Preparem-se para testemunhar mais um capítulo da novela da desmoralização política, onde a experteza técnica e a articulação institucional do Senado Federal, em um movimento coordenado com o governo Lula, estão prestes a anular por completo uma das manobras mais rasteiras, cínicas e perigosas arquitetadas pelo chamado “Centrão” e seus aliados na Câmara dos Deputados. O que se desenrola no Congresso Nacional transcende a habitual disputa ideológica; é um embate direto entre as forças da lei e da impunidade, com um valor chocante pairando no ar: R$ 800 milhões.
O deputado Hugo Motta, um dos líderes e principal rosto dessa articulação perniciosa, está com seus dias contados no posto de condutor dessa pauta, pois a derrota que se avizinha no projeto de lei que deveria ser a defesa contra a facção criminosa, mas que foi transformado em ataque à Polícia Federal (PF), será a pá de cal em sua já combalida credibilidade. O governo já tem um plano de ataque cirúrgico e público para expor Motta e seus aliados, mostrando à nação que a defesa intransigente da Polícia Federal não é apenas uma questão de segurança pública, mas, acima de tudo, a defesa do Brasil contra a corrupção sistêmica de colarinho branco que opera livremente nos gabinetes mais protegidos da República. O que Motta e o Centrão tentaram vender como uma vitória retumbante na Câmara está prestes a se transformar em uma humilhação histórica e, o que é mais importante, irreversível.

A Anatomia da Traição: O Cavalo de Tróia de Guilherme de Rit
A trama por trás dessa derrota monumental é clara e revela a baixíssima estatura moral dos seus arquitetos. A Câmara dos Deputados, sob a influência nefasta de figuras centrais como Hugo Motta e, principalmente, Guilherme de Rit, transformou um projeto de lei que, em tese, deveria proteger o país e aperfeiçoar o combate às organizações criminosas, em um verdadeiro “Cavalo de Tróia” legislativo. O único e exclusivo propósito dessa adulteração era enfraquecer as instituições de combate ao crime, blindar poderosos e garantir que as investigações mais sensíveis fossem paralisadas.
O cerne dessa traição institucional era a tentativa vil de cortar o financiamento da Polícia Federal, estrangulando na fonte a capacidade de atuação da corporação. Ao reduzir o orçamento da PF em espantosos R$ 800 milhões, a intenção criminosa e descarada era inviabilizar a logística, o custeio de operações, a modernização de equipamentos e a manutenção de agentes em campo. Em outras palavras, o objetivo era literalmente silenciar a PF, impedindo-a de investigar as grandes máfias que se escondem na elite econômica e nas mais altas esferas do poder político, onde os envolvidos vestem ternos caros e frequentam palácios, não vielas escuras.
O Desespero do Centrão e a Reação ao Cerco da Lei
O texto aprovado na Câmara, fruto da incompetência técnica misturada à má-fé política de De Rit, tinha uma intenção cristalina: criar mecanismos de blindagem para governadores e políticos com foro privilegiado. Esta medida não foi um ato isolado de má gestão, mas sim uma reação desesperada e direta às operações recentes e de alto impacto da Polícia Federal. Casos rumorosos como a Operação Carbono Oculto e as investigações que rondam o Banco Master, que atingiram em cheio o coração do Centrão, resvalando diretamente em aliados poderosos como o ex-ministro e senador Ciro Nogueira (PP) e outras figuras proeminentes do Partido Progressistas.
O desespero deles, portanto, é palpável e absolutamente real. A continuação do trabalho forte e independente da Polícia Federal representa, para muitos desses parlamentares e seus padrinhos, o caminho mais curto e inevitável para a cadeia. E nesse cenário de cerco, o cinismo político de Hugo Motta atingiu seu ápice. Ele chegou ao cúmulo de exigir publicamente que o governo Lula se justificasse por ter votado contra a versão adulterada e sabotadora do PL na Câmara. Tentando inverter a lógica, Motta alegou que a população só se importa com a “segurança” e não com “termos técnicos”. No entanto, a verdade nua e crua é que o governo votou contra a sabotagem, e não contra a segurança. Votou contra um projeto técnico que, sob o manto da legalidade, buscava proteger a ilegalidade.
O Golpe de Mestre de Lula e a Escolha Estratégica no Senado
Com a ofensiva na Câmara claramente exposta, o governo Lula, através de seus articuladores mais hábeis, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros estrategistas, montou o contra-ataque. A estratégia é cirúrgica e visa desmascarar publicamente essa farsa, expondo que o caminho correto para o combate ao crime é o que está sendo pavimentado no Senado, não o desvio corrupto da Câmara.
O golpe de mestre do governo veio com a articulação inteligente de Davi Alcolumbre, o presidente do Senado, ao nomear o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) como relator da matéria. Vieira, que é um ex-delegado da Polícia Civil e se tornou um notório “sniper técnico” durante a CPI da Pandemia, com um profundo conhecimento em investigações e legislação de segurança pública, é a garantia institucional de que o texto vindo da Câmara será integralmente revertido e corrigido.
A promessa de Vieira é categórica e tranquilizadora: “Nem um centavo sequer será cortado do financiamento da Polícia Federal.” Essa declaração, por si só, anula o principal objetivo de Guilherme de Rit e do Centrão, que era estrangular a PF financeiramente. Vieira não é um político ingênuo ou que se deixará manipular. Ele não vai comprar a briga suja da Câmara contra uma instituição de Estado, especialmente em um momento de tantas operações de alto impacto e relevância social.
O Encurralamento Institucional: A Derrota de Motta
O passo seguinte do governo e do Senado é a jogada final, que tornará a derrota do Centrão irreversível. Quando o texto de Vieira, modificado, fortalecido e blindando o orçamento da PF, for a voto no plenário do Senado, o governo Lula e sua base votarão em peso a favor. Aprovado pelo Senado, o texto fortalecido retorna à Câmara para nova votação, já que foi alterado.
Nesse momento crucial, a Câmara e Hugo Motta estarão encurralados em um dilema político e moral sem escapatória. Eles terão de escolher entre duas opções, ambas catastróficas para a imagem do grupo:
Opção A: Votar Contra o Texto do Senado. Expor-se publicamente como os inimigos declarados da Polícia Federal e, mais grave ainda, como defensores do corte de R$ 800 milhões no orçamento do combate ao crime organizado, dando munição de ouro à oposição e à opinião pública.
Opção B: Aceitar a Derrota. Engolir o texto de Alessandro Vieira, ver o orçamento da PF blindado e permitir que o Senado e o governo Lula saiam vitoriosos e moralizados perante a sociedade.
Não há escapatória honrosa para o Centrão. A Câmara, em sua maioria, será desgastada e desmoralizada por essa manobra fracassada, comprovando o argumento de que a pressa em votar o projeto não era pela segurança, mas pela impunidade. Motta, ao se associar a projetos que defendem criminosos e ao colocar De Rit, um sujeito sem a estatura e o preparo técnico necessários, como condutor de projetos cruciais, está cavando a própria cova. A imagem de Motta, que nem os cabelos conseguiu manter – numa alusão irônica aos seus implantes – é a imagem de um político fraco, sem credibilidade e que entrará para a história como um símbolo da derrota moral no Congresso. Ele é o novo “Severino Cavalcanti 2.0” da política brasileira.
O Subplot Bolsonarista e o Risco Econômico Evitado
Há um detalhe ainda mais perverso que revela o grau de irresponsabilidade política de alguns envolvidos. A pressa em votar o projeto na Câmara tinha um motivo oculto: a ala mais radical do bolsonarismo tentou, a todo custo, incluir no texto a equiparação de organizações criminosas ao crime de terrorismo.
Essa ideia, que é tecnicamente indefensável e juridicamente estúpida, era uma receita certa para o caos econômico. Se aprovada, faria com que o Brasil fosse visto internacionalmente como um ninho de terroristas, derrubando as notas de crédito, elevando o “Risco Brasil” a níveis alarmantes e afastando investidores internacionais de forma imediata. O objetivo, mais uma vez, não era combater o crime de forma eficaz, mas sim sabotar a economia nacional e criar o clima de desordem e bagunça que agrada a essa gente que prospera no caos.
Embora essa reivindicação tenha sido barrada na Câmara, a derrota total do Centrão virá quando o Senado, sob o comando técnico e a promessa de correção, corrigir todos os demais absurdos introduzidos no texto original. A resistência de figuras cruciais como o senador Voto Alencar, presidente da CCJ do Senado, que prometeu discutir o PL linha por linha e realizar audiências públicas com toda a sociedade civil e agentes de segurança, garante que a exposição da Câmara será prolongada, didática e dolorosa.
A Vingança da PF e a Lição da Derrota
Enquanto a queda de braço se desenrola no plano legislativo, a própria Polícia Federal, sentindo-se atacada e menosprezada por essa ofensiva política, está sendo estimulada a intensificar suas operações. Não é ingenuidade imaginar que a PF usará o caso Banco Master e outras grandes investigações que afetam aliados do Centrão para dar uma resposta contundente ao Congresso, mostrando ao país a importância inegociável de seu financiamento e porque ele, sob nenhuma circunstância, pode ser cortado. É a lei da causa e efeito: um ataque à PF se traduz em mais PF nas ruas e nos gabinetes.
Essa é a razão fundamental pela qual o próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre – ele próprio envolvido na Operação Overclean, e que, portanto, não quer a PF em seu encalço –, pavimentou a derrota de Hugo Motta. O Centrão e a direita mais radical estavam jogando o jogo da impunidade, mas a Polícia Federal e um Senado com senso de responsabilidade institucional estavam prontos para intervir. O resultado é a anulação de uma manobra que custaria R$ 800 milhões à segurança pública e à luta contra a corrupção. A vitória não é de um partido ou de um governo, mas do Brasil que exige justiça, transparência e o fim da blindagem aos poderosos.