noites, pedindo perdão, pedindo que aquilo acabasse.

Mas os anos passavam e nada mudava. Enquanto isso, na casa grande do Visconde de Cunha havia outro tipo de tragédia silenciosa. Leopoldina havia nascido em 1845, filha única do Visconde com dona Carlota Vieira. O parto foi difícil. Dona Carlota quase morreu. Quando finalmente a criança nasceu e as parteiras a limparam, houve um silêncio pesado no quarto.

A menina era perfeita, mas pequena. Anormalmente pequena. Leopoldina nasceu com nanismo. O corpo pequeno e diferente da menina era considerado maldição, vergonha e deshonra para uma família de posses. Dona Carlota não suportava olhar para a filha, entregava aos cuidados das mucamas e virava o rosto. O visconde a mantinha escondida nos fundos da propriedade, longe das visitas e dos bailes.

Quando vinham convidados importantes, Leopoldina era trancada no quarto. Quando havia festas, ela ficava na janela assistindo de longe. Leopoldina cresceu sozinha. As outras crianças da fazenda eram proibidas de brincar com ela. As filhas dos fazendeiros vizinhos riam quando a viam. Ela aprendeu a ler sozinha roubando livros da biblioteca do pai, lia Machado de Assis, José de Alencar, até Castro Alves e seus versos abolicionistas que o pai considerava perigosos.

Leopoldina entendia a dor dos escravizados, porque ela também era prisioneira. Aos 15 anos, a mãe tentou arranjar um casamento. Nenhum pretendente aceitou. Aos 18, tentaram de novo. As famílias ricas riram da proposta. Aos 20 anos, nenhum homem livre a queria. A família inteira a via como peso morto, um erro que deveria ter sido escondido para sempre.

Leopoldina passava os dias bordando, lendo, olhando pela janela, sonhando com uma vida que nunca teria. Ela via Pata Seca de longe, às vezes quando ele voltava da cidade galopando no cavalo preto. O gigante que se curvava para passar pelas portas, ela sentia a pena dele.

Via nos olhos dele a mesma solidão que carregava nos seus. Se essa história já está mexendo com você, deixa teu like aqui e comenta o que está sentindo, porque cada gesto nosso mantém viva a memória de quem não teve voz. Até que numa noite de 1865, o visconde teve uma ideia que considerou genial e cruel ao mesmo tempo. Ele estava bêbado de vinho do porto, sentado no escritório com outros fazendeiros.

Alguém mencionou que Pata Seca já havia gerado mais de 150 filhos. Alguém riu e disse que ele era uma fortuna andante. O visconde ficou calado. Depois olhou para o retrato de Leopoldina pendurado na parede, um retrato pequeno, escondido atrás de outros maiores. E a ideia nasceu. Ele chamaria Pata Seca, o gigante reprodutor de 2,18 m e o colocaria com Leopoldina, a filha Anã de 1,20 m.

Se a genética funcionasse, talvez um filho nascesse com altura mediana, um herdeiro aceitável. Se não funcionasse, pelo menos a vergonha estaria escondida e Pata Seca continuaria cumprindo sua função de gerar filhos para a fazenda. O visconde não via nenhum deles como humanos, apenas como experimento, como propriedade, como ferramentas.

Numa tarde de abril de 1865, Leopoldina estava lendo no quarto quando ouviu passos pesados no corredor. A porta se abriu, dois capatazes entraram. Ela perguntou o que estava acontecendo, ninguém respondeu. Ela foi arrastada pelos corredores da Casa Grande. Ela gritava e chorava, pedindo explicações. A mãe, dona Carlota, assistiu de longe, sem dizer nada.

O pai estava no escritório com a porta fechada. Leopoldina foi jogada num quarto nos fundos da propriedade, um lugar entre a casa grande e a senzala, nem um nem outro. Havia uma cama de palha, uma mesa pequena, uma janela com grades, o cheiro de mofo misturado com terra molhada. Leopoldina caiu no chão chorando. Horas se passaram, o sol começou a se pôr.

A porta se abriu de novo e entrou Pata Seca. Ele abaixou a cabeça para passar pela porta. O corpo imenso ocupou todo o espaço. A sombra dele cobriu Leopoldina inteira. Ela encolheu-se no canto tremendo de terror. Tinha ouvido histórias sobre ele, sobre as mulheres da senzala, sobre os filhos que ele gerava. Ela pensou que ia morrer.

Pata Seca olhou para ela. Viu o medo nos olhos pequenos, viu as lágrimas escorrendo pelo rosto pálido. Viu o corpo franzino, tremendo. E viu algo mais. Viu a rejeição que ele conhecia tão bem. Ele se sentou no chão do lado oposto do quarto, longe dela. Ficou em silêncio por horas, não se moveu, não falou, apenas respirava fundo, tentando processar o que estava acontecendo.

Leopoldina aos poucos parou de tremer. Observava aquele homem gigante sentado no chão, com os joelhos dobrados e a cabeça baixa. Ele parecia cansado, triste, derrotado. Quando a noite caiu completamente e apenas a lua iluminava o quarto através da janela, Pata Seca finalmente falou. A voz era grave e pausada. Eu não vou te machucar, moça.

Eu sei o que é ser usado. Eu sei o que é ser tratado como coisa. Leopoldina levantou os olhos inchados de tanto chorar. Pela primeira vez na vida, alguém falava com ela como pessoa, como igual. Pata Seca continuou. Eu já perdi a conta de quantos filhos eu tenho espalhados por essas fazendas. Mais de 200, talvez. Eu nunca segurei nenhum.

Nunca soube o nome completo de nenhum. Nunca vi nenhum crescer. Eles nascem e somem. São vendidos, são dados de presente, são trocados por cavalos, por café, por qualquer coisa. Eu sou uma máquina para o visconde, um animal de cria. Você é uma vergonha para ele. Uma filha que ele queria esconder, mas a gente não precisa ser o que eles dizem que a gente é.

Aquelas palavras caíram sobre Leopoldina, como chuva sobre terra seca. Ela começou a chorar de novo, mas dessa vez não era de medo, era de alívio, era de reconhecimento. Alguém entendia, alguém via. Ela perguntou com voz trêmula: “Você tem nome de verdade?” Pata Seca sorriu pela primeira vez em anos.

Tenho sim, Roque José Florêncio, mas ninguém me chama assim faz tempo. Leopoldina repetiu. Roque é bonito. Ele balançou a cabeça. E você tem nome além de Sinhazinha? Ela respondeu: “Leopoldina. Mas também ninguém me chama assim. Sou só a filha defeituosa. Uma vergonha. O erro?” Roque olhou para ela com gentileza. Você não é erro nenhum, moça.

Você só nasceu diferente, assim como eu nasci alto demais, assim como tantos nascem do jeito que o mundo não quer. Mas isso não tira a humanidade da gente. Naquela noite, eles conversaram até o amanhecer. Contaram suas histórias, seus medos, suas dores. Pela primeira vez na vida, ambos tinham alguém que entendia. E se essa história tocou fundo no teu coração, se inscreve no canal agora e me conta nos comentários de qual cidade e estado você está me ouvindo, porque eu quero saber de cada canto desse Brasil que ainda guarda essas memórias na alma.

Compartilha esse vídeo com quem precisa conhecer essa história real que aconteceu na nossa terra. Deixa teu like para que o algoritmo leve essa memória para mais pessoas. Ativa o sininho para não perder as próximas histórias. E nunca esquece que conhecer o passado é a única forma de construir um futuro diferente. Obrigado por ter ficado até o final e por manter viva a memória de Roque José Florêncio, o Pata Seca, de Leopoldina, de Benedito, e de todos os mais de 200 filhos que ele gerou, e de todos que sofreram, mas nunca deixaram de ser humanos. Yeah.

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