Na madrugada silenciosa de uma terça-feira abafada em Brasília, quando até os corredores do Congresso pareciam cochilar, um arquivo criptografado começou a circular entre poucos — pouquíssimos — servidores. O remetente era desconhecido, o assunto dizia apenas: “URGENTE — ANTES QUE SEJA TARDE”, e o corpo do e-mail carregava um anexo com 280 páginas de documentos, mensagens interceptadas e fotos que ninguém, ao menos oficialmente, deveria possuir.
O país inteiro ainda dormia, mas uma ameaça colossal já estava desperta.
A história começa meses antes, quando a analista de dados Lara Guimarães, funcionária de carreira em um órgão federal fictício chamado Departamento de Infraestrutura Estratégica Nacional (DIEN), percebeu algo estranho. Planilhas que não se conectavam, verbas que se moviam para áreas inexistentes, comunicações internas que desapareciam dos servidores minutos depois de enviadas. Nada disso faria sentido para alguém desatento — mas Lara era famosa, dentro do departamento, por enxergar padrões onde ninguém via nada.
E foi exatamente isso que a colocou em perigo.
O PRIMEIRO SINAL DO CAOS
Era uma tarde comum quando Lara recebeu um e-mail interno com anexos supostamente referentes a projetos de energia. Porém, ao abrir os arquivos, percebeu que estavam corrompidos. Não era comum — o DIEN tinha sistemas avançados de segurança, redundância e backups diários. Algo (ou alguém) havia adulterado aqueles documentos.
Ela acionou o protocolo de recuperação e, ao reconstituir parte dos arquivos, descobriu trechos desconexos de mensagens internas mencionando uma tal “Operação Eclipse Total”. Não havia registro oficial de nenhuma operação com esse nome.
Intrigada, Lara começou a investigar sem alarde. E foi aí que tropeçou na primeira pista concreta: um relatório incompleto descrevendo a intenção de redirecionar recursos de manutenção de redes elétricas nacionais para “infraestruturas alternativas de prioridade máxima”, cuja natureza não era especificada.
Quanto mais ela avançava, mais claro ficava que alguém estava preparando algo grande — e obscuro.
AS SOMBRAS COMEÇAM A SE MOVER
Durante semanas, mensagens enigmáticas passaram a surgir no sistema interno. “Proteja o que sabe”, dizia uma. “Eles estão de olho”, dizia outra. Lara não sabia quem estava por trás daquilo. Seria uma tentativa de avisá-la… ou intimidá-la?
Ela só descobriu a resposta quando, ao sair do trabalho certa noite, percebeu que estava sendo seguida.
Três carros pretos, sem placas, revezavam discretamente o trajeto.
Lara, assustada, acelerou o passo, entrou em um shopping movimentado e conseguiu despistá-los — por pouco. A partir daquele momento, entendeu que seu instinto estava correto: era grande demais para ser ignorado, e perigoso demais para continuar sozinha.
Então, ela fez o impensável: copiou tudo que havia encontrado em um HD externo criptografado e buscou ajuda.

O JORNALISTA QUE NÃO TEMIA NINGUÉM
Lara procurou Caio Arantes, um jornalista investigativo famoso por expor esquemas de corrupção e tramas escondidas. Caio vivia sob ameaça constante, mas isso nunca o parou. Ao receber os arquivos, sua expressão ficou séria — não era comum vê-lo tão impressionado.
— Lara, isso aqui não é apenas irregularidade administrativa… É uma tentativa coordenada de paralisar setores inteiros do país.
— Mas por quê? Quem estaria por trás disso? — ela perguntou, com a voz baixa.
— É isso que precisamos descobrir antes que eles percebam que você vazou o material.
Eles não tinham muito tempo.
O PLANO ECLIPSE TOTAL — O CENTRO DO MISTÉRIO
Ao analisarem os dados, descobriram que a Operação Eclipse Total nada mais era do que um projeto clandestino para simular falhas críticas em múltiplos setores estratégicos brasileiros ao mesmo tempo — energia, transporte, abastecimento e comunicação.
Aparentemente, o objetivo não era destruir o país, mas colocá-lo à beira do colapso, gerando instabilidade suficiente para justificar medidas de emergência e redirecionamento de poderes. Em outras palavras: um golpe sofisticado, limpo e disfarçado de “crise inevitável”.
Documentos mostravam contratos secretos, empresas de fachada, consultorias falsas e viagens internacionais financiadas por verbas camufladas.
Mas faltava a peça principal: quem estava liderando o plano?
A resposta veio em forma de gravações anônimas entregues à caixa de entrada de Caio. Vozes distorcidas discutiam cronogramas, pagamentos e fases de execução. Lara reconheceu termos que havia visto nos arquivos adulterados.
Era real. Era gigantesco. E estava prestes a acontecer.
A CORRIDA CONTRA O TEMPO
Enquanto investigavam, começaram a sofrer ataques cibernéticos. O computador de Caio travava sem explicação. O e-mail de Lara foi invadido. Arquivos desapareciam misteriosamente. Eles sabiam que haviam sido descobertos.
Decidiram, então, ir além e buscar quem pudesse validar as informações. Um especialista independente em segurança de sistemas, Dr. Benjamin Nolasco, analisou o material e concluiu:
— Isso aqui é uma bomba-relógio. Está tudo sincronizado para daqui a menos de um mês. Se isso for para frente… vocês não fazem ideia do caos que virá.
O plano era simples, cruel e eficiente: provocar uma sequência de falhas simultâneas que dariam a impressão de que o país estava se desintegrando por “incompetência técnica”, quando na verdade tudo seria cuidadosamente orquestrado.
A VIRADA — QUANDO A VERDADE EXPLODIU
Sabendo que não podiam confiar em ninguém, Caio e Lara decidiram divulgar tudo de uma vez — mas não da forma tradicional. Qualquer erro, qualquer vazamento antes da hora, e seriam silenciados.
Por isso, criaram um dossiê digital que seria enviado automaticamente a centenas de jornalistas, universidades, organizações internacionais e influenciadores caso eles desaparecessem ou fossem impedidos de continuar.
Na madrugada decisiva, publicaram o arquivo em um portal seguro. Em minutos, o link começou a se espalhar como fogo em capim seco.
E então… tudo explodiu.
Ministros foram questionados. Auditorias foram abertas. Contratos foram suspensos. Investigações emergenciais começaram.
O plano Eclipse Total foi desmantelado antes de ser executado — e Lara e Caio, embora perseguidos, acabaram sendo vistos como heróis ocultos.

O QUE FICOU DEPOIS DA TEMPESTADE
O país escapou por muito pouco. A tentativa de manipulação e colapso coordenado revelou brechas profundas no sistema e expôs como redes de poder podem agir nas sombras.
Lara, exausta, pediu exoneração e se mudou para o interior, onde vive anonimamente. Caio continua escrevendo, denunciando e investigando. O Dr. Benjamin, por sua vez, tornou-se um dos responsáveis pela reforma dos protocolos de segurança nacional.
Mas, até hoje, ninguém sabe quem enviou o primeiro e-mail misterioso com as pistas iniciais.
E essa talvez seja a parte mais inquietante de toda a história.